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A MUDEZ DAS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES INICIANTES NO BRASIL: O CASO DE SOBRAL/CE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

CICERA NACISO SOARES

A MUDEZ DAS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES INICIANTES NO BRASIL: O CASO DE SOBRAL/CE

RONDONÓPOLIS-MT 2018

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CICERA NACISO SOARES

A MUDEZ DAS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES INICIANTES NO BRASIL: O CASO DE SOBRAL/CE

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Departamento de Educação do Instituto de Ciências Humanas e Sociais – Câmpus Universitário de Rondonópolis-MT da Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia.

Orientadora: Dra. Simone Albuquerque da Rocha.

RONDONÓPOLIS – MT 2018

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Catalogação na Publicação Biblioteca Central – UFMT

S676m

SOARES, CICERA NACISO.

A MUDEZ DAS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES INICIANTES NO BRASIL: O CASO DE SOBRAL/CE / CICERA NACISO SOARES. -- 2018

45 f. ; 30 cm.

Orientadora: SIMONE ALBUQUERQUE DA ROCHA. TCC (graduação em Pedagogia) - Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Rondonópolis, 2018.

Inclui bibliografia.

1. Políticas de Formação de Professores. 2. Formação Inicial. 3. Professores Iniciantes. I. Título.

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Título: AMUDEZDAS POLITÍCAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES INICIANTES NO BRASIL: O CASO DE SOBRAL/CE

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CICERA NACISO SOARES

A MUDEZ DAS POLITÍCAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES INICIANTES NO BRASIL: O CASO DE SOBRAL/CE

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Departamento de Educação do Instituto de Ciências Humanas e Sociais – Câmpus Universitário de Rondonópolis-MT da Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia.

Professora Orientadora: Doutora Simone Albuquerque da Rocha

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso

Examinadora Externa: Adriane Pereira da Silva

Instituição: Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso

Examinadora Interna: Doutora Elni Elisa Willms

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer a Deus por me dar a vida e conceder a realização do meu sonho de entrar em uma Universidade, e por me dar forças para concluir este Curso mesmo diante de todos os obstáculos, que foram surgindo no meio do caminho.

Àminha querida mãe agradeço de uma forma toda especial, porque se não fosse por ela eu não estaria aqui, primeiro porque me gerou e me deu a vida e em segundo por ela ter me ajudado de todas as formas possíveis, olhando meu filho, enquanto eu vinha estudar, e por me inspirar na escolha da minha profissão, mesmo inconscientemente, foi por ela que escolhi ser professora e tudo que eu sempre quis foi dar-lhe esse presente de um dia ela me ver formada.

Ao meu filho Jean Lucas, que me motivou a buscar uma profissionalização, para dar uma vida melhor para ele e agora também para o meu pequeno Heitor Brennon, uma surpresa em minha vida, um presente de Deus.

Aos meus irmãos queridos, Cicero Soares e Antônio, Cicero Naciso, em especial às minhas irmãs Anaisa, Renata e Cicinha, à minha cunhada e irmã Jeane, que muito me ajudaram, pois, ser mãe solteira e conciliar uma vida de estudos e trabalho, além das tarefas domésticas não é fácil.

Há tantas pessoas especiais a quem eu gostaria de citar os nomes, as minhas colegas queridas de graduação, que fizeram parte desse mundo incrível de descobertas que é a graduação, um horizonte fantástico de conhecimentos fascinante.

Àminha Orientadora, uma Professora Excepcional, que dispensa comentários, que é também minha Professora do Estágio Dra. Simone Albuquerque da Rocha.

A todos os professores, que passaram pela minha vida, desde os anos iniciais até à graduação, tenho certeza que de cada um levo um pedacinho comigo, para minha prática e para minha vida.

Enfim, quero agradecer a todos os que me falaram não, durante esse percurso, pois, foi o não de alguns, que me motivou a seguir em frente. E também aos que falaram siga em frente, você vai conseguir.

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Educação é uma descoberta progressiva de nossa

própria ignorância.” (Voltaire).

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RESUMO

A presente pesquisa consiste em um trabalho de conclusão do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso, Câmpus de Rondonópolis (UFMT/CUR). Tem por objetivo investigar os desafios enfrentados por professores no início da carreira docente, e como as políticas e os programas de inserção e apoio a esses docentes podem contribuir significativamente, para com a prática e a profissionalização dos novos professores, visa ainda fornecer subsídios para a construção e o desenvolvimento de uma identidade profissional. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica tendo com base em teóricos que discutem sobre formação de professores e as políticas e programas que servem de inserção e amparo a professores recém-formados. A pesquisa traz uma experiência de formação para professores iniciantes, do Município de Sobral/CE, o qual tem se destacado em âmbito nacional. Levanta também alguns questionamentos e sugere uma reflexão sobre a importância da formação e como ela implica na educação ofertada pela educação básica. Palavras-Chave: Políticas de Formação de Professores. Formação Inicial. Professores Iniciantes.

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ABSTRACT

The research refers to a conclusion work of the Degree in Pedagogy from Federal University of Mato Grosso, Campus of Rondonópolis (UFMT / CUR). This research aims to investigate the challenges faced by teachers at the beginning of the teaching career, and how the Policies and Programs of insertion and support to these teachers can contribute significantly in the practice and the professionalization of new teachers, by providing subsidies for the construction and the development of a professional identity. It is a bibliographical research based on theorists who discuss teachers training and policies and programs that serve as insertion and support for newly trained teachers. The research brings a training experience for beginning teachers in the Sobral city, which has been outstanding at the national level. The reseach raises some questions and suggests a reflection about the importance of training and how it implies in the education offered by basic education.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

UFMT Universidade Federal de Mato Grosso CUR Câmpus Universitário de Rondonópolis OBEDUC Observatório da Educação

PPGEdu Programa de Pós-Graduação em Educação

ACOM Associação Comunitária de Milagres

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais

PUC/SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo TCC Trabalho de Conclusão de Curso

CNE Conselho Nacional de Educação CP Conselho Pleno

DCN Diretrizes Curriculares Nacionais EAD Educação a Distância

GPR Gestão Pública por Resultados

SEMEDE Secretaria de Educação e desenvolvimento PROFIR Formação de Professores da Zona Rural

UMinho-PT Universidade do Minho em Portugal

UFRGS Universidade do Rio Grande do Sul

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1 INTRODUÇÃO 9

1.1 Memorias de uma professora em formação 11

1.2 Motivos que me levaram a escolher este tema 17

2- SOBRE AS POLÍTICAS PARA PROFESSORES NO BRASIL 18

2.1 Professores Iniciantes: Um Rito de Passagem de Aluno a Professor 22

2.2 PANORAMA DE FORMAÇÃO INICIAL NO BRASIL 26

3 DISCORRENDO SOBRE A MUDEZ DAS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE

PROFESSORES INICIANTES NO BRASIL: O CASO DE SOBRAL 29

4- Os Avanços na educação a partir da nova política 30

4.1 Ainda sobre a formação continuada dos professores iniciantes em Sobral/CE 30

4.2 Índices de abandono de professores iniciantes quando não há programas ou políticas de

acolhimento desse profissional 32

5 EXPERIÊNCIAS DE MATO GROSSO: RONDONÓPOLIS 35

6 DANDO VOZ ÀS PESQUISADORAS 37

7. POR UMA POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PROFESSOR INICIANTE EMERGENCIAL 42

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1 INTRODUÇÃO

Este Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) – Câmpus de Rondonópolis (CUR) possui como tema: “A Mudez das Políticas de Formação de Professores Iniciantes no Brasil: O caso de Sobral/CE.” A presente pesquisa tem como objetivo investigar os desafios enfrentados por professores no início da carreira docente, e como as políticas e os programas de inserção e apoio a esses docentes podem contribuir significativamente, para com a prática e a profissionalização dos novos professores, visa ainda fornecer subsídios para a construção e o desenvolvimento de uma identidade profissional, para tanto, buscou experiências que se efetivaram em Políticas de Formação e localizou, como a mais promissora a do Município de Sobral/CE. Tal política consistiu em tema de tese de Doutorado de Ana Maria Gimenes Correa Calil. Este estudo sobre a existência de políticas levou a graduanda, na condição de pesquisadora a estudar o caso de Sobral/CE, debruçando-se na tese de Calil e somando-se a isso uma entrevista, com a autora da mesma.

