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CIRCUITOS ESPACIAIS DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA NO ESTADO DO MATO GROSSO, BRASIL

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EOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO

CIRCUITOS ESPACIAIS DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR

AMERICANA NO ESTADO DO MATO GROSSO, BRASIL

GLAUCO NONOSE NEGRÃO1 LEANDRO REDIN VESTENA2

RESUMO

Para compreensão da expansão territorial e temporal da leishmaniose tegumentar americana (LTA) torna-se necessário a análise dos circuitos espaciais com importância epidemiológica na difusão da doença (Negrão, 2013). Este trabalho teve como objetivo caracterizar os principais circuitos espaciais com importância epidemiológica na produção autóctone de LTA no Estado do Mato Grosso, Brasil, entre 2001 e 2013, a partir dos dados registrados no Sistema Nacional de Agravos de Notificações (SINAN). Foi objeto de estudo deste trabalho os fatores geográficos intervenientes em 23.217 casos autóctones de LTA distribuídos em 4 circuitos eco epidemiológicos de produção da doença: Bacia do Rio Araguaia, Bacia do Rio Teles Pires, Bacia do Jurena e Bacia Amazônica. Estudos geográficos representam valiosos subsídios para compreensão epidemiológica e planejamento de atividades de saúde pública.

Palavras-chave: leishmaniose tegumentar americana, Geografia da Saúde, biogeografia.

ABSTRACT

In order to understand the time line and the space expansion of American tegumentar leishmaniosis (ATL) it becomes necessary the analysis of the space circuits with epidemiological significance in the spreading of the disease (Negrão, 2013). This paper aims to characterize the main space circuits with epidemiological significance in the ATL autochthone production in the state of Mato Grosso, Brazil, between 2001 and 2013, beginning with the ATL dada registered in the National Disease Notification System (SINAN). Having as study subject the geographic factors that intervene in 23,217 autochthone ATL cases distribuited in four eco epidemiologic circuits of the disease production: Araguaia River Basin, Teles Pires River Basin, Jurena Basin and the Amazonic Basin. Geographic studies represent valuable orientations towards epidemiological understanding as well as the public health care activities planning.

Key-words: American tegumentar leishmaniosis, Geography of Health, biogeograph.

1. Introdução

A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença infecciosa não contagiosa causada por variadas espécies de protozoários digenéticos da ordem

Kinetoplastida, família Trypanosomatidae, gênero Leishmania; que acometem a pele

e/ou mucosas humanas e de várias espécies de animais silvestres e domésticos das

1

Pós doutorando pelo Programa Nacional de Pós Doutorado (PNPD – Capes) no Programa de pós-graduação da Universidade Estadual do Centro-Oeste. E-mail de contato: glauco.n.negrao@hotmail.com

2 Docente do Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual do Centro-Oeste – PPGG Unicentro. E-mail

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regiões tropicais e subtropicais do Velho e Novo Mundo. Nas Américas são transmitidas entre os animais e o homem pela picada das fêmeas de diversas espécies de flebótomos (Ordem: Diptera, Família: Psychodidae, Subfamília:

Phlebotominae), dos gêneros Lutzomyia e Psychodopygus (Brasil, 2006). Continuam

sendo doenças negligenciadas pelas autoridades sanitárias mundiais afetando em sua maioria populações mais vulneráveis ou carentes (WHO, 2008).

A relevância da LTA em Saúde Pública reside na alta incidência e ampla distribuição geográfica em território brasileiro com aspectos de cronicidade, latência e desenvolvimento de metástases que conduzem a quadros clínicos desfigurantes, abalando psicologicamente o doente, com reflexo no campo social e econômico (Brasil, 2000). No Brasil encontra-se distribuída conforme circuitos eco epidemiológicos específicos por todas as regiões geográficas brasileiras (Negrão, 2013), sendo caracterizada com caráter ocupacional relacionado às atividades profissionais, ações antrópicas no ambiente, urbanização crescente e pressões socioeconômicas. A LTA têm se expandido em áreas endêmicas e favorecido o aparecimento de focos em zonas urbanas que dispõem de áreas de matas conservadas e/ou preservadas (matas residuais) em todo o território nacional.

