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4 OS AVANÇOS NA EDUCAÇÃO A PARTIR DA NOVA POLÍTICA

Segundo Calil (2012) o baixo indicador na alfabetização teve papel decisivo na implementação da nova Política de Educação do Município Cearense, na busca por uma melhoria nos resultados. Com esse intuito foi organizado um levantamento que resultou num diagnóstico preciso da situação, com base nisso se organizou em etapas uma projeção de metas a partir dos Gestores-Professores, que culminou no alcance das metas, diante disto, houve toda uma reestruturação da rede desde das creches até as escolas.

No período de 2001 a 2004 foram definidas metas prioritárias e planos de ação por parte da Secretaria de Educação do Município, que visaram mudar o cenário da Educação, dentre elas:

 Implantar um processo avaliativo diagnóstico com avaliação externa realizada semestralmente da aprendizagem dos alunos;

 Estabelecer metas de aprendizagem.

Foram criados três eixos norteadores para o alcance dessas metas na Rede Municipal quanto à alfabetização de todos os alunos;

 Fortalecimento da gestão escolar;  Fortalecimento da ação pedagógica;  Valorização do magistério.

Cada eixo citado acima obedeceu critérios específicos quanto a autonomia, condução dos trabalhos, em sala de aula, porém será dado ênfase maior ao último, que se trata da valorização do magistério. Esse eixo tinha como meta professores, sua qualificação docente, abertura de novos concursos públicos, reajuste salarial, incentivo salarial mensal, premiação, programa de ampliação cultural-olhares, incentivo Profissional (estágio probatório).

4.1 Ainda sobre a formação continuada dos professores iniciantes em Sobral/CE

Geralmente as pesquisas sobre formação do professor iniciante citam Calil, pois Sobral/CE/CE é a única referência no Brasil e a escrita da autora descreve esse processo.

De acordo com Souza (2014, p.13) na Pesquisa de Calil:

São apontados os desafios enfrentados por professores iniciantes no processo do exercício profissional. O diferencial desta pesquisa é que a mesma foi realizada com professores em seu primeiro ano profissional, logo após a formação inicial sem nenhuma experiência no campo

educacional de crianças pequenas, por meio de um grupo de discussão composto por quatro professoras. Os resultados apontam para a necessidade de repensar os processos da formação inicial, principalmente as questões relacionadas à didática e às políticas públicas de apoio e acompanhamento aos professores iniciantes com o objetivo de minimizar o choque de realidade, potencializar os conhecimentos adquiridos e valorização das experiências no âmbito da instituição escolar.

Na experiência de Sobral/CE descrita na pesquisa de Calil (2012), os professores recebem um incentivo financeiro de 25% do salário base de 4 horas. O investimento é pago junto à folha de pagamento. Essa modalidade de formação compreende uma carga horária de 200 horas/ aulas e exige frequência mínima de 80% da carga horária.

Calil traz em seu trabalho diversos olhares sobre essas experiências de Sobral/CE, tanto o olhar do professor formador acerca da formação, quanto os olhares dos professores que recebem as formações. A seguir serão apresentados alguns olhares. Olhar do formador sobre a formação:

[...] vejo que já percorremos um caminho, crescemos todos, aprendemos juntos conseguimos sair do nível crítico em que se encontrava a educação, do município, mas, vejo, também, que ainda temos muito a aprender, precisamos qualificar a educação, precisamos trabalhar melhor a inclusão, precisamos de uma formação para os formadores, pois os professores estão se qualificando e nós precisamos também nos qualificar. (p. 3. In: CALIL, 2012, p.)

Na sequência Calil (2012) traz o olhar do Professor iniciante acerca da formação:

Eu nunca tinha trabalhado na escola e aí tinha aquelas minhas dúvidas, questionamentos, não sabem se estou agindo correto. Aí veio o estágio probatório. Pensei, ah então eles vão me dar, vão me nortear, vão me ajudar. Com certeza vai falar de Didática, vão falar de muita coisa boa, mas ficaram ainda aquelas dúvidas porque quando você sai da graduação, você não sai... a prática, o trabalho ainda vai me ensinar muito. A faculdade deixa a desejar. E aí o estágio probatório iria vir me direcionar melhor e ainda não terminou isso

“Eu fiquei pensando: poxa, a gente, às vezes, se sente tão só. Acha que o problema é só da gente. Como ela falou, em me sinto com medo. Eu não sei se estou acertando ou errando”. (In: CALIL 2012, p.5- 7).

