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Análise do perfil empreendedor dos permissionários da Central de Comercialização da Agricultura Familiar e economia solidária - CECAFES

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

SÉRGIO MOREIRA BEZERRA

ANÁLISE DO PERFIL EMPREENDEDOR DOS PERMISSIONÁRIOS DA CENTRAL DE COMERCIALIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR E ECONOMIA

SOLIDÁRIA - CECAFES

NATAL/RN 2019

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SÉRGIO MOREIRA BEZERRA

ANÁLISE DO PERFIL EMPREENDEDOR DOS PERMISSIONÁRIOS DA CENTRAL DE COMERCIALIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR E ECONOMIA

SOLIDÁRIA - CECAFES

Monografia apresentada ao curso de graduação em Administração, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Profº Drº Washington José de Sousa.

NATAL/RN 2019

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Bezerra, Sérgio Moreira.

Análise do perfil empreendedor dos permissionários da Central de Comercialização da Agricultura Familiar e Solidária - CECAFES / Sérgio Moreira Bezerra. - 2019.

40f.: il.

Monografia (Graduação em Administração) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Departamento de Administração. Natal, 2019. Orientador: Prof. Dr. Washington José de Sousa.

1. Administração Monografia. 2. Empreendedorismo -Monografia. 3. Permissionários - -Monografia. 4. Agricultura familiar - Monografia. I. Sousa, Washington José de. II. Título. RN/UF/CCSA CDU 005.342

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AGRADECIMENTOS

Agradecer primeiramente a UFRN por me proporcionar umas das grandes experiências da minha.

Ao meu orientador, professor Washington José de Sousa a me apoiar e incentivar na construção desse trabalho.

Também agradecer ao professor Marcelo Rique Caricio por ter me mostrado alguns caminhos a serem explorados nete trabalho.

Ao NADIS, principalmente a Telma Elita da Silva por terem me acompanhado e me auxiliado tanto pessoalmente como também no apoio neste trabalho.

Agradecer a minha mãe pode me incentivar na minha jornada na graduação. E principalmente a minha companheira, por estar comigo em todos os momentos, me incentivando e me apoiando.

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“Compreendi que o solo está nos observando. Ele nos vê e

sente o que pensamos e o que queremos. Por isso, nosso respeito e gratidão precisam ser grandes, pois a verdura não é produzida por nós, ela é vivificada por Deus. Se não pensarmos assim, não colocaremos a essência.”

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar perfil empreendedor de permissionários da Central de Comercialização da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Cecafes). Para elaboração deste trabalho de conclusão de curso, foi realizada pesquisa da sede da Cecafes onde foram entrevistados 9 permissionários. O primeiro capítulo traz como abordagem o empreendedorismo com considerações históricas, conceito e características do empreendedor, o empreendedorismo social e suas definições e o empreendedorismo na agricultura familiar. O segundo capítulo trata sobre a pesquisa realizada na Cecafes, abordando o perfil empreendedor dos permissionários, dando ênfase à percepção do que é empreendedorismo e como ele é utilizado no dia-a-dia dos permissionários. Este trabalho pretende contribuir para o debate sobre a temática que, na área de Administração, ainda é pouco considerada quando se debruça sobre o perfil de trabalhadores rurais da agricultura familiar. Questionar o perfil empreendedor de tais trabalhadores/permissionários traz elementos de retroalimentação a processos de formação.

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ABSTRACT

This paper aims to analyze the entrepreneurial profile of permits of the Central Commercialization of Family Farming and Solidarity Economy (Cecafes). To prepare this course conclusion work, a survey was conducted at Cecafes headquarters, where 9 permissions were interviewed. The first chapter discusses entrepreneurship with historical considerations, the concept and resources of the entrepreneur, social entrepreneurship and its configurations, and entrepreneurship in family farming. The second chapter deals with a research conducted at Cecafes, addressing the entrepreneurial profile of permits, emphasizing the perception of who is an entrepreneur and how he is used in the daily permits. This paper aims to contribute to the debate on a theme that, in the area of Administration, is still little considered when it comes to debris on the profile of family farm agricultural workers. Questioning the entrepreneurial profile of such workers / permissions brings feedback elements to the training process.

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LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Contribuições para o entendimento do empreendedorismo... 18 Quadro 2 – Empreendedorismo Convencional versus Empreendedorismo Social.. 23

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LISTA DE SIGLAS

CECAFES Central de Distribuição da Agricultura Familiar e Economia Solidária EMATER Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural

FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

ORGANIS Conselho Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar SAPE Secretaria da Agricultura da Pecuária e da Pesca

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 11

2 O EMPREENDEDORISMO E SUAS CARACTERÍSTICAS NA AGRICULTURA FAMILIAR ... 14

2.1 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O EMPREENDEDORISMO E O PERFIL DO EMPREENDEDOR ... 22

2.2 EMPREENDEDORISMO SOCIAL: BREVES CONSIDERAÇÕES ... 24

2.3 O EMPREENDEDORISMO NA AGRICULTURA FAMILIAR ... 3 O PERFIL EMPREENDEDOR DOS PERMISSIONÁRIOS DA CENTRAL DE COMERCIALIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR E ECONOMIA SOLIDÁRIA - CECAFES ... 28

3.1 CARACTERIZAÇÃO INSTITUCIONAL DA CECAFES ... 28

3.1 PESQUISA E RESULTADOS: O PERFIL EMPREENDEDOR DOS PERMISSIONÁRIOS DA CECAFES ... 29

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 36

REFERÊNCIAS ... 37

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1. INTRODUÇÃO

No cotidiano dos brasileiros, muito se nota na mesa a alimentação proveniente da agricultura familiar, como bem sabemos, o agronegócio no Brasil, exporta a maioria dos alimentos produzidos em solo brasileiro, todavia é através dos alimentos produzidos pelo trabalhador rural e suas famílias que a nossa mesa é abastecida, ademais bem se sabe que o Brasil possui através do Movimento Sem Terra, a maior produção de alimentos orgânicos através da agricultura familiar.

Ao observar esse aspecto tão comum no nosso cotidiano, surgiu a idéia de entender o perfil empreendedor destes trabalhadores, visto que eles produzem para consumo próprio, bem como vendem a produção excedente de sua mercadoria. Como ponto de partida, observou-se que existe uma Central de Distribuição no Rio Grande do Norte, chamada Cecafes, que recebe trabalhadores rurais, cooperativas e associações da agricultura familiar que produzem alimentos orgânicos. (EMATER, 2017)

De acordo com dados do Governo Brasileiro, o mercado de produtos orgânicos no Brasil faturou certa de 04 bilhões de reais no ano de 2018, sendo o Brasil líder no mercado na América Latina (o consumo de produtos orgânicos cresce cerca de 25% ao ano de acordo com o SEBRAE). O Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis) fez uma pesquisa em 2019 com 1027 entrevistados. Desses entrevistados, 19% responderam que consumiram produtos orgânicos nos últimos 30 dias e desse percentual de pessoas, a região Sul lidera esse consumo (23%), seguida pelo Nordeste (20%), Sudeste (19%), Norte (14%) e Centro Oeste (14%). (BRASIL, 2019)

De acordo com o SEBRAE-MG (2019), conforme o relatório da FAO, 75% dos alimentos agrícolas consumidos no Brasil são provenientes da agricultura familiar; gerando assim interesse de estudiosos sobre a temática “empreendedorismo na agricultura familiar”.

