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Tumores nasosinusais em cães

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA

Faculdade de Medicina Veterinária

TUMORES NASOSINUSAIS EM CÃES MARIANA SILVA MESSIAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

CONSTITUIÇÃO DO JÚRI: ORIENTADOR:

Professor Doutor José Ferreira da Silva Doutor Luís Miguel Amaral Cruz Professora Doutora Maria Teresa Mendes CO–ORIENTADOR:

Vítor Villa de Brito Professor Doutor António José Professor Doutor António José de de Almeida Ferreira

Almeida Ferreira

Doutor Luís Miguel Amaral Cruz

2008 LISBOA

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Agradecimentos:

Ao meu co-orientador Professor Doutor António Ferreira e ao meu orientador Dr. Luís Cruz, pelas oportunidades de estágio que me foram dadas, pela excelência de conhecimentos que me proporcionaram e por todas as dúvidas esclarecidas e orientações dadas na escrita desta dissertação.

À Dra. Joana Pontes, por todos os conhecimentos generosa e entusiasticamente transmitidos, pelo apoio e experiências partilhadas e pelo seu grande exemplo, como pessoa e como médica veterinária.

Ao Dr. Hugo Pissarra, pela disponibilidade com que esclareceu algumas dúvidas que foram surgindo ao longo do trabalho e pelas sugestões dadas.

A todos os médicos veterinários e auxiliares do Hospital Escolar da FMV e da Clínica Veterinária das Laranjeiras por toda a disponibilidade de partilha e de conhecimentos, e pelas oportunidades de aprendizagem criadas.

A todos os meus colegas de estágio pela cumplicidade e experiências partilhadas.

Aos proprietários dos animais incluídos neste estudo pela amabilidade com que colaboraram na resposta aos inquéritos realizados.

À Ana Catarina, à Carina, à Joanna e à Patrícia por todo o apoio e amizade que me proporcionaram ao longo destes seis anos, e por termos conseguido ultrapassar as nossas diferenças por uma “inevitável” amizade. Hoje sou muito melhor pessoa do que se nunca vos tivesse conhecido!

Aos meus pais e ao meu irmão por todo o apoio, paciência e incentivo não só nesta fase como durante todo o curso.

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TUMORES NASOSINUSAIS EM CÃES Resumo

A dissertação aqui presente reflecte a componente prática do estágio do Curso de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, decorrido no Hospital Escolar da Faculdade de Medicina Veterinária e na Clínica Veterinária das Laranjeiras entre Outubro de 2007 e Maio de 2008. Da casuística acompanhada durante este período foi decidido abordar a temática “Tumores nasosinusais em canídeos” e na sequência desta, efectuado um estudo referente a nove cães com diagnóstico histológico da doença. Foi feita uma abordagem aos seus aspectos epidemiológicas, sua caracterização clínica, métodos de diagnóstico e opções de tratamento disponíveis.

Os tumores da cavidade nasal e dos seios paranasais têm uma baixa prevalência na totalidade de tumores que afectam os cães, contudo representam cerca de 59% a 82% de todos os tumores que afectam aparelho respiratório canino. Apesar de surgirem em idades tão precoces como 1 ano e tão avançadas como 16, os animais afectados têm em média 10 anos de idade e há uma maior prevalência da doença em raças dolicocéfalas e mesocéfalas.

Maioritariamente malignas, estas neoplasias têm um comportamento local bastante invasivo, porém o seu índice de metástases é na generalidade baixo e tardio, sendo os locais de metastização mais frequentes os linfonodos regionais e o pulmão.

A maioria dos animais apresenta-se à consulta com uma história crónica de epistaxis, espirros e descargas nasais mucopurulentas que geralmente se arrastam por um período médio de 3 meses até que a doença seja diagnosticada. De igual modo podem ocorrer outros sinais clínicos do foro respiratório, sinais oculares e sinais neurológicos por invasão respectiva da órbita e da cavidade craniana.

O diagnóstico clínico da doença pode ser feito com recurso a meios de diagnóstico imagiológico como radiografia, TAC, ressonância magnética e rinoscopia, devendo este ser sistematicamente confirmado por uma análise histopatológia.

A opção de tratamento com maior sucesso terapêutico é a radioterapia em associação a cirurgia excisional da massa tumoral, conquanto não havendo disponibilidade deste recurso, o emprego da quimioterapia é eficaz na redução da sintomatologia clínica e no aumento do período de vida dos animais.

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NASOSINUSAL TUMOURS IN DOGS Abstract

This thesis reflects the training of the Integrated Master’s Degree in Veterinary Medicine, at the Hospital Escolar da Faculdade de Medicina Veterinária and at Clínica Veterinária das Laranjeiras between October 2007 and May 2008. From the caseload followed during this training, it was decided to advance the theme “Nasosinusal tumours in dogs”, and, in the sequence of it, to carry out a study including nine dogs with a confirmed histologic diagnosis of this tumours. It describes and discusses aspects concerning to the epidemiology and clinical presentation of the disease and the available diagnostic and treatment tools.

The nasosinusal tumours have a low prevalence among all those that affect dogs; nevertheless, they represent about 59% to 82% of all tumours that affect the respiratory system of this species. Although the mean age of occurrence for this disease is 10 years, it can arise between the ages of one and 16. There is a higher prevalence of the disease among dolichocephalic and mesocephalic breeds.

Essentially malignant, these neoplasms have expressive local invasiveness behaviour, but their metastatic index is very low, and it occurs preferential to regional lymphatic nodes and lungs.

The majority of the animals are presented to the consult with a chronic history of epistaxis, sneezing and mucopurulent nasal discharge that generally extend for a mean period of three months before the disease is diagnosed. Ophthalmic and neurological signs can occur, secondarily to the invasion of the orbit and the cranial vault respectively, as well as other respiratory clinical signs.

The clinical diagnosis of the disease can be done recurring to imaging methods such as radiography, CT and MRI, but it must be always confirmed by an histological examination of the mass.

The most successful treatment option for this disease is radiation therapy in association with surgical excision of the tumour. However, if access to this therapy is not possible, chemotherapy is effective in reducing the clinical signs and prolonging the survival period of afflicted animals.

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ÍNDICE Índice geral

Agradecimentos... i

Resumo ...iii

Abstract ... v

Índice geral ...vii

Índice de tabelas...viii

Índice de gráficos...viii

Índice de figuras ... ix

Lista de abreviaturas e siglas... x

I. Introdução... 1

I-1. Actividades desenvolvidas durante a componente prática do estágio... 1

I-2. Tumores Nasosinusais... 3

2.1 Anatomia e função da cavidade nasal... 3

2.2 Caracterização geral da doença... 4

2.3 Diagnóstico ... 5

2.3.1 Anamnese e Sinais Clínicos ... 5

2.3.2 Abordagem Inicial... 7

2.3.3 Diagnóstico imagiológico... 8

2.3.3.1 Radiografia ... 8

2.3.3.2 Tomografia Axial Computadorizada... 11

2.3.3.3 Ressonância magnética ... 12

2.3.3.4 Rinoscopia... 13

2.3.4 Exames do foro da Anatomia Patológica... 15

2.4 Staging Clínico ... 17 2.5 Opções de tratamento... 18 2.5.1 Cirurgia... 18 2.5.2 Quimioterapia... 19 2.5.3 Radioterapia... 21 2.5.4 Terapia fotodinâmica ... 25 2.6 Prognóstico ... 26

