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Relatório de Estágio realizado na Farmácia Aliança

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Academic year: 2021

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I

Joana Filipa Casais Mota 200800010

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I

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Aliança

Setembro de 2013 a Março de 2014

Joana Filipa Casais Mota

Orientador: Dr. Carlos Costa Brás da Cunha

________________________________

Tutor FFUP: Prof. Drª Susana Casal

________________________________

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II

Declaração de Integridade

Eu, Joana Filipa Casais Mota, abaixo assinado, nº 200800010, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter actuado com absoluta integridade na elaboração deste documento. Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (acto pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 18 de Setembro de 2014

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III

Agradecimentos

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à Faculdade de Farmácia, na pessoa da Professora Susana Casal, por todo o profissionalismo, dedicação e empenho que demonstrou ao longo de todo o processo de estágio, desde o momento da colocação até ao momento da entrega, tendo sempre sido um dos maiores apoios que eu, enquanto estagiária, tive. Uma das melhores profissionais que conheci e que muito me ensinou durante esta fase. Rigor, profissionalismo, determinação e espirito de sacrifício foram mais valências que aprendi com a professora. Obrigada pela insistência, sem dúvida uma honra por ter sido a minha tutora.

Ao doutor Carlos, obrigada do fundo do coração. Sendo um dos Homens mais activos que conheço, o Dr. Carlos prima pela exigência, pela curiosidade e pela audácia. É alguém incapaz de estar parado, estando sempre à frente do seu tempo. É alguém que acredita no Futuro e não se assusta com crise, com caras feias ou com falta de apoio pelos seus iguais. De facto, ninguém é igual a ele. Obrigada a si, doutor, por ter tornado o meu estágio possível, por me ter ajudado desde sempre, por me ter tirado medos e convicções erradas. Consigo aprendi que com medo, nunca alcançamos patamares superiores. Obrigada, por tudo.

Às Doutoras Susana e Sónia, por todos os ensinamentos preciosos que me deram, por me terem mostrado que na nossa profissão o estudo é algo contínuo e que devemos sempre primar pela melhor formação, para poder servir mais e melhor os nossos utentes. Obrigada por me terem feito apaixonar pelas medicinas complementares, pelos meus dois amores, homeopatia e fitoterapia. Obrigada pela paciência.

Ao Doutor Alexandre, que sempre, desde o primeiro dia, foi dos maiores apoios que um estagiário pode ter. Por tudo o que me ensinou, enquanto farmacêutica e pessoa, por todo o cuidado em ensinar e por me ter mostrado que o amor às pessoas é a melhor base de um farmacêutico.

Aos meus técnicos, Eduardo e Pedro, por toda a ajuda, por todo o trabalho em equipa, por todos as rizadas e por terem sido sempre os maiores companheiros que alguém podia ter na FA. Obrigada por corrigirem todos os meus erros, e por me ensinarem a colmatá-los.

À minha Paulinha, à minha Fatinha e à Lurdes, que desde o primeiro dia foram as mãezonas da FA. Obrigada por todos os puxões de orelhas, por todos os mimos nos momentos mais difíceis, por todo o apoio que me deram. Obrigada por nos ajudarem a crescer, por nos darem a mão nos primeiros passos. Sem a vossa presença, tudo seria mais complicado. Mais do que colegas, amigas que ficam no coração.

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IV

as parvoíces feitas, todo o riso partilhado, que em dias difíceis fez toda a diferença. Bem mais que um colega de trabalho, um amigo. Obrigada por me teres feito rir quando o cansaço já era mais do que suficiente.

Aos meus estagiários, amigos que levo para a vida. Obrigada, por termos sido sempre unidos mesmo quando resmungávamos. Obrigada por tudo o que me ensinaram e deram, enquanto futura farmacêutica e enquanto pessoa. Ana, praticamente desde o primeiro dia juntas, o estágio foi praticamente divido em tudo. Momentos bons e maus. Por todos os conhecimentos partilhados, por todos os momentos passados juntas. Foste o meu maior apoio, obrigada por tudo. Mais do que uma colega com quem tive o prazer de crescer, uma amiga para a vida. Sofia e Jorginho, os mais recentes, obrigada por tudo, pela partilha e entrega desde o primeiro dia. Espero ter ajudado e ter feito com que se sentissem bem connosco.

Aos meus brilhantes amigos, que sempre estiveram lá. Que nunca me deixaram cair, nem nos piores momentos. Obrigada pelos abraços no momento certo, pelos telefonemas a horas impróprias, por tudo e por nada. Obrigada, por serem a minha outra família.

Um especial e sentido obrigada às pessoas que mais lutaram por mim durante todo este tempo. Nos momentos bons e péssimos, nos tropeções da vida e nos maiores triunfos, aos meus pais, por serem desde que existo os maiores exemplos de determinação e coragem que algum filho pode ter. Por todos os sacríficos, por todas as lágrimas divididas, por todos os sorrisos de orgulho, por tudo, por serem os meus maiores heróis e aqueles que, aconteça o que acontecer, estarão sempre lá. Foi um orgulho ter dividido esta batalha convosco. Obrigada. Espero que estejam orgulhosos. Ao meu outro herói, que tanto me ensinou desde o meu primeiro minuto de vida. Por ter sido sempre o maior impulsionador do meu triunfo, nos estudos e na vida. Porque sempre me ensinou que não há barreiras quando realmente se quer vencer. Por todos os minutos de dedicação, de perdas e de vitórias partilhadas. Por seres o melhor irmão do mundo, o meu maior exemplo de coragem. Tal como sempre me disseste, desistir nunca foi nem será opção. Obrigada meu maior orgulho.À minha avó e padrinho, que sempre quiseram a sua menina formada. Espero que continuem a apoiar e a seguir todos os meus passos, desde sempre e para sempre. Por fim, há pessoa por quem nunca desisti. A ti, que sempre prometi ser o teu melhor exemplo. Por ti consegui, obrigada pelo apoio que mesmo de muito longe sempre me deste. A ti, dedico todos os sonhos que concretizei e todos os que irei concretizar. Obrigada por sempre me teres guiado. Espero que estejas orgulhoso de mim. Obrigada por seres a minha inspiração.

Porque não importa as horas de sono perdidas, as pestanas queimadas a estudar ou todas as lágrimas derramadas por impotência ou frustração. Porque, no fim, tudo vale a pena.

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V

Índice

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE ... II AGRADECIMENTOS ... III ÍNDICE ... V LISTA DE ACRÓNIMOS ... VII PARTE 1: A FARMÁCIA ALIANÇA

INTRODUÇÃO ... 1

ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E FUNCIONAL ... 2

ZONA ENVOLVENTE E UTENTES ... 2

ESPAÇO FÍSICO EXTERIOR E HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO ... 2

ESPAÇO INTERIOR ... 2

RECURSOS HUMANOS ... 3

PRODUTOS EXISTENTES NA FARMÁCIA ALIANÇA... 4

MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA ... 4

MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA ... 4

PRODUTOS DE PROTOCOLO DA DIABETES ... 4

PRODUTOS COSMÉTICOS E DE HIGIENE CORPORAL ... 5

MEDICAMENTOS MANIPULADOS... 5

PRODUTOS E MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS ... 6

PRODUTOS FITOTERAPÊUTICOS ... 6

SUPER-ALIMENTOS ... 6

PRODUTOS E MEDICAMENTOS DE USO VETERINÁRIO ... 7

DISPOSITIVOS MÉDICOS ... 7

OUTROS PRODUTOS ... 7

DISPENSA DE MEDICAMENTOS ... 8

PRESCRIÇÃO MÉDICA E SUA VALIDAÇÃO ... 8

INTERPRETAÇÃO, AVALIAÇÃO FARMACÊUTICA E ACONSELHAMENTO ... 9

MEDICAMENTOS GENÉRICOS E SISTEMA DE PREÇOS DE REFERÊNCIA ... 9

MEDICAMENTOS COMPARTICIPADOS ... 10

CONFERÊNCIA DE RECEITUÁRIO E FATURAÇÃO ... 11

PSICOTRÓPICOS E ESTUPEFACIENTES ... 12

GESTÃO E CIRCUITO DO MEDICAMENTO ... 13

SISTEMA INFORMÁTICO ... 13 GESTÃO DE STOCKS ... 13 SELEÇÃO DO FORNECEDOR ... 14 MARKETING NA FARMÁCIA ... 14 REALIZAÇÃO DE ENCOMENDAS ... 14 OCIRCUITO DO MEDICAMENTO... 15