O perfil empreendedor dos trabalhadores permissionários, provenientes da agricultura familiar, foi a temática escolhida para a construção deste trabalho, pois acredito que este tema possui importante relevância para a sociedade e para pesquisas científicas na área da administração, pois percebi que na graduação pouco é abordado esta temática pelos discentes do curso de administração.

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O presente trabalho tem como objetivo analisar o perfil e o potencial empreendedor dos permissionários da Central de Distribuição da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Cecafes) juntamente com análise do potencial empreendedor dos mesmos. A partir disto, surgem duas perguntas essenciais para este trabalho: Qual é o perfil dos permissionários da Cecafes? Podem ser comparados ao perfil empreendedor?

Para elaboração deste trabalho de conclusão de curso, foi realizada pesquisa da sede da Cecafes onde foram entrevistados 17 permissionários (são pessoas autorizadas a utilizar o espaço da Cecafes para vender seus produtos). As características principais desta pesquisa se resumem a três objetivos secundários:

 Identificar as características empreendedoras dos permissionários;

 Caracterizar o potencial empreendedor de permissionários da Cecafes;

 Sintetizar perfil e potenciais empreendedores dos permissionários à luz do empreendedorismo.

A Cecafes é uma central de distribuição de alimentos orgânicos comercializada por agricultores familiares, cooperativas e associações que fica localizada na Avenida Capitão Mor Gouveia s/n, no bairro de Lagoa Nova com horário de funcionamento de segunda a sexta das 06:00 às 16:00 e aos sábados das 06:00 às 15:00. A Cecafes tem planos para mudar a forma como se apresenta aos seus clientes. E para isso, é necessário analisar o perfil dos permissionários e saber se existe potencial para que os mesmos possam conquistar mais clientes.

Para elaboração desse trabalho foi realizada pesquisa bibliográfica bem como pesquisa de campo utilizando método qualitativo, explicativo e descritivo. A pesquisa foi realizada tendo como base aplicação de entrevista em forma de questionário com os permissionários da Cecafes.

A pesquisa realizada para este Trabalho de Conclusão de Curso levou em consideração a combinação das abordagens de pesquisa qualitativa, observando a natureza das informações e as possibilidades de aprimoramento dos resultados. Quanto à sua natureza, a pesquisa se caracteriza como "aplicada", pois segundo Gerhardt e Silveira (2009, p.35) “Objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos e envolve verdades e interesses locais.” Com base nessa metodologia, os procedimentos realizados na pesquisa para coleta de informações foram: pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo.

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O segundo capítulo traz como abordagem o empreendedorismo, onde são observadas breves considerações históricas sobre o empreendedorismo, o conceito de empreendedorismo, o empreendedorismo nos dias atuais e as características do empreendedor.

O terceiro capítulo trata sobre a pesquisa realizada na Cecafes, onde foi analisado o perfil empreendedor dos permissionários, dando ênfase na percepção do que é empreendedorismo e como ele é utilizado no dia-a-dia dos permissionários. Este trabalho pretende, com tais propósitos, contribuir para o debate sobre esta temática que na área de administração, ainda é pouco conhecido, principalmente quando se debruça sobre o perfil de trabalhadores rurais da agricultura familiar, que sobrevivem dos rendimentos que obtém na venda de seus produtos; impulsionar estes trabalhadores/permissionários sobre seu perfil empreendedor pode ocasionar no aumento de suas vendas e consequentemente na melhoria de sua qualidade de vida.

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2. O EMPREENDEDORISMO E SUAS CARACTERÍSTICAS NA AGRICULTURA FAMILIAR

Este capítulo traz uma breve explanação sobre o empreendedorismo e suas características na agricultura familiar, o primeiro subcapítulo traz breves considerações históricas sobre o empreendedorismo, onde autores conceituados como Hisrich, Peters e Shepherd; Dornelas, entre outros, trazem sua percepção sobre a história do empreendedorismo, em seguida trata sobre o conceito de empreendedorismo nos dias atuais, para logo adiante trazer uma contribuição a este trabalho sobre o perfil do empreendedor; o segundo subcapítulo e não menos importante trata sobre o empreendedorismo social e na agricultura familiar.

2.1 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O EMPREENDEDORISMO E O PERFIL DO EMPREENDEDOR

Para podermos entender os principais conceitos sobre empreendedorismo e as características dos empreendedores de sucesso, é necessário saber como o empreendedorismo vem sendo moldado e conceituado durante a história. A palavra empreendedorismo tem origem da palavra francesa entrepreuner, que significa “aquele que está entre” ou intermediário. Está interpretação da palavra entrepreuner tem origem dos primeiros comerciantes marítimos. Um desses comerciantes era Marco Polo, que buscava vender suas mercadorias no Extremo Oriente. Marco Polo assinava contrato com pessoas com recursos financeiros, sendo ele assumindo riscos ativos (transportando as mercadorias até o destino) e o investido, assumindo riscos passivos (investindo capital na empreitada). Caso Marco Polo fosse bem-sucedido, o investido recebia a maior parte dos lucros obtidos na empreitada e Marco Polo, com uma parte dos lucros (aproximadamente 22,5%) (HISRICH, PETERS E SHEPHERD, 2009).

Na Idade Média, a palavra empreendedor era utilizada para os indivíduos que executavam grandes projetos de produção, um exemplo de indivíduo que executava tais projetos eram os clérigos. Esses projetos eram financiados pelo governo como objetivo de construir grandes obras arquitetônicas, como castelos, igrejas, fortificações, espaços públicos, entre outros (HISRICH, PETERS E SHEPHERD, 2009).

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Durante o Século XVII o empreendedor era aquele que assinava acordo com objetivo de entregar produtos ou serviços estipulados para governo. Todos os lucros ou prejuízos eram de total responsabilidade do empreendedor. A partir desse momento, pode se dizer que o risco começou a ser vinculado ao empreendedorismo. Um exemplo de empreendedor da época foi John Law, um francês que conseguiu autorização do governo para criar um banco, obtendo monopólio na época. Mas o monopólio também levou seu empreendimento à ruína, pois Law tentou elevar os valores das ações da empresa mais do que o próprio patrimônio do banco poderia pagar, levando ao colapso do empreendimento (HISRICH, PETERS E SHEPHERD. 2009).

No Século XVIII empreendedores e fornecedores de capital (investidores) foram diferenciados devido à forte industrialização da época. Os exemplos de empreendedores da época foram os inventores Eli Whitney (que foi o inventor do descaroçador de algodão, e que estava sendo financiado com recursos da coroa britânica) e Thomas Edison (que levantava capital para desenvolver experimentos nos campos da eletricidade e química) (HISRICH, PETERS E SHEPHERD. 2009).

Nos Séculos XIX e XX a figura do empreendedor não se distinguia do gerente. Enxergavam-se os empreendedores e o gerente como indivíduos que tinham como objetivo fazer a empresa lucrar, utilizando os recursos necessários para isso. Desempenhando sua função com suas habilidades e competências. Exemplo da época era Andrew Carnegio. Carnegie não inventou nenhum produto ou serviço novo, porém ele revolucionou a indústria adaptando e desenvolvendo tecnologias na produção. A partir daí (em meados do Século XX), começou-se a conceituar o empreendedor como inovador (HISRICH, PETERS E SHEPHERD. 2009).