Mediante a preocupação da autora, desta pesquisa, no que se refere à ausência de políticas de formação, desenvolveu também estudos sobre os casos de abandono da carreira docente, os quais, em muitos casos se dão em face da falta de acompanhamento.

Diante disso, o trabalho apresenta também estudos da dissertação de mestrado de Adriane Pereira da Silva, a qual discute sobre a evasão e o abandono da carreira docente no Mato Grosso, especificamente, em Rondonópolis/MT. Adota como autores como Calil (2012), Silva (2018), Rocha (2017), Imbernón (2011), Gatti (2012), André (2005) Lima e Ghedin (2012) dentre outros.

O trabalho discorre sobre a importância de se criar Programas e Políticas de Formação e Acompanhamento aos novos professores. Este trabalho está dividido em sete capítulos contando com a conclusão. Foi realizado um estudo bibliográfico e uma entrevista com as respectivas Ana Calil e Adriane Silva.

O primeiro capítulo apresenta em forma de memória narrativa, as memórias de formação da pesquisadora, bem como os motivos que a levaram a realizar esta pesquisa. O segundo capítulo aborda sobre a Mudez das políticas de formação para professores iniciantes no Brasil: o caso de Sobral/CE. Apresenta também uma breve consideração a respeito do professor iniciante e o processo de passagem de aluno a professor, discorre ainda sobre os programas de formação vigentes no Brasil. O terceiro capítulo descreve brevemente sobre a

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formação inicial no Brasil. O quarto capítulo trata da formação, em especial para professores iniciantes em Sobral/CE, demonstra também o índice de abandono de professores iniciantes no Brasil por falta de amparo. O quinto capítulo apresenta uma experiência em Mato Gross, o Projeto de Formação de Professores do (OBEDUC), como também a metodologia da pesquisa, e as entrevistas com as autoras Ana Calil e Adriane Silva. E por último a conclusão.

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1.1 Memórias de uma professora em formação

Durante o percurso no Curso de Pedagogia foram estudados alguns autores que discorrem sobre a importância de se adotar o método de narrativas, na formação de professores e suas contribuições. Diante disso faz-se aqui necessário pontuar alguns conceitos, pois, de acordo com Cunha (1997) quando uma pessoa relata fatos vividos por ela mesma, percebe-se que reconstrói a trajetória percorrida dando-lhes novos significados. Assim, uma narrativa não é a verdade absoluta dos fatos vividos, mas, antes é a representação ou interpretação feita pelo sujeito, que tem o poder de transformar a própria realidade. Nesse sentido, ao narrar fatos vividos tempos atrás têm-se a impressão de que quem narra é outra de quando vivido.

Durante o percurso desse caminho, foi possível conhecer alguns teóricos que servem como alicerce, para a base da construção profissional dos professores, e isto têm sido um privilégio, pois, compreendem que necessitam entender o porquê da importância de revisitar o passado, para refletir sobre o presente e a partir dessa reflexão desenvolver uma práxis dialógica enquanto professores.

Para Freneit

Se você não voltar a ser como uma criança (...) não entrará no reino encantado da Pedagogia (...). Ao invés de procurar esquecer a infância, acostume-se a revivê-la; reviva-a com os alunos, procurando compreender as possíveis diferenças originadas pelas diversidades e meios e pelo trágico dos acontecimentos que influenciam tão cruelmente a infância contemporânea. Compreenda que essas crianças são mais ou menos o que você era há uma geração. Você não era melhor do que elas e elas não são piores do que você; portanto, se o meio escolar e social lhes fosse favorável, poderiam fazer melhor do que você, o que seria um êxito pedagógico e uma garantia de progresso. Para isso nenhuma técnica conseguirá prepará-lo melhor do que aquela que incita às crianças a se exprimirem pela palavra, pela escrita, pelo desenho e pela gravura [...], o trabalho desejado, a que nos entregamos totalmente e que proporciona as alegrias mais exultantes, fará o resto.

E o sol brilhará... (Freneit, 1985, p.23-24 apud, ELIAS; SANCHES, 2007, p.145).

Em outras palavras, o autor discorre sobre a forma como vemos nossas crianças e nos dirigimos a elas esquecendo-nos de que um dia também fomos iguais a elas, cabe a nós nos lembrarmos disto e inseri-las no nosso meio de forma respeitosa, fazendo-as participantes do processo de construção do seu próprio conhecimento.

Após esta breve introdução trago aqui em forma de narrativa, parte das minhas memórias, falando um pouco de mim. Eu me chamo Cícera, tenho 33 anos, moro em Rondonópolis/MT há 13 anos, atualmente não estou trabalhando, mas durante o Curso de

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Pedagogia trabalhei como auxiliar na Educação Infantil. Essas experiências me ajudaram a contextualizar a teoria vivenciada na Universidade com a prática.

Sou mãe de dois lindos meninos, Jean Lucas de oito anos, um garoto muito esperto por sinal e Heitor Brennon de dois meses, quase três. Para iniciar é preciso voltar no tempo, tudo começou há 33 anos e dez meses precisamente, em uma cidade do interior do Ceará. Nasci em uma família de muitos irmãos, uma família humilde, estranhamente não me lembro de muitas coisas, minha memória é muito seletiva, farei um esforço, meu pai se chamava Antônio, era um homem negro, de baixa estatura e tinha como marca registrada o uso de um chapéu preto, meio caído sobre os olhos de maneira a cobrir a cobri-los, como símbolo de imposição da sua personalidade marcante.

Embora fosse um homem de poucas letras, analfabeto não escrevia nem seu nome, era temido por muitos, respeitado por outros e até odiado por alguns, isso graças a uns feitos antigos. Naquela Cidade, em pleno século XX mantinha vivos ainda fortes traços do coronelismo e muitos outros aspectos da cultura local.

Minha relação com meu pai era boa ele mandava e eu obedecia, ai de quem o contrariasse. Ele não admitia ser questionado, marca características que se assemelha a figura do professor na perspectiva da Educação Tradicional o que me remete a percepção de Saviani (1983) quando relata que “[...] seu papel (da Educação) é difundir a instrução, transmitir os conhecimentos acumulados pela humanidade e sistematizados logicamente [...]” e nessa corrente o aluno é mero receptor de conhecimento e não participa ativamente do processo de construção do conhecimento.

Outro autor que ressalta essa tendência e suas relações é Libâneo (1999) que classifica “[...] a atividade de ensinar centrada no professor que expõe e interpreta a matéria [...]”. Com essa perspectiva a figura do professor refletia o contexto histórico da época que mantinha fortes traços de uma organização de família patriarcal, onde o homem era o provedor do sustento da família, e a mulher responsável pela educação dos filhos, que por sua vez, delegava à Escola e ao professor essa missão.