SERVIÇOS PRESTADOS NA FARMÁCIA ... 18

FARMACOVIGILÂNCIA... 18

FARMÁCIA CLÍNICA E SERVIÇOS FARMACÊUTICAS ... 19

OUTROS SERVIÇOS ... 20

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VI

O FARMACÊUTICO E A SOCIEDADE ... 21

INTERVENÇÃO SOCIAL ... 22

RASTREIOS ... 22

PEQUENINOS E COMPANHIA ... 22

CASO ESTUDO 1 - A HOMEOPATIA ... 23

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 23

ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO ... 30

CONCLUSÃO/DISCUSSÃO ... 30

CASO DE ESTUDO 2 - TIRÓIDE E ALIMENTAÇÃO ... 31

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 31

ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO ... 35

CONCLUSÃO/DISCUSSÃO ... 35

CASO ESTUDO 3 – ENVELHECIMENTO ATIVO ... 36

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 36

ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO ... 41

CONCLUSÃO/DISCUSSÃO ... 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS

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VII

Lista de acrónimos

CCR CNP CGD DCI DT FA FEFO FIFO IVA MNSRM MSRM NETT PVP SAMS SNS SPR ANF ARS COFANOR COOPROFAR PCHC INFARMED

Centro de Conferência de Receitas Código Nacional Português

Caixa Geral de Depósitos

Denominação comum internacional Director técnico

FarmáciaAliança

First Expired, First Out

First In, First Out

Imposto sobre oValor Acrescentado

Medicamentos não sujeitos a receita médica Medicamentos sujeitos a receita médica Medicamentos e Produtos de Saúde Não Éticos Preço venda ao público

Serviços de Assistência Médico-Social Sistema Nacional de Saúde

Sistema de Preços de Referência

Associação Nacional de Farmácia Administração Regional de Saúde Cooperativa dos Farmacêuticos do Norte Cooperativa dos Proprietários

Produtos Cosméticos e de Higiene Autoridade Nacional do Medicamento

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Parte 1

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Introdução

“Toda a teoria deve ser feita para poder ser posta em prática, e toda a prática deve obedecer a uma teoria. Só os espíritos superficiais desligam a teoria da prática, não olhando a que a teoria não é senão uma teoria da prática, e a prática não é senão a prática de uma teoria. Quem não sabe nada dum assunto, e consegue alguma coisa nele por sorte ou acaso, chama «teórico» a quem sabe mais, e, por igual acaso, consegue menos. Quem sabe, mas não sabe aplicar - isto é, quem afinal não sabe, porque não saber aplicar é uma maneira de não saber -, tem rancor a quem aplica por instinto, isto é, sem saber que realmente sabe. Mas, em ambos os casos, para o homem são de espírito e equilibrado de inteligência, há uma separação abusiva. Na vida superior a teoria e a prática completam-se. Foram feitas uma para a outra.”

Fernando Pessoa

A Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, em cooperação com a Ordem do Farmacêuticos, proporciona aos seus estudantes do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas a possibilidade de realização de um estágio, curricular e obrigatório, em Farmácia Comunitária, no final do curso. Este estágio, obrigatório, dá a possibilidade ao estudante de estudar, in loco, muitas das competências que adquirimos durante o curso e de aprofundar muitas das matérias lecionadas e aprendidas ao longo dos 5 anos. Embora o seu trabalho esteja estritamente relacionado com a dispensa de medicamentos, a noção de ato farmacêutico tem vindo a alargar-se. Assim, hoje em dia, um farmacêutico tem como principal função, antes do auxílio na cura/controlo da doença, a promoção da saúde, e a prevenção da doença.

A componente prática é essencial para o futuro farmacêutico, porque sendo a nossa classe muitas das vezes a primeira a intervir na comunidade em caso de doença ou patologia, temos de saber como, quando e de que forma atuar. Aprender a ouvir, a compreender, a observa, a ajudar e aconselhar o utente são as melhores estratégias para chegar aos utentes e conseguir suprir todas as necessidades que possam eventualmente ter.

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Organização do espaço fı́sico e

funcional

Zona envolvente e utentes

A Farmácia Aliança (FA) é uma das farmácias que servem a freguesia da Vitória, pertencente ao Concelho e Distrito do Porto. Situa-se na Rua Conceição, n.º 2 a 18, em pleno centro da cidade pelo que a sua localização é de fácil acesso às populações. Tem um grupo bastante heterogéneo de utentes, fidelizados, ocasionais, nacionais ou estrangeiros. A FA tem uma grande diversidade de produtos e serviços, o que permite manter um contato mais próximo e uma relação de maior confiança e lealdade entre os utentes e os profissionais da FA. Ao dispor dos seus utentes, a farmácia presta ainda o serviço de entregas ao domicílio por todo o grande Porto.

Espaço físico exterior e Horário de Funcionamento

O exterior da FA rege-se pelo regime jurídico das farmácias de oficina (Decreto-Lei (DL) nº 307/2007, de 31 de Agosto1 e as subsequentes alterações a este, inscritas no DL n.º 171/2012, de

1 de agosto 2 e na Lei n.º 16/2013, de 8 de Fevereiro3).Esta farmácia possui dois espaços físicos

separados entre si, um dedicado à ortopedia e puericultura e outro para a dispensa de medicamentos e serviços farmacêuticos. A farmácia tem uma porta de acesso ao público, de acesso direto à farmácia. Possui outra porta de acesso à parte de ortopedia e bebé. Possui, por fim, uma porta de entrega de mercadorias numa das laterais da farmácia, com acesso direto ao armazém, de forma a não perturbar o funcionamento da farmácia. A parte exterior está igualmente conforme o regime jurídico das farmácias de oficina (DL n.º 172/2012, de 1 de agosto4, e a Portaria n.º 277/2012, de 12 de setembro5). A farmácia está aberta das 08:30 às

22:00 de Segunda a Sábado, encerrando ao Domingo. Integra ainda o plano de turnos de serviço permanente, aprovados pela Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte). Nas suas cinco montras há uma enorme preocupação com o marketing e com a imagem que o utente recebe quando passa na rua. Aqui surgem produtos de venda sazonal, promoções e até informação sobre serviços farmacêuticos.

Espaço interior

A FA está dividida em diversas áreas funcionais, tal como previsto no Decreto-Lei nº. 307/2007, de 31 de Agosto1 e no Decreto-Lei nº. 171/2012, de 1 de Agosto2.A zona de

atendimento geral ao público é caracterizada (segundo a deliberação n.º 2473/2007, de 28 de novembro6) por um ambiente amplo, iluminado e acolhedor o que oferece um maior conforto ao

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geral e com localização mais central e outro mais recuado, destinado a aconselhamento em dermocosmética. Existem ainda várias prateleiras, expositores e gavetas destinados aos mais variados produtos, sempre separados por área de actuação: dermocosmética, veterinária, homeopatia, suplementação alimentar, etc. Os medicamentos na FA são guardados em gavetas próprias, organizadas a fim de permitir um acesso rápido por parte da equipa aquando do atendimento: comprimidos ou cápsulas estão guardados por ordem alfabética de DCI, parte deles numa zona mais recuada da parte de atendimento ao público e outra no armazém. No armazém existem também guardados os medicamentos sob a forma de xaropes, ampolas, colírios, semi-sólidos, granulados e ainda injetáveis, medicamentos de uso externo, medicamentos de uso veterinário, produtos do protocolo de diabetes, dispositivos médicos e produtos de higiene. Existe ainda uma gaveta exclusiva para psicotrópicos e estupefacientes. Todos estes medicamentos têm espaços específicos estando organizados por nome comercial ou por DCI no caso dos medicamentos genéricos. Nesta área existe ainda o frigorífico, com higrómetro, para acondicionar produtos de frio (de 2-8ºC). Esta zona possui um semi-piso superior, para armazenamento de produtos excedentes, de todos os produtos, exceto produtos de dermocosmética (que são armazenados no armazém de dermocosmética, no 1º piso) ou produtos naturais (que são armazenados em prateleiras no laboratório de medicamentos manipulados, no primeiro piso). Próximo da área de atendimento ao público existe uma zona de atendimento personalizado, para determinação de parâmetros bioquímicos, monitorização do peso e da tensão arterial. Este local, resguardado do público, é ainda utilizado para tratamentos de enfermagem, para aplicação de injeções, entre outros, sempre que haja necessidade de mais privacidade. No primeiro andar existe o escritório do DT, um armazém de dermocosmética, um gabinete de serviços especializados e um laboratório destinado à manipulação de medicamentos. O laboratório segue as normas estipuladas pela Portaria nº 594/2004, de 2 de Junho7,

encontrando-se equipado com todo o material necessário para a manipulação e respetivo acondicionamento, seguindo também por isso o estabelecido pela Deliberação nº 1500/2004, de 7 de Dezembro8. Aqui ficam guardadas as matérias-primas e todo o equipamento necessário

para a manipulação para além de todas as informações destas e de toda a bibliografia obrigatória da Farmácia.