O economista Richard Cantillon (apud CHIAVENATO. 2012, p. 6) usou o termo “empreendedor” pela primeira vez em 1725, Cantillon dizia que: “enterpreneur o indivíduo que assume riscos”. Em 1814, Jean-Baptiste Say (1767-1832) (apud CHIAVENATO. 2012, p. 6), economista francês usou a palavra enterpreneur para definir "o indivíduo que transfere recursos econômicos de um setor com produtividade baixos para um setor de produtividade mais elevada”. Say também disse sobre a importância do empreendedor para o bom funcionamento do sistema econômico. Em 1871, o economista austríaco Carl Menger define o empreendedor como “aquele que antecipa necessidades futuras”.

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Para Dornelas (2017) as transformações tecnológicas no mundo, se sobressaíram no século XX, onde foram criadas diversas invenções “que revolucionaram o estilo de vida das pessoas”, o autor explica que por trás dessas invenções existem pessoas ou equipes que possuem características especiais, onde estas “questionam, arriscam, querem fazer algo diferente, fazem acontecer e empreendem”. Uma vez que os empreendedores estão revolucionando o mundo, seu comportamento e o próprio processo empreendedor devem ser estudados e entendidos.

Em 1949, Ludwig Von Mises (apud CHIAVENATO. 2012, p. 6), economista austríaco, afirmava que o “empreendedor é o tomador de decisão”. Segundo o economista austríaco E. Friedrick Von Hayek (1959), “empreendedorismo envolve não apenas riscos, mas, sobretudo, conduz a um processo de descoberta das condições produtivas e das oportunidades de mercado por parte dos próprios autores sociais”.

O economista austríaco Joseph Schumpeter (1985) conceituou o empreendedor como o indivíduo capaz de transformar alguma idéia ou invenção em algo inovador, melhor do que era antes, Schumpeter deu a isso o nome de “destruição criativa”, onde em sua visão podia ser “sintetizada na prática da criação de novas organizações ou de revitalizar organizações maduras”. Este é considerado um dos primeiros conceitos relacionados à inovação.

No Brasil, o empreendedorismo surgiu timidamente e começou a se expandir na década de 1980, de acordo com Dornelas (2017), o empreendedorismo no Brasil começa a tomar forma com a criação do SEBRAE e da Sociedade Brasileira para Exportação de Software (Softex). Antes da criação dessas entidades, praticamente não se falava de empreendedorismo no Brasil, pois “os ambientes políticos e econômicos do país não eram propícios” e não existiam informações para que o jovem empreendedor obtivesse auxílio em sua “jornada empreendedora”. (DORNELAS, 2017)

É impossível falar de empreendedorismo no Brasil sem citar o SEBRAE - Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas, é uma entidade privada que tem o objetivo de promover o desenvolvimento das micro e pequeno empresas (novas ou que já estão no mercado), com foco de atuação no fortalecimento do empreendedorismo e no suporte e aceleração de criação e formalização de novos negócios com parcerias com os setores público e privado, programas de

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capacitação, acesso a crédito e à inovação, entre outros. Além da sede nacional situada em Brasília, o SEBRAE conta com 27 unidades em todo o Brasil onde são ofertados cursos, seminários, consultorias e assistência técnica para os micro e pequenos empreendedores. (SEBRAE, 2019)

O SEBRAE foi criado em 1972, porém em 1964 o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) criou o Programa de Financiamento à Pequena e Média Empresa (Fipeme) e o Fundo de Desenvolvimento Ténico-Científico (Funtec) que seria o precursor do SEBRAE. O Fipeme e o Funtec formavam o Departamento de Operações Especiais do BNDE, com objetivo de montar um sistema de apoio gerencial às micro e pequenas empresas. Em 1967, a Superintendência de Desenvolvimento no Nordeste (Sudene) instituiu nos estados da região o núcleo de assistência industrial (NAI) que foi o embrião do SEBRAE. (SEBRAE, 2019)

Em 17 de julho de 1972, o BNDE e o Ministério do Planejamento foi criado o Centro Brasileiro de Assistência Gerencial (CEBRAE) que contava com a Finep, a Assosciação dos Bancos de Desenvolvimento (ABDE) e do próprio BNDE. Em 9 de outubro de 1990, o CEBRAE foi transformando em SEBRAE pelo decreto nº 99.570, que complementa a Lei nº 8029, de 12 de abril. O SEBRAE foi desvinculado da administração pública e transformou-se em uma instituição privada sem fins lucrativos. (SEBRAE, 2019)

No decorrer dos anos foram criados no Brasil, programas como: Brasil Empreendedor, do Governo Federal; cursos em universidades diretamente ligados ao empreendedorismo; o crescimento do movimento de incubadoras de empresas no Brasil; aumento do numero de professores universitários, mestres e doutores em temas relacionados com o empreendedorismo; ênfase do Governo Federal no apoio a micro e pequenas empresas, com criação de ministério/secretaria focados na pequena empresa; aumento da quantidade de empreendedores adultos na criação de negócios, ressaltando a classe C e D como empreendedores; entre outros. (DORNELAS, 2007).

Já foi apresentado como o empreendedorismo foi conceituado durante a história, agora deve-se entender como o empreendedorismo é definido nos dias atuais; tais definições darão o norte para melhor entendermos o que é empreendedorismo para também entender quem é o empreendedor (que será definido mais a frente).

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Segundo Hisrich, Peters e Shepherd:

Empreendedorismo é o processo de criar algo novo com valor, dedicando tempo e esforço necessários, assumindo riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as conseqüentes recompensas da satisfação e da independência financeira e pessoal. (2009, p. 30)

A criação de algo novo de valor (produtos ou serviços); dedicação, tempo e esforço para o negócio; o individuo demonstrar a responsabilidade de ser empreendedor, o fato de ele ser independente é um fator fundamental; e finalmente, assumir os riscos necessários. (HISRICH, PETERS e SHEPHERD. 2009, p. 30).

Dornelas também define empreendedorismo em alguns pontos, sendo eles:

 Tem iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo o que faz,

 Utiliza os recursos de formar criativa, transformando o ambiente social e econômico no qual vive e

 Aceita assumir riscos calculados e a possibilidade de fracassar. (2017, pg. 30)

Nota-se que existem alguns pontos em comum no atual conceito de empreendedorismo, sendo eles: ser inovador, criando algo novo com valor agregado; dedicar tempo, esforço e paixão pelo o que faz; assumir riscos e saber lidar com o fracasso.