II. Estudo dos casos de tumores nasosinusais caninos acompanhados durante o período de estágio curricular na Clínica Veterinária das Laranjeiras... 27

II-1. Materiais e métodos... 27

II-2. Resultados... 29

II-3. Discussão ... 37

3.1 Caracterização da população... 36

3.2 Apresentação clínica dos animais ... 39

3.3 Tratamentos instituídos e suas consequências sistémicas... 40

3.4 Falhas dos sistemas de staging tumoral... 45

III. Conclusões... 46 IV. Bibliografia... 48 V. Anexos ... 52 Anexo 1 ... 52 Anexo 2 ... 58 Anexo 3 ... 61 Anexo 4 ... 62

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Índice de tabelas

Tabela 1 – Diagnósticos diferenciais a considerar...6

Tabela 2 – Sistemas de staging propostos até ao momento para tumores nasosinusais……….17

Tabela 3 – Caracterização de raças e tipo de focinho na população estudada…………...…30

Tabela 4 – Caracterização do período decorrido entre o início da sintomatologia e o diagnóstico da doença………30

Tabela 5 - Quadro síntese dos animais incluídos neste estudo………..44

Índice de gráficos Gráfico 1 – Distribuição da população por sexo e idade………...29

Gráfico 2 – Distribuição da população por concelho de residência………..……. 30

Gráfico 3 – Frequência absoluta dos sinais clínicos iniciais...31

Gráfico 4 – Frequência absoluta dos sinais clínicos tardios………. ..32

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Índice de figuras

Figura 1 – Incidência ventro 10-20º rostro-dorsocaudal. Opacidade de tecido mole na porção direita da cavidade nasal ………..……….33 Figura 2 – Incidência ventro 10-20º rostro-dorsocaudal. Opacidade de tecido mole na porção direita da cavidade nasal………....33 Figura 2.1 – Incidência rostro-caudal. Efeito de massa no seio frontal ipsilateral………33 Figura 3 – Imagens de TAC (corte transversal) revelando a presença de opacidade de tecido mole na porção direita da cavidade nasal ………..34 Figura 4 – Imagens de TAC (corte transversal) revelando a presença de opacidade de tecido

mole na porção esquerda da cavidade nasal, com lise do septo nasal e extensão da opacidade para o lado direito……… ………....34 Figura 4.1 – Imagens de TAC (corte coronal) evidenciando a presença de opacidade de

tecido mole no seio frontal ipsilateral………...34 Figura 5 – Imagens de TAC (corte transversal) mostrando a presença de opacidade de

tecido mole na porção esquerda da cavidade nasal……….…….34 Figura 5.1 – Imagens de TAC (corte transversal) exibindo a presença de opacidade de tecido mole na porção esquerda da cavidade nasal, com lise do septo nasal e extensão para o lado direito………...34 Figura 5.2 – Imagens de TAC (corte coronal) revelando a presença de opacidade de tecido mole no seio frontal ipsilateral………..34 Figura 6 – Imagem obtida por retronasofaringoscopia. É visível uma massa a obstruir a coana esquerda. Imagem de um sarcoma indiferenciado, 3 meses após o início da sintomatologia……….35 Figura 6.1 – Imagem do mesmo animal obtida por rinoscopia. Observa-se atrofia acentuada dos cornetos nasais, e a presença de tecido necrosado envolvendo a massa….35 Figura 7 – Imagem de retronasofaringoscopia do animal cujo TAC está representados nas

imagens 4 e 4.1. Observa-se uma massa a obstruir as coanas………..…..35 Figura 8 – Epífora no olho direito do “Speed”, animal cujo exame radiográfico é referido nas

figuras 2 e 2.1………38 Figura 8.1 – Foto do mesmo animal 1 mês após o início dos episódios de epífora…………38 Figura 9 – Foto do “Web”, animal a quem pertence o exame das imagens 6 e 6.1. Foto tirada

cerca de 2 meses após o diagnóstico da doença, sem qualquer tratamento…….38 Figura 9.1 – Foto do mesmo animal nove meses depois, durante os quais foi submetido a quimioterapia, no dia em que foi eutanasiado. Verifica-se que houve extensão do tumor à porção contralateral da cavidade nasal………..38

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Lista de abreviaturas e siglas

ACT – Tempo de coagulação activada ADN – Ácido desoxirribonucleico

APTT – Tempo de tromboplastina parcial activada ARN – Ácido ribonucleico

ASC – Área de superfície corporal

BMBT – Tempo de hemorragia da mucosa oral cGy – centigray

FMV – Faculdade de Medicina Veterinária Gy – Gray IV - Endovenoso kV - Quilovoltagem mAs - Miliamperagem PT – Tempo de protrombina T4 - Tetraiodotironina

TAC – Tomografia Axial Computadorizada TPLO – Tibial plateau levelling osteothomy PAAF – Punção aspirativa por agulha fina OMS – Organização mundial de saúde OPLA-Pt – Open-cell polylactic acid polymer SID – Uma vez ao dia

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I. Introdução

I-1. Actividades desenvolvidas durante a componente prática do estágio

A presente dissertação é o culminar do estágio curricular por mim realizado na área de Clínica de Animais de Companhia. Decorreu no período de 1 de Outubro de 2007 a 11 de Janeiro de 2008 no Hospital Escolar da Faculdade de Medicina Veterinária e entre 15 de Janeiro e 2 de Maio de 2008 na Clínica Veterinária das Laranjeiras. Em ambas as instituições a carga horária foi de cerca de 40 horas semanais.

Adicionalmente a estas actividades, participei em reuniões semanais organizadas pelos médicos veterinários do Hospital Escolar da FMV, em horário pós-laboral durante as quais pude assistir a apresentações do Dr. Gonçalo Vicente, do Dr. Miguel Matos, do Dr. Joaquim Henriques e dos meus colegas de estágio sobre variados temas. A apresentação feita por mim foi subordinada ao tema: “Princípios básicos de endoscopia” (Anexo 1).

Ainda durante este período foram realizadas discussões semanais com a Dra. Joana Pontes e as suas orientandas, onde abordámos temas como o diagnóstico e maneio de doenças endócrinas e infecciosas no cão e no gato e a correcta realização de um exame neurológico. O primeiro período de estágio, no Hospital Escolar da FMV, foi integrado no Departamento de Imagiologia do Hospital, onde pude ter contacto com os meios auxiliares de diagnóstico imagiológico disponíveis nesta instituição: radiografia, TAC e ecografia. Passei de igual forma, mas durante períodos mais curtos de tempo, pelos serviços de Medicina Interna, Consultas de Especialidade e Internamentos do Hospital.

O aluno estagiário neste serviço de imagiologia, tem como função colaborar no posicionamento, contenção dos animais e no processo de revelação das películas no caso da radiografia, e colaborar na preparação e monitorização dos animais durante a execução de mielografias e tomografias. Foi-me proporcionado o aprofundamento de conhecimentos relativamente ao posicionamento dos animais, constantes radiográficas adequadas a cada compartimento anatómico, interpretação das radiografias e tomografias tendo em conta a espécie e raça avaliadas, assim como medidas de rádio-protecção. Ainda neste serviço, tive oportunidade de assistir à realização de ecocardiografias, ecografias abdominais, ecografias oculares e punções aspirativas ecoguiadas, durante as quais adquiri conhecimentos relativamente à interpretação da imagem ecográfica, colocação da sonda e aparência normal de cada órgão.