Recursos Humanos

Respeitando o DL nº 307/2007, de 31 de Agosto1, equipa é constituída por: diretor técnico, e

também proprietário, o Dr. Carlos Cunha, farmacêuticos adjuntos: a Dra. Sónia Correia, a Dra. Susana Castro e o Dr. Alexandre Faria ajudantes técnicos: a D.ª Paula Martinho, a D.ª Fátima Sousa, o Sr. Eduardo Moreira e o Sr. João Pedro Jorge. Existem ainda prestadores de serviços como Nutricionista, Naturopata, Podóloga, Enfermeiras, entre outros.

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Produtos existentes na Farmácia

Aliança

Medicamentos sujeitos a receita médica

De acordo com o Estatuto do Medicamento, os medicamentos sujeitos a receita médica devem preencher uma das seguintes condições: possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica; possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam; contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar; destinem-se a ser administrados por via parentérica.

Medicamentos não sujeitos a receita médica

São todos aqueles que não preenchem qualquer uma das condições anteriormente referidas, não sendo necessária a apresentação de receita médica para que sejam dispensados. Normalmente, não são comparticipados pelo Estado, “salvo nos casos previstos na legislação que define o regime de comparticipação do Estado no preço dos medicamentos” (DL n.º 176/2006, de 30 de Agosto9).Destinam-se normalmente ao alívio, tratamento ou simples prevenção de sintomas ou

síndromes menores, que não requeiram cuidados médicos. Uma vez que não existem substâncias verdadeiramente inócuas deve-se combater o seu consumo indiscriminado. Estes produtos, não requerendo receita médica para a sua dispensa, são muitas vezes usados em automedicação. Esse fato exige uma atenção especial por parte do farmacêutico, e o esclarecimento do utente, para que este não tenha qualquer dúvida em relação ao uso do medicamento, incluindo o modo de administração, posologia, duração do tratamento, possíveis efeitos adversos mais comuns, contraindicações e interações.

Produtos de protocolo da Diabetes

A Portaria n.º 364/2010, de 23 de Junho10, define os preços máximos de venda ao público das

tiras-teste para determinação de glicemia, cetonemia e cetonúria, das agulhas, seringas e lancetas destinadas aos doentes com diabetes. A comparticipação do Estado nos custos de aquisição das tiras-teste mantém nos 85% do preço de venda ao público e nos 100% do PVP das agulhas, seringas e lancetas destinadas aos utentes do SNS e subsistemas públicos. Na Farmácia Aliança, estes produtos encontram-se armazenados numa gaveta específica, separados dos restantes produtos.

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Produtos cosméticos e de higiene corporal

Segundo o Decreto-Lei n.º 189/2008, de 24 de Setembro11, com posteriores alterações pelos DL

n.º 115/2009, de 18 de maio12, n.º 113/2010, de 21 de outubro13, n.º 63/2012, de 15 de março14,

um produto cosmético e de higiene corporal é “qualquer substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano, nomeadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspecto e ou proteger ou os manter em bom estado e ou de corrigir os odores corporais”. Nesta gama de produtos, incluem-se preparações semissólidas para a pele, máscaras de beleza, produtos de maquilhagem, sabonetes, desodorizantes, produtos capilares, perfumes, preparações para banho, produtos depilatórios, produtos para a barba, buco-dentários, produtos para as unhas, fotoprotectores, antirrugas, produtos para cuidados íntimos de higiene de uso externo, etc. Atualmente, a diversidade de marcas e produtos, permite que o farmacêutico faça um aconselhamento rigoroso e adequado nesta área, garantindo a qualidade e segurança na sua utilização. Cada utente deve ser encarado como um caso específico, deve conhecer-se os produtos e as necessidades de cada tipo de pele o mais aprofundadamente possível. A Farmácia Aliança possui uma vasta gama e marcas deste tipo de produtos, expostos na área da cosmética. Dentro de cada marca estão diferenciados por linhas, como por exemplo pele seca, pele acneica, pele sensível e pele atópica, o que facilita a visualização por parte do utente e o aconselhamento por parte do farmacêutico. Sendo esta a área em que me sentia menos preparada fiz varias formações na área de dermocosmética, tais como ISDIN, SKINCEUTICALS e LIERAC.

Medicamentos Manipulados

Segundo o Decreto-Lei n.º 95/2004, de 22 de Abril15, “medicamento manipulado é qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico”. A Farmácia Aliança prepara medicamentos manipulados regularmente, quer fórmulas magistrais quer preparados oficinais, especialmente para dermatologia. Quando se prepara um manipulado, o operador tem que efetuar o registo de movimento da matéria-prima, criar uma ficha de preparação e calcular o seu preço de venda ao público. Mensalmente tem de se fazer a verificação dos prazos de validade. O registo dos preços e atualizar o registo de matérias-primas, adicionando sempre que entra uma nova matéria-prima no stock da farmácia. Foi ao nível dos manipulados que mais me desenvolvi a nível de independência de trabalho. Durante o estágio temos muita facilidade de acesso à preparação de manipulados. Assim, aproveitando a liberdade de movimento que a FA nos dá nesta área, fui eu que durante os seis meses controlei entrada e saída de matérias-primas, prazos de validade e preços, tendo em Dezembro de 2013 feito o balanço das saídas de matérias primas, atualizando as listagens de

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preços e de prazos de validade, deixando tudo preparado para o ano que se avizinhava. Todo este trabalho foi controlado e verificado pela Farmacêutica Responsável.

Produtos e medicamentos homeopáticos

A homeopatia pretende tratar o indivíduo como um todo e não apenas a doença, já que tem como premissa que o corpo humano está apto a curar-se a si próprio e que os sintomas de uma doença são as manifestações das defesas naturais do corpo. A homeopatia tem como base uma terapêutica natural e é utilizada como medicamento complementar aos medicamentos ditos convencionais (medicina alopática), em situações como constipações; estados gripais; infeções crónicas ou agudas de ouvidos, nariz e garganta; distúrbios do sistema digestivo; stress; insónia; pequenos traumatismos, entre outras.

Produtos fitoterapêuticos

Fitoterapia consiste em usar a parte ativa da planta, baseando-se nas suas propriedades profiláticas, curativas ou de alívio de sintomas. Não são os mais indicados para situações graves nem manifestações agudas, mas podem ser usados como complemento do tratamento com fármacos convencionais. Esta é portanto, uma área onde o farmacêutico deve intervir ativamente, informando o utente e orientando na procura de um produto adequado à situação, para além das precauções a ter no seu uso. A Farmácia Aliança é de facto muito procurada pela grande variedade de produtos de fitoterapia e suplementos alimentares, tais como estimulantes de memória, produtos de emagrecimento, entre outros.Durante o meu estágio, e tendo em conta o enorme interesse que sempre tive por produtos naturais e de apoio a um estilo de vida equilibrado, em parceria com outras colegas de estágio, fiz uma pesquisa sobre produtos de fitoterapia usados no envelhecimento, cerebral e físico, e sobre produtos de suplementação a usar em patologias da tiróide. Tentei aprender e apreender o máximo de informação sobre este assunto porque na minha opinião é uma área com muito futuro a nível de farmácia comunitária e de melhoria da qualidade de vida das populações.

