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Luciana Magalhães de Santana* Alan Diógenes Góis** Márcia Martins Mendes de Luca*** Alessandra Carvalho De Vasconcelos****

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Academic year: 2021

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Desempenho Empresarial

Relation between Socio Environmental

Disclosure, Corporate Governance

Practices and Business Performance

Luciana MagaLhães de santana* aLan diógenes góis** Márcia Martins Mendes de Luca*** aLessandra carvaLho de vasconceLos****

Resumo

Este estudo tem por objetivo analisar a relação entre o disclosure socioambiental, as práticas de governança corporativa e o de-sempenho das companhias listadas na BM&FBovespa, à luz da Teoria da Sinalização. Para tanto, foram examinados os relatórios anuais e/ou de sustentabilidade, modelo GRI, e formulários de referência, de 2012, as demonstrações financeiras dos exercícios de 2012 e 2013, além dos estatutos sociais, de 114 empresas não financeiras listadas na BM&FBovespa. Para a análise dos dados, aplicaram-se a Análise de Correspondência e a Regressão Linear Múltipla. Os resultados evidenciaram que a alta adoção de práti-cas de governança corporativa está associada a um baixo

disclosu-re socioambiental, disclosu-revelando uma contradição com o princípio da * Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Ceará – UFC. E-mail: cianasantana@yahoo.com.br

** Mestre em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Doutorando em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo – USP. E-mail: alandgois@hotmail.com

*** Doutora em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo – USP. Pro-fessora Associada da Universidade Federal do Ceará – UFC. E-mail: marciadeluca@ufc.br **** Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina –

UFSC. Professora Adjunta da Universidade Federal do Ceará – UFC. E-mail: alevasconcelos.ufc@gmail.com

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transparência, pilar da governança. A análise dos dados revelou ainda que o disclosure socioambiental impacta positivamente e temporalmente no desempenho empresarial, considerando-se a variável valor de mercado, e que as práticas de governança corpo-rativa não influenciam o desempenho das empresas da amostra. Dessa forma, conclui-se que somente o disclosure socioambiental sinaliza o desempenho empresarial, na medida em que quanto maior o disclosure tanto maior o desempenho.

Palavras-chave: disclosure socioambiental; Governança corpora-tiva; Desempenho empresarial; Teoria da Sinalização.

Abstract

This study aims at analyzing the relation between socioenvi-ronmental disclosure, corporate governance practices and the performance of companies listed on BM&FBovespa based on the Signaling Theory. In order to do so, annual reports and/or sus-tainability reports, the GRI model, reference application forms, of 2012, financial demonstrations from the exercises of 2012 and 2013, as well as By-laws of 114 non-financial companies listed on BM&FBovespa were analyzed. For data analysis, Correspondence Analysis and Multiple Linear Regression were applied. Results evidenced that the high rate of adoption of corporate governance practices is associated with a low level of socioenvironmental disclosure, which reveals a contradiction with the principle of transparency, which is a pillar of governance. Data analysis also revealed that socioenvironmental disclosure produces a positive and temporarily impact on business performance, considering the market value variable, and that corporate governance practices do not influence the performance of sample companies. Thus, it is concluded that only the socioenvironmental disclosure signals business performance, which means that the greater the disclo-sure, the better the business performance is.

Keywords: Socioenvironmental Disclosure; Corporate Governan-ce; Business PerformanGovernan-ce; Signaling Theory.

Introdução

A cada dia que passa as empresas disponibilizam mais informa-ções para os seus stakeholders. Fidelis e Cândido (2006) afirmam que a informação desempenha papel fundamental na definição e execução

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da estratégia, sendo um veículo de avaliação de desempenho. Com base na Teoria da Sinalização, essas informações são denominadas “sinais”, que, segundo Spence (1973), são atividades ou atributos que, planejados ou acidentais, alteram crenças ou transmitem in-formações para outros, sendo uma fonte de comunicação confiável para os stakeholders (SPENCE, 2002).

Dainelli, Bini e Giunta (2013) asseveram que a Teoria da Sina-lização postula uma relação positiva entre o desempenho de uma empresa e o nível da informação por ela disponibilizada. Destarte, a Teoria da Sinalização trata da transparência, na medida em que os sinais emitidos pelas empresas procuram reduzir a assimetria informacional e aumentar o desempenho empresarial, conduzindo-os a uma maior credibilidade. Para tanto, a presente pesquisa utiliza dois sinais relacionados à credibilidade, e que têm a capacidade de influenciar o desempenho empresarial: o disclosure socioambiental e a adoção de boas práticas de governança corporativa (DALMÁCIO et al., 2013; FERNANDES, 2013).

O disclosure socioambiental é a evidenciação das práticas e estratégias de cariz sustentável pelas empresas, e está diretamente relacionado com os stakeholders, pois estes passaram a demandar mais accountability das empresas quanto às suas ações sustentáveis (MACHADO et al., 2012). Assim, esse sinal gera credibilidade e possui implicação no desempenho econômico-financeiro da empre-sa, bem como no seu valor, na medida em que reduz a assimetria informacional e os conflitos de interesses (FERNANDES, 2013).