No serviço de medicina interna foi possível assistir a consultas de medicina geral e de referência nas áreas de Ortopedia, Neurologia, Oftalmologia, Dermatologia e Novos Animais de Companhia.

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No serviço de internamento os turnos decorriam em períodos de 24 horas, durante os quais tinha como tarefa monitorizar os animais internados, fazer a preparação e administração de medicamentos, dar-lhes alimentação e prestar-lhes cuidados básicos de higiene.

No período de estágio decorrido na Clínica Veterinária das Laranjeiras as actividades eram divididas pelas áreas de medicina interna, cirurgia e endoscopia, internamento e exames laboratoriais. Em semanas alternadas divididas pelos quatro estagiários da clínica, tive também como função ficar em serviço de urgência de forma a acompanhar o médico veterinário de serviço na primeira abordagem dos doentes que pudessem surgir, ficando também responsável na sua monitorização contínua em caso de internamento crítico.

Quer numa instituição quer na outra, acompanhei consultas de medicina geral onde, sob supervisionamento do médico veterinário, pude estabelecer contacto com os donos dos animais, recolher a história pregressa e fazer o exame de estado geral desses animais. Após cada consulta, dependendo da disponibilidade de tempo, o diagnóstico e a terapêutica instituída eram discutidos pelo médico veterinário com os estagiários. Durante as consultas de medicina geral e no internamento pude ainda treinar a execução de uma série de procedimentos como colheita de sangue; colocação de cateteres endovenosos; realização de testes de diagnóstico rápido; administrações de vacinas e desparasitantes; algaliações; colheitas de urina por cistocentese; execução de pensos; remoção de pontos; raspagens cutâneas; colheita de amostras para citologia de ouvido; entre outros procedimentos.

Aos animais a serem submetidos a cirurgia, era função dos estagiários fazer a sua preparação para o procedimento, a sua monitorização anestésica durante o mesmo e o seu acompanhamento no pós-cirurgico. Assisti durante este período a inúmeras intervenções cirúrgicas como orquiectomias e ovariohisterectomias electivas, mastectomias, enterectomias para remoção de corpos estranhos intestinais, toracotomias, redução cirúrgica de fracturas, resolução de rupturas do ligamento cruzado cranial em cães pela técnica de TPLO, ressecção do conduto auditivo externo, hemilaminectomia para resolução de hérnia discal cervical, nefrectomia, entre outras abordagens cirúrgicas.

Durante os exames endoscópicos é feito um acompanhamento idêntico ao dos doentes cirúrgicos. Colaborei assim na execução de vídeo-otoscopias, rinoscopias, laringoscopias, traqueo-broncoscopias, esofagoscopias, gastroscopias para remoção de corpos estranhos, gastroduodenoscopias, colonoscopias e cistoscopias.

Foi de igual forma possível assistir e acompanhar alguns animais, na realização de exames de ressonância magnética e TAC numa instituição externa à clínica.

Observei e executei de igual forma algumas técnicas de diagnóstico laboratorial como: análise urinária; coloração e observação de esfregaços de sangue, punções aspirativas e citologias de ouvido; execução do teste de Knott para pesquisa de dirofilária; execução dos testes de crossmatching major e minor pré transfusões sanguíneas; observação de

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raspagens cutâneas; cultura de pêlos em meio de Sabouraud para pesquisa de dermatófitos, entre outras técnicas.

Na decorrência de um caso de suspeita de tromboembolismo pulmonar acompanhado na clínica, fiz ainda uma apresentação sugerida pelos clínicos sobre as opções de tratamento em situações deste processo patológico (Anexo 2).

I-2. Tumores Nasosinusais

2.1 Anatomia e função da cavidade nasal

A cavidade nasal compreende dois compartimentos anatómicos pares, completamente divididos entre si por um septo, excepto na sua porção caudal (o meato nasofaríngeo), através da qual se comunicam. A porção mais rostral do septo é cartilaginosa, sendo a sua porção óssea, formada pela placa perpendicular do osso etmóide e pelo vómer, caudal. Posteriormente a cavidade nasal é limitada pela placa cribiforme, que a separa anatomicamente da cavidade craniana. Cada um dos compartimentos é definido internamente pela fossa nasal, estando esta preenchida quase na totalidade pelas conchas nasais cuja função é aumentar a área de superfície da cavidade nasal. Estas estruturas desenvolvem-se a partir das paredes lateral e dorsal de cada fossa para formar dois sistemas, o etmoidal (caudal) composto por inúmeras pequenas conchas e o nasal (rostral) composto pelas grandes conchas dorsal, ventral e intermédia. As intrusões das grandes conchas na cavidade nasal vão delimitar os meatos, dorsal, medial e ventral, por onde atravessa o ar inspirado e expirado (Getty, 1989; Dyce, Sack, & Wensing, 2004).

A cavidade nasal é revestida por uma mucosa cujo epitélio psuedo-estratificado colunar ciliado, contém grande quantidade de glândulas serosas, mucosas e mistas (Dobson & Gorman, 1993).

Os seios paranasais, são extensões da cavidade nasal designados pelo osso no qual estão incluídos. São eles o seio frontal, o seio esfenoidal e o seio maxilar, também denominado por recesso devido à sua dimensão e localização. O seio frontal encontra-se dividido em três cavidades, medial, lateral e rostral, e é aquele com maior importância clínica no cão (Hedlund, Taboada ,Merchant, Mortellaro, & White, 2002).

A cavidade nasal constitui a primeira parte da poção condutora de ar do aparelho respiratório e tem as seguintes funções: aquecimento e humedecimento do ar; filtragem do ar, retendo as partículas de maior dimensão que são posteriormente eliminadas pelo tapete mucociliar; termorregulação; limitação de fixação de flora patogénica através da sua flora residente, além de que a sua mucosa constitui um importante componente do sistema

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imunitário, sendo rica em plasmócitos e macrófagos (Junqueira & Carneiro; 1999). A sua principal função no cão é o olfacto.

2.2 Caracterização geral da doença

Apesar de representarem apenas 1% da totalidade de tumores que afectam o cão, os tumores da cavidade nasal e dos seios paranasais compreendem cerca de 59% a 82% de todos os tumores do aparelho respiratório canino (Turek & Lana, 2007; McEntee, 2004; Malinowski, 2006). Sendo ainda, dentro dos processos patológicos crónicos com sede na cavidade nasal, aquele que parece ter maior prevalência (Bisset, Drobatz, McKnigth & Degernes, 2007; Taskers et al., 1999). A idade média de ocorrência da doença situa-se nos 10 anos de idade, apesar de terem sido referidos casos em animais entre 1 e 16 anos de idade, podendo os sarcomas surgir em idades mais precoces do que os carcinomas. Uma ligeira prevalência em indivíduos do sexo masculino é sugerida por alguns autores, apesar de não ser claramente confirmada por nenhuma investigação (Turek & Lana, 2007; McEntee, 2004). Parece haver também alguma predisposição nas raças médias a grandes e, apesar de não estar completamente esclarecido, as raças dolicocéfalas e mesocéfalas estão provavelmente sobre-representadas (as raças braquicéfalas, devido à estenose e malformação nasal, respiram tipicamente pela boca, diminuindo assim a exposição da mucosa nasal a potenciais carcinogéneos ambientais, além de terem menos extensão de mucosa nasal) (Turek & Lana, 2007; McEntee, 2004; Hayes, Wilson & Fraumeni, 1982; Goldschmidt, Bukowski, & Wartenberg, 1998). Animais que vivem em ambientes urbanos e poluídos também parecem ter maior risco de desenvolver esta doença (Turek & Lana, 2007; Hayes et al., 1982).