Voltando à minha relação com meu pai, eu era umas das filhas mais novas de seu terceiro casamento, posso dizer que nasci em uma das melhores fases de sua vida, talvez por conta disso não tenha sofrido muitos castigos físicos “surras”, que eu me lembro apanhei de meu pai umas duas vezes. O fato que mais me marcou de nossa relação foi um dia em que eu desobedeci minha mãe e ela ameaçou me bater meu pai que estava com a saúde fragilizada,

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por diversos problemas de saúde, bem debilitado, chegou para minha mãe e pediu para que as pancadas que ela ia me dar, batesse nele, com essas palavras.

Durante toda minha vivência com meu pai essa foi a única vez que o vi expressar seu amor por mim, não era dado a demonstrações de carinho para com os filhos, depois desse fato que relatei meu pai faleceu de falência múltiplas dos órgãos aos 62 anos de idade.

Minha mãe, uma mulher de gênio forte, muito esforçada que não desistia diante dos desafios que surgia, ao contrário de meu pai, ela estudou até o 5º ano do Ensino Fundamental, em uma Escola da zona rural, foi educada numa perspectiva muito tradicional e conservadora, num tempo em que mulher era educada para casar e cuidar dos filhos.

Minha mãe trabalhava fora para suprir necessidades básicas que tínhamos, como objetos de uso pessoal roupas, calçados, remédios e outras coisas. A única preocupação de meu pai era de que não faltasse comida sobre a mesa.

A educação de minha mãe aconteceu de uma forma muito difícil, ela fora criada pelos os avós, um casal de idosos que moravam na zona rural, muito pobrezinho, por essa razão muitas vezes ia à escola sem ter feito nenhuma refeição antes, tanto que na hora do recreio não tinha ânimo nem para brincar com as outras crianças, talvez por essa razão tenha casado cedo com um primo de primeiro grau.

Diferente da realidade de minha mãe fui para uma creche, a perspectiva da educação nesse período era outra, e o lanche era garantido em casa, não passávamos grandes necessidades, pois meu pai era açougueiro e minha mãe trabalhava fora para ajudá-lo. Ao atingir certa idade minha mãe matriculou-me numa Instituição de Educação Não Formal Associação Comunitária de Milagres (ACOM), lá permaneci por alguns anos, o que retardou um pouco meu ingresso na pré-escola e minha alfabetização, adiando esse momento para os meus oito anos.

Hoje com as leituras que tenho feito, acredito que essa educação me serviu de base, embora de uma maneira informal, ora formal, se aproximava, a meu ver, dos pressupostos de Paulo Freire (1996) quando afirma que “o saber alicerçante da travessia na busca da diminuição da distância entre mim e a perversa realidade dos explorados é o saber fundado na ética de que nada legitima exploração dos homens e mulheres. Mas este saber não basta[...]”. Nesse sentido hoje sei que essa base foi de suma importância e capacitou-me vivencialmente para essa formação.

Finalmente, no início dos anos 90, do século XX, entrei na pré-escola, no Centro Educacional Maria Amélia Bezerra, popularmente conhecido como LBA, até hoje não sei o

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porquê desse nome, tinha como gestora fundadora, uma professora, das mais antigas da cidade, que tentava a todo custo manter a disciplina reforçando uma Educação Tradicional, que vigorava no Brasil nos anos 90, quando iniciava-se as discussões dos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs.

Para mim esse foi o melhor momento da minha infância, embora já tivesse que me dividir entre as atividades da escolinha, como era chamada e os afazeres domésticos, pois como citei antes, minha mãe trabalhava fora, entre essas coisas eu era responsável por cuidar da casa e de meus irmãos mais novos, já que eu era a mais velha, não que minha mãe fosse ausente, mas cabia a mim essa função, pois minha mãe tinha uma jornada de trabalho exaustiva.

Essa carga extra de funções até esse momento não me atrapalhava, porém com o passar do tempo e a chegada da minha mocidade eu mesma senti a necessidade de, também, trabalhar fora, e assim, com mais ou menos 14 anos, fui trabalhar como acompanhante de uma idosa de 93 anos, dona Nanô que apesar da idade avançada gozava de plena lucidez, e tinha boa saúde física. Depois de quase dois anos com ela, saí e fui trabalhar como babá de uma bisneta dela.

Cursei meu Ensino Fundamental na Escola Fundamental Marieta Calls, permanecendo lá até o 7º ano. Nesse período, que trabalhei como babá já estava no Ensino Médio e me dividia entre escola e uma rotina de quase 12 horas, entre os cuidados com a criança e estudo, quase não tinha tempo para lazer, tinha que dormir no serviço depois da aula, pois, a mãe da menina estudava Enfermagem em outro Estado, vindo apenas a cada 15 dias exercer o papel de mãe.

Durante esse período, já com 17 anos perdi meu pai, por falência múltipla de órgãos. As coisas para minha família se complicaram nesse momento, chegamos ao ponto de não ter dinheiro nem para pagar o aluguel da casa, que morávamos, que na época custava apenas R$70,00, minha mãe então decidiu vir embora para Rondonópolis/MT, no ano de 2003 onde permaneço até hoje.

Fazendo um balanço de minha trajetória escolar posso afirmar que, fiz um bom Ensino Fundamental considerando as lacunas deixadas pela Organização do Currículo da Educação Nacional, em especial na Região Nordeste, já meu Ensino Médio diante da perda de meu pai e todas as dificuldades que enfrentamos naquele momento, foi razoável.

Ao aqui chegar mantive meu foco e meus esforços somente no trabalho e assim permaneci por quase dez anos. Até que um dia me deparei com um filho nos braços, um ponto

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de interrogação enorme: “o que eu faço agora”? Passados os dois primeiros aninhos de vida do meu pequeno, embora durante nesse tempo tivesse feito algumas vezes o Exame Nacional do Ensino Médio(ENEM), inclusive numa das vezes estivesse gestante de seis meses, após algumas tentativas frustradas ingressei-me na Universidade, apenas em 2013, numa Instituição privada no Curso de Psicologia.

Não satisfeita com a falta de tempo, para cuidar do meu filho, por causa de trabalhos em lugares como conveniência, postos de gasolina, com uma rotina de trabalho que incluía sábados, domingos e feriados, por uma questão de sobrevivência e por ser um antigo sonho também, resolvi fazer uma última tentativa de ingressar-me numa Universidade Federal, fiz o ENEM mais uma vez, coloquei como primeira opção Psicologia e segunda Pedagogia, que até então não tinha nenhuma afinidade com o Curso.

Em 2015, finalmente, realizei meu sonho de estudar em uma Universidade e ingressei-me no Curso de Pedagogia, e o que aconteceu à priori por uma questão de sobrevivência, agora é motivo de orgulho e satisfação, a cada dia que passa me descubro e me construo Pedagoga, espero sair da Universidade com um pouquinho do referencial teórico de cada professor, que contribuiu e ainda contribuirá para minha formação, pois, sei que isso enriquecerá muito minha construção de profissional que serei.

De acordo com Cunha (1997, p.3) “o professor constrói seu desempenho a partir de inúmeras referências. Entre elas estão sua história familiar, sua trajetória escolar e acadêmica, sua convivência com o ambiente de trabalho, sua inserção cultural no tempo e no espaço[...]”.

O estudo das disciplinas, na formação do educador sem dúvida é de suma importância, haja vista que sua formação terá implicações na sua prática profissional. A Didática, especificamente, contribuiu em minha formação no sentido de, dar embasamento teórico para pensar o processo Ensino/Aprendizagem que é seu objeto de estudo, e conscientizar-me sobre o relevante papel da reflexão sobre a prática, um dos pressupostos muito abordado dentro da disciplina, pois, é impossível uma boa práxis sem o ato reflexivo sobre ela.