Super-alimentos16

Superalimento é um termo utilizado para descrever, alimentos de alto teor em fitonutrientes com elevados benefícios para a saúde. Estes alimentos são geralmente naturais, inteiros e contêm altos teores de vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos gordos essenciais ou antioxidantes. A incorporação destes alimentos na alimentação diária melhora de um modo geral a saúde física. Os superalimentos (chia, açaí, cânhamo, camu camu, clorela, entre muitos outros) são uma ótima opção para todos aqueles que praticam um estilo de vida saudável e querem preservar a saúde e prevenir a doença. A FA apostou muito nesta vertente de saúde e

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tem tido cada vez mais resultados. Foi uma área que muito me entusiasmou e que ainda me fascinou mais por alimentação e dietética associadas a viver mais e melhor.

Produtos e medicamentos de uso veterinário

Segundo o Decreto-Lei n.º 148/2008, de 29 de Julho17, “Medicamento Veterinário” é definido

como “todo o medicamento destinado a animais”. Este tipo de medicamentos é identificado pela inscrição “USO VETERINÁRIO”. Estes produtos são adquiridos aos distribuidores farmacêuticos e não têm preço marcado, tendo a farmácia de definir a margem que pretende e realizar a marcação do PVP. O seu armazenamento deve ser feito em local distinto dos medicamentos de uso humano, para que não sejam confundidos. Na FA os produtos mais procurados são antiparasitários, parasiticidas de uso externo, produtos de higiene, anticoncecionais e antibióticos. Embora a equipa técnica da Farmácia Aliança tenha formação nesta área, podem sempre aparecer situações para a resolução das quais essa formação seja insuficiente. Assim, surge o projeto GlobalVet, de modo a garantir uma boa intervenção e aconselhamento no ato da dispensa. Assim, FA tem à disposição (via telefone), um veterinário, ao qual se recorre para esclarecer alguma dúvida. No caso de MSRM, estes são prescritos com receita médico-veterinária, regulada pela portaria n.º 1138/2008, de 10 de Outubro18, não sendo, no entanto, comparticipados.

Dispositivos médicos

Podem ser separados em dois grandes grupos, os invasivos e os não invasivos, e são definidos e regulamentados pelo DL nº 145/2009, de 17 de Junho19. Na FA podem ser encontrados

variadíssimos dispositivos especialmente na secção de ortopedia.

Outros produtos

Existem ainda outros produtos tanto na parte de ortopedia e puericultura como na outra parte da FA. Produtos destinados a mamãs e bebés, crianças, artigos de puericultura, artigos ortopédicos, produtos de alimentação especial, desde fórmulas para lactentes, até alimentos para dietas com restrição calórica ou com necessidades energéticas especiais, entre outros, são exemplo desta enorme variedade.

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Dispensa de medicamentos

O farmacêutico tem um papel essencial no esclarecimento, educação e aconselhamento da população, sendo o profissional de saúde mais próximo e acessível, e o último a contatar com o doente antes de serem iniciadas as terapêuticas. Cabe-lhe zelar por uma utilização correta, racional e segura do medicamento, sem esquecer os princípios éticos da profissão. A dispensa do medicamento e o aconselhamento prestado variam, consoante se trate do aviamento de uma receita médica ou de um pedido voluntário do doente em relação a algum produto. Todavia a grande necessidade de informação para um bom aconselhamento não advém de todo o estudo realizado durante os cinco anos de curso. Na faculdade sempre nos chamaram a atenção para a importância do farmacêutico no ato da dispensa dos medicamentos. Sendo um papel de enorme responsabilidade, sempre que tinha dúvidas não hesitava em pedir conselhos, opiniões e ajuda aos meus colegas. Enquanto estudantes e futuros farmacêuticos, bem mais que a teoria apreendida, precisamos de muita mais prática e experiência para conseguir o discernimento certo para lidar com situações imprevistas.

É importante não só saber dispensar como compreender e entender as necessidades de cada um. Especialmente em algumas situações especiais ou faixas etárias que requerem mais atenção, o farmacêutico tem que os conseguir ajudar não só na explicação da farmacoterapia (dos efeitos terapêuticos, posologia, duração do tratamento, modo e via de administração, precauções especiais de utilização, possíveis efeitos secundários, interações e contraindicações) como também na prevenção do abuso medicamentoso ou até da automedicação.

Prescrição médica e sua validação

A prescrição médica constitui o meio de o médico comunicar ao farmacêutico a terapêutica instituída no caso daquele utente em particular e corresponde a um ato de exclusiva responsabilidade médica. O atual modelo de receita médica (renovável e não renovável) encontra-se em vigor desde 1 de Janeiro de 2003 no que diz respeito ao SNS, segundo a Portaria n.º 1501/2002, de 12 de Dezembro20; no caso da ADSE, encontra-se em vigor desde Março de 2004. A 02/2014 as normas relativas à dispensa de medicação e à validação da prescrição médica foram revistas e as normas que sofreram algumas alterações entraram em vigor a 1 de Março de 2014 (as prescrições são atualmente reguladas pela Lei n.º 11/2012, de 8 de março21, e pela portaria n.º 137-10A/2012, de 11 de maio22, alterada pela

Portaria n.º 224-A/2013, de 9 de Julho23 e pelo despacho n.º 11254/2013, de 30 de agosto24).

Atualmente a receita manual está a entrar em desuso, sendo que, salvo raras exceções, as receitas deverão estar em formato eletrónico. Para que seja manual tem de ser justificada com uma de quatro exceções (Falência do sistema informático; Inadaptação fundamentada do prescritor, previamente confirmada e validada anualmente pela respetiva Ordem profissional; Prescrição ao domicílio; Outras situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês). A partir do momento em que o

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farmacêutico recebe a receita médica, este torna-se responsável pela verificação e validação da receita médica.

Interpretação, avaliação farmacêutica e aconselhamento

Após validação da receita, o farmacêutico procede à análise do seu conteúdo, avaliando o medicamento, a dose, a via e frequência de administração, a duração do tratamento indicadas pelo prescritor. O farmacêutico deve verificar se existem possíveis incompatibilidades entre os medicamentos prescritos (interações medicamentosas) e possíveis contraindicações que podem interferir com a sua biodisponibilidade e com a adequação da terapêutica ao utente em questão. O farmacêutico deve ter especial cuidado com alguns casos específicos como grávidas, crianças, doentes polimedicados, doentes renais e/ou hepáticos, entre outros. No ato da dispensa o farmacêutico tem que informar o utente se existirem medicamentos genéricos similares ou de marca mais barata em alternativa aos prescritos, comparticipados também pelo SNS e qual o mais barato. A decisão final de substituição ou não, após informação objetiva, pertence sempre ao utente que tem que ser informado do seu direito de opção pelo farmacêutico.

Por fim, o utente tem que sair da farmácia totalmente esclarecido da forma de administração, da posologia, da importância do cumprimento das regras de toma, e de todos os riscos que podem advir de uma má utilização do medicamento em questão. Nestes casos temos que adaptar a nossa comunicação e da forma mais acessível conseguir dar todas as informações pertinentes ao utente. Só uma explicação cuidada dos medicamentos dispensados é que consegue potenciar a boa adesão à terapêutica. Um bom aconselhamento constitui sem dúvida uma das tarefas de maior responsabilidade do farmacêutico, porque daqui advém a confiança no técnico de saúde e o bem-estar da pessoa.

Medicamentos genéricos e sistema de preços de referência

Os medicamentos genéricos são definidos pelo Decreto-Lei nº 176/2006, de 30 de Agosto9,

como aquele que possui a “mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas,

a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência tenha sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados” e, de acordo com a

legislação, devem ser identificados pela denominação comum internacional (DCI), seguido da dosagem e da forma farmacêutica. Estes medicamentos surgem no mercado após terem caducado os direitos de propriedade industrial das substâncias terapêuticas diferentes das apresentadas pelo medicamento de referência já autorizado. Desta feita pode afirmar-se que o medicamento genérico deve possuir a mesma qualidade, segurança e eficácia que qualquer outro medicamento genérico do mesmo medicamento referência ou do próprio medicamento de referência.

