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DANÇA ESPORTIVA: UM AMBIENTE PROPÍCIO PARA O TRABALHO INVESTIGATIVO DA MATEMÁTICA NA DECR.

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Academic year: 2021

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DANÇA ESPORTIVA: UM AMBIENTE PROPÍCIO PARA O

TRABALHO INVESTIGATIVO DA MATEMÁTICA NA DECR.

Anete Otília Cardoso de Santana Cruz1 - Mestranda/UFRN

anetecruz@rodasnosalao.com.br

RESUMO

O presente artigo aborda, de forma sucinta, o processo investigativo que venho realizando acerca da Dança Esportiva em Cadeira de Rodas (DECR). Para isso propus um estudo comparativo do cha-cha-cha sob a perspectiva de dois praticantes e estudiosos da Dança Esportiva para andantes – Bettina Ried e Walter Laird. A partir deles sugiro comparações e questionamentos que viabilizem a construção de um conhecimento teórico mais bem fundamentado.

Entretanto um olhar atento à práxis desta modalidade, definirá um ambiente propício para investigar a Etnomatemática própria deste grupo e as conexões entre a Matemática/outros conhecimentos e DECR, possibilitando assim que a DECR se universalize e torne-se acessível a todas e todos que queiram praticá-la ou que tenham a simples curiosidade de conhecê-la.

Palavras – chave: Etnomatemática; Dança Esportiva; Dança Esportiva em

Cadeira de Rodas; Matemática.

A idéia deste artigo é propor um trabalho investigativo e comparativo entre os

1

Mestranda em Educação pela UFRN; Especialista em Metodologia do Ensino Superior pelo

CEPOM; Especialista em Direitos Humanos pela UNEB/Ministério Público Estadual da Bahia; Licenciada em Matemática pela UCSal. Sócia - fundadora e Tesoureira Geral da CBDCR. Fundadora, Coordenadora e Atleta-dançarina da Cia Rodas no Salão – Bahia.

(2)

estudos realizados por Walter Laird2 e Bettina Ried3, no que diz respeito à Dança Esportiva (DE) para daí abstrair informações relevantes que sejam aplicáveis à DECR.

A dança escolhida é o cha-cha-cha. Segundo Ried (2003, p.130) é a primeira dança “artificial” da história, ou seja, que não se desenvolveu a partir de danças tradicionais. Foi criada em 1953, em Nova Iorque, provavelmente pelo músico cubano Enrico Jorrin. No início não passou de uma variante mais rápida da Rumba, mas com o passar do tempo assimilou cada vez mais características da música Beat4 e Disco5 até que em 1962, passou a fazer parte do programa oficial de competições e, em 1963, do Programa Mundial de Dança de Salão.

Apesar de muitas figuras do cha-cha-cha serem utilizadas na Rumba, as diferenças nessas danças são perceptíveis. E o principal ponto de diferenciação encontra-se no passo básico, o “chassé6”. Ried (2003, p.130) afirma que o chassé é a expressão motora da tresquiáltera7 rítmica marcada pelas maracas8 “CHA-CHA-CHA” conferem à música o caráter descontraído, namoradeiro e brincalhão que também deve ser expresso pela coreografia.

A música do cha-cha-cha é quaternária e tem acento no primeiro tempo.

A consciência corporal para executar esta dança também é essencial. Ao longo do artigo apresentaremos o devido posicionamento.

Apresentarei aqui o ambiente onde acontece a dança esportiva, seja ela para andantes ou cadeirantes, valerá o mesmo referencial e critérios. Em seguida, farei um estudo comparativo da DE segundo uma leitura de Laird e Ried. Posteriormente farei uma leitura das matemáticas existentes neste contexto que, acredito, serão um facilitador para a compreensão da DECR e a criação de um material de fundamentação teórica e prática para seus pretensos ou já praticantes.

Ambiente da Dança Esportiva

2

Três vezes campeão mundial de danças latinas para andantes, membro e examinador da Internacional Dance Teachers Association (I.D.T.A.). É autor do livro “Techinique of Latin Dancing”.

3

Alemã, é licenciada e mestre em Educação Física pela USP. Atualmente leciona na Escola de Educação Física de Jundiaí. Desde 1978 leciona Dança de Salão Internacional para adolescentes e adultos junto com seu esposo e partner Torsten. Autora do livro “Fundamentos de Dança de Salão”.

4

Este estilo de música surgiu nos meados de 1960. A dança ao som deste tipo de música tem movimentação livre e descompromissada, cujo único determinante é o ritmo.

5

Caracteriza-se por ser uma dança sem contato.

6

É o passo lateral do cha-cha-cha. Para realizá-lo basta dar dois passos laterais curtos, ligados pela união dos dois pés no meio. Vale ressaltar que, no chassé os pés não se unem completamente, mas permanecem ligeiramente afastados.

7

É um conjunto de três notas curtas de duração equivalente, que substituem duas (normalmente semibreves) no compasso.

8

É um instrumento musical (o som é provocado pela sua vibração) de agitamento, constituido por uma bola que pode ser de cartão, plástico ou até uma cabaça, contendo sementes secas, grãos, arroz ou areia grossa, e uma pega.

(3)

Para compreendermos de fato a Dança Esportiva se faz necessário que nos situemos no local onde ela acontece. A visão espacial é única na Dança Esportiva: sejam praticantes andantes ou cadeirantes.

Mas por que adotar critérios para se dançar numa pista de dança? Segundo Ried (2003, p.36), “com o tempo surgiram certas regras para a movimentação na pista de dança que, se obedecidas por todos os pares, facilitam a prática de todos”. Isso porque existem as danças que possuem deslocamentos e as danças estacionárias (o cha-cha-cha é um exemplo). E se não houver critérios, os pares entrariam em choque com facilidade.