Parecer da Secretaria de Educação e desenvolvimento (SEMEDE) acerca do Programa de Formação voltado exclusivamente para professores iniciantes: ela assume a responsabilidade de amparar os professores que ingressarem na rede, favorecendo seu período de inserção à docência, com um olhar de respeito e cuidado a cada ciclo nesse processo de profissionalização do professor.

Por entender ser este um momento único na vida cada professor e que o apoio a eles designado fará diferença, na sua atuação dentro do ambiente educativo e com isso todos ganham, uma vez que esse processo dura a vida toda.

Como aluna do Curso de Pedagogia, essa pesquisa mexeu muito comigo, por viver os mesmos anseios aqui relatados, por cada professor iniciante, um mundo de incertezas nos cerca nesse final da graduação, por não saber se encontrarei um lugar ao sol. Na graduação temos todo amparo legal e acadêmico, depois de concluir o Curso somos jogados à própria sorte para construir uma carreira e uma prática que resultará no sucesso ou fracasso profissional. Daí a importância de Políticas e Programas de apoio e inserção à docência para os professores iniciantes.

4.2 Índices de abandono de professores iniciantes quando não há programas ou políticas de acolhimento desse profissional

Para à análise dos dados recorri à dissertação de mestrado de Silva (2018) que realizou uma pesquisa com 5 professores recém-formados, que abriram mão da carreira docente diante dos desafios encontrados, pela falta de políticas públicas de inserção e apoio ao professor iniciante em Rondonópolis/MT. Durante o decorrer da pesquisa, Silva pontua motivos que levaram esses professores à desistência da profissão.

A pesquisa de Silva (2018) aponta aspectos contrários à pesquisa de Calil (2011) que cita uma política pública de inserção e acompanhamento do professor iniciante em Sobral/CE/CE, pode-se fazer aqui um parâmetro comparativo e analisar os resultados nos dois exemplos citados. Tanto Silva quanto Calil contribuíram para a temática A MUDEZ DAS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES INICIANTES NO BRASIL: O CASO DE SOBRAL/CE/CE, a formação de professores suas necessidades e a diferença quando há e quando não há políticas que venham ao encontro das necessidades de apoio nesta fase da docência.

Ao concluir as pesquisa as autoras chegam à seguinte conclusão. Para Calil a vontade política faz toda a diferença. Para Silva a falta de apoio aos professores iniciantes é o principal motivo que leva um professor a desistir da carreira. E para Soares a principal conclusão que fica é que no Brasil, diante do cenário político e social serão necessárias muitas pesquisas como estas aqui citadas, e estudos para fornecerem subsídios teóricos para embasar a criação de novas políticas de formação e apoio ao inicio à docência. Devido a grande contribuição

teórica dos dois trabalhos citados que retratam a realidade politica da educação no Brasil, com todas as sua nuances.

Diante disso é de extrema importância a criação do trabalho de grupos de apoio e inserção a docência e a pesquisa como o trabalho do também citado aqui (OBEDUC), assim como iniciativas como a de Sobral- CE, só que numa escala nacional.

Vale ressaltar a importância do trabalho de pesquisadora que neste caso, foi somente para cumprir uma exigência do curso de Pedagogia, como parte fundamental para conclusão da graduação, mas que a partir desta experiência pude conhecer com maior profundidade um dos dilemas da educação atual e ter a oportunidade de desenvolver o gosto pela pesquisa que com certeza é um diferencial na profissionalização e também, no sucesso na profissão, além de fornecer possibilidades para a problematização destes dilemas e problemas advindos da vida social moderna. Que requer de nós uma postura cada vez mais comprometida com os conflitos sociais, um dos pressupostos da profissão de professor o comprometimento politico e social com questões que afetam não só sua carreira, mas a vida e o convívio social.

Nesse sentido Cruz (2003) corrobora que:

Está cada vez mais evidente, tanto na academia, como no interior da escola básica, que não basta mais ao exercício da profissão a formação inicial do professor. A sua formação continuada se faz necessária mediante a própria natureza do saber e do fazer humanos como práticas que se transformam constantemente. Nesse sentido, cresce a necessidade do professor dotar-se de uma postura interrogativa, revelando-se um investigador de sua própria ação. É crescente a perspectiva de valorização da pesquisa e de estímulo ao seu desenvolvimento junto às atividades do professor da educação básica. (CRUZ, 2003, p.3)

Fica evidente que a formação é sim muito importante na realização do trabalho docente, porém a postura do professor com relação á ser um problematizador, um pesquisador com certeza fará diferença na sua prática e torna-se quase que uma exigência da profissão nos dias atuais como deixa evidente a autora.

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