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Nos medicamentos genéricos, a eficácia e a segurança da substância ativa já foi demonstrada pelos ensaios farmacológicos, clínicos e toxicológicos (exigidos no dossier de pedido de AIM do medicamento de referência) e pelos dados resultantes da utilização por parte dos utentes após a comercialização. É assim obrigatória a realização de ensaios de biodisponibilidade e bioequivalência destes medicamentos para demonstrar a equivalência terapêutica entre os dois produtos e para avaliar a qualidade. Assim os medicamentos genéricos surgem como uma mais-valia para a adesão à terapêutica porque como apresentam preços mais baixos, habitualmente, as pessoas conseguem adquiri-los mais facilmente e a menor custo.

Sistema de preços de referência

O sistema de preços de referência é aplicado a todos os medicamentos comparticipados que contenham pelo menos um medicamento genérico autorizado e comercializado no mercado português. Ao abrigo do Decreto-Lei n.º 270/2002, de 2 de Dezembro25, alterado pelo

Decreto-Lei n.º 81/2004, de 10 de Abril26, para medicamentos do mesmo grupo homogéneo o preço de referência é determinado com base nos preços dos 5 medicamentos mais baratos desse mesmo grupo. O SPR estabelece para cada grupo homogéneo uma comparticipação máxima, correspondente ao escalão de comparticipação de cada medicamento, calculado sobre o preço de referência ou igual ao Preço de Venda ao Publico (PVP) do medicamento, conforme o que for inferior. Assim, estipula-se um valor máximo de comparticipação de modo a incentivar a prescrição de medicamentos genéricos. Com a implementação do Preço de Referência, visa-se atribuir um valor máximo de comparticipação de modo a incentivar a prescrição de medicamentos genéricos. Se o médico não prescrever um genérico o utente tem de suportar a diferença. Deste modo, o utente passa a ser o principal interessado na prescrição de medicamentos com a mesma qualidade e menor custo. Além disso, o estabelecimento deste limite de comparticipação provocou a diminuição do preço de muitos medicamentos de marca, por existir uma grande diferença entre o PVP e o Preço de Referência.

Medicamentos Comparticipados

Determinados medicamentos são comparticipados, desde que o utente se faça acompanhar de receita médica. Esta comparticipação torna-se realmente importante para o utente pois deste modo as suas despesas diminuem.Existem várias entidades comparticipadoras, sendo que o SNS é o que abrange maior parte dos beneficiários. O SNS tem vários escalões de comparticipação segundo o DL n.º 106-A/2010, de 1 de outubro27: Escalão A (90%), B (69%), C (37%) e D (15%). No entanto existem

outras entidades que assumem uma certa quantia do medicamento: estas surgem em regimes especiais de comparticipação, sendo esta efetuada em função do subsistema dos beneficiários: são exemplos o

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sistemas de comparticipação da Caixa geral de depósitos (CGD), os serviços de assistência médico-social (SAMS) ou Multicare. Os beneficiários podem usufruir de uma das entidades ou entrar num regime de complementaridade quando são abrangidos por mais do que uma entidade. No caso do SNS, os escalões de comparticipação e as respetivas percentagens de comparticipação são definidos pelo Decreto-Lei n.º 48-A/2010, de 13 de Maio28, alterado pelo Decreto-Lei n.º 106-A/2010, de 1 de

Outubro27. Há algumas situações em que a percentagem de comparticipação está aumentada, no SNS:

beneficiários pensionistas, que estão isentos de taxas moderadoras, beneficiários com patologias crónicas(nas receitas possuem junto da entidade a inscrição “R”, “RT” ou “RO”), e ainda beneficiários abrangidos por despachos específicos relacionados com determinadas doenças como lúpus, psoríase, Alzheimer, entre outras. Estes despachos devem estar mencionados na receita, junto do medicamento com comparticipação especial.

Conferência de receituário e faturação

Aquando da dispensa dos medicamentos constantes de uma receita médica, depois da avaliação, interpretação, recolha e validação do receituário, procede-se à sua venda, pela ordem em que se encontram na receita, através da leitura ótica de cada um dos medicamentos prescritos. Nesta fase, introduz-se o código do organismo de comparticipação de medicamentos referido na receita, eventuais portarias ou despachos, dados do utente para emissão de fatura/recibo e número de beneficiário quando necessário (o preenchimento deste campo depende do organismo comparticipante). Nalguns casos a receita é abrangida por uma complementaridade de dois sistemas de comparticipação, sendo introduzido o código referente à junção de ambos e emitidos dois organismos (um imprime-se na receita original e outro numa fotocópia da receita contendo o cartão).

Após o aviamento, procede-se à conferência do receituário. São vários os pontos a ter em atenção: correto preenchimento da receita, correspondência entre os medicamentos prescritos e os que foram dispensados, respetivos organismos, portarias e despachos legislativos, presença do carimbo da farmácia, data da dispensa e rubrica de quem cedeu o medicamento.

No final de cada mês é feita a chamada faturação. Prossegue-se à separação do receituário por organismos e ao fecho dos lotes. Dentro de cada regime de comparticipação, as receitas médicas são agrupadas em lotes contendo, cada um, 30 receitas, sendo que o último lote de cada organismo poderá ter menos. À medida que esses lotes vão sendo completos, imprime-se um verbete de identificação que é anexo às receitas e onde figura um resumo dessas 30 receitas. Nesse verbete consta a seguinte informação: nome e código ANF da farmácia, mês e ano, identificação do organismo comparticipante, código-tipo e número sequencial do lote, quantidade de receitas - número de receitas médicas existentes no lote, quantidade de etiquetas, importância total do lote correspondente ao PVP, Importância total do lote a pagar pelo utente,

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importância total do lote a pagar pela entidade comparticipante. Nesta altura, no fecho do mês, são emitidos dois documentos: a fatura mensal dos medicamentos (em triplicado) e a relação de resumo de lotes (duplicado). As receitas comparticipadas pelo SNS são recolhidas até ao quinto dia do mês posterior. As receitas comparticipadas pelas restantes entidades são enviadas por correio para a sede da ANF até ao décimo dia do mês seguinte juntamente com três relações de resumo de lotes, respetiva fatura em triplicado para cada uma das entidades e ainda um resumo de relação de lotes comparticipados pelo SNS, que é então enviado por fax ao cuidado da Finanfarma. Há necessidade de se imprimir uma cópia extra do resumo mensal e da fatura mensal para arquivar na farmácia. Ocasionalmente são devolvidas receitas que não estão conforme, ou seja, não cumprem as exigências para se considerarem receitas válidas. São exemplo: receitas aviadas fora do prazo, a falta de alguma vinheta ou número de utente, etc. Essas receitas são devolvidas à farmácia acompanhadas do respetivo motivo de devolução. A farmácia pode tentar corrigir o erro, reenviando as receitas ou assumindo o erro, tomando-o como prejuízo. No caso de o erro ser passível de ser corrigido, é atribuído à receita não conforme um novo número de lote e são faturadas no mês seguinte.

Psicotrópicos e estupefacientes

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes podem causar tolerância e dependência e, portanto, torna-se necessário a aplicação de uma legislação específica e mais rigorosa (Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro29, alterado pela Lei 13/2012, de 26 de Março30) de forma a evitar

a sua comercialização generalizada e abusiva. Todos os meses os fornecedores enviam à farmácia um resumo dos psicotrópicos vendidos à farmácia. As requisições destes medicamentos devem ser conferidas, assinadas e carimbadas pelo DT que guarda o original na farmácia e envia o duplicado ao fornecedor. Estas listagens devem permanecer nos arquivos da farmácia por um período de três anos. Aquando da dispensa destes medicamentos é necessário preencher uma série de campos que justifiquem a dispensa do medicamento, incluindo dados do utente, do médico prescritor e do adquirente. Devem ser tiradas duas cópias da receita para serem arquivadas com os documentos impressos pelo sistema informático com os dados inseridos anteriormente. Trimestralmente é impresso um registo de entradas e saídas de psicotrópicos e estupefacientes da farmácia, que deve ser conferido com as receitas e documentos associados referentes a cada dispensa e guardado junto destas. O original da receita é tratado como uma receita normal, sendo as cópias guardadas na farmácia, por um período de três anos. No caso das receitas manuais uma das cópias é enviada para o INFARMED no final de cada mês juntamente com uma cópia da listagem de entradas e saídas de psicotrópicos da farmácia.