No Brasil a doença está incluída na PORTARIA Nº 2.472, DE 31 DE AGOSTO DE 2010, do Ministério da Saúde que adota a Lista de Notificação Compulsória - LNC, referente às doenças, agravos e eventos de importância para a saúde pública de abrangência nacional em toda a rede de saúde, pública e privada, estabelecendo como mecanismo de notificação o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI) da Fundação Nacional de Saúde, obedecendo às normas e rotinas estabelecidas pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde - SVS/MS. O processo de notificação ocorre pela Ficha Individual de Notificação baseada na definição de caso confirmado e engloba, além da notificação propriamente dita, a investigação e o acompanhamento dos casos.

Neste contexto o Geógrafo possui importante papel no estudo espacial e temporal da ocorrência e incidência da LTA, uma vez que a Lei nº. 6.664, de 26 junho de 1979, que disciplina a profissão de Geógrafo e dá outras providências, em

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puramente científica, sejam as destinadas ao planejamento e implantação da política social, econômica e administrativa de órgãos públicos ou às iniciativas de natureza privada, se exercem através de “órgãos e serviços permanentes de pesquisas e estudos, integrantes de entidades científicas, culturais, econômicas ou administrativas” e da “prestação de serviços ajustados para a realização de determinado estudo ou pesquisa, de interesse de instituições públicas ou particulares, inclusive perícia e arbitramentos” (Brasil, 1979).

Entre 2001 a 2013 confirmados 225.017 casos autóctones de LTA no território brasileiro (Sinan, 2015). É objeto de estudo deste trabalho os fatores geográficos intervenientes em 23.217 casos autóctones de LTA distribuídos em 5 mesorregiões do Estado do Mato Grosso, subdivididas em 22 microrregiões (IBGE, 2010), ocorrência em 141 municípios, distribuídos em 4 circuitos eco epidemiológicos de produção da doença e 22 cidades pólos. A formulação de circuitos espaciais de produção da doença pela abordagem multiescalar permite formular hipóteses sobre seu recrudescimento e determinantes ambientais específicos, manifestados em diferentes circuitos eco epidemiológicos específicos de forma local ou regional, que atuam no auxílio à produção da doença.

No Estado do Mato Grosso todos os municípios tem registros de casos autóctones, sendo objetivo deste trabalho contribuir para compreensão de aspectos regionais e locais intervenientes no processo endêmico de ocorrência e expansão da LTA no Estado.

2. Metodologia

Este estudo possui caráter comparativo e retrospectivo sendo considerados resultados os casos novos autóctones da doença no Estado do Mato Grosso registrados no SINAN, no período de 2001 a 2013. Os dados estão disponíveis na Internet (www.datasus.gov.br), sendo coletados e tabulados entre janeiro a julho de 2014. Levou-se em consideração que as características epidemiológicas das variáveis apresentadas neste trabalho podem apresentar problemas de interpretação, visto não ser possível controlar a qualidade dos dados obtidos.

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O Estado do Mato Grosso está localizado na Região Centro-Oeste do Brasil (Figura 1), dentro dos limites da Amazônia Legal; possuindo uma área de 903.357.908 km2, população estimada de 3.224.357 habitantes, densidade demográfica de 3,36 hab/km², 141 municípios (IBGE, 2010) e faz limite com a Bolívia e os Estados do Amazonas, Pará, Tocantins, Rondônia, Goiás e Mato Grosso do Sul.

Figura 1. Localização da área de estudo.

Neste trabalho, o conceito de circuito espacial de produção de LTA, baseado na FUNASA, 2002; foi definido como uma região extensa, complexa e contínua, determinada a partir da elevada concentração de casos em um período de 5 anos, constituído por diversos polos, superpondo a mais de um município ou estado, decorrentes de processos socioambientais particulares e dinâmicos. Os circuitos podem apresentar tendência à expansão ou retração, em função das características de seus determinantes. Já o polo é definido como uma unidade espacial que se destaca por sua densidade intensa de casos em contraste com áreas vizinhas, podendo ser considerado como um núcleo atrator e de limites pouco definidos. Mais que o circuito, apresenta variabilidade na extensão, onde os limites e intensidade de transmissão variam a cada momento. Do ponto de vista epidemiológico, um polo

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sinaliza uma área de transmissão intensa e frequente, possivelmente com características diferenciadas do restante da sua região (FUNASA, 2002).