O outro sinal relacionado à credibilidade é a adoção de boas práticas de governança corporativa, que visa, entre outros propósi-tos, garantir a redução da assimetria informacional, fortalecendo a competitividade e a imagem da empresa no mercado de capitais, e, ainda, proporcionar o crescimento do seu desempenho (FERNAN-DES; DIAS; CUNHA, 2010; DALMÁCIO et al., 2013). As práticas de governança corporativa têm a finalidade de reduzir os conflitos de interesses entre provedores de capital e gestores (MATUCHESKI; CLEMENTE; SANDRINI, 2009; SOUZA; MURCIA; MARCON, 2011; MACEDO et al., 2013), utilizando, para isso, mecanismos de incen-tivos e de monitoramento. Portanto, pode-se dizer que a adoção de melhores práticas de governança corporativa torna a empresa mais

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atraente para o mercado, contribuindo para o seu desempenho e a sua continuidade.

No cenário atual, especula-se que as empresas que sinalizam suas práticas e estratégias sustentáveis para os stakeholders e adotam boas práticas de governança corporativa obterão melhor desempe-nho, um lugar de destaque e uma posição vantajosa em um mercado que a cada dia está mais consciente das responsabilidades comuns dos negócios e da sociedade como um todo (SOUZA; MURCIA; MARCON, 2011).

Considerando esse contexto, busca-se uma resposta para a se-guinte questão de pesquisa: Qual a relação entre o disclosure socio-ambiental, as práticas de governança corporativa e o desempenho das companhias listadas na BM&FBovespa?

O objetivo geral do estudo consiste em analisar a relação entre o disclosure socioambiental, a adoção de boas práticas de gover-nança corporativa e o desempenho das companhias listadas na BM&FBovespa. Para tanto, foram delineados dois objetivos especí-ficos, a saber: verificar a associação entre o disclosure socioambiental e a adoção de boas práticas de governança corporativa; e investigar o impacto temporal do disclosure socioambiental e das boas práticas de governança corporativa no desempenho das empresas.

Para o alcance desses objetivos, realizou-se uma pesquisa descri-tiva, com abordagem quantitadescri-tiva, por meio de análise dos relatórios anuais e/ou de sustentabilidade, no modelo GRI, dos formulários de referência, referentes ao exercício de 2012, bem como das demons-trações financeiras dos exercícios de 2012 e 2013, além dos estatutos sociais, de 114 empresas não financeiras listadas na BM&FBovespa.

Cabe destacar que as empresas têm se empenhado na busca por mais disclosure, accountability e boas práticas de governança corporativa (ROVER et al., 2012). Contudo, na literatura acadêmica ainda não há um consenso sobre os impactos da governança cor-porativa e do disclosure socioambiental no desempenho empresarial (SOUZA; MURCIA; MARCON, 2011; SEGANTINI, 2012; MELO et al., 2013). Dessa forma, o presente estudo justifica-se pela relevância dos temas disclosure socioambiental e governança corporativa e da carência de estudos que relacionem conjuntamente tais temáticas com o desempenho empresarial.

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Disclosure socioambiental e governança corporativa

As empresas têm grande necessidade em usar boas estratégias de competição para a sua permanência no mercado (FIDELIS; CÂN-DIDO, 2006), entre as quais se destacam o disclosure das práticas de sustentabilidade ou socioambientais e a adoção de boas práticas de governança corporativa.

A evidenciação socioambiental e a governança corporativa das empresas são explicadas por diversas teorias, destacando-se, entre as mais utilizadas, a Teoria da Agência, a Teoria da Legitimidade, a Teoria da Sinalização, a Teoria dos stakeholders e a Teoria do

dis-closure Voluntário (KLANN; BEUREN, 2011; MACÊDO et al., 2013).

No presente estudo, destaca-se a Teoria da Sinalização.

Em um cenário de assimetria informacional, a Teoria da Sinali-zação prevê que as empresas divulgam informações, denominadas “sinais”, com o intuito de conseguir credibilidade, destacando-se das demais e auferindo melhor desempenho (DAINELLI; BINI; GIUNTA, 2013; DALMÁCIO et al., 2013; FREITAS et al., 2013).

Os sinais são atividades ou atributos que, planejados ou aci-dentais, alteram crenças ou transmitem informações para outros (SPENCE, 1973), sendo uma fonte de comunicação confiável para os

stakeholders (SPENCE, 2002). Freitas et al. (2013, p. 37) afirmam que

os sinais “podem oferecer retornos, destacar boas oportunidades de investimento, além de comunicar e assegurar aos interessados, sua qualidade, credibilidade informacional e minimizar as falhas de agência”.

Uma possível consequência dos sinais, portanto, é a credibili-dade, em que empresas que divulgam mais informações reduzem as incertezas e atraem stakeholders, resultando, ainda, em melhor de-sempenho. Dessa forma, o presente estudo insere dois construtos: o

disclosure socioambiental e a adoção de boas práticas de governança

corporativa, que são sinais com foco na credibilidade.