Chiavenato (2012) cita alguns autores para acrescentar mais alguns conceitos sobre o que é empreendedorismo e quem é o empreendedor. São eles: Quadro 1 – Contribuições para o entendimento do empreendedorismo

Ano Autor Contribuição

1

1961 McClelland

Identificava três necessidades do empreendedor: poder, afiliação e sucesso (sentir que se é reconhecido. Afirma que: “o empreendedor manifesta necessidade de sucesso”

1

1966 Rotter

Identifica o locus de controle interno e externo: “o empreendedor manifesta

locus de controle interno”

1

1970 Drucker

O comportamento do empreendedor reflete uma espécie de desejo de colocar sua carreira e sua segurança financeira na linha de frente e correndo riscos em nome de uma idéia, investindo muito tempo e capital em algo incerto 1 Kirsner “Empresário é alguém que identifica e explora desequilíbrios existentes na

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1973 economia e está atento ao aparecimento de oportunidades” 1

1982 Casson “O empreendedor toma decisões criteriosas e coordena recursos escassos” 1

1985

Sexton e

Bowman “O empreendedor consegue ter uma grande tolerância à ambigüidade”

1

1986 Bandura

“O empreendedor procura a autoeficácia: controle da ação humana através de convicções que cada indivíduo tem para prosseguir autonomamente na procura de influenciar a sua envolvente (sic) para produzir os resultados desejados”

2 2002

William

Baulmol “O empreendedor é a máquina de inovação do livre mercado”

Como explicitado na tabela acima, onde Chiavenato (2012) cita autores conceituados que fazem uma análise do perfil do empreendedor, os próximos parágrafos trazem uma contribuição a este trabalho sobre o perfil do empreendedor à luz do conceito de autores renomados como: Hirisch, Peters e Shepherd.

O empreendedor possui várias características que o destacam dos demais indivíduos, características essas que são fundamentais não só para o Empreendimento, mas também para destacar-se em meio a outros indivíduos. De acordo com (2009), o empreendedor possui as seguintes características: educação, valores pessoais, idade e histórico profissional.

A educação é importante na evolução do empreendedor, seja nível superior ou não, todo nível de educação é importante, pois ela é essencial para obter habilidade de lidar com pessoas, se comunicar com clareza, para facilitar integração com as pessoas, acumular novos conhecimentos, entre outros. Em relação aos valores pessoais, eles são importantes para os empreendedores, tendo o comportamento ético como diferencial. Relativo à idade, os autores avaliam que existe a idade empresarial (idade do empreendedor quando é refletida na experiência que possui) e idade cronológica; homens tendem a começar seu primeiro empreendimento aos 30 anos e mulheres em meados dessa mesma década de vida. Já o histórico profissional, pode ser um mobilizador negativo na decisão de lançar um novo empreendimento, como também ser fundamental para desempenhar um papel importante no crescimento e eventual sucesso de um empreendimento, quando o empreendimento se estabelece e começa a crescer, as

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experiências e habilidades administrativas se torna importantes. (HIRISCH, PETERS e SHEPHERD, 2009)

Dornelas (2017) destacou algumas características que grande parte dos empreendedores de sucesso possui, essas características são:

 São visionários

 Sabem tomar decisões

 São indivíduos que fazer a diferença

 Sabem explorar ao máximo as oportunidades

 São determinados e dinâmicos

 São dedicados

 São otimistas e apaixonados pelo que fazem

 São independentes e constroem o próprio destino

 Ficam ricos

 São líderes e formadores de equipes

São bem relacionados (networking)

 São organizados

 Planejam, planejam, planejam

 Possuem conhecimento

 Assumem riscos calculados

 Criam valor para a sociedade

Partindo para as características comportamentais do empreendedor, é correto afirmar que:

O trabalho pioneiro realizado acerca das características comportamentais dos empreendedores foi conduzido pelo Professor da Universidade de Harvard, David McClelland em 1961. Em seus estudos, desenvolveu a teoria sobre a motivação psicológica, baseado na crença de que o estudo da motivação contribui significativamente para o entendimento do empreendedorismo (McClelland & Burham, 1987). Segundo sua teoria de motivação psicológica, as pessoas são movidas por três necessidades: realização, afiliação e poder. A necessidade de realização é aquela que o indivíduo tem de pôr à prova seus limites, de fazer um bom trabalho. É uma necessidade que mensura as realizações pessoais. Pessoas com alta necessidade de realização são pessoas que procuram mudanças em suas vidas, estabelecem metas e se colocam em situações competitivas, estipulando também para si metas realistas e realizáveis. Seus estudos comprovaram que a necessidade de realização é a primeira identificada entre os

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empreendedores bem-sucedidos, reconhecida em Psicologia, como sendo o fator impulsionador para que as pessoas iniciem e construam um empreendimento. (PAULINO E ROSSI, 2003, p. 209)

Muitos empreendedores têm várias motivações para abrir seu negócio. Motivações micro como desemprego, oportunidade, continuar o negócio da família, etc. e motivações macro ambientais, sociais, governamentais, entre outros. Dornelas (2016, p. 31) sugere fazermos um teste com qualquer empreendedor, mais precisamente uma pergunta: “O que levou a criação da sua empresa?”. As respostas são variadas. Dependem de vários fatores, tanto internos como externos. Esses fatores são fundamentais e motivadores tanto para criação como também para manter o negócio do empreendedor. Alguns desses motivos podem ser apresentados a seguir:

Figura 1 – Fatores que influenciam no processo empreendedor

.

Fonte: Empreendedorismo: Transformando idéias em negócios. Dornelas (2017, p. 32). Reprodução.

Outro fator que é imprescindível no perfil do empreender é o gênero dos empreendedores, Hirisch, Peters e Shepherd (2009) afirmam que houve um aumento bastante significativo de mulheres trabalhando por conta própria, havendo crescido o numero de mulheres que abrem seus próprios negócios e que

Fatores pessoais - Assumir riscos - Insatisfação com o trabalho - Ser determinado - Educação - Idade Fatores sociológicos - Networking - Equipes - Influencia dos pais - Família - Modelo (pessoas) Fatores organizacionais - Equipe - Estratégia - Estrutura - Cultura - Produtos Ambiente - Oportunidade - Criatividade -Modelos (pessoas) de sucesso Ambiente - Competição - Recursos - Políticas públicas Ambiente - Competidores - Clientes - Fornecedores - Investidores - Bancos - Advogados - Recursos - Políticas públicas Evento Inicial Implementação

Inovação Crescimento Fatores pessoais - Realização pessoal - Assumir riscos - Valores pessoais - Educação Fatores pessoais - Empreendedor - Líder - Gerente - Visão

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permanecem com suas empresas, os autores relatam que em pesquisa realizada nos Estados Unidos, as empresas onde mulheres estão à frente, a sua grande maioria são empresas da área da saúde e serviços sociais; Os autores ainda relatam que embora as características entre empreendedoras e empreendedores sejam semelhantes, as mulheres se sobressaem, pois são mais motivadas, possuem mais habilidades empresariais e histórico profissional; os homens geralmente são motivados a empreender por impulso, enquanto as mulheres para obter crescimento profissional; Em relação à faixa etária em que iniciam seus negócios, as mulheres tendem a iniciar entre 35 a 40 anos e os homens entre 25 a 35 anos.

É pertinente e necessário desenvolver os pontos acima citados pelos autores, mas também é necessário entender o que é o empreendedorismo social e suas características para poder adentrar no que é empreendedorismo na agricultura familiar, conceitos que serão abordados a seguir.

2.2 EMPREENDEDORISMO SOCIAL: BREVES CONSIDERAÇÕES

Agora que entendemos o que é empreendedorismo (com foco no mercado), será apresentada uma breve consideração do que é empreendedorismo social. De acordo com Oliveira, o empreendedorismo social ganha importância durante os anos 1990, diante de vários problemas que ganharam, sendo “a crescente problematizarão social, a redução dos investimentos públicos no campo social, o crescimento das organizações do terceiro setor e da participação das empresas no investimento e nas ações sociais (2004, p. 9)”.