Além de trabalhar as diversas formas de atuação pedagógica e todas as correntes teóricas que permeiam o universo na educação a Didática nos ensina como ensinar e que trabalhamos com processos e pessoas e não com produtos.

Ao revisitar este memorial, que teve início em meu segundo ano de graduação, percebo que muita coisa mudou, no decorrer desses dois anos que se passaram, hoje já estou

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na reta final da graduação, escrevendo meu TCC senti a necessidade de inserir nele o meu memorial, o qual relata o caminho que percorri, até aqui foram muitos os desafios superados.

Ao refletir sobre a formação pensei: O que realmente forma um professor? Charlot (2012) relata ter ficado anos brincando de formar professor. E não por acaso o autor faz esse relato, ele questiona que não é tão fácil formar professores. Mas porque não se sabe o que seja exatamente “o oficio de professor”, formar o professor sem ter uma definição precisa do que é o seu trabalho. O autor não se debruça sobre a formação de professor, mas sim sobre a relação com o saber, da relação com a escola e como tudo isso se relaciona com a formação de professores.

Nesse sentido para o autor “ser professor é defrontar-se incessantemente com a necessidade de decisão imediata no dia- a dia da sala de aula”.

O professor é formado por todas as experiências vividas por ele. Estranhamente ele é um misto de emoções, conceitos, conhecimentos que resultaram numa identidade, que o levará a uma prática com seus alunos. Marcamos e somos marcados por cada sujeito que passa por nossa vida e carreira profissional.

Ao finalizar essa escrita e mais esse ciclo, concordo com Freire, quando o mesmo afirma que somos seres inacabados, que nos construímos e reconstruímos a cada dia e nesse movimento dialético formamos nosso caráter e identidade profissional. Assim, nos tornamos professores, nos aperfeiçoando a cada dia e aprendendo algo novo sempre, de acordo com a busca por novos conhecimentos, mesmo sabendo que nunca saberemos tudo, o professor deve ser ciente do seu compromisso de estudar e pesquisar sempre, para a partir da reflexão sobre sua prática torna-se melhor a cada dia.

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1.2 Motivos que me levaram a escolher este tema

Enquanto graduanda vi despertar em mim o interesse por políticas de formação de professores, desde sua criação até como elas aconteciam na prática, assim também com a ausência delas, minha curiosidade reportou-me para a pesquisa da mestranda Adriane Pereira da Silva (UFMT), a qual trata a respeito da evasão de egressos do Curso de Pedagogia. Esta pesquisa despertou em mim grande curiosidade sobre os motivos relevantes que justificassem tal acontecimento.

A partir das leituras que fiz na tentativa de entender este fenômeno cheguei a outro trabalho de relevante importância, que facilitou minha compreensão acerca de tal fato, o qual ressaltava os possíveis motivos, para a evasão e o abandono de professores, no início de carreira. Diante disso as produções científicas estudadas foram a já citada a da mestra Adriane que trata da evasão dos egressos do curso de Pedagogia e a tese de Ana Calil (PUC/SP) que trata de uma política de formação e acompanhamento de professores recém-formados em Sobral/CE no interior do Ceará.

Isso me levou a refletir sobre quais políticas estão em vigor em nossa Cidade Rondonópolis/MT que envolvem ações, para a permanência do professor iniciante na função docente. Então saí a campo e entrevistei as autoras dos trabalhos citados anteriormente.

Nos capítulos a seguir trago a visão de autores que pesquisam sobre Políticas e Programas de Formação de Professores, assim também, como a importância da formação inicial e continuada na carreira docente e na profissionalização dos professores. Tive acesso a livros e artigos, assim como dissertação e a tese de doutorado no decorrer da minha pesquisa, na tentativa de responder estas perguntas.

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2- SOBRE AS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO PARA PROFESSORES INICIANTES NO BRASIL

As políticas públicas educacionais para professores iniciantes no Brasil tem sido um assunto de grande relevância social, uma vez que nos últimos anos têm aumentado o número de pesquisas, por parte de estudiosos da educação sobre estas Políticas e Programas de indução de professores em início de carreira. O início à docência trata-se de uma fase delicada da profissão, uma vez que nesta fase são vivenciados infinitos desafios. Para implementação desta política, surgiram também muitos programas de formação de âmbito geral. No entanto, estamos longe da perfeição, uma vez que a deficiência formativa ainda é muito grande no Brasil em relação a outros países, que possuem centros especializados de formação. Esse assunto tem despertado muitas preocupações entre os teóricos e estudiosos da Educação.

Nesse sentido Gatti (2010, p.1358) salienta.

De qualquer modo, o que se verifica é que a formação de professores para a educação básica é feita, em todos os tipos de licenciatura, de modo fragmentado entre as áreas disciplinares e níveis de ensino, não contando o Brasil, nas instituições de ensino superior, com uma faculdade ou instituto próprio, formador desses profissionais, com uma base comum formativa, como observado em outros países, onde há centros de formação de professores englobando todas as especialidades, com estudos, pesquisas e extensão relativos à atividade didática e às reflexões e teorias a ela associadas.

Outro dado relevante citado pela autora nesse artigo é que

[...] historicamente, nos cursos formadores de professores esteve desde sempre colocada a separação formativa entre professor polivalente – Educação Infantil e primeiros anos do Ensino Fundamental – e professor especialista de disciplina, como também para estes ficou consagrado o seu confinamento e dependência aos bacharelados disciplinares. (id,ibid).

Como vemos são muitos os dilemas encontrados no caminho até conseguir construir-se como profissional, pois, o professor enfrenta no início da docência um turbilhão de desafios. São vários os embates que o professor precisa aprender a lidar, ao mesmo tempo em que tem que desenvolver uma identidade profissional considerando a importância da formação nesse processo, em contrapartida disto. Para Imbernón (2011, p.46) [..]“ a formação è um elemento importante de desenvolvimento profissional, mas não é o único e talvez não seja o decisivo”. Nesse sentido o autor pontua que o sucesso do professor não está relacionado apenas à formação que ele recebe, mas sim, a um conjunto de fatores que somados a esse

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farão diferença na carreira docente, pois, quanto mais preparado for o professor, melhor será o ensino oferecido por ele no ambiente educacional, que ele estiver inserido.

No que diz respeito ao desenvolvimento profissional do professor, o autor elenca alguns fatores relevantes: [...] “como qualquer intenção sistemática de melhorar a prática profissional, crenças e conhecimentos profissionais, com o objetivo de aumentar a qualidade do trabalho docente, de pesquisa e de gestão”. Isso inclui um olhar técnico das carências de necessidades da criação de programas e políticas de formação e de atividades que venham a sanar tais necessidades.

Vale ressaltar que o conceito de desenvolvimento profissional não pode se restringir apenas ao docente, mas a todo o coletivo da instituição, na qual ele atua, uma vez que isso implicará na melhoria das condições de trabalho na instituição educativa, por que é a partir da interação entre os pares que também nos constituímos professores, para o autor isso significa também analisar a formação como elemento de estímulo e de luta pelas melhorias sociais e trabalhistas (IMBERNÓN 2011, p.48). Há certa desvalorização das experiências pessoal e profissional do professor e de suas motivações no ambiente de trabalho. Como se isso não tivesse importância, na sua atuação na tomada de decisão dentro do ambiente educativo.