O disclosure é um sinal que aproxima o nível de informação compartilhada entre os stakeholders, visto que uma informação que antes era privada torna-se pública (SOUZA, MURCIA; MARCON, 2011), aumentando, assim, a credibilidade da empresa (FERNAN-DES, 2013). Nesse contexto, e considerando a pressão dos

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informações socioambientais, na medida em que constatam que os investimentos ambientais têm o potencial de melhorar o desempenho empresarial (BRAGA et al., 2011).

Para Costa e Marion (2007) e Conceição et al. (2011), o mer-cado passou a selecionar, por intermédio dos sinais, as empresas comprometidas com a sustentabilidade, e, como consequência, elas passaram a tomar consciência das suas responsabilidades diante dos impactos sociais e ambientais de suas atividades. Destarte, devem ser evidenciados os fatos, ocorridos ou de provável ocorrência, re-lacionados com o meio ambiente e com o potencial de alteração do desempenho, da valoração e da sustentabilidade da empresa (LINS; SILVA, 2009; ROVER et al., 2012).

Logo, o disclosure socioambiental é a evidenciação voluntária das informações sobre as práticas de sustentabilidade da empresa, objetivando atender à demanda informacional de seus usuários, com a finalidade de garantir a sua continuidade. Além disso, a dispo-nibilidade de informações, ou seja, dos sinais, auxiliará a alocação eficiente de recursos e o crescimento da economia. Dessa forma, pode-se conjeturar que o funcionamento eficiente da empresa e do mercado depende do fluxo de informações entre ela e os stakeholders.

Vale ressaltar que o crescimento econômico sustentável está vinculado também às consequências ambientais e sociais das ativi-dades da empresa. Nesse contexto, as companhias devem avaliar e divulgar, por meio de relatórios, informações sobre o seu desempe-nho a partir de uma tripla abordagem: econômica, social e ambiental (VINTRÓ; COMAJUNCOSA, 2010).

Levando em conta essa preocupação socioambiental, alguns organismos têm se preocupado com a metodologia de elaboração de relatórios e indicadores para padronizar e auxiliar as empresas no processo de evidenciação, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), o Instituto Ethos de Empre-sas e Responsabilidade Social e a global reporting initiative (GRI), destacando-se que a presente pesquisa utiliza os relatórios anuais e/ou de sustentabilidade que seguem as diretrizes da GRI para a elaboração e a divulgação de relatórios de sustentabilidade.

Destacam-se, ainda, alguns dos principais motivos para a divul-gação de informações voluntárias pelas empresas: legitimar suas

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ati-vidades, distrair as atenções de outras áreas, desenvolver a imagem corporativa, antecipar-se a ações regulatórias, impacto positivo no preço das ações, redução de riscos, benefícios políticos e vantagem competitiva (GRAY; BEBBINGTON, 2001). A partir desses aspectos, percebe-se que o disclosure voluntário traz benefícios para a empresa, já que esta tende a emitir sinais, ou seja, evidenciar informações, e tais informações impactam no desempenho empresarial.

Outro sinal que garante credibilidade e competitividade às empresas e reduz a assimetria informacional, impactando no de-sempenho empresarial, é a adoção de boas práticas de governança corporativa (DALMÁCIO et al., 2013).

A governança corporativa surgiu a partir da separação entre o controle e a propriedade da organização (SHLEIFER; VISHNY, 1997), em que os proprietários (acionistas) cederam o controle a um agente (gestor). Nesse caso, o gestor deveria atuar conforme os interesses dos acionistas; contudo, em certos casos, os gestores colocam os seus interesses à frente dos interesses dos acionistas, gerando, assim, conflitos (CLAESSENS et al., 2002).

Ressalta-se que não há somente o conflito entre gestor e tas. Existe também o conflito entre acionistas majoritários e acionis-tas minoritários (CLAESSENS et al., 2002), muito comum em países com alta concentração acionária (LA PORTA; LOPEZ-DE-SILANES; SHLEIFER, 1999), como é o caso do Brasil. Esses conflitos – gestor--acionistas e majoritários-minoritários – ocorrem devido à assimetria informacional. Dessa forma, quanto maior o disclosure de informa-ções, tanto menor a probabilidade de ocorrência dos conflitos.

Segundo Andrade (2008), a governança corporativa possui uma tríade de princípios que têm o objetivo de reduzir os con-flitos existentes devido à separação entre propriedade e controle: o disclosure, a prestação de contas e a equidade. Pelo exposto, observa-se a relação entre as temáticas do disclosure, incluindo-se o disclosure socioambiental, e da governança corporativa – cons-trutos deste estudo.

De acordo com Silveira, Barros e Famá (2003) a governança cor-porativa é definida como o conjunto de mecanismos de incentivo e controle que buscam a harmonia na relação acionista-gestor, assim como na relação acionista majoritário-acionista minoritário.

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Destaca-se que quando as estratégias estão alinhadas com os princípios e os mecanismos da governança corporativa, a empresa tem a capacidade de obter melhor desempenho. Nessa perspectiva, Silveira (2004) e Munisi e Randoy (2013) afirmam que a governança corporativa passou a ser um dos itens que mais contribuem para o bom desempenho de uma empresa. Segundo Macedo e Corrar (2012), tal fato justifica-se, em princípio, pelo fato de a governança corporativa ser considerada um elemento estratégico na maximização dos lucros e oportunidades de desenvolvimento, haja vista que as práticas de governança corporativa melhoram a relação de interesses entre os acionistas e demais usuários, aumentando a confiança dos acionistas na empresa.