A espacialização dos casos seguiu a classificação das mesorregiões e microrregiões geográficas brasileiras (IBGE, 2010), sendo utilizado como referência espacial as principais bacias hidrográficas no Brasil, segundo ANA (2015) e as principais características ecológicas relacionadas, nas quais os circuitos estão inseridos.

A análise espacial foi desenvolvida a partir dos resultados obtidos (dados oficiais) espacializados em áreas (municípios, microrregião, macrorregião, Estado e Grandes Regiões) para interpretação e avaliação de modo mais acurado os padrões espaciais da distribuição da doença na área de estudo. As representações espaciais foram confeccionadas com o auxílio do software ArcGis 10.2, a partir da base cartográfica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e os gráficos e tabelas do Word e Excel do software Microsoft Office 2.000.

3. Resultados e discussão

3.1. Ocorrências de casos autóctones em território brasileiro entre 2001 a 2013

No período de 2001 a 2013 confirmados 225.017 casos novos autóctones de LTA no território brasileiro. Quanto ao sexo registrados 164.014 (71,30%) casos masculinos e 66.023 (28,70%) casos femininos. Na Região Centro Oeste e no Distrito Federal confirmados 34.611 casos autóctones neste período, 15,38% dos casos em território brasileiro; sendo 29.519 (81,73%) casos masculinos e 6.597 (18,26%) casos femininos de 36.116 casos analisados. No Estado do Mato Grosso confirmados 31.267 casos, 90,33% de toda a região Centro-Oeste; com 25.399 (83,50%) casos masculinos e 5.022 (16,50%) casos femininos de 30.421 casos analisados.

Em relação à epidemiologia da LTA no território brasileiro observou-se uma estabilidade no número de casos novos notificados de LTA entre 2001 a 2013, com alguns anos de pico entre 2008 e 2009 para todos os Estados, sendo considerada endêmica com dispersão espacial e concentração em algumas áreas regionais de ocorrência. A expansão geográfica da LTA provavelmente está relacionada a

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movimento migratórios de cunho regional, com mudanças no comportamento ecológico da doença associadas a diferentes processos de ocupação territorial, alterações ambientais decorrentes no processo de organização espacial, mudança no perfil epidemiológico da doença e provável processo adaptativo e evolutivo dos vetores e parasitas.

3.2. Circuitos espaciais de ocorrência da leishmaniose tegumentar americana no Mato Grosso

Neste tópico são analisados 23.217 casos ocorridos no Mato Grosso entre 2001 a 2013, sendo que entre 2001 a 2006 foi levada em consideração a categoria zona de residência urbana, conforme Datasus (2015). Convém destacar os anos de 2007, 2009, 2010 e 2012, anos de maior ocorrência da doença no Estado do Mato Grosso do Sul (Tabela 1, Figura 2).

Tabela 1) Número de casos anuais de LTA, registrados no Estado do Mato Grosso

Fonte: Datasus, 2015. Organização: os autores

Figura 2 – Incidência de novos casos de LTA em Mato Grosso, entre 2001 e 2003. Fonte: Datasus, 2015. Organização: os autores. 619 1.477 1.678 1.454 1.358 1.156 2.301 2.091 3.218 2.135 1.581 2.186 1.963 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 mero d e c as o s d e LT A Ano

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Quanto à faixa etária registrados 4 casos em branco-IGN, 171 casos menores que 1 ano, de 01 a 04 anos 252 casos, 04 a 09 anos 467 casos, 10 a 14 anos 1.094, 15 a 19 anos 2.315 casos, 40 a 49 anos 6.222 casos, 60 a 64 anos 723 casos, 65 a 69 anos 487 casos, 70 a 70 anos 505 casos e 135 casos entre 80 e mais anos, totalizando 23.142 casos. É predominante a ocorrência na faixa etária entre 20-39 anos e 40-59 anos, totalizando de forma conjunta as duas classes de faixa etária 22.148 casos (72,69%). Ressalta-se que estas faixas concentram a maior proporção da força ativa para o trabalho rural expostas ao ciclo epidemiológico silvestre modificado (Brasil, 2000) e o aumento da ocorrência em todas as faixas etárias, inclusive em menores de 1 anos e acima de 80 anos.