O autor considera que “os professores devem poder beneficiar-se de uma formação continuada que seja adequada as suas necessidades profissionais em contextos educativos e sociais em evolução”. Afinal de contas esse é um dos aspectos básicos da formação, fornecer subsídios para o professor melhorar sua prática e suas condições de atuação dentro do ambiente escolar, a partir da reflexão sobre sua práxis, uma formação que tenha como base a reflexão do sujeito sobre sua prática, de modo que permita um avanço na relação teoria e prática, um dos maiores dilemas da carreira docente na contemporaneidade.

Ao se pensar em formação inicial Tardif (2013, p.9) levanta a seguinte interpelação: como os saberes são adquiridos? Através da experiência pessoal, da formação recebida num instituto, numa escola normal, numa Universidade, ou através do contato com professores mais experientes ou através de outras fontes? “Os saberes de um professor são uma realidade social materializada através de uma formação, de programas, de práticas coletivas, de disciplinas escolares, de uma Pedagogia institucionalizada, etc., e são também, ao mesmo tempo os saberes dele.”

Os saberes advindos de nossas próprias vivências são indissociáveis da formação do professor. Assim, como sua relação entre os pares e o meio social, no qual está inserido, portanto, o professor é também um ator social de papel fundamental na educação, não apenas

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como mediador de conhecimento, conhecimento este que é reconstruído e reproduzido pelos alunos histórico e socialmente.

Cabe ao professor buscar uma práxis que se distancie de uma mera transmissão ou de reprodução de um conhecimento técnico arraigado numa educação, que o trate como mero reprodutor de conhecimento. Na tentativa de “abandona-se o conceito obsoleto de que formação è a atualização científica, didática e psicopedagógico do professor, para adotar um conceito de formação que consiste em descobrir, organizar, fundamentar, revisar e construir a teoria.” (IMBERNÓN 2011, p.51). O professor deve atuar como construtor de conhecimento dentro das esferas individual e coletiva, de maneira que ele esteja constantemente construindo e reconstruindo sua prática docente com seus alunos e colegas de trabalho. A partir da reflexão da sua prática e à busca constante de melhorar sempre.

Despertar no professor suas potencialidades, competências e conhecimento devem ser o elemento primordial numa formação que, busca a melhoria de sua profissionalização. Pano de fundo de muitas discussões e tema de muitas pesquisas por diversos autores, a criação e ampliação de programas e políticas de formação de professores, é um dilema que está longe de ser resolvido.

Outro aspecto de fundamental relevância é a formação inicial que segundo Imbernóm (2011)

[...] por sua vez se difere no seu aspecto inovador e responsável por preparar o futuro professor a lidar com suas limitações e ao mesmo tempo prepará-lo para desenvolver uma prática pautada na responsabilidade e na ética que envolve a profissão de ensinar, tomando como ponto de partida a reflexão da prática docente e validando conhecimentos teóricos adquiridos ao longo de sua formação. (IMBERNON, 2011, p.65)

A formação permanente voltada para os professores recém-formados ou como o autor pontua “novato” sua principal função é dotar o futuro professor de uma bagagem sólida nos âmbitos científico, cultural, contextual, psicopedagógico e pessoal deve capacitá-lo a assumir a tarefa educativa em toda sua complexidade, atuando reflexivamente com flexibilidade e rigor necessários ao ato de ensinar, tomando como ponto de partida a reflexão da prática docente e validando conhecimentos teóricos adquiridos ao longo de sua formação.

Num processo dialético e continuum como salienta Lima (2005) que resultará numa construção de identidade docente, que esse profissional aperfeiçoará no decorrer do tempo de trabalho. Imbernon, (2011, p.65-67) aponta que “essa formação, que confere o conhecimento profissional básico, deve permitir trabalhar em uma educação do futuro”[...] o que exige um compromisso com a forma de mediar os conhecimentos apreendidos durante esse processo de

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formação, desde o planejamento até a aplicação na prática. Considerando que o ato de ensinar é uma via de mão dupla ao mesmo tempo em que se ensina se aprende. Nesse sentido é de fundamental importância o exercício da reflexão da prática sobre a prática.

A formação permanente para professor experiente deve ajudar a desenvolver um conhecimento profissional que lhe permita: “avaliar a necessidade potencial e a qualidade da inovação educativa que deve ser introduzida constantemente nas instituições [...]”(IMBÉRNON,2011,p.67) Também citada pelo autor, a formação permanente tem grande importância nesse contexto com suas peculiaridades tais como; o desenvolvimento de habilidades básicas voltadas para criar estratégias de ensino dentro de um contexto determinado, incluindo o planejamento, o diagnóstico e a avaliação, com base na modificação das atividades educativas de modo a desenvolver competências e habilidades específicas, considerando a diversidade social e o contexto de cada aluno.

Assim, há relevância das formações inicial e continuada devido a urgência da criação de políticas e programas de apoio e acompanhamento aos novos professores, para atender a questões de ordem institucional e políticas.

A seguir será apresentado uma sucinta reflexão acerca da identidade do Pedagogo e um breve resgate das últimas alterações legais, com base em autores que defendem a formação de professores reflexivos como Gomes e Lima (2012). Segundo as autoras, no Brasil, o Curso de Graduação em Pedagogia, em seus primeiros passos seguia o modelo da Escola Normal Superior Francesa, sendo que esse Curso era destinado à formação de professores para o Curso Normal. Com a reforma do ensino em 1968 houve uma ampliação dessa competência para habilitação em Administração Escolar, Orientação Educacional, Supervisão e Inspeção Escolar.

Com a publicação da Lei n. 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – em dezembro de 1996, alterações foram propostas tanto para as instituições formadoras como para os cursos de formação de professores, tendo sido definido um período de transição para efetivação de sua implantação. Em 2002, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores foram promulgadas e, nos anos subsequentes, as Diretrizes Curriculares para cada curso de licenciatura foram aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação. Atualmente a legislação que rege a formação de professores e o Curso de Pedagogia é a de 2002 e a de 2015.

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2.1 Professores Iniciantes: Um Rito de Passagem de Aluno a Professor

A seguir será delineada uma sucinta reflexão sobre a atual situação dos programas de formação de professores no Brasil e qual seu impacto no processo de ensino aprendizagem. Eu professor e Agora? Essa deve ser uma pergunta que passa pela cabeça de todos que chegam ao final da graduação e se deparam com um horizonte de novas responsabilidades, dúvidas, medos e incertezas sentimentos, que acometem todos os egressos de Pedagogia no Brasil. A partir disso, muitas questões vêm à mente, será que eu consigo? Será que sou capaz? Essas são dúvidas que permeiam os pensamentos nessa fase da graduação, uma vez que, só o tempo se encarregará de responder a estas indagações, buscar subsídio teórico em autores que discutem sobre esses dilemas é o melhor a ser fazer.

Mas, afinal, quem é esse professor em início de carreira? Em primeiro lugar faz-se necessário discorrer sobre o parecer legal que ancora a Licenciatura Plena em Pedagogia no Brasil, e o professor que atuará na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Após intensos e calorosos debates, finalmente, o Conselho Nacional de Educação (CNE), aprovou a Resolução CNE/CP Nº 1/2006, a qual definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia e, mais recentemente, a Resolução do CNE/CP Nº 2/2015, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais, para a formação inicial em nível superior e para a formação continuada, nas quais apresentam novas perspectivas a serem desenvolvidas nos cursos de licenciatura pelo país, incluindo o Curso de Pedagogia. O Professor como protagonista de sua própria história.

De acordo com Silva (2018, p.29)

Dizer que o professor é protagonista da mudança significa dizer que o professor atuante no contexto atual deve buscar sempre a formação contínua, deve trabalhar coletivamente, buscar o conhecimento pedagógico, que lhe oportunizará a possibilidade de desenvolver a reflexão, para que construa uma ação pedagógica mais consciente e também transformadora, contribuindo para a formação da cidadania dos seus alunos. (SILVA, 2018, p.29).