A governança corporativa é, portanto, um sinal que tem a finali-dade de dispor para os acionistas e credores a segurança necessária para que estes não sejam privados por interesses oportunistas dos acionistas majoritários ou gestores (SOUZA; MURCIA; MARCON, 2011; MACEDO et al., 2013), e, como consequência, torna a empresa mais atraente para o mercado, possibilitando mais captação de recur-sos e redução dos custos (CATAPAN; COLAUTO; BARROS, 2013). Com base nas recomendações da literatura acerca do disclosure socioambiental e da governança corporativa, sugere-se que os dois construtos estão alinhados na busca da redução da assimetria in-formacional, com reflexos no desempenho empresarial. Destarte, apresentam-se as seguintes hipóteses:

• H1: o disclosure socioambiental está associado com a adoção de boas práticas de governança corporativa;

• H2: o disclosure socioambiental está relacionado com o de-sempenho empresarial;

• H3: a adoção de boas práticas de governança corporativa está relacionada com o desempenho empresarial.

Quanto aos estudos anteriores que tratam a relação entre o

dis-closure socioambiental e o desempenho empresarial e a relação entre

a governança corporativa e o desempenho empresarial, destacam-se, no âmbito nacional, as pesquisas de Vieira et al. (2011), Fernandes (2012), Segantini (2012), Beuren, Nascimento e Rocha (2013), Cata-pan, Colauto e Barros (2013) e Ferreira et al. (2013), e, no âmbito internacional, os estudos de Ismail e Ibrahim (2009), Sami, Wang e Zhou (2011), Lu et al. (2012) e Iatridis (2013), conforme o Quadro 1.

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Quadro 1 – estudos empíricos anteriores

Autores Objetivo Principais resultados

Ismail e Ibrahim (2009)

Investigar o nível de divulgação socioam-biental nos relatórios anuais das empresas da Jordânia.

Verificou-se que há relação positiva en-tre o nível de divulgação socioambien-tal e o tamanho da empresa; contudo, não foi encontrada relação significativa entre o tipo de indústria e o nível de divulgação socioambiental. Sami, Wang e Zhou (2011) Analisar o impacto da governança corpora-tiva sobre o desem-penho da empresa e valorização na China.

Os resultados confirmaram a relação positiva entre práticas de governança corporativa e desempenho das compa-nhias chinesas. Vieira et al. (2011) Avaliar se a adoção de práticas de governança corporativa impacta na estrutura de capital e no desempenho das empresas.

O resultado mostrou pouca influência das práticas de governança corporativa no desempenho e estrutura de capital das empresas. Fer-nandes (2012) Verificar a influência do disclosure ambiental na estrutura de capi-tal das empresas que dispõem sobre a Políti-ca Nacional de Meio Ambiente.

Os resultados evidenciaram que o

disclosure ambiental positivo afeta

ne-gativamente o custo de capital próprio da empresa, demonstrando que uma boa imagem ambiental da companhia melhora a sua credibilidade junto ao mercado. Lu et al. (2012) Investigar a relação entre o desempenho operacional e a gover-nança corporativa em 30 companhias aéreas que operam nos Esta-dos UniEsta-dos.

Os resultados demonstraram que a governança corporativa influencia significativamente o desempenho da empresa. Segantini (2012) Analisar a relação entre as condutas ambientais e o desem-penho econômico das empresas listadas no Índice de Sustenta-bilidade Empresarial (ISE).

Os resultados apontaram que as em-presas evidenciam suas estratégias no relatório de sustentabilidade; no entanto, não se verificou a existência de relação significante entre as condu-tas ambientais das empresas e os seus desempenhos econômicos.

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Autores Objetivo Principais resultados Beuren, Nasci-mento e Rocha (2013)

Estudar a relação entre o nível de evidencia-ção ambiental e o de-sempenho econômico das empresas de capi-tal aberto classificadas no Guia Você S/A.

Os resultados indicaram que nem todas as empresas que apresentaram um nível significativo de evidenciação am-biental obtiveram satisfatório desempe-nho econômico. Catapan, Colauto e Barros (2013) Investigar o efeito da governança corporati-va sobre corporati-variáveis de desempenho econô-mico-financeiro nas empresas brasileiras de capital aberto.

Os resultados evidenciaram que não há efeito estatisticamente significante do índice de governança corporativa sobre as variáveis de desempenho empresa-rial. Ferreira et al. (2013) Pesquisar se há dife-renças de eficiência técnica e produtivida-de entre as empresas dos segmentos dife-renciados de gover-nança corporativa da BM&FBovespa e as demais participantes.

Os resultados assinalaram que não há diferença estatisticamente significante entre as eficiências médias das em-presas dos segmentos de governança corporativa da BM&FBovespa e das demais participantes. Iatridis (2013) Analisar a relação entre a qualidade da divulgação ambiental e da governança cor-porativa das empresas na Malásia.