As neoplasias nasais são na sua maioria malignas, prevalecendo a invasão local, que ocorre maioritariamente na cavidade nasal, com extensão secundária para os seios paranasais (McEntee, 2004). Segundo Tureck & Lana (2007) as metástases ocorrem geralmente numa fase tardia da doença, maioritariamente associadas a carcinomas, e com um índice baixo, 0% a 12,5%, sendo os locais de metastização mais frequentes os linfonodos regionais e o pulmão. Com menos frequência ocorrem também nos ossos, rins, fígado, pele e cérebro (McEntee, 2004). Apesar destes factos, no momento da necrópsia 46% dos animais examinados apresentam metástases (Rassnick, et al., 2006).

Cerca de dois terços das neoplasias descritas são de origem epitelial, sendo estas na sua maioria adenocarcinomas, carcinomas das células escamosas e carcinomas indiferenciados. Histológicas as características de maior relevância dentro destes tipos de tumores são: - Adenocarcinomas: ocorre por diferenciação glandular maligna dos tecidos, caracteriza-se pela presença de células em paliçada; - Carcinomas das células escamosas:

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desenvolve-se devido a proliferação maligna e diferenciação escamosa de células epiteliais, evidencia-se a presença cordões e pérolas de queratina. A maior parte destes tumores são moderadamente a pouco diferenciados; - Carcinomas indiferenciados: composto por células indiferenciadas poligonais de tamanho pequeno a médio com áreas de necrose central frequentes e tendência para invasão vascular e perineural; Carcinoma das células de transição (também conhecido por Carcinoma cilindróide ou Carcinoma Schneideriano): refere-se à proliferação maligna do epitélio de transição entre o epitélio colunar ciliado e as células calíciformes, as células são geralmente cilíndricas e com tendência a dispor-se em palissada. Tem um padrão de invasão expansivo. (Cardesa & Slootweg, 2006).

O restante terço, representado por neoplasias de origem mesenquimatosa, inclui fibrossarcomas, condrossarcomas, osteossarcomas e sarcomas indiferenciados. Tumores de células redondas, ocorrem muito raramente nesta localização e incluem linfomas, mastocitomas e tumor venéreo transmissível (“sarcoma de Sticker”). Outras neoplasias malignas passíveis de ocorrer na cavidade nasal, apesar de extremamente raras, são o hemangiossarcoma, carcinoma neuroendócrino, histiocitoma fibroso, tumores das bainhas nervosas, rabdomiossarcoma e leiomiossarcoma. Lesões tumorais benignas como adenomas e papilomas, e outras lesões, como pólipos e fibromas, também podem ocorrer nesta localização (Turek & Lana, 2007; Malinowski, 2006). A caracterização histopatológicas destes últimos tipos de tumor não é feita, pelo facto de aparecerem com menos frequência e pela bibliografia disponível ser escassa

2.3 Diagnóstico

2.3.1 Anamnese e Sinais Clínicos

A grande maioria dos cães com tumores nasosinusais, apresenta no momento de diagnóstico uma história crónica de epistaxis (77%), espirros (67%) e descargas nasais mucopurulentas (56%) inicialmente intermitentes e progressivas, e com maior frequência unilaterais, podendo posteriormente tornar-se bilaterais (Rassnick et al., 2006; Thrall, 2002). O período de duração dos sinais clínicos antes do diagnóstico é em média 3 meses e podem estar presentes outros sinais clínicos como: diminuição do fluxo de ar no lado afectado; descargas nasais mucosas ou serosas; espirros invertidos; estertor respiratório; dispneia; deformação da face ou tumefacção e dor à palpação (Meler, Dunn & Lecuyer, 2008; Turek & Lana, 2007; McEntee, 2004). Podem ocorrer também sinais oculares como epífora, exoftalmia, prolapso da glândula da membrana nictitante e cegueira. Alguns animais, apresentam igualmente sinais neurológicos como depressão, convulsões, alterações de comportamento, deficits neurológicos, parésia e andamento em círculo. Uma pequena fracção de animais manifesta inicialmente apenas sinais neurológicos, o que se

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fica a dever a tumores que se desenvolvem na porção mais caudal da cavidade nasal e invadem directamente a cavidade craniana. Porém, a ausência de sinais neurológicos não invalida a extensão do tumor à caixa craniana, pois são muitos os animais em que tal acontece sem que ocorram sinais neurológicos. Os animais afectados raramente apresentam sinais sistémicos no momento do diagnóstico, porém em situações mais avançadas pode ocorrer letargia e perda de peso (Turek & Lana, 2007; McEntee, 2004). Embora alguns destes sinais clínicos sejam fortemente indicativos de neoplasia da cavidade nasal, como a deformação da face ou epistaxis intermitente e progressiva, e apesar de cerca de 30% das doenças nasais crónicas em cães serem neoplásicas, existem inúmeras outras doenças crónicas da cavidade nasal e algumas doenças sistémicas que podem ter uma apresentação clínica semelhante. Assim deverão ser considerados os seguintes diagnósticos diferenciais (McEntee, 2004; Cooke, 2005; Forrester & Noftsinger,2002):

Tabela 1 – Diagnósticos diferenciais a considerar (Adaptado de Forrester & Noftsinger, 2002) Patologia Nasal

Congénita

Fenda Palatina

Disquinésia ciliar primária Fenda de Rathke quística

Outra

Corpo estranho nasal Neoplasia nasal Trauma Rinite bacteriana Rinite alérgica Rinite Linfoplasmocítica

Rinite micótica (Aspergillus fumigatus; Penincilium sp.; Rhinosporidium seeberi)

Rinite parasitária (Linguatula serrata; Pneumonyssus caninum) Patologia Dentária

Doença periodontal Abcesso periapical Fístula oronasal Patologia Sistémica

Coagulopatias primárias: Doença de von Willebrand; Hemofilia

Coagulopatias secundárias: Intoxicação por rodenticidas; Hemoparasitoses (Ehrlichia canis, Bartonella spp*.)

Vasculite por Ehrlichiose Leishmaniose

Hiperviscosidade sanguínea por mieloma múltiplo; leucemia linfoide; ehrlichiose.

Hipertensão arterial por: hipertiroidismo; hiperadrenocorticismo; insuficiência renal crónica; feocromocitoma.

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2.3.2 Abordagem Inicial

Durante o exame clínico, além de um completo exame de estado geral, deverá ser criteriosamente pesquisada a origem dos sinais clínicos. Sob sedação ou anestesia, deverão ser cuidadosamente avaliadas:

- A cavidade nasal, pesquisando a presença de alterações que possam indiciar a causa subjacente. Por exemplo, a presença de ulceração nasal pode estar presente em cães com aspergilose; a presença de pólipos que fazem protrusão do nariz pode estar patente na rinosporidiose; a presença de deformações ou dor à palpação da cavidade nasal está geralmente associada a neoplasias nasais; a diminuição do fluxo de ar através das narinas unilateralmente, pode ser sugestiva de obstrução por neoplasia.