Quanto ao deslocamento Ried (2003, p.36) diz que a “mão” do trânsito na pista é a mesma do trânsito nas ruas, ou seja, todos os pares se deslocam pelo salão em sentido anti-horário, acompanhando a parede à sua direita. Evidentemente, essa regra não implica que o par fique o tempo todo, ao longo da parede. Pode se deslocar para o centro do salão para executar determinadas figuras e depois voltar para a borda da pista, conforme julgar conveniente.

(sentido anti – horário)

Legenda:

: Representa a dama : Representa o cavalheiro

: Representa o centro

De acordo com o desenho acima, existem dois pontos referenciais que deverão ser

Linha da dança

Linha reversa da dança

Parede Centro

Diagonal reversa parede Diagonal reversa centro

Diagonal centro

(4)

1º passo 2º passo 3º passo

utilizados pela dupla de Atletas-Dançarinos (AD): centro e parede. Em relação ao centro a dupla poderá ter duas posições: diagonal centro ou diagonal reversa centro. De forma análoga acontece com a parede: diagonal parede ou diagonal reversa parede. Receber a denominação “diagonal” simplesmente, quer dizer que a dupla está no sentido anti-horário, ou seja, na linha da dança. Mas se for denominada como “diagonal reversa” indica que a dupla está no sentido horário, ou seja, na linha reversa da dança.

Dança Esportiva (para andantes)

Existem várias figuras executadas na DE, entretanto utilizarei uma para ilustrar e apresentá-la neste artigo. Trata-se de uma figura usual nas danças latinas, em específico no cha-cha-cha. O critério de escolha se deu por tratar de figuras que também são adotadas na DECR.

Apresento as características da figura assim como uma leitura comparativa de Laird e Ried: closed basic. Adotei manter os termos originais, os quais são utilizados internacionalmente.

CLOSED BASIC

Segundo Bettina:

• É um passo básico;

• Pode ser dançado sem giro ou com até ½ giro para a esquerda;

• Não há deslocamento pelo salão (posicionamento em relação às paredes é indiferente);

• Passo é dançado em postura fechada ou aberta;

• Ritmo: 1 – 2 – 3 – 4 & 1 – 2 – 3 – 4 &;

• Os tempos “4” e “&” medem a metade da duração dos outros tempos;

• Em conseqüência do item anterior o tamanho dos passos, especialmente do chassé, também não é igual:

• Antecedem: closed basic, natural top, alemana e spot turn;

4 & 1

½ ½ 1, pois este tempo é mais longo em duração e distância.

(5)

• Seguem: closed basic, entre outros.

Leitura comparativa: Diagrama de Bettina com a Tabela de W. Laird.

Cavalheiro andante (1 – 10) / Dama andante (6 – 10 / 1 – 5) CÓDIGO DE TRABALHO:

PE – pé esquerdo PD – pé direito MP – meia ponta PI – pé inteiro (todo o pé)

Proposta investigativa: o que poderá ser explorado nesta figura (alguns

Passo nº. Tempo Valor da batida

Posição do pé Trabalho do pé

Ação usada Giro do corpo

1 2 1 PE avança, dedo do pé

virado para fora.

MP e PI Caminhada pausada para frente

2 3 1 PD no lugar MP e PI Peso transferido

no lugar

Delicadamente para a esquerda

3 4 ½ PE volta suavemente

para lado e atrás

MP e PI Chá-chá-chá chassé: Esquerda /direita /esquerda virando para a esquerda. Para a esquerda.

4 & ½ PD meio fechado para o

PE

MP e PI

5 1 1 PE volta suavemente

para o lado e atrás

MP e PI

6 2 1 PD atrás MP e PI Caminhada para

trás

7 3 1 PE no lugar MP e PI Peso transferido

no lugar

Delicadamente para a esquerda

8 4 ½ PD avança suavemente

para lado e frente

MP e PI Chá-chá-chá chassé:

Direita /esquerda / direita virando para a esquerda.

Para a esquerda

9 & ½ PE meio fechado para

PD

MP e PI

10 1 1 PD avança suavemente

para lado e frente

(6)

questionamentos):

Como realizar, geometricamente, o que Bettina nos propõe neste passo básico: “ser

dançado sem giro ou com até ½ giro para a esquerda”?

• Como se dá o movimento ao “Ritmo: 1 – 2 – 3 – 4 & 1 – 2 – 3 – 4 &”?

• A dança executada pelo cavalheiro e pela dama: possue alguma simetria? Como caracterizá-la?

• Como se dá a realização desta figura na DECR?

• Observando algumas ilustrações acerca da figura (closed basic), o que notamos de características para que ela seja executada por um par de andantes e por um par andante/cadeirante?

(7)

D’AMBROSIO, U. Educação para uma sociedade em transição. Campinas: Editora Papirus, 1999.

D’AMBROSIO, U. Etnomatemática e Educação. Reflexão e Ação. Departamento de Educação da UNISC. v. 10, n. 01, jan/jun. – Santa Cruz do Sul. EDUNISC, 2002.

D’AMBROSIO, U. Etnomatemática e História da Matemática. Palestra de encerramento do CBEm3, Niterói - RJ, 26-29 mar. 2008.

FERREIRA, E.L. História Factual da Dança Esportiva em Cadeira de Rodas. Disponível em: www.cbdcr.org.br/Inicial.htm. Acesso em: 23 de julho de 2007.

LAIRD, W. Techinique of Latin Dancing. Brighton (Reino Unido), Internacional Dance Publications, 1988.

RIED, B. Fundamentos de Dança de Salão: Programa Internacional de Dança de Salão; Dança Esportiva Internacional. Londrina, Midiograf, 2003.

Referências

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