Verificou-se que a divulgação ambien-tal está positivamente associada ao de-sempenho ambiental, e que os atributos da empresa, como tamanho, necessida-de necessida-de capital, rentabilidanecessida-de e necessida-despesas de capital, estão associados positiva-mente com a qualidade da divulgação ambiental.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Assim, considerando as referências teóricas e os estudos empíri-cos supracitados, espera-se que esta pesquisa venha a contribuir para ampliar as discussões sobre a relação destes três construtos: disclosure socioambiental, governança corporativa e desempenho empresarial.

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Procedimentos metodológicos

O estudo, que tem por objetivo analisar a relação entre o

disclo-sure socioambiental, as práticas de governança corporativa e o

de-sempenho das companhias listadas na BM&FBovespa, caracteriza-se como descritivo, com abordagem quantitativa, realizada por meio da análise documental. Segundo Collis e Hussey (2005), o estudo descritivo identifica e obtém informações sobre as características de um problema específico. Quanto ao aspecto quantitativo, Sampieri, Collado e Lúcio (2013) afirmam que essa abordagem utiliza a coleta de dados para testar hipóteses que são comprovadas por meio de testes estatísticos.

A população desta pesquisa compreende todas as empresas não financeiras listadas na BM&FBovespa em 06/01/2014, totalizando 361 companhias. A amostra reúne 114 empresas que divulgaram os relatórios anuais e/ou de sustentabilidade no modelo GRI referentes ao exercício de 2012.

Os dados necessários para o alcance dos objetivos da pesquisa foram coletados nos relatórios anuais e/ou de sustentabilidade, modelo GRI, e formulários de referência, alusivos ao exercício de 2012, nas demonstrações financeiras dos exercícios findos de 2012 e 2013 e nos estatutos sociais, levantados junto aos websites da BM&FBovespa e das empresas, além de informações financeiras levantadas no banco de dados Economática®. Destaca-se que, para verificar a relação entre o disclosure socioambiental, as práticas de governança e o desempenho empresarial, aplica-se, além da análise dos construtos de um mesmo exercício, a defasagem temporal já adotada no estudo de Alves et al. (2013), que tem a finalidade de verificar se determinado atributo em um período impacta em outro atributo nos períodos seguintes; analisa-se, assim, o desempenho empresarial dos exercícios de 2012 e 2013.

Devido ao fato de as variáveis disclosure socioambiental e go-vernança corporativa serem mensuradas por meio de índices, faz-se necessária a aplicação da Análise de Conteúdo, que, segundo Bar-din (2011), deve considerar o conteúdo, eventualmente sua forma e a distribuição desses conteúdos e formas. Para a construção dos índices, a Análise de Conteúdo permitiu a análise das informações qualiquantitativas presentes nos relatórios anuais e/ou de

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sustenta-bilidade no modelo GRI, nos formulários de referência, nos estatutos sociais e nas demonstrações financeiras.

Para atender ao primeiro objetivo específico, utilizou-se a Aná-lise de Correspondência (Anacor), que, de acordo com Fávero et al. (2009), demonstra associações entre um conjunto de variáveis não métricas em um mapa perceptual, onde é possível inferir os resulta-dos. Para tanto, faz-se necessário realizar o teste Qui-quadrado, que é pressuposto da Anacor, em que o p-value seja igual ou inferior a 10%. Após a realização do teste Qui-quadrado, devido ao fato de a Anacor utilizar somente dados não métricos, será necessário trans-formar em quartis as variáveis disclosure socioambiental e adoção de práticas de governança corporativa. No presente estudo, as va-riáveis foram distribuídas em três categorias: baixo, são os valores inferiores ao primeiro quartil; médio, são os valores superiores ao primeiro quartil e inferiores ao terceiro; e alto, em que constam os valores superiores ao terceiro quartil.

Por sua vez, para atender ao segundo objetivo específico e ao objetivo geral, aplica-se a Regressão Linear Múltipla. Para tanto, deve-se realizar os seguintes testes de pressupostos: ausência de independência dos resíduos, multicolinearidade, normalidade dos resíduos e homocedasticidade. O estudo envolve quatro modelos de regressão, sendo um para cada aspecto de desempenho – ope-racional e de mercado – e para cada exercício social – 2012 e 2013 –, todos definidos como variáveis dependentes. Considerando-se a disponibilidade dos dados (valor de mercado e lucro líquido das empresas) no banco de dados Economática®, a amostra para o

de-sempenho operacional do exercício de 2012 reúne 114 empresas, e a do exercício de 2013 reúne 99 empresas; já para o desempenho de mercado, foram consideradas 81 empresas para o exercício de 2012 e 76 para o de 2013. Para o propósito da pesquisa, adotam-se os modelos matemáticos da Regressão Linear Múltipla representados pelas Equações 1 a 4.

LnVM2012i = α + β1DISCi + β2IGOVi + β3SETi + β4TAMi Equação (1) LnVM2013i = α + β1DISCi + β2IGOVi + β3SETi + β4TAMi Equação (2) ROA2012i = α + β1DISCi + β2IGOVi + β3SETi + β4TAMi Equação (3) ROA2013i = α + β1DISCi + β2IGOVi + β3SETi + β4TAMi Equação (4)

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O Quadro 2 apresenta as variáveis dependentes e independentes utilizadas na pesquisa.