- A cavidade oral, para verificar a existência de lise ou desvio do palato duro; presença de massas; doença odontológica grave como fracturas dentárias, fístulas oronasais ou doença periodontal exuberante (Turek & Lana, 2007; McEntee, 2004; Taskers, et al., 1999).

Perante um quadro de epistaxis deverá ser cuidadosamente pesquisada a presença de sinais de hemorragia noutros locais, particularmente petéquias e equimoses nas mucosas e abdómen ventral (Forrester & Noftsinger, 2002). Deverá também proceder-se a alguns exames para excluir a presença de coagulopatias: exame oftalmológico para avaliar a presença de sinais de vasculite associados a infecção por riquetsia (hemorragias da retina, coriorretinite, uveite anterior) ou hipertensão (vasos tortuosos, hemorragias da retina); medição da pressão arterial; avaliação da função de coagulação, que deve incluir tempo de hemorragia da mucosa oral (BMBT), tempo de protrombina (PT), tempo de tromboplastina parcial activada (APTT) e tempo de coagulação (ACT) (Turek & Lana, 2007; McEntee, 2004; Taskers, et al., 1999).

Exames laboratoriais a considerar incluem hemograma, painel bioquímico de rotina (ureia; creatinina; fosfatase alcalina sérica; alalina aminotransferase; proteínas totais) e análise urinária, que na generalidade não apresentam alterações significativas em animais com tumores nasosinusais. Excepcionalmente podem ocorrer casos de eritrocitose, trombocitopénia imunomediada ou hipercalcémia paraneoplásica (Forrester & Noftsinger, 2002; Turek & Lana, 2007).

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2.3.3 Diagnóstico imagiológico

2.3.3.1 Radiografia

Mesmo considerando as limitações inerentes à sobreposição de estruturas, a sensibilidade da radiografia na detecção das principais alterações da cavidade nasal patentes em cães com tumores nasais é bastante semelhante à TAC, apesar de pouco sensível na caracterização da extensão da lesão. Esta afirmação é válida apenas na doença bem estabelecida, o que acontece quase invariavelmente quando os animais apresentam sintomatologia clínica (Pownder, Rose, & Crawford, 2006).

As radiografias deverão ser feitas sob anestesia geral para um posicionamento perfeito, o que nunca é possível com um animal acordado mesmo que muito cooperante, e além disso permite-nos a utilização de películas de aquisição de imagem mais lentas, que melhoram o detalhe desta. Deve optar-se por kV mais baixas (65 a 70 kV) e por mAs elevadas, para uma melhor distinção entre osso e tecido mole. A sobre-exposição das películas pode encobrir lesões subtis, enquanto que a sua sub-exposição pode criar falsos aumentos de opacidade em tecidos normais. Numa exposição conveniente deverá haver uma boa visualização dos turbinados etmoidais assim como dos tecidos moles que rodeiam a cavidade nasal (lábios e plano nasal). A natureza delicada e intrincada das conchas nasais poderá requerer a utilização de películas lentas ou de High detail film screen combination (Pownder et al., 2006).

As incidências tipicamente utilizadas para avaliação da cavidade nasal e dos seios paranasais são dorso-ventral, dorso-ventral intra-oral, ventro-dorsal, ventro-dorsal intra-oral, latero-lateral, fontal, dorso 10º ventrocaudal (oblíqua) e ventro 10-20º rostro-dorsocaudal (oblíqua) (Pownder et al., 2006; Thrall, 2002).

Na incidência dorso-ventral intra-oral há uma diminuição da distorção, devido a uma maior proximidade da película em relação à cavidade nasal, porém perde-se geralmente a imagem da placa cribiforme por não ser possível colocar a cassete em profundidade suficiente. Para solucionar este problema pode optar-se por uma incidência dorso-ventral oblíqua que permite uma extensão mais caudal da imagem, porém há alguma distorção desta na sua porção caudal, porque o feixe de radiação não vai incidir perpendicularmente ao palato duro. A opção mais conveniente é a utilização de sistemas de película intra-oral dentária que facilitam a colocação mais caudal da cassete (Pownder et al., 2006).

Na incidência ventro-dorsal há uma sobreposição da mandíbula com a cavidade nasal o que prejudica a avaliação da última. A alternativa oblíqua desta incidência soluciona o problema

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posto pela sobreposição, porém ocorre alguma distorção da imagem na porção cranial da cavidade nasal resultante da inclinação do feixe de radiação (Pownder et al., 2006).

As incidências mais úteis para avaliar a presença de alterações da cavidade nasal são a dorso-ventral intra-oral ou ventro 10-20º rostro-dorsocaudal para uma avaliação detalhada sem sobreposição da mandíbula, e a frontal rostro-caudal para uma boa avaliação dos seios frontais (Thrall, 2002).

Os seios frontais, os turbinados nasais, o septo nasal e os limites da cavidade nasal (placa cribiforme, palato duro, parede naso-orbital e parede lateral da cavidade nasal) são estruturas-chave a avaliar em animais com doença nasal crónica. O envolvimento dos seios frontais é comum em doenças agressivas, levando ao aparecimento de opacidades de tecido mole nestes. Em animais dolicocéfalos a avaliação dos seios frontais é habitualmente difícil, se não impossível, pelo facto destes terem seios frontais muito pequenos (Pownder et al., 2006).

A mucosa nasal reveste as conchas nasais formando um padrão característico de linhas paralelas na porção rostral da cavidade. Na porção caudal as conchas etmóides, mais densas e espessas, criam um padrão desordenado de linhas cruzadas. A presença de fluido (muco, pus ou sangue) na porção rostral pode fazer silhueta com a mucosa das conchas destruindo o seu padrão característico, enquanto que na porção caudal não alteram significativamente o padrão normal das conchas. A destruição das conchas e a sua substituição por opacidades de tecido mole são típicas das lesões agressivas (Pownder et al., 2006).

A placa cribiforme tem radiopacidade de osso e forma de “V” ou “C”, de acordo com a forma do crânio, nas incidências ventro-dorsal e dorso-ventral, sendo a melhor incidência para a sua visualização a dorso-ventral. Em animais braquicéfalos esta estrutura é sempre de difícil avaliação, devido à sua sobreposição com o osso frontal. A sua destruição em algum ponto indica lesão agressiva e potencial extensão desta para a cavidade craniana. Não podemos contudo esquecer que esta estrutura é composta por inúmeros pequenos foramens e que a sua sobreposição pode dar uma falsa imagem de lise. As lesões reais da placa cribiforme têm no mínimo 3mm de diâmetro (Pownder et al., 2006; Thrall, 2002).

Do septo nasal é avaliável apenas a sua porção óssea, opacidade linear que divide a cavidade nasal, e a sua erosão, deformação ou ablação e margens rugosas são indício de que estamos perante uma lesão agressiva (Pownder et al., 2006).

A parede naso-orbital separa a cavidade nasal da orbitária, sendo a destruição da sua integridade de extrema importância para determinar se há extensão da lesão à órbita. Contudo, o facto de ser uma estrutura criada pela sobreposição de vários ossos do crânio, torna impossível a sua avaliação por radiografia (Pownder et al., 2006).

