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D E C I S Ã O. fls. 125

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Academic year: 2021

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

JUÍZO DE DIREITO DA 5ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE NATAL

Fórum Des. Miguel Seabra Fagundes - Rua Dr. Lauro Pinto, nº 315, 8º andar, Bairro Lagoa Nova, Natal / RN - CEP. 59064-250 Telefone: (84) 3616-9660 E-mail: nt5vfp@tjrn.jus.br

PROCESSO N.º 0803792-40.2013.8.20.0001 AÇÃO ORDINÁRIA AUTOR: CENTRO ACADÊMICO AMARO CAVALCANTI (CAAC) ADVOGADOS: NATÁLIA BASTOS BONAVIDES E OUTROS

RÉUS: SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTES URBANOS DO MUNICÍPIO DE NATAL (SETURN), MUNICÍPIO DO NATAL E OUTROS.

D E C I S Ã O.

O Centro Acadêmico Amaro Cavalcanti (CAAC), entidade representativa dos estudantes do Curso de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, representado pelo seu diretor André Felipe Bandeira Cavalcante, assistido por advogados, na data de 19/03/2013 ajuizou ação ordinária contra o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos do Município de Natal (SETURN), o Município do Natal e as empresas Transportes Guanabara Ltda., Auto Ônibus Santa Maria Transportes e Turismo Ltda., Empresa de Transportes Nossa Senhora da Conceição Ltda., Empresa Transflor Ltda. (Via Sul), Viação Riograndense Ltda., Reunidas Transportes Urbanos Ltda., Viação Cidade das Dunas Ltda. e Auto Viação Campos Ltda., depois incluindo o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Norte (SINTRO-RN) no polo passivo da ação, suscitando liminarmente a antecipação dos efeitos da tutela no sentido de compelir os demandados ao funcionamento regular do transporte coletivo de ônibus na cidade de Natal, no dia 20/06/2013, diante da manifestação popular nas ruas da capital, programada para a referida data.

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Conforme decisão interlocutória proferida em 20/06/2013 (fls. 77/81 dos autos), concedi a medida requerida e determinei que as empresas acionadas não recolhessem os seus veículos e realizassem normalmente o transporte coletivo de passageiros no âmbito da capital potiguar naquele dia 20 de junho, observando a rotina dos demais dias úteis, bem como os órgãos competentes do Município de Natal exercessem com regularidade o seu poder administrativo de polícia, notadamente de fiscalização, sobre o funcionamento habitual do mencionado serviço, sob pena de multa diária no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para cada pessoa jurídica, na hipótese de inobservância.

Expedidos os mandados, na mesma data foram intimados pelo Oficial de Justiça o SETURN e as empresas Santa Maria, Nossa Senhora da Conceição, Transflor (Via Sul), Riograndense, Reunidas e Cidade das Dunas, deixando de ser intimados o Município de Natal, o SINTRO e as empresas Guanabara e Viação Campos, conforme se vê às fls. 92/115.

No final do expediente de ontem (17h47), que se encerra às 18 horas, o Centro Acadêmico Amaro Cavalcanti protocolizou nova petição, reafirmando a prática corrente por parte dos réus com a suspensão do serviço público de transporte coletivo nos dias das mobilizações populares nesta capital, sem qualquer tipo de aviso prévio nem motivação expressa, configurando-se atitude arbitrária e prejudicando a rotina da comunidade, cujos cidadãos ficam privados do serviço relevante, esclarecendo que a decisão judicial referente ao dia 20 de junho foi descumprida pelos demandados, deixando as pessoas sem o transporte público, suspendendo não só as linhas de trajetos próximos às manifestações, mas também de outros itinerários distantes.

Trouxe ao conhecimento do Juízo o fato público e notório de que nova manifestação ocorrerá nesta sexta-feira, dia 28 de junho, nas imediações da Praça Cívica, reclamando mais uma vez a providência do Estado para que a população natalense não tenha a ausência do serviço público do transporte de

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passageiros por conta da movimentação popular, pois já se espalhou a notícia de que haverá completa paralisação da frota de ônibus na cidade, a partir das 13 horas de hoje, e para tanto pleiteia a renovação da medida liminar anteriormente solicitada e deferida, bem como a elevação do valor da multa por desobediência.

Relatado, decido.

Mais uma vez, após uma semana, o Centro Acadêmico do Curso de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte busca a prestação jurisdicional com a finalidade de obrigar as empresas de transportes coletivos com atuação em Natal a funcionarem normalmente no dia de hoje, 28 de junho, quando está se anunciando a realização de mais uma manifestação popular, situação que ocorreu na quinta-feira passado nesta capital e em vários outros dias em diversas capitais e cidade do país, fato público e notório amplamente divulgado na mídia nacional e até internacional, realidade esta de amplo conhecimento de todos.