Nesse entendimento, há de se concordar com Silva (2018) de que o professor precisa ser um agente atuante e de mudanças no ambiente educativo, no qual está inserido, buscando sempre a melhoria na educação oferecida por ele, estar ciente de sua importância para a construção da identidade de cidadãos da sociedade, que avança, a partir do conhecimento que abstrai e constrói culturalmente sua história no mundo.

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Nesse mesmo entendimento, Silva (2018, p.32) chama à atenção para a necessidade da articulação entre a teoria e a prática nos cursos de formação de professores, embora esse seja um dos princípios bases garantido pelo:

Art. 3º da Resolução CNE/CP Nº 2 (2015, p. 4), que preceitua que a articulação entre a teoria e a prática no processo de formação docente, fundada no domínio dos conhecimentos científicos e didáticos, contemplando a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Há um excesso de teoria e um distanciamento do que é visto na formação e o que é vivido na escola, um dos motivos apontados pela autora como também responsável pelas muitas frustrações encontradas, pelos professores, em início de carreira.

Outro aspecto de relevante importância é a falta de uma definição no real papel do professor que é formado em uma única vertente, para lidar com alunos de sentidos e orientações diversas, com as mudanças ocasionadas, por conquista de direitos como:

[...] com a instituição, na década de 1990, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n. 9.394/96, o Brasil deu passos consideráveis no sentido de universalizar o acesso de crianças e jovens ao Ensino Fundamental, devido à obrigatoriedade escolar dos mesmos de 4 aos 17 anos e, também, ao reconhecimento da Educação Infantil como um direito da criança e primeira etapa da Educação Básica. (SILVA, 2018, p.33).

Nesse sentido Gatti (2014) declara que “com a expansão da escolaridade a população ocorreu também a expansão dos Cursos de formação de Professores no Brasil, houve um aumento na demanda de crianças e jovens para a Educação básica e a oferta de formação de professores teve que aumentar para a atender essa demanda”

Ainda segundo Gatti (2014)

[...] no Brasil, país de escolarização tardia, a necessidade de incluir nas redes de ensino as crianças e jovens de segmentos sociais que até poucas décadas atrás não eram atendidas pela educação básica colocou grandes desafios, um deles a formação de professores. (GATTI, 2014, p.35).

No entanto, como relata a autora em estudo realizado, foi identificado outro embate que afetou a qualidade da formação do professor que ocorreu de maneira emergencial ainda de acordo com Gatti (2014, p.35) “pesam nessa condição não só a urgência formativa, mas também nossa tradição bacharelesca, que leva a não considerar com o devido valor os aspectos didático-pedagógicos necessários ao desempenho do trabalho docente com crianças e jovens”.

Vale ressaltar que apesar da urgência em formar não podemos esquecer a importância de garantir uma boa formação e dos processos formativos, motivos de grandes

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preocupações nos grandes países e tema de várias pesquisas por parte de estudiosos, como foi dito a priori.

Assim, para Gatti (2014, p. 35)

A formação dos professores tem sido um grande desafio para as políticas educacionais. Inúmeros países vêm desenvolvendo políticas e ações agressivas na área educacional cuidando, sobretudo, dos formadores, ou seja, dos professores, que são os personagens centrais e mais importantes na disseminação do conhecimento e de elementos substanciais da cultura. Como apontam os dados, mesmo com o aumento de cursos de formação de professores, não temos docentes suficientes para atender às necessidades, para que se cumpra universalização do atendimento em creches e pré-escolas, o que nos leva a outro problema enfrentado pelas instituições de ensino e os órgãos responsáveis no Brasil,

Nesse sentido Gatti (2014) corrobora

Podemos dizer que essa preocupação se tornou mundial. No entanto, quanto à formação inicial de professores no ensino superior no Brasil, não tivemos até aqui iniciativa nacional forte o suficiente para adequar o currículo às demandas do ensino, iniciativa que levasse a rever a estrutura dessa formação nas licenciaturas e a sua dinâmica, em que pesem algumas resoluções do Conselho Nacional de Educação a partir do ano 2000. (GATTI, 2014, p.34).

O Brasil é carente de políticas públicas educacionais consistentes, que primem pela qualidade formativa dos professores e dos formadores, uma vez que não considera a educação como prioridade nacional, anda na contra mão dos interesses intelectuais libertadores.

Conforme afirma Gatti (2014):

De um lado, alguns dados da demografia educacional podem sustentar reflexões que permitem a tomada de decisões para esse cenário e, de outro, análises da qualidade dos currículos oferecidos nos cursos de licenciatura podem ser tomadas como ponto de partida para uma renovação formativa no que se refere aos profissionais professores. (GATTI, 2014. p.36).

De acordo com a autora ainda

Novos caminhos para a formação inicial de docentes ficam na dependência de atuações em política educacional de modo mais coerente e integrado, e, na condição de executivos e legisladores, de basear-se em pesquisas para a tomada de decisões, dentro de uma visão mais ampla de contexto educacional e social. Ficam ainda associados às possibilidades criativas das instituições e pessoas que proveem essa formação. (Id, ibid).

É preciso ter clareza de objetivos para uma boa articulação entre os objetivos que se quer alcançar e as condições disponíveis, para a realização implementação de novas políticas de acompanhamento.

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Gatti (2014, p.36) lembra que “quando se tece o panorama sobre a formação dos professores para a educação básica, através de dados de pesquisa disponíveis, manifesta que o cenário geral não é muito animador” [...]. Por falta de Políticas públicas que valorizem a profissão docente, devemos nos preocupar com o início da carreira, foco principal desse trabalho, mas também com o final dela, temos que lutar, por condições dignas de inserção, permanência e também por um final de carreira descente com uma aposentadoria digna, com plano de saúde, etc.

No que diz respeito às condições de trabalho a que professores de Educação básica são submetidos com baixos salários, em muitos casos correspondentes a qualquer função desprovida de formação superior ou com mão de obra técnica e operacional, sem nenhum preconceito, é preciso lutar coletivamente para alcançar melhorias de classes numa sociedade capitalista que, segundo dados de pesquisa divulgada recentemente é um dos primeiros colocados no ranking de desvalorização aos professores entre os países pesquisados.

Assim, como vemos os atrativos são poucos, o que resulta em abandono da carreira, dentre os muitos problemas encontrados na carreira docente.

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2.2 PANORAMA DE FORMAÇÃO INICIAL NO BRASIL

Uma dura realidade, no Brasil quando falamos de formação inicial: há muito a se discutir, são diversos os problemas que a envolvem de ordem cultural, social, econômico e político. Levantam-se diversas polêmicas, há os que são contra o modelo que está posto, outros a favor. Quanto aos que defendem são a minoria e lutam por interesse de um grupo elitizado que pouco se preocupa com a qualidade da formação dos professores, isso porque em se tratando de dados, os números falam por si só.

Dados divulgados em pesquisas e abordados, por vários autores demonstram que a, escolha e a faixa etária dos alunos das licenciaturas, também se tratam de um problema de ordem política, social e cultural. Como já falado anteriormente, o Brasil é um país de tardia escolarização e no ensino superior infelizmente não é diferente. Gatti (2011, p.36) trata dessa tardia formação docente, como também da opção por graduação a distância ao invés de curso presencial, a autora também cita no referido trabalho que houve um declínio na procura por graduação presencial, para formar professores com relação a outros cursos e como citado anteriormente uma migração do regime presencial para EAD.