Neste trabalho são propostos 4 circuitos espaciais de produção da doença: Bacia do Rio Araguaia, Bacia do Rio Teles Pires, Bacia do Jurena e Bacia Amazônica (Figura 3).

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3.2.1. Circuito Bacia do Rio Araguaia

Na mesorregião Nordeste Mato-grossense confirmados 3.229 casos distribuídos em 55 cidades e 8 microrregiões. O circuito Bacia do Rio Araguaia abrangem as microrregiões de Canarana e Médio Araguaia, totalizando 11 cidades com 1.739 casos, equivalente a 53,85% dos casos para a mesorregião. Na microrregião de Canarana confirmados 1.106 casos, sendo pólos os municípios de Água Boa com 114 casos, Campinápolis com 417 casos, Canarana com 232 casos e 148 casos em Nova Xavantina. Foram registrados 74 casos em Novo São Joaquim, 99 casos em Querência e 17 casos em Santo Antônio do Leste e 5 casos em Nova Nazaré. Na microrregião do Médio Araguaia confirmados 633 casos, sendo pólo o município Barra do Garças com 594 casos. Foram registrados 29 casos em Araguaiana, e 10 casos em Cocalinho.

3.2.2. Circuito Bacia do Rio Teles Pires

Na mesorregião Norte Mato-grossense confirmados 15.381 casos, 66,24% de casos de todo o Estado. O circuito Bacia do Rio Teles Pires abrange 5.757 casos (37,42% de casos de toda a mesorregião), sendo na microrregião de Alto Teles Pires 2.317 casos, 15,06% de casos de toda a mesorregião, sendo pólos Nova Mutum com 292 casos, Nova Ubiratã com 396 casos e Sorriso com 688 casos. Foram registrados 44 casos em Ipiranga do Norte, 106 casos em Itanhangá, 266 casos em Lucas do Rio Verde, 80 casos em Nobres, 92 casos em Santa Rita do Trivelato e 353 casos em Tapurah. Na microrregião de Sinop confirmados 3.440 casos, 22,36% de toda a mesorregião, sendo pólos Feliz Natal com 488 casos, Marcelândia com 513 casos, Sinop com 1.185 casos e Vera com 368 casos. Foram registrados 217 casos em Cláudia, 263 casos em Itaúba, 49 casos em Nova Santa Helena, 152 casos em Santa Carmem e 205 casos em União do Sul.

Na microrregião de Aripuanã confirmados 3.432 casos, sendo 457 casos em Aripuanã, 453 casos em Brasnorte, 141 casos em Castanheira, 792 casos em Colniza, 453 casos em Cotriguaçu, 790 casos em Juína, 333 casos em Juruena e 13

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casos em Rondolândia. Convém ressaltar que o circuito Bacia Amazônica, descrito no tópico 3.4, está inserido nesta mesorregião.

3.2.3. Circuito Bacia do Jurena

Na mesorregião Sudoeste Mato-grossense confirmados 1.336 casos. O Circuito Bacia do Jurena envolve a microrregião de Alto Guaporé na mesorregião Sudoeste Mato-Grossense com 329 casos, sendo pólos Pontes e Lacerda com 166 casos. Confirmados 27 casos em Vila Bela da Santíssima Trindade, 103 casos em Nova Lacerda, 27 casos em Conquista D´Oeste e 6 casos no Vale de São Domingos. Na microrregião de Tangará da Serra confirmados 754 casos, sendo pólos Barra do Bugres com 292 casos e Tangará da Serra, com 342 casos. Foram registrados 28 casos em Denise, 69 casos em Nova Olímpia, 23 casos em Porto Estrela e 342 casos em Tangará da Serra. Na mesorregião Centro-Sul Mato-Grossense confirmados 1.131 casos. O circuito envolve também a microrregião de Alto Pantanal, na mesorregião Centro-Sul Mato-Grossense, sendo confirmados 266 casos, sendo 215 casos em Cáceres, 12 casos em Curvelândia e 39 casos em Poconé.