Quadro 2 – variáveis dependentes, independentes e de controle

Variável Métrica Operacio--nalização Fonte de coleta Embasamento teórico

Depen-dente ROA Desempenho Operacional: Retorno sobre o Ativo Lucro Opera-cional / Ativo Total Economática ® Segantini (2012), Catapan, Colauto e Barros (2013), Ferreira et al. (2013) e Melo et al. (2013)

LnVM Desempenho de Mercado: Valor de Mercado Logaritmo Natural do Valor de Mercado Economática® Silveira (2004) e Segantini (2012) Indepen-dente

DISC disclosure Socioambiental

Índice base-ado nos 75 indicadores sociais e ambientais da GRI, em que se atribuiu 1 para as informações evidenciadas, e 0 para as in-formações não evidenciadas Relatórios anuais e de sustentabilida-de disponíveis nos websites Institucionais Braga et al. (2011)

IGOV Práticas de Governança Corporativa Índice adapta-do de Lameira (2012), em que se atribuiu 1 para item que atende ao critério, e 0 para item que não atende ao critério Formulário de Referên-cia, Estatuto Social, Balanço Patrimonial e website da CVM Lameira (2012) Controle

TAM Tamanho Logaritmo na-tural do Ativo

Total Economática ® Silveira (2004), Ismail e Ibrahim (2009) e Braga et al. (2011)

SET Setor Econômico

Variáveis dummy para os setores mais repre-sentativos na amostra com base na clas-sificação da BM&FBovespa Website da BM&FBovespa Nunes et al. (2010) e Sarlo Neto, Lopes e Dalmácio (2010)

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O índice de disclosure socioambiental foi mensurado a partir dos indicadores de desempenho da GRI, formados pelas dimensões ambiental e social. Os indicadores ambientais (30 indicadores) possuem as seguintes categorias: materiais; energia; água; bio-diversidade; emissões, efluentes e resíduos; produtos e serviços; conformidade; transporte; e geral. Já os indicadores sociais (45 indicadores) são subdivididos nas seguintes categorias: Práticas trabalhistas e trabalho decente, Direitos humanos, Sociedade e Responsabilidade pelo produto.

O índice de governança corporativa foi mensurado a partir da pontuação de 15 itens adaptados do estudo de Lameira (2012), representativos das melhores práticas de governança e distribuídos nas seguintes categorias: estrutura de propriedade e controle (quatro itens); nível de disclosure das informações e benefícios privados de controle (um item); auditoria e conselho fiscal (dois itens); conselho de administração e política de remuneração (seis itens); e relacio-namento com investidores (dois itens).

Quanto ao desempenho empresarial, a análise levou em conta se as informações socioambientais evidenciadas e as práticas de go-vernança corporativa do exercício de 2012 impactam no exercício de 2012 e/ou no exercício subsequente (2013), aplicando-se, para tanto, a defasagem temporal. Além das variáveis ROA (return on assets), representando o desempenho operacional, e o valor de mercado, em que se pressupôs o desempenho de mercado, foram utilizadas duas variáveis de controle, representadas pelo tamanho da empresa e pelo setor econômico, conforme empregado também em outros estudos (SILVEIRA, 2004; ISMAIL; IBRAHIM, 2009; NUNES et al., 2010; SAR-LO NETO; SAR-LOPES; DALMÁCIO, 2010; BRAGA et al., 2011), com o objetivo de normalizar os efeitos dos construtos disclosure socioam-biental e governança corporativa no desempenho empresarial.

O tratamento dos dados, por meio da Regressão Linear Múlti-pla, foi realizado com o auxílio do aplicativo statistical Package for

the social sciences (SPSS), versão 21.

Análise dos resultados

Primeiramente, foi realizado o teste Qui-quadrado, e em seguida verificou-se a associação entre as variáveis disclosure socioambiental e adoção de boas práticas de governança corporativa, com p-value de 0,049, aceitando-se, dessa forma, a hipótese H1. Na sequência,

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procedeu-se com a Anacor, com o intuito de atender ao primeiro objetivo específico, cujo resultado é demonstrado na Figura 1.

Figura 1 – Mapa perceptual da relação disclosure socioambiental e adoção

de práticas de governança corporativa

Fonte: Dados da pesquisa

Observa-se que as empresas com alto nível de disclosure socio-ambiental possuem médio nível de governança corporativa, enquan-to que as empresas com baixa adoção de práticas de governança corporativa publicam um nível médio de informações socioam-bientais. Pode-se verificar, ainda, que as empresas com baixo nível de disclosure socioambiental registram um alto nível de adoção de práticas de governança corporativa.

O resultado refuta os achados de Iatridis (2013), que encontrou relação positiva entre o disclosure ambiental e a governança corpo-rativa, devido ao fato de o presente estudo identificar uma relação

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inversa entre o disclosure socioambiental e a governança corporativa, em que a alta adoção de práticas de governança corporativa está associada a um baixo disclosure socioambiental.

