Partindo da relevância da formação para o desenvolvimento profissional docente e das relações estabelecidas nesses espaços coletivos de inserção e acompanhamento do novo professor cheguei às algumas inquietações, as quais geraram questões que foram enviadas em forma de entrevista às pesquisadoras, cujas produções, são meu objeto de pesquisa. As entrevistas foram realizadas em março de 2019, via online.
Para uma melhor compreensão acerca dos motivos que levaram as pesquisadoras a escolherem seus temas de pesquisa fiz-lhe os seguintes questionamentos: o que as motivaram na escolha do tema da pesquisa?
Sobre esta indagação as pesquisadoras revelaram que: Para Calil:
[...] em 2011 eu estava no doutorado pesquisando sobre o PIBID aí a professora Marli André saiu com esta num livro que ela publicou junto com a Professora Bernadete Gatti junto Professora Elba de Sá Barreto contando Políticas que estavam dando certo em relação a formação de professores, e Sobral/CE/CE era um caso que estava despontando naquela época aí mudei totalmente minha pesquisa e fui para Sobral/CE/CE em 2012,e realmente em Sobral/CE/CE, e porque que eu mudei o PIBID estava dando certo, a gente estava a fim de pesquisar sobre coisas positivas sobre a educação e Sobral/CE/CE também era um caso muito diferente porque estava numa evolução de IDEB, falando sobre formação de diretores, e a novidade era formação de professores iniciantes que estavam no período probatório, comecei a investigar Sobral/CE fui atrás dos dados, então Sobral/CE/CE tinha ganho prêmio de gestão pelo INEP, tinha ganho prêmio de qualidade pela Fundação Leman, Fundação Airton Sena, os cadernos SEMPEC que são importantes aqui pra nós estavam também anunciando a Política de Sobral/CE/CE tinha vídeos e documentos da UCEDE falando sobre a Secretária Municipal de Sobral/CE e Estadual do Ceará, então foram muitas as questões que me instigaram a ir para Sobral/CE[...].(CALIL, entrevista, 2019)
Diante do relato de Calil é importante salientar a importância da pesquisa na formação e na prática docente como uma ferramenta de trabalho que tem um papel fundamental na atuação do professor como ator social que deve ter consciência da importância de sua postura frente á tomada de decisões no contexto educativo a que pertence como evidencia Cruz (2003)
Nosso objetivo é discutir a questão da pesquisa na formação e atuação do professor, assumindo como eixo principal a visão de conceituados autores que, nos cenários nacional e internacional, vê m analisando a importância dessa ideia e de suas repercussões, assim como as suas implicações. (CRUZ, 2003, p.2)
Para a pesquisadora Silva o que a motivou na escolha do tema foi “O relato de professoras iniciantes sobre colegas que desistiram do magistério mesmo sendo, muitas vezes concursadas”. Nota-se que ao saber das evasões de colegas de profissão a pesquisadora voltou seu olhar investigativo para o que tinha motivado os novos professores a tomarem a decisão de abrir mão da carreira docente, mesmo tendo conseguido a tão sonhada estabilidade, saiu a campo em busca de respostas. Cruz salienta que esse movimento em busca de desvendar as questões que assombram os professores de um modo geral. Tem se tornado frequente no contexto da educação (Cruz, 2003)
Ao realizarmos um levantamento bibliográfico, observamos que os trabalhos produzidos, em geral, além de dedicarem uma grande ênfase à formação inicial e à necessidade do encaminhamento de um processo de formação continuada, preocupam-se com uma série de questões que perpassam a constituição da profissão professor. Muitos temas têm se destacado, impondo a necessidade de avançarmos nessa reflexão.(CRUZ, 2003, p.3)
Ao ser perguntada sobre o que mudou na sua concepção sobre Política de formação de professores após a experiência da pesquisa Calil (2012) pondera:
Mudou a minha cabeça no seguinte sentido a vontade política é tudo, como aquela cidade, pequena no interior do semiárido cearense conseguia tanto êxito na formação de professores e nós aqui no Estado de São Paulo que falamos que somos um Estado riquíssimo e vocês aí no Mato Grosso porque a gente não consegue implantar isso? Precisa realmente de vontade política e lá em Sobral/CE/CE a vontade Política foi tanto que virou uma lei, legislação pode entrar governo sair governo do partido A partido Z que a política permanece. O que mudou na minha cabeça. Vi que eles fazem formação para os gestores, os gestores ganham prêmios, porque tem uma premiação em dinheiro essa premiação, em dinheiro reverbera em nova formação para os diretores, esse dinheiro vai para as escolas, professores e diretores experientes também têm formação e formação especial para professores iniciantes [...]. (CALIL, entrevista, 201).
A importância da vontade e a intencionalidade nesse cenário tem poder decisivo como ação de mudança e obtenção de resultados mais rápidos e decisivos na implementação de programas e políticas de inserção e apoio a docência. A ausência desses fatores pode acarretar em desistência de profissionais, que não recebem o apoio necessário nessa situação de vulnerabilidade profissional e pessoal.
Para Silva sobre os motivos possíveis que levam um professor a desistir da carreira “Na verdade são um conjunto de fatores que desencadeiam a desistência, como: falta de acompanhamento pedagógico, falta de acolhimento por parte de colegas e equipe gestora, choque de realidade, indisciplina dos alunos, entre outros”.