O circuito Bacia do Jurena abrangem as microrregiões de Alto Guaporé e Tangará da Serra na mesorregião Sudoeste Mato-grossense, totalizando 1.083 casos em 10 cidades, concentrando 81,06% dos casos para a mesorregião e Alto Paraguai, no Centro-Sul Mato-grossense, totalizando 457 casos e 5 cidades, equivalente a 40,40% dos casos para a mesorregião.

Na mesorregião Centro-Sul Mato-Grossense confirmados 1.131 casos. Na microrregião do Alto Paraguai confirmados 457 casos, sendo 129 no Alto Paraguai, 97 casos em Arenápolis, 104 casos em Nortelândia, 83 casos em Nova Marilândia e 44 casos em Santo Afonso.

3.2.4. Circuito Bacia Amazônica

Na microrregião de Aripuanã confirmados 3.432 casos, 22,31% dos casos na mesorregião Norte Mato-grossense, sendo pólos Aripuanã com 457 casos, Colniza

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com 792 casos, Cotriguaçu com 453 casos, Juruena com 333 casos, Castanheira com 141 casos, Juína com 790 casos. Foram registrados 453 casos em Brasnorte e 13 casos em Rondolândia.

4. Fatores geográficos intervenientes na ocorrência de LTA no Mato Grosso

Conforme Magalhães, 2001, entre 1960 a 1980 o Estado do Mato Grosso sofreu um intenso processo de colonização através de programas governamentais de ocupação territorial, pela colonização com base em assentamentos, tendo recebido um enorme fluxo populacional em decorrência do surgimento de oportunidades de trabalho, expansão da fronteira agrícola, e abertura de vias de comunicação, como a BR-163 (Cuiabá-Santarém). Fluxos migratórios decorrentes para áreas recém-abertas impactaram diretamente a demografia do Estado, com redistribuição espacial da sua população e criação de novos municípios, mas com uma ocupação desordenada do espaço físico pela urbanização acelerada e inadequada infra-estrutura, problemas persistentes ainda hoje. Como consequência, elevação nos seus percentuais de desmatamento e contato dos seres humanos com áreas de transmissão de zoonoses, observando-se uma ampliação da distribuição da LTA no território estadual, tanto em termos numéricos como geográficos (Hayashi, 2004).

Atualmente o Estado do Mato Grosso possui uma economia essencialmente agrícola ligada a uma urbanização crescente, com existência de florestas não-ocupadas; sendo áreas de atração para o movimento migratório, que por sua vez altera a estrutura epidemiológica das áreas de evasão, bem como a recepção migrante, com imediato reflexos sobre os riscos individual e coletivos da doença (Magalhães, 2011).

Este estudo preliminar sugere indícios de mudança gradual no perfil de transmissão da LTA no Estado do Mato Grosso, anteriormente silvestre e atualmente antropozoonose, com provável ocorrência em área rural ou periurbana, sendo predominante a ocorrência no sexo masculino com 25.399 (83,50%) casos masculinos e 5.022 (16,50%) casos femininos de 30.421 casos analisados; faixa

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(72,69%). A doença passa a afetar um número maior de mulheres e crianças (171 casos em menores de 1 ano e 252 entre 01 a 04 anos), com provável ocorrência na área domiciliar-peridomiciliar, indicando que nesses locais está sendo criado um ambiente favorável para a atração do flebotomíneos e para a transmissão da doença, tornando o espaço domiciliar um fator preditivo importante para a ocorrência da doença.

5. Considerações finais

Propõe-se a vigilância e monitoramento em unidades territoriais, definidas como áreas de maior produção da doença, bem como a relação sistêmica de suas características ambientais, sociais e econômicas, buscando um conhecimento amplo e intersetorial. As ações devem estar voltadas para o diagnóstico precoce e tratamento adequado dos casos detectados e estratégias de controle flexíveis, distintas e adequadas a cada padrão de transmissão. Necessidade de uma atenção especial aos imigrantes retornados de áreas de risco; aos habitantes nesta região fronteiriça, a migração temporária ou sazonal e aos imigrantes que chegam nas periferias das cidades pólos relacionadas.

Referências bibliográficas

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