Antes de proceder com a análise da Regressão Linear Múltipla, para atender ao segundo objetivo específico e ao objetivo geral, rea-lizou-se uma análise descritiva das variáveis utilizadas nos modelos, excluindo-se a variável setor econômico, por ser uma variável dummy. A Tabela 1 demonstra o resultado da estatística descritiva dos dados.

Tabela 1 – estatística descritiva dos dados

Variável N Mínimo Máximo Média Desvio-padrão

DISC 114 0,12 1,00 0,65 0,23 IGOV 114 0,27 1,00 0,63 0,15 ROA2013 99 -0,62 0,39 0,09 0,12 ROA2012 114 -1,59 0,39 0,08 0,18 LnVM2013 76 12,27 19,42 15,29 1,48 LnVM2012 81 7,69 19,39 15,21 1,75 TAM 114 4,70 20,33 15,53 1,71

Fonte: Dados da pesquisa

Na Tabela 1, nota-se nas empresas a disseminação voluntária das informações socioambientais e a adoção de práticas de governan-ça corporativa, pois, em média, elas divulgam 65% de informações socioambientais e adotam 63% de práticas de governança corpora-tiva. Não houve variação média significativa no ROA (desempenho operacional), na comparação de 2012 com 2013.

Verificou-se, ainda, que o baixo desvio-padrão demonstra a homogeneidade das informações socioambientais divulgadas (0,23), do desempenho operacional nos anos 2012 e 2013 (0,18 e 0,12), e a semelhança nas práticas de governança corporativa (0,15). En-tretanto, para as variáveis desempenho de mercado, representada pelo valor de mercado, e tamanho da empresa, observou-se uma alta dispersão em torno da média.

Para atender ao segundo objetivo específico e ao objetivo geral, realizou-se a Regressão Linear Múltipla. Para tanto, o estudo efetuou os testes dos pressupostos das regressões (ausência de

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independên-cia dos resíduos, multicolinearidade, normalidade dos resíduos e homocedasticidade), verificando-se o seu cumprimento. Desse modo, a Tabela 2 reúne os resultados estatísticos dos quatro modelos de regressão utilizados na pesquisa; os coeficientes das variáveis inde-pendentes, que indicam a relação entre as variáveis; as quantidades de observações; os valores de R² e R² ajustado, que evidenciam o grau de explicação do modelo de regressão; e a estatística F, que testa a significância dos modelos de regressão múltipla. De acordo com as hipóteses apresentadas (H1 e H2), espera-se que tanto o

disclosure socioambiental como a adoção de práticas de governança

corporativa influenciem o desempenho empresarial.

Tabela 2 – Modelos de regressão linear Modelo 1:

LnVM2012 Modelo 2: LnVM2013 Modelo 3: ROA2012 Modelo 4: ROA2013 Constante 1,11 0,71 -0,72*** -0,36*** disclosure Socioambiental 1,43** 0,94** 0,03 0,01 Práticas de Governan-ça Corporativa 0,38 0,12 -0,09 -0,09 Bens Industriais 0,52 0,59 0,07 0,09 Construção e Trans-porte 0,54 0,33 0,05 0,10** Consumo Cíclico 1,00 0,91** 0,09 0,11**

Consumo Não Cíclico 0,82 0,65* 0,02 0,07

Materiais Básicos -0,20 -0,12 -0,05 0,02 Utilidade Pública -0,21 0,12 0,01 0,06 Tamanho 0,80*** 0,86*** 0,05*** 0,03*** Nº. de observações 81 76 114 99 R² 0,53 0,71 0,22 0,18 R² ajustado 0,47 0,67 0,15 0,10 F – valor 8,90*** 17,82*** 3,24*** 2,17**

Nota: * Sig. de até 10%; ** Sig. de até 5%; *** Sig. de até 1%.

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A estatística F indica que há significância de 5% nos quatro modelos de regressão, sendo os modelos 1 a 3 significantes a 1%, e o modelo 4 significante a 5%. Dessa forma, os modelos são válidos, e é possível fazer inferência acerca de cada um deles, já que esse resultado avalia a significância conjunta das variáveis explicativas. Observa-se, ainda, o poder explicativo dos modelos (R² ajustado), sendo maior nos modelos 1 e 3, com 47% e 67%, respectivamente.

No modelo 1 (LnVM2012), verifica-se que entre as variáveis independentes do estudo, somente o disclosure socioambiental im-pacta positivamente no desempenho de mercado no ano 2012, pois apresenta significância ao nível de 5%. Ressalta-se, ainda, que a variável Tamanho impacta positivamente no desempenho de mer-cado do exercício de 2012, com significância de até 1%. Quando observado o modelo 2 (LnVM2013), nota-se resultado semelhante, em que o disclosure socioambiental referente ao exercício de 2012 impacta positivamente no desempenho empresarial de mercado do ano subsequente (2013), com significância de até 5%. Frisa-se que os setores Consumo Cíclico, Consumo Não Cíclico e Tamanho impac-tam positivamente no desempenho de mercado do exercício de 2013. Observa-se que nos modelos 3 (ROA2012) e 4 (ROA2013) ne-nhuma das variáveis independentes (disclosure socioambiental e adoção de práticas de governança corporativa) impacta no desem-penho empresarial operacional. Contudo, o Tamanho apresentou relação positiva com o desempenho operacional dos exercícios de 2012 e 2013, enquanto os setores Construção e Transporte e Consu-mo Cíclico apresentaram também relação positiva somente para o desempenho operacional do exercício de 2013.