Na sequência temporal 2001-2011 há uma visível migração dos cursos de licenciatura para o regime a distância, o que não ocorre na mesma proporção com outros cursos de graduação. Por exemplo, entre os cursos de bacharelado, 73% eram de oferta presencial em 2011, enquanto apenas 17% das licenciaturas assim se caracterizavam. As licenciaturas a distância oferecidas por instituições privadas detêm 78% das matrículas em cursos de formação de professores. (GATTI, 2011, p.36).

Outra mudança notável abordada pela a autora é referente ao crescimento da procura por instituições privadas, na modalidade à distância, em contrapartida a isso houve uma inversão, pois, em 2002 as instituições públicas concentravam 84% das matrículas em EAD, enquanto que as instituições privadas contabilizavam apenas 16% das matrículas de licenciatura nesta modalidade. Essa mudança deve-se a uma política de favorecimento ao modelo de ensino EAD, assim também como ao descaso por parte dos órgãos governamentais que estão a serviço do capitalismo e de uma sociedade cada vez mais excludente que não tem a educação como um direito imprescindível e de qualidade.

[...] observa-se que a grande maioria dos cursos e das matrículas em licenciaturas está nas instituições privadas de ensino superior, e que o crescimento das matrículas nos cursos que formam professores vem sendo proporcionalmente muito menor do que o crescimento constatado nos demais cursos de graduação. (GATTI, 2011. p.38).

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Há uma banalização na oferta de cursos de graduação e de uma maneira mais expressiva dos cursos de formação de professores e perde-se muito com isso, pois evidencia que ser professor não é importante, isto, talvez esteja relacionada aquele pensamento do dom, que para ser professor tem que ter amor por criança e que para isso não tem que ter profissionalismo, que qualquer curso a distância serve. Até existem normativas que regulamentam estes cursos a distância teoricamente, mas a fiscalização não ocorre na prática. Enquanto esse ensino é oferecido em forma de consórcio indiscriminadamente como relata Gatti (2011)

Por outro lado, há muitos indícios de que a multiplicação de consórcios e polos para a oferta de cursos de licenciatura a distância ocorrem sem que um Projeto Político Pedagógico de formação docente mais adensado no âmbito de sua articulação nacional e local tenha sido desenvolvido e compartilhado e sem que as estruturas operacionais básicas estejam funcionando adequadamente. (GATTI, 2011, p.37).

Outros dados são levantados pela autora acerca da escolha e da formação de professores de educação básica no Brasil

Quanto à idade, encontrou-se menos da metade do conjunto dos licenciandos na faixa etária ideal, de 18 a 24 anos (46%), dado não esperado; entre 25 a 29 anos situam-se pouco mais de 20% deles e proporção semelhante está na faixa dos 30 a 39 anos. É possível, porém, fazer uma distinção entre os estudantes de Pedagogia e os alunos das demais licenciaturas: os primeiros tendem a ser mais velhos. Enquanto apenas 35% dos alunos de Pedagogia estão na faixa ideal de idade para o Curso, essa proporção aumenta para os estudantes das demais licenciaturas, sendo que entre os alunos de Letras e da área de Humanas a proporção na faixa ideal está em torno de 45% e, para os da área de Ciências e Matemática, fica entre 51% e 65%. Os alunos de Pedagogia são também mais numerosos nas faixas etárias dos mais velhos, no intervalo de 30 a 39 anos, ou acima de 40 anos. Quanto ao sexo, como já sabido, há uma feminização da docência. (GATTI, 2011, p.1362).

É nas mãos do professor que está o futuro de uma nação, é a partir do conhecimento compartilhado que a sociedade avança histórica e socialmente abrangendo patamares inimagináveis. Nesse sentido, a educação e formação devem sempre ser prioridade social. Gatti (2011) pontua sobre a necessidade de suportes fortes aos estudantes, em cursos a distância, que requerem cuidados especiais, e o custo de um projeto bem formatado, qualificado e consistente é alto.

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O mesmo vale para os cursos presenciais, todos devem ser bem estruturados e atender os requisitos básicos que possibilitem uma formação completa e que mais se aproxime do ideal, uma vez que o ideal faz parte do imaginário, na educação lidamos com o real, dentro das possibilidades existentes e necessárias, para o bom funcionamento dos processos de formação e profissionalização da carreira docente. A necessidade de uma boa formação que prepare o educador como um agente social de mudança, com uma formação crítica analítica para atuar na educação básica faz-se necessário e urgente no Brasil.

Isso é uma questão preocupante confiar o ensino de crianças, no desabrochar do conhecimento, a pessoas com uma formação frágil e mal articulada, por isso concordo com a autora, que faz uma crítica consistente aos cursos de formação de professores que possuem um currículo petrificado e tradicional, com aspectos formadores do século passado que em nada se aproxima da diversidade da contemporaneidade. A formação tem de dar conta de formar o professor no seu aspecto amplo. Mas, a preocupação com esta formação deve se dar desde os anos iniciais, nas primeiras experiências de docência, quando o professor está em uma fase nebulosa.

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3 DISCORRENDO SOBRE A MUDEZ DAS POLÍTICAS PARA PROFESSORES INICIANTES NO BRASIL: O CASO DE SOBRAL/CE

No Brasil são raros os Programas e Projetos voltados para formação de Professores, no entanto, dentre estes apenas uma política têm se destacado muito e tem sido citada por vários pesquisadores como referência a política de formação de professores iniciantes de Sobral/CE, por esta razão foi escolhida como base fundamental deste trabalho.

Porque Sobral/CE? Um dos motivos que motivou Calil na escolha de Sobral/CE foi uma notável evolução nos índices de avaliação nacional, por realizar a formação continuada específica, para os professores iniciantes na rede municipal, algo inédito no Brasil. Autores conceituados como Gatti, Barreto e André (2011) também citam essa experiência de Sobral/CE.

Tal experiência teve início com a criação da Gestão Estadual entre 2003/ 2006, com a implantação da Gestão Pública por Resultados (GPR), que tinha como lema “Ceará Cidadania, Crescimento com Inclusão Social” o modelo de Políticas adotado usou como exemplo experiências internacional como as do Canadá, presentes também na Austrália e Inglaterra. A política se baseou em três pilares essenciais:

1-Planejamento 2- Implementação e;

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4 OS AVANÇOS NA EDUCAÇÃO A PARTIR DA NOVA POLÍTICA

Segundo Calil (2012) o baixo indicador na alfabetização teve papel decisivo na implementação da nova Política de Educação do Município Cearense, na busca por uma melhoria nos resultados. Com esse intuito foi organizado um levantamento que resultou num diagnóstico preciso da situação, com base nisso se organizou em etapas uma projeção de metas a partir dos Gestores-Professores, que culminou no alcance das metas, diante disto, houve toda uma reestruturação da rede desde das creches até as escolas.

No período de 2001 a 2004 foram definidas metas prioritárias e planos de ação por parte da Secretaria de Educação do Município, que visaram mudar o cenário da Educação, dentre elas:

 Implantar um processo avaliativo diagnóstico com avaliação externa realizada semestralmente da aprendizagem dos alunos;

 Estabelecer metas de aprendizagem.

Foram criados três eixos norteadores para o alcance dessas metas na Rede Municipal quanto à alfabetização de todos os alunos;

 Fortalecimento da gestão escolar;  Fortalecimento da ação pedagógica;  Valorização do magistério.

Cada eixo citado acima obedeceu critérios específicos quanto a autonomia, condução dos trabalhos, em sala de aula, porém será dado ênfase maior ao último, que se trata da valorização do magistério. Esse eixo tinha como meta professores, sua qualificação docente, abertura de novos concursos públicos, reajuste salarial, incentivo salarial mensal, premiação, programa de ampliação cultural-olhares, incentivo Profissional (estágio probatório).