Conforme Bornstein, o empreendedor social é o indivíduo que têm forças transformadoras: gente com novas idéias para enfrentar grandes problemas, incansáveis em busca de seus ideais, homens e mulheres que não aceitam um “não” como resposta e que não desistirão até disseminarem as suas idéias o mais amplamente possível (2006, p. 16).

Além dessa definição, temos outra que define o empreendedor social como “alguém que tem idéias novas, pensa e age criativamente, tem personalidade empreendedora e coloca em tudo o que pensa e faz o ideal de produzir impacto social benéfico” (ASHOKA, 2001, p. 35). Notamos que está definição é bem próxima as definições de um empreendedor convencional, mas o ideal social é a característica principal que diferencia.

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Barendsen e Gardner (apud ROSSINI, L. et. al., 2006, p. 3) definem os empreendedores sociais são p essoas “persistentes e possuem a habilidade de inspirar outras pessoas a trabalharem com eles. Se sentem responsáveis com a causa escolhida e possuem um sentimento de obrigação com os seus trabalhos e com as pessoas envolvidas”.

Para Melo Neto e Froes (2002, p. 34) o empreendedor social é movido por “idéias transformadoras e assume uma atitude de inconformismo e crítica diante das injustiças sociais existente em sua região e no mundo”. Notamos que os conceitos apresentados pelos autores definem um empreendedor social como alguém que busca soluções inovadoras (que geram impacto social) para os problemas sócias existentes, tornando isso um objetivo a ser alcançado. Diante disso, o empreendedor social é movido a solucionar o problema social e tendo como feedback o impacto social resultante de sua intervenção. Além da definição mostrada, Melo Neto e Froes também mostram resumidamente um comparativo entre o empreendedorismo tradicional e o empreendedorismo social:

Quadro 2 – Empreendedorismo Convencional versus Empreendedorismo Social

Empreendedorismo Convencional Empreendedorismo Social

1. é individual 1. é coletivo 2. produz bens e serviços para o

mercado

2. produz bem e serviços para a comunidade

3. tem o foco no mercado 3. tem o foco na busca de soluções para os problemas sociais

4. sua medida de desempenho é o lucro 4. sua medida de desempenho é o impacto social

5. visa satisfazer necessidades dos clientes e ampliar as potencialidades do negócio

5. visa resgatar pessoas da situação de risco social e promovê-las

Fonte: Melo Neto e Froes (2002, p. 11)

Outra definição de empreendedor social que deve ser citada é de Lévesque. Os empreendedores sociais têm o mesmo desejo de pesquisar oportunidades que os empreendedores capitalistas, a mesma preocupação com a inovação, a mesma capacidade de mobilizar recursos para transformar um sonho em realidade. Por outro lado, se distinguem claramente por seu interesse pela justiça social (2004, p.52).

Oliveira (2004) fala sobre o que não é empreendedorismo social. Para contribuir para esse entendimento, podemos entender que

O empreendedorismo social não é responsabilidade social empresarial, pois esta supõe um conjunto organizado e devidamente

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planejado de ações internas e externas, e uma definição centrada na missão e atividade da empresa, ante as necessidades da comunidade. Não é uma profissão, pois não é legalmente constituída, não havendo formação universitária ou técnica, nem conselho regulador e código de ética profissional legalizado; não é também uma organização social que produz e gera receitas, a partir da venda de produtos e serviços, e muito menos é representado por um empresário que investe no campo social, o que está mais próximo da responsabilidade social empresarial, ou, quando muito, da filantropia e da caridade empresarial. (OLIVEIRA, 2004, p. 12) Para Stephen Thake e Simom Zadek (1996, apud LÉVESQUE, 2004, p. 52), “os indivíduos que trabalham pela melhoria social das comunidades encontram com freqüência soluções inovadoras para os problemas que enfrentam na comunidade, de outro lado, partilham diversas características com os empreendedores comerciais”. Dessa forma, quando um indivíduo tem condições de desenvolver suas competências, as organizações (tanto sociais como privadas) são beneficiadas.

Bornsteir acrescenta que: No fim das contas, os empreendedores sociais e comerciais são praticamente da mesma espécie. [...] A diferença não está no temperamento nem na capacidade, mas na natureza das suas visões” (2006, p. 297).

No subcapítulo seguinte serão abordadas as características do empreendedorismo na agricultura familiar, que estão diretamente interligadas ao empreendedorismo social.

2.3 O EMPREENDEDORISMO NA AGRICULTURA FAMILIAR

Com o desenvolvimento econômico do Brasil nos últimos anos em vários setores, tem-se percebido que os trabalhadores rurais não plantam mais apenas para sua subsistência, contudo, produzem também para a venda de seus produtos, nem que seja em pequena escala.

A agricultura familiar no Brasil vem se sobressaindo nos últimos anos, através de incentivos do Governo Federal, como por exemplo: as políticas direcionadas ao agricultor rural (Lei 11.326/2006 - Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais), os programas como o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa Garantia Safra, vem dando oportunidade para os agricultores rurais se inserirem em um mercado competitivo e

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constantemente sujeito a mudanças. É importante ressaltar que estes programas surgiram também como uma maneira do Estado manter os agricultores no campo, devido ao grande numero de êxodo rural que ocorreu entre as décadas de 1960 a 1980 no Brasil.

Como já foi dito anteriormente, o programa que é essencial para o desenvolvimento da agricultura familiar é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que de acordo com o Ministério da Educação, é caracterizado da seguinte maneira:

A Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, determina que no mínimo 30% do valor repassado a estados, municípios e Distrito Federal pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) deve ser utilizado na compra de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e as comunidades quilombolas. A aquisição dos produtos da Agricultura Familiar poderá ser realizada por meio da Chamada Pública, dispensando-se, nesse caso, o procedimento licitatório.

A conexão entre a agricultura familiar e a alimentação escolar fundamenta-se nas diretrizes estabelecidas pela Lei nº 11.947/2009, que dispõe sobre o atendimento da AE, em especial no que tange:

 Ao emprego da alimentação saudável e adequada, compreendendo o uso de alimentos variados, seguros, que respeitem a cultura, as tradições e os hábitos alimentares saudáveis e;

 Ao apoio ao desenvolvimento sustentável, com incentivos para a aquisição de gêneros alimentícios diversificados, sazonais, produzidos em âmbito local e pela agricultura familiar. (BRASIL, 2017)

Já o PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar surgiu em 1995 através do governo federal, objetivando o atendimento especializado a pequenos agricultores. De acordo com o blog Cresol (2019) o intuito do programa é fortalecer as atividades desenvolvidas pelo agricultor rural, na intenção de integrá-lo à cadeia do agronegócio por meio de modernização do sistema produtivo, conseqüentemente, o produto fabricado pelo pequeno agricultor rural, vai passar por um processo e adquirir um valor agregado, onde refletirá em um aumento da renda familiar.

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A agricultura familiar mantém, hoje, cerca de 12 milhões de pessoas economicamente ativas na zona rural do país. São famílias que ajudam a desenvolver o interior do Brasil e ainda garantem alimento de qualidade na mesa de toda a população. (CRESOL, 2019)

Para Miyazaky et al (2008), o fortalecimento da agricultura familiar, conseqüentemente colabora com a inclusão social e o desenvolvimento econômico. Um ponto importante para o agricultor rural é a transformação de um produto em outro com valor agregado, por exemplo: transformar produtos da sua colheita em farinha, bolos, queijos, etc. Para os autores citados no primeiro capítulo como Hisrich, Peters E Shepherd (2009), isso se caracteriza como um diferencial, bem como, como inovador, caracterizando assim os agricultores como empreendedores.