Conforme já mencionei na decisão do dia 20 passado, o transporte público de passageiros é de fundamental importância no contexto da sociedade, principalmente nas grandes cidades, de maior fluxo populacional, como é o caso desta capital, tendo em vista que a maioria da população se concentra nos centros urbanos e que para o seu deslocamento faz uso do transporte coletivo, e assim sendo, o bom funcionamento do sistema é indispensável à coletividade como um todo, por conta dos mais variados aspectos.

Neste particular, a Constituição da República dispõe expressamente no artigo 30, inciso V, que é da competência dos Municípios: “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial”, traduzindo, que a organização do serviço público de transporte coletivo, prestado diretamente pelo poder público ou por intermédio de concessão ou permissão às

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empresas particulares (como é o caso de Natal), tem natureza de absoluta necessidade.

Passando breve olhar sobre a nossa Constituição Federal, que regula a vida em sociedade, a qual todos nós devemos obediência, inclusive cabendo formalmente a todas as autoridades constituídas, seja qual for sua esfera de poder, cumprir e fazer cumprir as suas disposições, é fácil se constatar que a República Federativa do Brasil se submete ao manto jurídico do ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, que no seu contexto dos direitos e garantias fundamentais de todas as pessoas há inviolabilidade dos direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (arts. 1º e 5º), entre os quais o da livre manifestação de pensamento e do direito de reunir-se pacificamente, sem armas, em ambientes públicos e seguros.

A Lei Maior, no seu art. 144, preceitua que a “segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”, cabendo à Polícia Militar as atribuições de policiamento ostensivo e preservação da ordem pública, enquanto à Polícia Civil às funções de polícia judiciária e apuração de infrações penais.

Assim sendo, na amplitude do sistema político-jurídico do Estado Democrático de Direito a que se subordina a nação brasileira, esse tipo de movimentação popular que estamos vivenciando é absolutamente lícita e democrática, incumbindo ao Estado formalmente organizado, especialmente pelos seus órgãos de segurança pública, garantir o direito de manifestações ordeiras, sem uso de armas ou atitudes agressivas, baderneiras ou criminosas (como algumas que visualizamos pessoalmente ou assistimos nos nossos lares pela mídia), que nesta situação deverá ser combatida legalmente pelos órgãos de segurança do Estado, inclusive com efetivação de prisão em flagrante e abertura do procedimento de apuração do delito correspondente, mas nunca recorrer à omissão quanto à

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prestação dos serviços públicos indispensáveis à sociedade (incluído o transporte comum de passageiros), do contrário estar-se-ia admitindo o fracasso ou a falência do Estado organizado, na prestação dos seus serviços essenciais disponibilizados à coletividade, diretamente prestado pelo Poder Público (ex: segurança) ou pela via da concessão ou permissão às pessoas jurídicas privadas (ex: transporte público de passageiros).

CONCLUSÃO.

Ante o exposto, à luz da Constituição Federal (arts. 1º, 5º, 30 e 144), com base nos arts. 273, § 7º e 461, § 5º, do Código de Processo Civil, defiro liminarmente a tutela cautelar requerida pelo Centro Acadêmico Amaro Cavalcanti para determinar que o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos do Município de Natal (SETURN), o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Norte (SINTRO), as empresas Transportes Guanabara Ltda., Auto Ônibus Santa Maria Transportes e Turismo Ltda., Empresa de Transportes Nossa Senhora da Conceição Ltda., Empresa Transflor Ltda. (Via Sul), Viação Riograndense Ltda., Reunidas Transportes Urbanos Ltda., Viação Cidade das Dunas Ltda. e Auto Viação Campos Ltda. não recolham os ônibus nem impeçam o trabalho dos profissionais (motoristas e cobradores) neste dia 28 de junho de 2013 (sexta-feira), por conta da movimentação popular, realizando regularmente o transporte coletivo de passageiros na capital potiguar, de forma similar aos demais dias úteis, assim como o Município do Natal, por intermédio dos órgãos competentes, exerça regularmente o seu poder administrativo de polícia, com destaque na fiscalização, sobre o funcionamento normal do transporte coletivo de passageiros, sob pena de multa no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) para cada pessoa jurídica ou física na hipótese da inobservância.

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Para ciência e cumprimento da decisão intimar todos os demandados, que igualmente deverão ser citados a fim de que possam responder à ação no prazo legal.

Também notificar, com cópia do inteiro teor da decisão, para cumprimento dos respectivos deveres constitucionais, os Excelentíssimos Senhores Prefeito Municipal de Natal, Dr. Carlos Eduardo Nunes Alves, Secretário de Estado da Segurança Pública, Dr. Aldair da Rocha e Comandante Geral da Polícia Militar, Coronel Francisco Canindé de Araújo Silva.

Cumprir com urgência. Publicar.

Natal/RN, 28 de junho de 2013.

Luiz Alberto Dantas Filho Juiz de Direito

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