4.1 Ainda sobre a formação continuada dos professores iniciantes em Sobral/CE

Geralmente as pesquisas sobre formação do professor iniciante citam Calil, pois Sobral/CE/CE é a única referência no Brasil e a escrita da autora descreve esse processo.

De acordo com Souza (2014, p.13) na Pesquisa de Calil:

São apontados os desafios enfrentados por professores iniciantes no processo do exercício profissional. O diferencial desta pesquisa é que a mesma foi realizada com professores em seu primeiro ano profissional, logo após a formação inicial sem nenhuma experiência no campo

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educacional de crianças pequenas, por meio de um grupo de discussão composto por quatro professoras. Os resultados apontam para a necessidade de repensar os processos da formação inicial, principalmente as questões relacionadas à didática e às políticas públicas de apoio e acompanhamento aos professores iniciantes com o objetivo de minimizar o choque de realidade, potencializar os conhecimentos adquiridos e valorização das experiências no âmbito da instituição escolar.

Na experiência de Sobral/CE descrita na pesquisa de Calil (2012), os professores recebem um incentivo financeiro de 25% do salário base de 4 horas. O investimento é pago junto à folha de pagamento. Essa modalidade de formação compreende uma carga horária de 200 horas/ aulas e exige frequência mínima de 80% da carga horária.

Calil traz em seu trabalho diversos olhares sobre essas experiências de Sobral/CE, tanto o olhar do professor formador acerca da formação, quanto os olhares dos professores que recebem as formações. A seguir serão apresentados alguns olhares. Olhar do formador sobre a formação:

[...] vejo que já percorremos um caminho, crescemos todos, aprendemos juntos conseguimos sair do nível crítico em que se encontrava a educação, do município, mas, vejo, também, que ainda temos muito a aprender, precisamos qualificar a educação, precisamos trabalhar melhor a inclusão, precisamos de uma formação para os formadores, pois os professores estão se qualificando e nós precisamos também nos qualificar. (p. 3. In: CALIL, 2012, p.)

Na sequência Calil (2012) traz o olhar do Professor iniciante acerca da formação:

Eu nunca tinha trabalhado na escola e aí tinha aquelas minhas dúvidas, questionamentos, não sabem se estou agindo correto. Aí veio o estágio probatório. Pensei, ah então eles vão me dar, vão me nortear, vão me ajudar. Com certeza vai falar de Didática, vão falar de muita coisa boa, mas ficaram ainda aquelas dúvidas porque quando você sai da graduação, você não sai... a prática, o trabalho ainda vai me ensinar muito. A faculdade deixa a desejar. E aí o estágio probatório iria vir me direcionar melhor e ainda não terminou isso

“Eu fiquei pensando: poxa, a gente, às vezes, se sente tão só. Acha que o problema é só da gente. Como ela falou, em me sinto com medo. Eu não sei se estou acertando ou errando”. (In: CALIL 2012, p.5-7).

Parecer da Secretaria de Educação e desenvolvimento (SEMEDE) acerca do Programa de Formação voltado exclusivamente para professores iniciantes: ela assume a responsabilidade de amparar os professores que ingressarem na rede, favorecendo seu período de inserção à docência, com um olhar de respeito e cuidado a cada ciclo nesse processo de profissionalização do professor.

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Por entender ser este um momento único na vida cada professor e que o apoio a eles designado fará diferença, na sua atuação dentro do ambiente educativo e com isso todos ganham, uma vez que esse processo dura a vida toda.

Como aluna do Curso de Pedagogia, essa pesquisa mexeu muito comigo, por viver os mesmos anseios aqui relatados, por cada professor iniciante, um mundo de incertezas nos cerca nesse final da graduação, por não saber se encontrarei um lugar ao sol. Na graduação temos todo amparo legal e acadêmico, depois de concluir o Curso somos jogados à própria sorte para construir uma carreira e uma prática que resultará no sucesso ou fracasso profissional. Daí a importância de Políticas e Programas de apoio e inserção à docência para os professores iniciantes.

4.2 Índices de abandono de professores iniciantes quando não há programas ou políticas de acolhimento desse profissional

Para à análise dos dados recorri à dissertação de mestrado de Silva (2018) que realizou uma pesquisa com 5 professores recém-formados, que abriram mão da carreira docente diante dos desafios encontrados, pela falta de políticas públicas de inserção e apoio ao professor iniciante em Rondonópolis/MT. Durante o decorrer da pesquisa, Silva pontua motivos que levaram esses professores à desistência da profissão.

A pesquisa de Silva (2018) aponta aspectos contrários à pesquisa de Calil (2011) que cita uma política pública de inserção e acompanhamento do professor iniciante em Sobral/CE/CE, pode-se fazer aqui um parâmetro comparativo e analisar os resultados nos dois exemplos citados. Tanto Silva quanto Calil contribuíram para a temática A MUDEZ DAS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES INICIANTES NO BRASIL: O CASO DE SOBRAL/CE/CE, a formação de professores suas necessidades e a diferença quando há e quando não há políticas que venham ao encontro das necessidades de apoio nesta fase da docência.

Ao concluir as pesquisa as autoras chegam à seguinte conclusão. Para Calil a vontade política faz toda a diferença. Para Silva a falta de apoio aos professores iniciantes é o principal motivo que leva um professor a desistir da carreira. E para Soares a principal conclusão que fica é que no Brasil, diante do cenário político e social serão necessárias muitas pesquisas como estas aqui citadas, e estudos para fornecerem subsídios teóricos para embasar a criação de novas políticas de formação e apoio ao inicio à docência. Devido a grande contribuição

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teórica dos dois trabalhos citados que retratam a realidade politica da educação no Brasil, com todas as sua nuances.

Diante disso é de extrema importância a criação do trabalho de grupos de apoio e inserção a docência e a pesquisa como o trabalho do também citado aqui (OBEDUC), assim como iniciativas como a de Sobral- CE, só que numa escala nacional.

Vale ressaltar a importância do trabalho de pesquisadora que neste caso, foi somente para cumprir uma exigência do curso de Pedagogia, como parte fundamental para conclusão da graduação, mas que a partir desta experiência pude conhecer com maior profundidade um dos dilemas da educação atual e ter a oportunidade de desenvolver o gosto pela pesquisa que com certeza é um diferencial na profissionalização e também, no sucesso na profissão, além de fornecer possibilidades para a problematização destes dilemas e problemas advindos da vida social moderna. Que requer de nós uma postura cada vez mais comprometida com os conflitos sociais, um dos pressupostos da profissão de professor o comprometimento politico e social com questões que afetam não só sua carreira, mas a vida e o convívio social.

Nesse sentido Cruz (2003) corrobora que:

Está cada vez mais evidente, tanto na academia, como no interior da escola básica, que não basta mais ao exercício da profissão a formação inicial do professor. A sua formação continuada se faz necessária mediante a própria natureza do saber e do fazer humanos como práticas que se transformam constantemente. Nesse sentido, cresce a necessidade do professor dotar-se de uma postura interrogativa, revelando-se um investigador de sua própria ação. É crescente a perspectiva de valorização da pesquisa e de estímulo ao seu desenvolvimento junto às atividades do professor da educação básica. (CRUZ, 2003, p.3)

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Fica evidente que a formação é sim muito importante na realização do trabalho docente, porém a postura do professor com relação á ser um problematizador, um pesquisador com certeza fará diferença na sua prática e torna-se quase que uma exigência da profissão nos dias atuais como deixa evidente a autora.

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