Sobre a valorização da agricultura familiar, pode ser afirmado que:

Valorizar a agroindústria familiar é incentivar a família rural a sair do anonimato por meio da organização em associações e cooperativas ou mesmo de forma individualizada, viabilizando sua qualificação e agregando valor ao produto. Além disso, permite que o consumidor reconheça as especificações e qualidades do produto da agroindústria, que visa, entre outros fatores, respeitar culturas, tradições, sabor local e a compreensão do meio rural como meio de vida (MANFRIN, BERNARD E BENCKEN, 2019, p. 149)

No estado do Rio Grande do Norte, o incentivo ao empreendedorismo na agricultura familiar se destaca em dois exemplos: A Lei 10.536/19 criou o Programa Estadual de Compras Governamentais da Agricultura Familiar e Economia solidária (Pecafes) que determina que 30% dos alimentos comprados pelo governo do RN sejam da agricultura familiar, abastecendo restaurantes populares, presídios, escolas, etc; De acordo com o site Tribuna do Norte (2019) cerca de 90 mil famílias de agricultores potiguares estão aptas a vender sua produção para o Governo do Estado.

De acordo com o site G1 RN (2019), segundo dados da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf), o estado é hoje o maior comprador dos alimentos da agricultura familiar e movimentou só em 2018, cerca de R$ 5 milhões desse mercado. Para 2019, a partir da nova lei, a expectativa é de que esse valor alcance a faixa dos R$ 20 milhões. Outro exemplo, que é anterior a esta Lei, foi à criação da Cecafes - Central de Comercialização da Agricultura Familiar e Economia Solidária, que foi construída em parceria com o governo federal e estadual.

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A Cecafes é parte importante no segundo capítulo deste trabalho, pois foi nas instalações da unidade do RN que foi realizada pesquisa com os permissionários da citada instituição, para posteriormente ser feita uma análise do perfil destes e possível perfil empreendedor dos mesmos.

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3. O PERFIL EMPREENDEDOR DOS PERMISSIONÁRIOS DA CENTRAL DE COMERCIALIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR E ECONOMIA SOLIDÁRIA - CECAFES

Este capítulo traz em seu conteúdo a pesquisa realizada com os permissionários da Cecafes para elaboração de uma análise sobre o perfil dos mesmos e de um possível perfil empreendedor. O primeiro subcapítulo tem como conteúdo o perfil institucional da Cecafes, onde é abordado brevemente a sua criação e características da instituição. O segundo subcapítulo traz a análise do perfil dos permissionários, lotados na Cecafes, expondo informações colhidas através de questionário, elaborado através dos conceitos e empreendedorismo e inovação, dos autores anteriormente citados neste trabalho.

3.1 CARACTERIZAÇÃO INSTITUCIONAL DA CECAFES

A Cecafes - Central de Comercialização da Agricultura Familiar e Economia Solidária, foi construída no ano de 2007, porém seu funcionamento começou a partir do dia 27 de março de 2017. A Cecafes conta com 5.000 m², divididos em 50 barracas, 32 boxes e uma praça de alimentação. Também possui dois auditórios, sendo um, com capacidade de 60 pessoas; o outro, com capacidade de 200 pessoas.

De acordo com o site da EMATER (2017), a Cecafes é gerenciada pela Cooperativa Central da Agricultura Familiar do Estado do Rio Grande do Norte (COAFARN), que foi selecionada para esta função, através de Edital de Chamada Pública, juntamente com o Comitê Gestor que é composto por representantes da SAPE, EMATER-RN e pelo conjunto dos permissionários, incorporando um desenho participativo e democrático de gestão.

A Central de Comercialização da Agricultura Familiar e Economia Solidária foi construída com recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Governo do Estado, através da SAPE. Os últimos investimentos para finalização da reforma e estruturação da Central somou mais de R$ 1.570.000,00, sendo R$ 1.413.000,00 do MDA e R$ 157.000,00 de contrapartida do Governo do Estado, através da EMATER-RN (EMATER, 2017). A princípio em sua criação, a Cecafes foi responsável por 30% dos alimentos destinados aos Restaurantes Populares do RN, por iniciativa do atual gestor do Estado em 2017, Robinson Faria. (EMATER, 2017).

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Os agricultores familiares, associações e cooperativas que passam a comercializar seus produtos na Central foram selecionados através de um Edital de Chamada Pública, cujo processo foi concluído em dezembro de 2016. O critério básico para participação é possuir Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) ativa (pessoa física e jurídica). A distribuição, para ocupação dos espaços, pelos agricultores e agricultoras familiares individuais, bem como pelas associações e cooperativas selecionadas foi definida por sorteio. (EMATER, 2017). É importante salientar que os permissionários pagam taxa para uso do espaço dentro da Cecafes.

A Cecafes hoje beneficia cerca de 40 famílias da agricultura familiar (que pertencem aos territórios do Sertão do Apodi, Açu, Mossoró, Mato Grande, Sertão Central, Trairí e Sertão do Apodi) e 27 organizações jurídicas. Os permissionários comercializam produtos como: hortifruiti, leite e derivados, mel, polpas de fruta, geléias, doces, bolos, grãos, castanhas, carnes, queijos artesanais, alimentos regionais, etc. todos esses produtos têm origem dos agricultores familiares residentes do RN, que estão lotados na Cecafes. (EMATER, 2017)

No próximo item, o trabalho apresenta os resultados da pesquisa realizada com os permissionários da Cecafes, avaliando o possível perfil empreendedor dos mesmos.

3.1 PESQUISA E RESULTADOS: O PERFIL EMPREENDEDOR DOS PERMISSIONÁRIOS DA CECAFES

Para elaboração desta pesquisa, foram realizadas entrevistas estruturadas com uso de questionário, este questionário foi feito da forma mais simples possível, tanto na linguagem como na descomplexidade das perguntas para melhor entendimento de todos os entrevistados. Esses aspectos apresentados que são essenciais ao perfil empreendedor, foram relevantes para os permissionários, que demonstraram durante a pesquisa interesse em empreender e aumentar os seus negócios. As perguntas do questionário foram baseadas nos principais conceitos que foram apresentados neste trabalho, modificando as perguntas para facilitar o entendimento dos entrevistados.

Existem três tipos de permissionários na Cecafes: representantes de cooperativas, representantes de associações e os permissionários de iniciativa

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própria. No tocante a este trabalho de conclusão de curso, pesquisa teve como foco os permissionários que estão na Cecafes por iniciativa própria.

Ao analisarmos os dados, pode ser notado que dos entrevistados é do sexo masculino, dividimos no quesito educação em ensino fundamental incompleto e ensino superior (completo e incompleto) nas áreas de administração, engenharia civil, pós-graduação pública e doutorado nas áreas de políticas de segurança públicas e fitotecnia. Já as entrevistadas do sexo feminino têm ensino médio e ensino superior na área de administração.