Para uma boa avaliação da parede lateral da cavidade nasal as melhores incidências são a latero-lateral e as oblíquas. Podem ser notórias lesões líticas e fracturas da parede (visíveis

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apenas quando têm pelo menos 2 mm), assim como lesões ósseas proliferativas secundárias a processos invasivos. Por vezes a sobreposição dos dentes caninos pode mascarar lesões ténues desta estrutura, o que torna necessário avaliar cuidadosamente todas as áreas suspeitas e se necessário realizar incidências perpendiculares destas (Pownder et al., 2006).

As neoplasias assim como as rinites fúngicas dão origem a alterações radiográficas características de lesões agressivas, dificilmente diferenciáveis com recurso apenas a radiografias. No entanto, cada uma destas entidades clínicas possui alterações que lhe são mais características:

- Ás rinites fúngicas estão associadas alterações como destruição das conchas nasais com extensão às conchas etmoidais, o que resulta em áreas de perda de detalhe dos turbinados focais ou multifocais; radiolucências focais; lesões de massa mal circunscritas; opacidade de tecido mole nos seios frontais; diminuição da densidade do septo nasal; lise dos ossos de suporte da cavidade nasal (nasal, maxilar e palatino) e opacidade mista na porção caudal da cavidade nasal (Pownder et al., 2006; Russo & Jakovljevic, 2000).

- As neoplasias por sua vez provocam geralmente opacidades de tecido mole homogéneas; envolvimento unilateral (inicialmente); aumento de opacidade no seio frontal ipsilateral; destruição ou erosão do septo, do osso palatino e da maxila; perda generalizada do detalhe das conchas; massa com opacidade de tecido mole externa à cavidade nasal. Nas lesões neoplásicas, estão geralmente representadas pequenas áreas radiolucentes sobre regiões de aumento de opacidade (Pownder et al, 2006; Russo & Jakovljevic, 2002).

Não deve ser esquecido que lesões não agressivas podem ter um aspecto semelhante às lesões agressivas e que numa fase inicial lesões agressivas podem exibir um aspecto aparentemente benigno (Pownder et al., 2006).

Apesar das diferenças supracitadas de alterações tipicamente neoplásicas ou fúngicas, não podemos definir com base num exame radiográfico se estamos perante uma neoplasia. Assim, apesar da sua pouca especificidade, que não nos permite determinar diagnósticos definitivos, e de não nos permitir definir com segurança a extensão das lesões identificadas, a radiografia continua a ser uma boa ferramenta de diagnóstico inicial (Pownder et al., 2006).

Uma vez identificadas lesões radiográficas sugestivas de neoplasia, deverá proceder-se à avaliação radiográfica do tórax, através de três incidências (lateral direita, latero-lateral esquerda e dorso-ventral) para rastrear a presença de eventuais metástases pulmonares.

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2.3.3.2 Tomografia Axial Computadorizada

A TAC obtém imagens de corte transversal das porções anatómicas avaliadas, o que contorna o problema do elevado grau de sobreposição das complexas estruturas ósseas que constituem o crânio na radiografia. Deste modo, permite-nos uma boa visualização das estruturas e das relações anatómicas entre elas. Comprovado por vários estudos está a sua superioridade em relação à radiografia na detecção de alterações da cavidade nasal, na definição da sua extensão e severidade e finalmente, na diferenciação entre doença nasal crónica neoplásica e não neoplásica (Lefebvre, Kuehn, & Wortinger, 2005). A única excepção observada, num estudo que incluiu 21 animais com neoplasia nasosinusal e talvez devido a particularidades do estudo, foi a maior sensibilidade da radiografia na detecção de opacidade dos seios frontais e destruição óssea nos mesmos. Apesar deste facto, a TAC é na verdade muito mais sensível do que a radiografia na detecção das restantes alterações nasosinusais que podem ocorrer na doença nasal crónica (Park, Beck & LeCounteur, 1992). Uma vez obtida, a imagem pode ser manipulada de várias formas para obtenção de um maior detalhe de uma área em particular, podendo ser reconstruída tridimensionalmente em outros planos (coronal ou sagital) que não o de corte (axial), sem que scans adicionais sejam necessários. É também possível ajustá-la a diferentes “janelas” conforme a estrutura a examinar seja óssea ou de tecido mole, de forma a avaliar com maior qualidade de imagem estruturas com diferentes densidades (Lefebvre et al., 2005).

Outra potencialidade da TAC é a utilização de contraste radiográfico (administrado IV), que permite a visualização de estruturas anatómicas específicas e detectar algumas lesões que de outra forma não seriam visíveis, dando-nos informação adicional em relação ao tipo de processo patológico presente (Lefebvre et al., 2005).

As alterações observadas com maior frequência na presença de neoplasias nasosinusais são: ocorrência de estrutura de densidade homogénea de tecido mole a duro, associada a uma extensa destruição dos turbinados, na maioria dos casos unilateralmente; destruição dos ossos etmoidais, septo nasal, seios frontais ou placa cribiforme (para a sua boa visualização deverá ser utilizado o plano coronal, em vez do sagital); extensão de uma densidade de tecido mole até à nasofaringe ou à região periorbital e hiperostose na maxila ipsilateral (Turek & Lana,.2007; Lefebvre et al., 2005). Apesar de não podermos estabelecer um diagnóstico definitivo a partir das alterações identificadas na TAC, obtemos uma forte suspeita clínica. Os resultados da análise histopatológica deverão assim ser sempre interpretados tendo por base esta suspeita, com a qual se devem correlacionar. Se tal não acontecer, as biópsias deverão ser repetidas (Lefebvre et al., 2005; Kuehn, 2006).

Ao fornecer-nos uma informação clara acerca da extensão da lesão, a TAC determina as áreas a avaliar posteriormente por rinoscopia, assim como as áreas suspeitas a submeter a

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biópsia e eventualmente a direccionar a cirurgia, nos raros casos em que pode ser necessária, para redução cirúrgica da lesão ou obtenção de um diagnóstico definitivo. Esta informação vai ser também essencial para o staging clínico da neoplasia e posteriormente no planeamento da radioterapia. As imagens da TAC podem ser analisadas por um software de planeamento, que define a localização precisa de incidência do feixe de radiação, o que favorece um maior sucesso terapêutico e permite a utilização de doses mais elevadas de radiação com maior segurança (Kuehn, 2006).

2.3.3.3 Ressonância magnética

Apesar de continuar a ser um método de diagnóstico dispendioso e pouco disponível, a ressonância magnética é cada vez mais utilizada na prática veterinária na investigação da patologia nasosinusal. Fornece uma excelente documentação da extensão das lesões, do envolvimento do septo nasal e da oclusão das vias aéreas, permitindo ainda uma boa diferenciação entre presença de fluído e tecido tumoral nos seios frontais e porção caudal da cavidade nasal. Um reconhecimento preciso destas alterações é de grande relevância na definição da opção de tratamento a adoptar e no estabelecimento do prognóstico (Petite & Dennis, 2006).

Comparativamente à TAC, cuja grande acuidade na detecção de lesões associadas à presença de neoplasias nasosinusais já foi amplamente comprovada, em especial a capacidade de reconhecimento de destruição óssea e de envolvimento de estruturas de tecido mole, a ressonância magnética tem a vantagem de obter imagens com excelente contraste entre tecidos moles de diferentes densidades, o que facilita a diferenciação do tecido tumoral de tecido necrótico e secreções retidas. Obtém imagens com uma boa resolução espacial e formatos multiplanares directos, tendo ainda a vantagem de não utilizar radiação X e portanto de evitar a ocorrência de artefactos decorrentes da sua interacção com o osso (Avner, Dobson, Sales & Herrtage, 2008).