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Gestão e circuito do medicamento

Para além de um local de prestação de cuidados de saúde, uma farmácia é também uma empresa. Então, e de forma a se tirarem os maiores proveitos, garantindo um serviço farmacêutico de qualidade, tem que haver uma gestão contínua, em constante modificação, de acordo com a variação das conjunturas económica e legislativa. Para essa gestão ser mais eficaz recorrem-se a ferramentas, hoje em dia essenciais numa farmácia.

Sistema Informático

Desde 2004 que na FA se usa o SIFARMA 2000 (Deliberação nº 292/2005, de 17 de Fevereiro31),

Sendo uma ferramenta indispensável ao atendimento, é também uma ferramenta imprescindível à gestão, gestão de stocks, processo de venda, assim como um suporte informativo de última linha para o farmacêutico (não só numa vertente mais comercial, mas também, e a meu ver muito mais importante, numa vertente científica).

Gestão de stocks

Uma farmácia deve garantir a disponibilidade dos produtos. Cabe ao farmacêutico evitar duas situações para o funcionamento racional e equilibrado da farmácia: stock demasiado grande que leva a prazos de validade expirados e a capital imobilizado; stock demasiado pequeno que leva a rutura de stocks impossibilitando vendas e levando à descredibilização da farmácia. Devem por isso, evitar-se situações de rutura de stock mas ao mesmo tempo deve encomendar-se racionalmente, garantindo que os produtos não fiquem tempo excessivo na farmácia (impedindo movimentação do capital) e acabem por ter que se devolver por expiração do prazo de validade. Para se fazer uma boa gestão de stocks têm que se considerar algumas variáveis fundamentais: as condições comerciais oferecidas; a rotatividade, a sazonalidade e o prazo de validade do produto; a procura do produto; as bonificações efetuadas pelo fornecedor/laboratório; o espaço disponível para o armazenamento; a existência de campanhas publicitárias nos meios de comunicação social; as condições de pagamento; perfil de vendas de cada produto com base na qual se estabelecem os stocks máximo e mínimo na respetiva ficha; proximidade dos dias de serviço, entre outras.Na Farmácia Aliança cada profissional é responsável pela gestão de stocks de um determinado tipo de produtos (a Dra. Susana pelos produtos homeopáticos e matérias-primas, a Dr.ª Sónia pelos produtos naturais). Esta especialização e responsabilização de cada funcionário e da equipa, juntamente com várias aulas de gestão dadas pelo DT, fizeram-me ter nítida noção da enorme importância que uma boa gestão tem na sobrevivência de uma farmácia. Em complementaridade, segundo a Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de maio22, a farmácia tem de ter em stock pelo menos três dos medicamentos do grupo dos cinco medicamentos

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mais baratos de cada grupo homogéneo, com a mesma substância ativa, dosagem e forma farmacêutica.

Seleção do fornecedor

As farmácias podem encomendar os produtos diretamente ao laboratório ou representante da marca, mas fazem-no, por norma aos armazenistas/grossistas (pelo menos duas vezes por dia, no caso da FA, é feita uma encomenda com os produtos que atingem o Ponto de Encomenda). O principal fornecedor da FA é a COOPROFAR seguindo-se, a OCP Portugal, a AllianceHealthcare e a COFANOR. A escolha criteriosa do fornecedor é feita com base em vários parâmetros, nomeadamente a garantia da qualidade dos produtos fornecidos, rapidez e frequência de entrega, as vantagens económicas que disponibiliza, as condições e meios de pagamento que oferece e a flexibilidade na devolução de produtos, entre outros, que satisfaçam tanto os aspetos legais como as necessidades diárias da farmácia.Compra-se diretamente ao laboratório quando as condições são vantajosas do ponto de vista económico, nomeadamente a nível das bonificações, mas principalmente devido a campanhas promocionais (indutores de compra por impulso). Suplementos alimentares, produtos de cosmética, de puericultura, alimentação infantil e especial e produtos de grande rotação, são alguns exemplos de produtos encomendados ocasionalmente por esta via (apenas quando se justifica a aquisição do produto em alguma quantidade).

Marketing na Farmácia

As farmácias procuram a satisfação dos seus clientes, operando numa lógica permanente de competitividade e de rentabilidade. Sendo a farmácia uma empresa, e estando sujeita à concorrência, é cada vez mais importante (de modo a manter os utentes habituais, e a fidelizar novos) no âmbito da gestão farmacêutica, a componente Marketing. O farmacêutico deve ter completo conhecimento do mercado, e antecipar-se. Deve conseguir superar as expectativas para total satisfação do utente.Para além das estratégias de marketing falado, que o farmacêutico deve ter noção (que lhe permitem fazer vendas cruzadas, por exemplo), este tem a responsabilidade da constante renovação das montras, da divulgação dos serviços prestados, da elaboração de campanhas promocionais. Na FA, toda a equipa trabalha em prol da farmácia, existindo liberdade para proposição de ideias que visem a satisfação dos utentes.

Realização de encomendas

Na FA é o ajudante técnico Eduardo Moreira, o responsável pela análise da proposta de encomenda. Após análise e finalização da proposta de encomenda, esta é enviada ao armazenista (através da ligação à Internet). Aproximadamente a meio do meu estágio a FA contratou um economista para o ajudar a equilibrar as compras e vendas da farmácia. Assim, em cooperação com o Eduardo,

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conseguiram a pouco e pouco ir racionalizando e equilibrando a componente económico-financeira da FA, sempre sob atenta e diária supervisão do Diretor Técnico.Relativamente às encomendas feitas diretamente ao laboratório, preenche-se manual ou via informática, uma nota de encomenda, que depois será usada para conferência da guia de remessa/ fatura que acompanha a encomenda. Tem vantagens a nível económico mas a quantidade a adquirir é mais elevada, o que se torna muito vantajoso para produtos que saem muito, como medicamentos genéricos, por exemplo. Na FA recorre-se cada vez mais a laboratórios para encomendar genéricos, produtos sazonais, cosméticos, entre outros.

O Circuito do Medicamento

1. Receção e verificação de encomendas

A receção e verificação das encomendas são fundamentais, já que erros neste processo implicam erros de stock.Cada encomenda é acompanhada da fatura (original e duplicado), onde consta a identificação do fornecedor e farmácia, deve estar descrito o número e data da fatura, o valor total a ser cobrado à farmácia, assim como algumas informações relativas aos produtos que devem constar na fatura são: o Código Nacional do Produto (CNP) de cada produto encomendado, o nome, forma farmacêutica, dosagem e tamanho deste, a quantidade pedida e a quantidade enviada, informação sobre a falta de produtos (esgotados, não comercializados, retirados do mercado), o Preço de Venda ao Público (PVP), o Preço de Venda à Farmácia (PVF), IVA aplicado e o número do contentor na qual se encontra. Sempre que são dadas bonificações à farmácia, vêm discriminadas à parte juntamente com descontos financeiros e sempre que são encomendados medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, são enviadas, também em duplicado, as guias de psicotrópicos, anexadas à fatura. No início do mês, o fornecedor envia um resumo das faturas do mês anterior e o valor total a pagar, que têm também que ser verificados e confirmados. São especialmente os estagiários que fazem esta confirmação, verificando se todas as faturas do mês em questão constam nesse resumo. Caso tal não aconteça eles ficam responsáveis por avisar o Técnico responsável ou por ir reimprimir via internet ou por pedir telefonicamente a fatura em falta. Através do menu “Encomendas” do SIFARMA 2000, procede-se à receção, selecionando, de todas as encomendas efetuadas a que se pretende rececionar, em função do fornecedor, data, hora, tipo e situação. É primeiro solicitada a introdução do número da fatura e depois pode proceder-se ao ato de receção propriamente dito. Quando, sem razão aparente, alguns produtos faturados não chegam com o resto de encomenda, tem que ser feita uma reclamação ao distribuidor. Este ou envia o produto ou emite uma nota de crédito relativamente ao mesmo. Quando é enviado um produto que não foi pedido ou que se encontra em mau estado de conservação, a farmácia emite uma nota de devolução que envia ao distribuidor juntamente com o mesmo. Os produtos encomendados, mas não recebidos, são novamente encomendados a outro fornecedor. A

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conferência de encomendas a fornecedores tem bases idênticas, destacando-se também a necessidade de confirmar se o recebido equivale ao encomendado e faturado. É também muito importante confirmar se os bónus enviados, equivalem aos acordados.