O nível de escolaridade é um dos fatores fundamentais para o sucesso do empreendedor não só pelo conhecimento adquirido, mas pelo fato do empreendedor saber lidar melhor com os problemas de seu negócio. Apesar da educação formal não ser uma exigência para que o empreendedor crie seu negócio, é importante que o empreendimento tem relação com a educação e os conhecimentos adquiridos. Também deve ser salientado que mesmo a educação sem nível técnico ou especialização é importante para o empreendedor, pois facilita a integração e o acúmulo de novos conhecimentos, que conseqüentemente aumenta sua capacidade de enxergar oportunidades (HISRICH, PETERS e SHEPHERD. 2009, p. 80).

Em relação à idade dos permissionários, esta varia entre 27 anos a 66 anos, sendo a idade média entre homens e mulheres de 45 anos; a idade média apenas de homens é de 48 e de mulheres 34 anos. A grande parte dos empreendedores inicia suas carreiras entre 22 a 45 anos, devemos ter em mente que existem dois tipos de idade: a cronológica e a experiência profissional. Alguns empreendedores iniciam suas carreiras muito cedo ou muito tarde, mas a grande tendência é que o início seja tardio devido a alguns fatores como: experiência, apoio financeiro, dedicação de tempo e esforço ao novo empreendimento. Apesar desse fato, iniciar a carreira empresarial precocemente é melhor do que iniciar tardiamente, pois o empreendedor ganha mais experiência. Outro fato que devemos apontar é que existem idades marcantes para alguns homens empreendedores onde eles sentem-se mais inclinados a iniciar sua carreira empreendedora, variando de 5 a 5 anos (25, 30, 35, 40, 45). Geralmente homens tendem a empreender por volta dos 30 anos (HISRICH, PETERS e SHEPHERD. 2009, p. 81), pode ser comparar este dado, à idade que os entrevistados, permissionários da Cecafes, criaram seu primeiro empreendimento; entre os homens, temos entrevistados que iniciaram sua vida empreendedora muito cedo (com 13 a 15 anos), outros iniciaram suas carreiras

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empreendedoras de forma tardia (40, 41, 44, 51 anos). Já as mulheres empreendedoras iniciam sua carreira empresarial por volta dos 35-45 anos (HISRICH, PETERS e SHEPHERD. 2009, p. 87), as duas permissionárias da Cecafes entrevistadas, começaram suas carreiras empreendedoras “precocemente” (se comparamos com a média já citada) com 27 e 39 anos.

Muitos empreendedores aprendem o que é empreendedorismo na prática, outros aprendem com conhecimento técnico; Ter essas duas experiências é uma grande ferramenta para o empreendedor, pois torna o empreender um indivíduo com grande potencial; Os entrevistados tiveram respostas variadas quando foram perguntados o que eles entendiam por empreender; Alguns exemplos de respostas foram: “iniciativa, inovação, pesquisa de mercado, buscar oportunidades.”, “saber valorizar o produto e atender bem o cliente”, “ter uma idéia, planejar, executar de modo a ter um retorno do que se foi investido em tempo e dinheiro”, “ter espírito empreendedor, buscar aprender, desenvolvimento pessoal e da sociedade, arte de negociar”, “fazer algo acontecer sem ajuda de ninguém”, “fazer algo de qualidade” e “crescimento da empresa e crescimento pessoal; Algumas dessas respostas foram muito próximas aos conceitos dos autores apresentadores neste trabalho, outros foram respostas que mostram o dia-a-dia do empreendedor, entre outros; outros entrevistados não souberam responder essa pergunta.

A criação de um negócio tem várias motivações tanto pessoais como econômicas, políticas, sociais, entre outros; os entrevistados deram algumas repostas parecidas; esses são exemplos das respostas dos entrevistados: “oportunidade de vender os produtos produzidos”, “vender os produtos diretamente para os clientes sem atravessador”, “vender os produtos da própria produção como também dos vizinhos”, “estilo de vida”, “desempregado, decidiu abrir o próprio negócio”, “continuar negócio dos pais”, “ter o próprio negócio e obter uma renda própria”; Alguns entrevistados responderam direta e indiretamente que a oportunidade foi um fator fundamental para a criação do seu negócio, outros entrevistados buscaram vender seus produtos diretamente para o cliente final para evitar atravessadores, outros criaram o seu negócio para não continuarem desempregado, outros abriram seu negócio para ter a oportunidade de renda própria e também outros entrevistados decidiram continuar o negócio dos pais ou da família.

Enxergar-se como um potencial empreendedor é algo que muitos buscam analisar quando pretendem iniciar um negócio ou quando já se está com um negócio

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próprio. Os entrevistados responderam que se enxergam como potenciais empreendedores, porém outros responderam que nem sempre tem essa visão deles mesmos; a tendência dessas respostas reflete-se no fato de que os entrevistados que responderam que se enxergam como empreendedores já tiveram outros negócios anteriormente, tendo assim, mais conhecimento e experiência e que conseqüentemente puderam avaliar-se melhor; já os que responderam que não se enxergam como potenciais empreendedores, nunca abriram negócios anteriormente (as únicas experiências profissionais foram de carteira assinada); além disso, os níveis de escolaridade desses últimos entrevistados são de ensino médio e ensino fundamental incompleto, que de certa forma influencia nas respostas.

Manter a motivação é de fundamental importância para qualquer pessoa, principalmente para um empreendedor. Todos os entrevistados responderam que sempre se sentiam motivados. Homens e mulheres têm diferentes motivações para isso, onde homens são motivados pelo desejo de controlar seus destinos, de fazer as coisas acontecerem como desejam, desejo de estar no comando, de serem independentes, insatisfação com o trabalho, etc. Já as mulheres são motivadas a empreender, resultante de frustração com seus empregos anteriores, que geralmente, não permitiam o crescimento na empresa e também não permitiam que as mulheres desempenhassem bem suas funções. (HISRICH, PETERS e SHEPHERD, 2009). Algo a que deve ser acrescentado é que alguns entrevistados relataram que passam por algumas dificuldades na produção e transporte dos produtos até a venda para o cliente final, alguns entrevistados disseram que superar essas dificuldades é um fator motivador, pois é necessário para poder obter a renda necessária para seu sustento.

Identificar e aproveitar oportunidades são características fundamentais de um empreendedor. Ter essa habilidade é fundamental, pois o empreendedor precisa alcançar e criar oportunidades de criar novos produtos ou serviços, como também aprimorar o que já se tem. Os entrevistados responderam que enxergam oportunidades que beneficiam seu negócio, porém outros entrevistados relataram que tem dificuldades para enxergar e aproveitar oportunidades; esses últimos entrevistados que responderam também foram os mesmos que responderam que não se enxergam como potenciais empreendedores com freqüência.

Tomar iniciativa é algo que o empreendedor sempre deve fazer. Buscar novos fornecedores, aprimorar os conhecimentos, buscar opinião dos seus clientes,

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entre outras coisas precisão de iniciativa do empreendedor. Ao perguntar aos entrevistados se eles tomam iniciativa com facilidade, predominantemente os entrevistados responderam que tomam iniciativa, apesar disso, outros entrevistados responderam que tem dificuldade para tomar iniciativa; novamente, os mesmos entrevistados que responderam que sentem dificuldade em tomar iniciativa também foram os mesmos que responderam que tinham dificuldade em se enxergar como um potencial empreendedor, um desses entrevistados em especial, nunca abriu o próprio negócio, trabalhou apenas com carteira assinada e tem ensino fundamental incompleto.