Considerando o atual modelo de educação básica posto no Brasil há uma tendência à desvalorização da carreira docente, os que permanecem na carreira “nadam contra a maré” usando um jargão do censo comum, na verdade ser professor no Brasil está cada vez mais difícil, as políticas públicas não dão o suporte necessário, os baixos salários, o problema crescente da violência no espaço escolar, dentre outros. Estes são fatores que a meu ver também podem contribuir para a desistência da carreira docente.
Nesse sentido perguntei a Silva no seu ponto de vista qual medida em curto prazo poderia resolver ou amenizar este problema da desistência da carreira docente e elas assim responderam:
Para resolver, teríamos que ter políticas ou programas de inserção à docência e também estágios mais longos e eficazes. A curto prazo, penso que os profissionais responsáveis pela formação de professores poderiam orientar e instruir todos os membros da equipe gestora quanto à realidade pelo que passam os professores em início de carreira e quais ações poderiam amenizar o sofrimento e frustração que estes professores passam.(SILVA, entrevista, 2019)
A chave fundamental desse dilema continua sendo a criação e implementação de programas e políticas, que ofereçam um acompanhamento especial aos professores iniciantes face aos desafios e conflitos típicos dessa fase da profissão.
De acordo com Silva os motivos da desistência da carreira docente por concursados: Foram vários motivos levantados por eles, no entanto, o que mais pesa na decisão é a falta de apoio dos pares e equipe gestora. Pois, quando se tem apoio, eles conseguem superar os desafios e dificuldades que aparecem no cotidiano da sala de aula.(SILVA, entrevista, 2019)
Diante de tais relatos algumas considerações devem ser feitas como uma maneira de prevenção, para que não aumente o índice de abandono da carreira docente. Assim, também como uma análise entre as falas das autoras, quando perguntada sobre quais ações poderiam ser feitas para evitar isto Silva pontua: “Penso que precisa haver maior e melhor acolhimento dos professores em início de carreira, por parte de todos os profissionais, também mais orientação e assessoramento nas atividades diárias”.
Quanto à política de formação especial para professores iniciantes se a pesquisadora fosse ministra da educação, tornaria uma política Nacional? Calil afirma:
Sem dúvida, se eu fosse ministra de educação, eu transformaria numa política nacional, muitos programas de indução têm sido pesquisados, professor Carlos Marcelo, professora Denise Vaillan têm apontado muitos casos, assim como Cristhofer Day aponta casos na Austrália, na Inglaterra e o quanto isso gera de sucesso para permanência do professor na carreira, e para uma aquietação de todas as aflições que impelem o professor iniciante
nesse início das experiências docentes, então sim eu faria isso uma política nacional de formação de professores por enquanto só tem em Sobral/CE/CE essa política de formação[..].(CALIL, entrevista, 2019).
Em relação ao atual cenário político nacional sobre políticas de formação de professores Calil reitera:
Hoje eu não vejo um cenário político muito favorável, pelo menos no âmbito nacional para a formação dos professores, parece-me um governo que desmoraliza os professores, mas como nós contamos com os governos municipais e estaduais e que cada um vai puxar a responsabilidade para si, independente destas questões, porque percebe o quanto a formação de professores é importante para a educação do país, eu entendo que cada secretária vai buscar a sua maneira ao seu modo pensar cursos em formações acompanhar os professores, porque acompanhar os professores e melhorar a autoestima dos professores nesse momento é imprescindível, eu sou otimista acredito que pessoas como a Professora Simone Albuquerque em MT , Professora Marli André em SP, como as pessoas que encabeçam as secretarias as equipes, que encabeçam as secretarias são pessoas que acreditam na educação que tem um ideal para a melhoria da educação no seu estado no seu município.(CALIL, entrevista, 2019)
Embora, a autora enfatize que o cenário político atual não seja dos melhores, precisamos continuar acreditando no Brasil, e nas pessoas que tem tomado iniciativas em busca de resolver este e outros problemas relacionadas à educação.
Sobre as políticas de formação de professores em vigor no Brasil Calil declara
Eu tenho visto pessoas da minha Cidade Taubaté indo para Sobral/CE/CE para buscar esse know how que Sobra/CE tem apresentado tem havido muito intercâmbio da minha Cidade indo até Sobral/CE/CE buscar conhecer a política, o Espírito Santo tem despontado com uma preocupação grande com a formação de professores já desde a formação do pré que quer dizer ali com a formação inicial com um projeto bem parecido com o PIBID, um Projeto de estágio bem interessante. Manaus está despontando com essa questão, o Estado de Mato Grosso com a Professora Simone que é a grande bandeirante desse com relação a formação de professores, a Eliane Greice no Mato Grosso do Sul, também um grupo que pesquisava professores iniciantes assim, como a Professora Simone com professores iniciantes experientes e egressos graduandos e professores da rede para socializar as experiências, acho que a gente esta despertando logo os municípios vão enxergar e tornar esses programas em políticas de formação de professores iniciantes.(CALIL, entrevista, 2019).
São casos ainda muito discretos, mas vislumbramos uma luz no fim do túnel, e quem sabe num futuro próximo possamos lembrar-nos desses momentos de tensão como um passado distante, e que a realidade da educação brasileira, seja outra com políticas que
valorizem o professor, o aluno, a educação básica e o conhecimento na sua totalidade como um direito de acesso e de qualidade ofertados a todos de forma igualitária.
7 POR UMA POLÍTICA DE INSERÇÃO DO PROFESSOR INICIANTE