2. Marcação de preços

Numa fatura podem aparecer dois tipos de produtos: medicamentos e produtos de saúde éticos ou medicamentos e produtos de saúde não-éticos (NETT). No primeiro caso, os produtos possuem PVP estabelecidos pela legislação em vigor, enquanto que, no segundo caso, os produtos podem ser comercializados com margens de lucro definidas pela própria farmácia. O preço dos medicamentos e produtos de saúde éticos – que incluem todos os MSRM – é estabelecido estraves de margens fixas determinadas pelo Decreto-Lei n.º 112/2011, de 29 de Novembro32 alterado pelo Decreto-Lei n.º

152/2012, de 12 de Julho33. Assim o PVP destes produtos é calculado utilizando a seguinte equação

geral, onde a taxa sobre a comercialização de medicamentos diminui com o aumento do valor dos produtos (DL nº 48-A/2010 de 13 de Maio28):

PVP = PVA + margem de distribuição do grossista + margem de comercialização do retalhista + Taxa sobre a comercialização de medicamentos + IVA

Na farmácia existem produtos sujeitos à taxa de IVA reduzida (6%) destacando-se a maioria dos MSRM bem como sujeitos à taxa máxima de IVA (23%), destacando-se, nesta categoria os cosméticos. Embora o maior volume de vendas se relacione com os MSRM comparticipados, faz sentido neste ponto referir os medicamentos de venda livre (NETT), bem como outros produtos que não têm uma margem de lucro estipulada por lei. Nestes produtos a margem de lucro é atribuída pela farmácia, e o seu preço calculado em função dela (e do IVA a que estão sujeitos). Na FA elabora-se todos os anos uma tabela que serve de auxílio na marcação dos preços destes produtos, onde constam vários fatores multiplicativos, a aplicar sobre o preço de fatura de determinado produto, para obter o PVP, que depende do tipo do produto, da margem que a farmácia pretende obter e do valor de IVA do produto.

3. Armazenamento

Durante a receção de uma encomenda, os primeiros produtos a serem inseridos no sistema, e imediatamente armazenados são os produtos do frio (aquelas cujas condições de conservação são a temperatura superior a 2ºC e inferior a 8ºC). Todos os outros produtos vão sendo separados consoante o sítio de arrumação. Destacam-se aqui os medicamentos psicotrópicos, que como já referido são arrumados em gaveta própria, não identificada, nem facilmente acessível. O armazenamento segue o

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processo FEFO, como já referido garantindo-se assim que os primeiros produtos a sair, são aqueles cuja validade expiraria em primeiro lugar.

4. Controlo dos Prazos de Validade e Devoluções

O dever de promoção e proteção da saúde pública que o farmacêutico tem (Decreto-Lei nº 288/2001 de 10 de Novembro34), tem a ver também com o controlo do prazo de validades, já que este é o

intervalo de tempo durante o qual há garantias que um medicamento apresenta estabilidade química e física (desde que armazenado em condições adequadas).Mensalmente, com o auxílio do SIFARMA 2000, imprime-se uma listagem de todos os produtos cuja validade expira, dentro de 2 meses, para todos os produtos existentes na farmácia. Os produtos dessa listagem são procurados e retirados do local de exposição, para posterior devolução. Uma vez reagrupados num contentor próprio, procede-se às devoluções dos produtos aos armazenistas ou aos laboratórios. É então impressa uma nota de devolução em triplicado, e cada um dos exemplares, rubricado e carimbado, sendo dois deles enviados ao fornecedor com os respetivos produtos. Como resultado da devolução, pode ser atribuída uma Nota de Crédito à farmácia por parte do fornecedor, ou pode a devolução não ser aceite, voltando os produtos para a farmácia que os põe no VALORMED (para serem devidamente processados e destruídos). Neste último caso, há um prejuízo direto para a farmácia (quebras de

stock).Relativamente às matérias-primas usadas para a preparação de medicamentos manipulados,

faz-se também um controlo rigoroso do seu prazo de validade.

5. Dispensa

Idealmente a ultima etapa do circuito dos medicamentos e produtos existentes na farmácia será a dispensa dos medicamentos ao utente. É essencial um bom conhecimento base de todos os produtos e medicamentos existentes na farmácia de forma a colmatar as necessidades dos utentes. O sistema informático é um enorme aliado do nosso trabalho individual e da nossa contínua curiosidade. Este permite a realização de diversos tipos de dispensa – normal, com ou sem comparticipações, suspensa (que deve ser posteriormente regularizada) – e emite documentos de faturação, calcula automaticamente as comparticipações e permite aplicar descontos aos produtos, possuindo também a ficha de cada produto que permite visualizar as informações de stock, preços, e características importantes para um bom aconselhamento. A legislação portuguesa permite a aplicação de descontos a todos os produtos, incluindo aqueles abrangidos por comparticipações, tendo o desconto de ser aplicado, neste caso, apenas no total não comparticipado.

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Serviços prestados na farmácia

Cada vez mais a farmácia se torna num espaço de saúde diversificado, com muitas áreas de interesse e muitas possibilidades de ajudar nas mais variadas necessidades do dia-a-dia da população. A farmácia de hoje já não é o mero estabelecimento de dispensa de medicamentos. Segundo o regime jurídico da farmácia de oficina, previsto no DL n.º 307/2007, de 31 de agosto1, consagra-se a possibilidade de as farmácias prestarem serviços farmacêuticos na

promoção da saúde e bem-estar dos utentes. A portaria n.º 1429/2007, de 2 de novembro35,

define então os serviços farmacêuticos que podem ser prestados, salvaguardando as competências atribuídas por outros profissionais de saúde.

Na FA existe de fato muita responsabilidade pela equipa em ajudar os utentes e há uma preocupação contínua em aprimorar os serviços a fim de dar uma resposta diversificada e de levar os seus utentes a usufruir de inúmeras opções e ofertas para melhorar o seu bem-estar.

Farmacovigilância

Em relação à Farmacovigilância esta é entendida como a atividade de saúde pública que tem por objetivo a identificação, quantificação, avaliação e prevenção dos riscos associados à utilização dos medicamentos. Ao abrigo do Decreto-Lei n.º 242/2001, de 5 de Novembro36 o INFARMED

acompanha, coordena e deve garantir a aplicação do Sistema Nacional de Farmacovigilância. Este programa tem como principal objetivo a identificação de reações adversas a medicamentos e dispositivos médicos de forma a preveni-los em situações futuras. Desta forma é possível maximizar os benefícios da medicação, minimizando os riscos e possíveis desvantagens a eles associados. De forma a garantir um bom funcionamento do programa, todos os profissionais de saúde deverão reportar à entidade competente possíveis reações adversas, preenchendo um formulário próprio ou através do contato telefónico, fax ou software. Devido ao contato frequente e próximo com o utente, o farmacêutico ocupa um lugar privilegiado para efetuar a notificação de um efeito adverso, devendo fazê-lo pelo menos nas situações em que este não se encontre descrito, quando é considerado grave ou quando a incidência do efeito parece aumentar. É importante que médicos, enfermeiros, farmacêuticos e outros profissionais de saúde notifiquem qualquer suspeita de reação adversa ao medicamento, mesmo que posteriormente se conclua que não existe uma relação de causalidade entre a utilização do medicamento e a reação adversa verificada.