Criatividade e inovação são fundamentais para um negócio, quando o empreendedor tem esses atributos aprimorados, seu negócio tende a prosperar. Ao serem questionados sobre criatividade e inovação, os entrevistados responderam predominantemente de forma positiva, respondendo que são criativos e inovadores; apesar disso, poucos entrevistados não sem definem criativos e inovadores. Algo a ser levado em conta é a percepção de criatividade e inovação, pois ao ser observado o ambiente de trabalho, atendimento ao cliente, exposição dos produtos, etc. nota-se que poucos entrevistados são criativos e inovadores; alguns desses entrevistadores tiveram dificuldades em entender o que seria criatividade e inovação, apesar disso, foram dados exemplos para facilitar o entendimento da pergunta para o entrevistado.

Comprometimento e determinação é um compromisso do empreendedor. Se ele quer que seu negócio prospere, é uma responsabilidade é ser assumida. Quando os entrevistados foram perguntados sobre isso, os entrevistados responderam que são comprometidos e determinados, porém outros responderam que tem dificuldades nesse tema; alguns entrevistados relataram como é a sua rotina na produção, transporte, venda, contato com os clientes, entre outros; muitos contaram que são comprometidos e determinados porque é necessário para a sua sobrevivência.

Empreendedores são pessoas que se sentem muito confiantes no que fazem e independentes em suas atitudes, características de extrema importância não só para a carreira do empreendedor como também para a sobrevivência do seu negócio. Ao serem questionados sobre essas características, os entrevistados responderam que se sentem confiantes no que fazem e independente; como já foi mostrado anteriormente, um exemplo de entrevistado que responde a pergunta de

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forma satisfatória foi o mesmo que respondeu “fazer acontecer sem ajuda de ninguém.” ao ser perguntando o que ele entendia por empreender. Outros entrevistados relataram que são poucas as vezes que sentem-se confiantes e independentes, esses mesmos entrevistados foram os mesmos que responderam que são poucas as vezes que tomam iniciativas com facilidade.

Ao analisar algumas respostas, foi notado que alguns entrevistados responderam de forma não muito satisfatória. Para melhor entendimento, as próximas perguntas foram colocadas em uma seqüência para serem melhores analisadas e também para os leitores entender melhor a análise que será feita ao final.

Algo fundamental do empreendedor é o planejamento. Saber “o que”, “quando”, “onde” e “porque” é um dos principais fatores tanto para o desenvolvimento do negócio como também para o aprimoramento do empreendedor. Os entrevistados foram perguntados se eles planejam algo antes de começar, uns responderam que planejam com freqüência, porém outros entrevistados responderam que são poucas as vezes que fazem esse planejamento, chegando a fazer isso raramente. O planejamento é um dos fatores fundamentais para o empreendedor e para o negócio, existindo um planejamento bem feito, o empreendedor saberá melhor o que será feito e também quais metas devem ser alcançadas (trabalhar com metas bem definidas), lidar com algumas incertezas e também saberá como se comportar caso as incertezas aconteçam (lidar com os riscos e lidar com o fracasso).

Quando os entrevistados foram perguntados se eles trabalham com metas bem definidas, estes responderam que sabem quais metas devem ser atingidas para manter o negócio funcionando, porém outros entrevistados responderam que são poucas as vezes que isso é feito, chegando a ser rara a definição de metas.

Ao serem perguntados se sabem lidar com os riscos, os entrevistados responderam com clareza que sempre sabem lidar com os riscos, porém outros entrevistados disseram que sabem lidar com os riscos com pouca freqüência, chegando a nunca planejar e se preparar para eventuais riscos.

E a última pergunta que foi colocada em seqüência, buscou saber se os entrevistados sabiam lidar com o fracasso, os entrevistados responderam que sempre lidam com o fracasso, chegando até relatar alguns problemas e como

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fizeram para superá-lo, porém outros entrevistados disseram que são poucas as vezes que sabem lidar com os fracassos.

Ao realizar análise das respostas dos permissionários em relação a estas perguntas, percebe-se que alguns entrevistados não tiveram respostas tão satisfatórias, mas apesar disso, é algo que se deve ter atenção com exemplo de um entrevistado: o entrevistado respondeu que são poucas as vezes que planeja algo antes de começar qualquer atividade, esta resposta refletiu em duas seguintes, onde foi respondido que é muito raro trabalhar com metas bem definidas e que nunca sabe lidar com os riscos.

Foi percebido que alguns entrevistados tiveram dificuldade em entender algumas perguntas do questionário; vale lembrar que o questionário foi feito da forma mais simples possível para o fácil entendimento de todos os entrevistados; Foi notado que alguns entrevistados que tiveram dificuldades conseguiram responder as pergunta quando foi dado um ou dois exemplos, apesar das respostas terem sido satisfatórias, foi notado que não condizia com a realidade; alguns fatores podem ter influência, mais precisamente em relação ao nível de escolaridade; Alguns desses entrevistados que tiveram dificuldade em responder as perguntas não tinha ensino fundamental completo e ensino médio completo; outro fator que é o entendimento dos permissionários sobre o que é empreendedorismo (os mesmos entrevistados que tiveram dificuldades em responder as perguntas, também tiveram certas dificuldades em definir o que é empreender).

Apesar de alguns entrevistados terem dificuldades, de um modo geral, foram obtidos bons resultados em relação aos permissionários da Cecafes. Percebe-se que estes têm potencial empreendedor, que em sua maioria, foi percebida convicção e firmeza nas respostas, o que se considera um fator positivo, pois é necessário para um empreendedor: ter clareza o objetividade nas suas atitudes; Para os entrevistados que não tiveram bom desempenho, pode-se dedicar atividades ou cursos de empreendedorismo, pois mesmo com o desempenho não satisfatórios, os mesmo apresentaram um grande potencial empreendedor.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No cenário atual brasileiro o empreendedorismo na agricultura familiar vem sendo discutido e analisado, visto que como já exposto neste trabalho, a agricultura familiar abastece as mesas da maior parte da população. Este trabalho teve como iniciativa caracterizar o perfil empreendedor de alguns trabalhadores rurais, lotados na Cecafes como permissionários, a rotina desses permissionários na Cecafes se resume a oferecer os seus produtos orgânicos, de qualidade e a um preço justo aos clientes.

Para alavancar as vendas e obter maior lucratividade, através da venda de produtos sustentáveis, a análise feita ao perfil empreendedor dos permissionários da Cecafes, é relevante, pois o sucesso financeiro deve estar interligado as decisões que envolvem o empreendedorismo destes permissionários. E é através do sucesso financeiro que há uma melhoria a qualidade de vida destes trabalhadores, que em sua maioria pelo Brasil afora, sobrevivem exclusivamente da agricultura familiar, para consumo próprio e venda.

Durante o processo de pesquisa de campo, surgiram algumas dificuldades de teor burocrático que foram contornadas e que não impediram a realização deste trabalho; outros desafios estão relacionados ao material bibliográfico na área de administração, relativo ao empreendedorismo na agricultura familiar, já que é um tema pouco explorado na área.

É intenção, através da proposta deste trabalho, que esta temática seja cada dia mais estudado por pesquisadores da área de administração, pois é um tema relevante para a sociedade, pois parte da população brasileira está no campo, produzindo e abastecendo as mesas dos brasileiros, através da agricultura familiar que possui relação direta com a economia solidária.

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