O disclosure socioambiental está relacionado positivamente com o valor de mercado do período atual (2012) e do subsequente (2013) ao período estudado. Esse resultado indica que as empresas que sinalizam informações socioambientais tendem a apresentar maior valor de mercado. Os resultados obtidos corroboram as pesquisas de Fernandes (2012) e Iatridis (2013). Contudo, os resultados estão em sentido oposto ao observado por Segantini (2012) e Beuren, Nascimento e Rocha (2013).

Em princípio, essa relação positiva entre disclosure socioam-biental e valor de mercado pode ser explicada pelos estudos de

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Costa e Marion (2007) e Conceição et al. (2011). Segundo os auto-res, devido às cobranças da sociedade sobre questões relacionadas à responsabilidade socioambiental, o mercado passou a selecionar as empresas comprometidas com essa temática. Nesse contexto, a não divulgação de tais informações pode impactar na percepção do usuário acerca da empresa e na avaliação de seus ativos, prejudi-cando o desempenho (LINS; SILVA, 2009; MACÊDO et al., 2013). Assim, diante dos resultados encontrados, é aceita a hipótese H2, de que o disclosure socioambiental está relacionado com o desempenho empresarial de mercado.

Os resultados da Tabela 2 comprovam, ainda, que as práticas de governança corporativa não impactam positivamente no desempenho empresarial. Esse resultado corrobora os estudos de Vieira et al. (2011), Catapan, Colauto e Barros (2013) e Ferreira et al. (2013), nos quais evidenciou-se que não há efeito estatisticamente significante do índice de práticas de governança corporativa sobre as variáveis de desempenho empresarial, contrariando, portanto, algumas pes-quisas estrangeiras, como as de Sami, Wang e Zhou (2011) e Lu et al (2012). Diante dos resultados, não é aceita a hipótese H3, de que a adoção de boas práticas de governança corporativa está relacionada com o desempenho empresarial.

Conclusão

Este artigo teve por objetivo analisar a relação entre o

disclosu-re socioambiental, a adoção de boas práticas de governança

corpo-rativa e o desempenho das companhias listadas na BM&FBovespa. Para tanto, foi analisada uma amostra de 114 empresas não finan-ceiras, por meio dos respectivos relatórios anuais e/ou de susten-tabilidade, modelo GRI, e formulários de referência alusivos ao exercício de 2012, das demonstrações financeiras dos exercícios de 2012 e 2013 e estatutos sociais.

Os resultados demonstraram um índice médio de evidencia-ção socioambiental de 65%, sendo que há empresas com índice de 12%, e outras com o índice de 100%. De modo geral, as empresas apresentaram um índice de governança corporativa de 63%, atin-gindo até 100% de adoção de práticas de governança corporativa com o mínimo de 27%.

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Verificou-se, nas empresas da amostra, uma associação signi-ficante entre o disclosure socioambiental e a adoção de boas práti-cas de governança corporativa, aceitando-se, portanto, a hipótese H1. Pontualmente, notou-se que as empresas com baixo disclosure socioambiental registram alto nível de adoção de boas práticas de governança corporativa. Esse resultado mostra-se contraditório com relação ao princípio da transparência, pilar da governança, já que a prática de evidenciação, incluindo a evidenciação socioambiental, deveria ser alta nas empresas com maior nível de adoção de boas práticas de governança corporativa.

Por meio da análise de Regressão Linear Múltipla, pôde-se verificar que o disclosure socioambiental impacta positivamente no desempenho empresarial de mercado, representado pelo valor de mercado. Assim, a hipótese H2 do estudo foi aceita. O sinal, disclosure socioambiental, gera reflexos no período vigente (2012), assim como no subsequente (2013). Isso pode ser justificado pelas exigências do mercado e dos stakeholders, ao considerarem, em suas decisões, empresas que se preocupam com a sustentabilidade, demonstrando assim, que o disclosure socioambiental é uma estratégia a ser segui-da pelas empresas. Por outro lado, verificou-se que as práticas de governança corporativa não impactam no desempenho empresarial, rejeitando-se, assim, a hipótese H3.

Entre as limitações deste estudo, destaca-se o pequeno tamanho da amostra, decorrente, principalmente, da ausência de empresas que divulgam relatórios anuais e/ou de sustentabilidade no modelo GRI, além do fato de se tratar apenas de empresas listadas na bolsa brasileira. Faz-se necessário considerar ainda, em pesquisas futuras, outras variáveis de desempenho, bem como outras características do disclosure socioambiental e de boas práticas de governança cor-porativa que não tenham sido aqui abordadas. Espera-se, também, estudos que possam contemplar um maior horizonte temporal, con-tribuindo para ampliar a discussão sobre o impacto dos construtos aqui estudados sobre o desempenho empresarial.

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Recebido em: 18.1.2015 Aprovado em: 2.5.2015

Avaliado pelo sistema double blind review. Editor: Elmo Tambosi Filho.

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