Relativamente às alterações indicativas de tumor nasal, Miles, Dhaliwal, Moore e Reed (2008) referem que apesar da ausência de efeito de massa ser sensível e específico para o não diagnóstico de tumor nasal a sua presença é pouco específica para o diagnóstico de tumor, apesar de sensível, uma vez que tem elevada prevalência em rinites fúngicas e infecciosas. Segundo estes autores, a presença efeito de massa associado a alterações, como erosão concomitantemente do vómer e/ou da placa cribiforme, destruição dos ossos paranasais, invasão do seio esfenoidal ou invasão nasofaríngea, têm associação positiva com a presença de tumor nasal apesar de não serem completamente específicas.

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Já Avner et al. (2008) determinaram que as alterações presentes no exame de ressonância magnética indicativas de tumor nasosinusal são: presença de massa de tecido mole (foi registado um animal com uma lesão cavitária atípica) no espaço das conchas e dos etmoturbinados destruídos; destruição do septo nasal; retenção de secreções nos seios frontais associada ou não à presença de massa na porção caudal; lise dos ossos nasal e frontal.

No mesmo estudo de Avner et al. (2008) foram determinadas algumas limitações na utilização deste meio de diagnóstico: incapacidade de verificar a extensão do tumor ao recesso maxilar, recesso caudal, nasofaringe e ossos adjacentes à cavidade nasal. Tendo em conta que todas estas estruturas tendem a ser envolvidas ao longo do crescimento tumoral, em especial o recesso caudal que sendo um canal anatómico pode ser uma porta de entrada do tumor para a caixa craniana, a sua correcta avaliação é de extrema importância no planeamento da radioterapia. Foi também concluído que os planos que fornecem melhor informação para posterior delineação da radioterapia são os planos sagital e transverso. Ainda no mesmo estudo é referido que os carcinomas são tendencialmente hiperintensos em T1 (aquela que nos fornece um maior detalhe anatómico) e isointensos em T2 (aquela que nos fornece um melhor contraste entre estruturas de tecido mole de diferentes densidades, tendo uma excelente capacidade de diferenciar tecido normal de tecido anormal) enquanto que os sarcomas parecem ser mais hipointensos em T2 do que em T1. Uma explicação para estas diferenças de intensidade pode ficar a dever-se ao facto de os sarcomas terem uma baixa celularidade e um elevado conteúdo de colagéneo, tendo os carcinomas tipicamente uma elevada celularidade e uma quantidade moderada de secreções encarceradas na massa tumoral.

2.3.3.4 Rinoscopia

A rinoscopia consiste na exploração das cavidades nasais com recurso a um otoscópio, um endoscópio rígido ou um endoscópio flexível, permitindo-nos a visualização das suas estruturas internas e a identificação de anomalias anatómicas ou presença de corpos estranhos (Elie & Sabo, 2006).

O otoscópio pode ser utilizado para esta prática, todavia é rígido e curto permitindo apenas a avaliação da porção mais anterior da cavidade nasal, ou seja cerca de 20% da sua totalidade (Elie & Sabo, 2006).

A utilização de endoscópios rígidos, como artroscópios e os endoscópios de cistoscopia, permite a visualização de uma maior extensão da cavidade nasal, contudo cerca de 50% da sua porção caudal continua inacessível (Elie & Sabo, 2006).

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Os endoscópios flexíveis tipicamente utilizados para rinoscopia veterinária são os broncoscópios pediátricos. Estes permitem uma extensa visualização da cavidade nasal, porém o seu canal de irrigação é demasiado pequeno para manter um fluxo suficiente para uma boa visualização das estruturas (Elie & Sabo, 2006).

O acesso à porção mais caudal da cavidade nasal só é possível por retronasofaringoscopia. É feita uma retracção do palato com auxílio de um gancho, e por retroflexão do endoscópio flexível inserido trans-oralmente é possível observarmos as coanas e a nasofaringe (Elie & Sabo, 2006).

Apesar dos acessos anterior e posterior, temos que ter presente que a visualização da totalidade da cavidade nasal não é possível (Tams, 1999).

Alguns autores afirmam que o exame rinoscópico pode ser pouco conclusivo devido à presença de grande quantidade de secreções nasais, de epistaxis ou de hemorragia exuberante provocada pelo atrito do endoscópio com a mucosa (Park et al., 1992; Lefebvre et al., 2005). Porém estas situações são contornáveis, quer pela lubrificação do endoscópio, diminuindo assim a possibilidade de traumatismo da mucosa, quer através de uma irrigação contínua de uma solução salina fria pelo canal de instrumentação do endoscópio (Elie & Sabo, 2006; Tams, 1999).

A aparência rinoscópica dos tumores é bastante variável. A grande maioria aparece envolvida em exsudado mucoso ou muco-purulento, estando alguns envoltos em coágulos ou em hemorragias activas. A presença de alguma massa de tecido anormal nos meatos é fortemente indicativa de lesão neoplásica, e estas massas podem ter cores, contornos, texturas e níveis de vascularização variáveis. Podem desenvolver-se lesões tumorais entre os turbinados sem que estes sejam invadidos ou que a sua anatomia seja alterada, no entanto tumores de maior dimensão provocam invariavelmente uma extensa destruição dos turbinados (McCarthy, 2005). Na generalidade esta destruição não é directamente visualizável, porém existem algumas variações altamente sugestivas de destruição das conchas tais como: o aumento da dimensão dos meatos ou a possibilidade de com o endoscópio atravessar directamente toda a cavidade nasal até à nasofaringe (excepto em cães de raças grandes e gigantes); a visualização directa do ducto nasofrontal e da entrada nos seios frontais, também pouco prováveis a menos que haja uma extensa destruição dos turbinados nasais. Rinites crónicas podem igualmente provocar destruição dos turbinados, sendo a aspergilose aquela que em geral causa danos mais extensos, contudo pode ser facilmente descartada porque está habitualmente associada à presença de placas brancas caseosas na superfície da mucosa nasal e/ou seios frontal e maxilar (Tams, 1999). Lent e Hawkins (1992) ressalvam que a especificidade destas lesões micóticas depende em grande parte da experiência do operador de endoscopia, podendo acumulações focais de muco ser confundidas com placas micóticas por indivíduos mais inexperientes.

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As neoplasias, quando visualizáveis, podem não o ser na sua totalidade devido à pequena amplitude da cavidade nasal (McCarthy, 2005).

Quando há envolvimento do septo nasal, o sinal mais precoce é a inflamação da superfície contralateral, fomentando aderências aos turbinados adjacentes. A distorção ou desvio do septo para a cavidade normal, com ou sem penetração da mucosa também pode ocorrer. As penetrações, ao ocorrerem, podem ser ligeiras, aparecendo como pequenas lesões rosa esbranquiçadas, mais claras do que a mucosa nasal envolvente, ou apresentando-se como alterações evidentes (McCarthy, 2005).