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Farmácia Clínica e Serviços Farmacêuticas

A Farmácia Clínica tem três vertentes principais: a dispensa e aconselhamento, a prestação de cuidados de saúde, o seguimento farmacoterapêutico e acompanhamento do estado de saúde do doente. Em relação à prestação de cuidados de saúde na farmácia, estes são uma forma de identificar indivíduos ainda não diagnosticados e não medicados, e referenciá-los à consulta médica para prevenir eventuais complicações. Estes serviços servem também de suporte à monitorização de doentes já diagnosticados e medicados, controlando assim a evolução da sua doença. A FA tem uma área de farmácia clínica bastante desenvolvida. De facto muitos dos utentes mais fiéis são monitorizados semanalmente ou diariamente no que diz respeito aos parâmetros de saúde. Alguns dos serviços clínicos mais solicitados são medição da pressão arterial, dos valores de colesterol e triglicerídeos, do índice glicémico, do valor de ácido úrico, determinação do valor do PSA ou determinação do peso e índice de massa corporal. Para cada um destes parâmetros é necessário ter em consideração os valores de referência para um individuo saudável e para indivíduos com determinadas patologias. A determinação dos parâmetros fisiológicos e bioquímicos é efetuada na área de atendimento personalizado. Nestas curtas conversas é fulcral perceber a história clínica do doente e o porquê de querer fazer as determinações: se é uma ato casual, por alguma suspeita ou monitorização de alguma patologia ou da efetividade da medicação. Cabe ao farmacêutico conhecer e aconselhar o utente, esclarecer as suas dúvidas, aconselhar uma ida ao médico caso ache pertinente. A cada utente é fornecido um cartão de registo individual da farmácia, no qual se registam os resultados das determinações bioquímicas, para que se possa acompanhar a sua evolução e controlar o perfil de evolução do utente. Assim, consegue-se ter noção da evolução da patologia e da eficácia que determinada farmacoterapia está ou não a ter e permite-nos, a nós, farmacêuticos, avaliar a resposta do doente às medidas não farmacológicas e farmacológicas. É aqui que entra o conceito de consulta farmacêutica em que é prestado ao doente um esclarecimento sobre todos os seus medicamentos, o porquê da sua toma, a monotorização dos seus valores e um aconselhamento mais direcionado e cuidado. O utente tem sempre de ser informado e aconselhado sobre o resultado. Se estiver dentro dos parâmetros, deve ajudar-se o utente a fazer a manutenção desse resultado. Caso não aconteça, cabe ao farmacêutico fornecer conselhos alimentares e de estilo de vida (quando aplicável) para reverter valores específicos ou ainda tentar auxiliar o tratamento com suplementos ou produtos naturais. Em caso de situações piores, valores demasiado elevados por exemplo, o doente é encaminhado para o médico. Por fim existem muitas outras determinações paramétricas feitas mais esporadicamente na FA: hemoglobina, creatinina, ureia, tempo de protombrina (INR), despiste de infeções urinárias, despiste de drogas na urina, determinação do pH, entre outras. Esta área das análises clínicas sempre, mesmo durante o curso, me apaixonou. Sentir uma intervenção direta na vida da pessoa, sentir liberdade para

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aconselhar com base em parâmetros concretos e fidedignos, é possivelmente uma das maiores proximidades de intervenção na sociedade e no estilo de vida da pessoa em questão. Sendo que eu, enquanto farmacêutica, sempre sonhei ajudar pessoas e fazê-las viver mais e melhor, é uma das áreas que mais me cativa e onde mais reconhecimento temos por parte dos utentes. Na FA é uma área que muito nos incentivam a praticar, são os estagiários que sempre, sob supervisão, determinam quase todos os parâmetros, havendo desde muito cedo uma enorme aproximação aos doentes que desde o primeiro dia nos adotam. Neste âmbito sái-se da FA para o mundo com uma enorme formação: teórica e prática e com a certeza que formação tão abrangente e rica como a que obtivemos lá, muito dificilmente obteríamos noutra farmácia.

Outros serviços

Na Farmácia Aliança realizam-se determinados tratamentos especializados com vista a complementar o leque de serviços de saúde prestados. Estes serviços, realizados por profissionais especializados (alguns deles farmacêuticos especializados) nas respetivas áreas, incluem: nutricionismo, medicina natural, tricologia, enfermagem, etc.

A FA tem ainda ao dispor dos seus utentes a distribuição dos medicamentos feita de forma gratuita, na zona do Grande Porto, sendo que são entregues grandes quantidades de medicamentos para, por exemplo, o Centro Empresarial da Lionesa (na Maia) e lares com quem a FA tem acordos. A Farmácia Aliança estabeleceu protocolos com estes centros que garantem a venda de medicamentos às pessoas destes locais.

Para além disso, é efetuada a entrega de medicamentos e produtos ao domicílio, que permite uma fácil aquisição a utentes com incapacidade de deslocação.

Este serviço realça, mais uma vez, a dinâmica que foi sendo desenvolvida nesta farmácia. A qualidade destes serviços faz com que, e de forma complementar, os utentes se sintam envolvidos nos cuidados de saúde e vejam a farmácia como um local de saúde por excelência. Os hábitos mudam e agora as pessoas deslocam-se à farmácia, não só para compra de medicamentos, como também para monitorizar o seu estado de saúde.

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Conclusão

O acesso do doente ao médico é normalmente um acesso esporádico e difícil, ao passo que uma farmácia é um estabelecimento de saúde de porta aberta em que qualquer utente lá entra, a qualquer hora, sem marcar consulta e podendo pôr as suas dúvidas. Muitas vezes o farmacêutico constitui o primeiro contato que o utente tem com um profissional de saúde. Assim, é importante que o utente tenha conhecimento que o farmacêutico é um especialista em medicamentos e, como tal, é capaz de determinar e informar sobre o uso de qualquer medicamento ou produto existente na farmácia. Além dos medicamentos, o farmacêutico deve conhecer todos os produtos vendidos na farmácia, sejam cosméticos, dietéticos, ortopédicos, etc. Nestas áreas geralmente o utente pede aconselhamento numa situação específica e espera que o farmacêutico seja capaz de lhe resolver o problema, rápida e eficazmente.

Após cinco longos anos do curso, teóricos acima de tudo, cheguei à FA convicta que nada sabia. Sabia muito pouco para o que era exigido no dia-a-dia. Conhecimentos sobre tudo, especificações e a exigência dos colegas e especialmente dos utentes. Porque “o Farmacêutico é o profissional que mais sabe medicamentos, não é menina?” assolava-me a mente, dia e noite. Até que, dia após dia, me fui revelando. Com muito trabalho, muita ajuda dos colegas, muitas noites que amanheciam a estudar para o dia seguinte, muitas horas mal dormidas, mas, pouco a pouco, fui ganhando coragem, perdendo anseios e conquistando pequenas grandes vitórias. Hoje, sinto que ainda tenho um enorme trabalho pela frente. Porque enquanto não houver todas as respostas sobre saúde o nosso trabalho nunca se dará por completo. Estudo, perseverança, determinação, conquista… Porque ser Farmacêutico é um trabalho contínuo, árduo e muitas vezes desesperante. Mas como todas as paixões, uma vez vivida, para sempre fica.

“Eu creio em mim mesmo. Creio nos que trabalham comigo, creio nos meus amigos e creio na minha família. Creio que Deus me emprestará tudo que necessito para triunfar, contanto que eu me esforce para alcançar com meios lícitos e honestos. (…) Creio que o triunfo é resultado de esforço inteligente, que não depende da sorte, da magia, de amigos, companheiros duvidosos (…). Creio que tirarei da vida exactamente o que nela colocar. Serei cauteloso quando tratar os outros, como quero que eles sejam comigo (…). Prestarei o melhor serviço de que sou capaz, porque jurei a mim mesmo triunfar na vida, e sei que o triunfo é sempre resultado do esforço consciente e eficaz.” Mahatma Gandhi

Obrigada, por todas as horas e dias de ajuda e paciência incansável e interminável. Porque só quem faz estágio e “vive” a Farmácia Aliança é que aprende a verdadeira essência de

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Parte 2

O Farmacêutico Comunitário

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Referências

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