A rinoscopia é um exame complementar valioso, porém não deverá ser dissociado de um prévio exame imagiológico, para determinação das zonas a serem observadas e sujeitas a biópsia. Se houver necessidade daquele ser realizado no dia da endoscopia, é imperativo que a preceda, pois o fluido e sangue que se acumulam naturalmente na cavidade nasal após o exame rinoscópico alteram as imagens radiológicas. Antes da realização da endoscopia, já com o animal anestesiado, deverá também ser feito um exame completo da cavidade oral (McCarthy, 2005; Elie & Sabo, 2006).

2.3.4 Exames do foro da Anatomia Patológica

O exame histopatológico é um passo importante para o diagnóstico definitivo de neoplasia nasal, na medida em que as alterações encontradas nos exames imagiológicos e no exame clínico podem ser, como já referido, comuns a outras doenças nasais crónicas, em particular as rinites micóticas.

A biópsia de tecidos poderá ser obtidas através de várias técnicas. Estas incluem: “flushing” nasal vigoroso para desalojar pedaços da lesão; biópsia cega transnasal com recurso a fórceps; biópsia endoscópica; rinotomia; punção aspirativa por agulha fina (PAAF) ou biópsia com recurso a biótomo de deformações faciais e biópsia do centro da lesão (“core biopsy”) por punção e aspiração transnasal (Turek & Lana, 2007). Nas técnicas cegas transnasais é importante assegurar que não ocorre penetração da placa cribiforme, os instrumentos de biópsia ou de aspiração deverão ser marcados a uma distância que a partir das narinas não vá além do canto medial do olho. Deve ser tido em conta que neste tipo de biópsia há o risco de colhermos amostras que não levem a um diagnóstico (Turek & Lana, 2007; Malinowski, 2006).

Podemos proceder ainda a uma análise citológica com recurso a escovilhão de citologia por via endoscópica ou transnasal, porém este método na maioria das vezes não resulta num diagnóstico, não sendo por isso recomendado (Turek & Lana, 2007; Malinowski, 2006).

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A análise citológica de líquido de lavagem da cavidade nasal é também na generalidade pouco conclusiva quer por não se obter um diagnóstico, quer por falha na detecção de células malignas em amostras de baixa celularidade, não sendo recomendado como meio de diagnóstico exclusivo (Malinowski, 2006).

Os tumores malignos são com frequência pouco diferenciados ou mesmo anaplásicos, podendo ser difícil a identificação da origem das células tumorais (Kusewitt & Rush, 2007). Sendo esta identificação de grande importância, porque afecta o prognóstico e dita a decisão terapêutica, pode ser feita com recurso a técnicas especiais como: a microscopia electrónica, que permite uma avaliação ultra-estrutural das estruturas celulares; colorações histoquímicas, que através de reacções químicas identificam células e os seus produtos celulares; imunohistoquímica, que identifica células tendo por base a utilização de anticorpos que se ligam a proteínas estruturais específicas (Page & Misdorp, 2002); citometria de fluxo, que apesar ser pouco rigorosa na determinação do parâmetro morfológico, dá-nos uma informação precisa relativamente à quantificação do ADN. Os citómetros de fluxo têm a capacidade de analisar uma grande quantidade de células num curto espaço de tempo. A amostra de células a ser analisada poderá ser corada com fluorocromos que se fixam ao ADN celular, permitindo a sua quantificação. Uma vez que os tumores benignos e os tecidos normais são geralmente diplóides, sendo as neoplasias malignas frequentemente aneuploides, a quantificação do DNA celular pode ser útil como técnica complementar ao diagnóstico histológico e citológico, quando é necessária informação adicional para distinguir entre lesões malignas e benignas. Contudo, existem lesões tumorais que apesar de malignas são diploides, não vindo a citometria de fluxo ter um contributo significativo para o seu diagnóstico definitivo; a citometria estática comparativamente à citometria de fluxo, é utilizada com menos frequência como técnica complementar aos exames histológico e citológico. Por análise, ao contrário da técnica de fluxo avalia, um pequeno número de células, e não está vocacionada para a quantificação de parâmetros celulares fazendo no entanto uma boa análise citomorfológica das amostras (Auer, Askensten, & Ahrens, 1989).

Na presença de sinais neurológicos e não sendo possível a realização de TAC, pode proceder-se à colheita de líquido céfalo-raquidiano para avaliarmos se há extensão da lesão para a dura-máter através da placa cribiforme. Aumento da pressão do líquido, da sua celularidade e das suas proteínas totais, é sugestivo de envolvimento do SNC (Turek & Lana, 2007; Malinowski, 2006).

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2.4 Staging Clínico

O staging clínico das doenças neoplásicas é de extrema importância para determinar qual o protocolo de tratamento a instituir e estabelecer um prognóstico para cada animal.

Actualmente existem 3 sistemas de staging propostos para tumores nasosinusais (Turek & Lana, 2007). Ficou demonstrado que a extensão local da lesão baseada na adaptação do sistema de staging da Organização Mundial de Saúde (OMS) (Tabela 2) não era significativa em termos de prognóstico de tumores nasosinusais em cães e gatos. Em 1993, Théon et al. (citado por Turek & Lana, 2007 e McEntee, 2004) desenvolveram um sistema de staging modificado (Tabela 2), tendo por base as alterações identificadas nos exames radiográficos, que mostrou ser significativo no prognóstico da doença.

Adams et al. (citado por Turek & Lana, 2007), em 1998, desenvolveram um novo sistema de staging (Tabela 2) baseado nas alterações tomográficas presentes (Turek & Lana, 2007). Apesar destas propostas, a significância em termos de prognóstico do staging local dos tumores nasosinusais permanece controversa.

Tabela 2 – Sistemas de staging propostos até ao momento para tumores nasosinusais (Adaptado de Turek &

Lana, 2007).

Sistema de staging modificado de Théon (1992)

Estádio 1

Neoplasia unilateral ou bilateral confinada às vias nasais, sem extensão para os seios frontais Estádio 2

Neoplasia bilateral que se estende aos seios frontais, com erosão de qualquer um dos ossos das vias nasais

Sistema de staging TNM (OMS) T – Dimensão do tumor primário

T0 Não há evidência de tumor

T1 Tumor ipsilateral; destruição óssea mínima ou ausente

T2 Tumor bilateral e /ou destruição óssea moderada

T3 Invasão tumoral dos tecidos vizinhos

N – Envolvimento dos gânglios linfáticos

regionais

N0 Não há evidência de envolvimento dos gânglios linfáticos locais

N1 Gânglios linfáticos ipsilaterais móveis N2 Gânglios linfáticos contralaterais ou bilaterais móveis

N3 Gânglios linfáticos fixos M – Metástases à distância

M0 Sem evidência de metástases à distância M1 Metástases distantes presentes

Sistema de staging modificado de Adams (1998)

T1

Confinado a uma das vias nasais, seios paranasais ou seios frontais, sem envolvimento ósseo.

T2

Qualquer envolvimento ósseo, mas sem evidência de massa orbitária, subcutânea ou submucosa.

T3 Massa com envolvimento orbitário, subcutâneo ou submucoso.

T4 Extensão do tumor à nasofaringe ou à placa cribiforme.

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2.5 Opções de tratamento

O tratamento de neoplasias deste tipo baseia-se no controlo local da doença, porque como já foi referido anteriormente, a invasão dos tecidos é geralmente extensa mas local e as metástases surgem numa fase tardia (Malinowski, 2006).

2.5.1 Cirurgia

Por si só a cirurgia é um tratamento ineficaz e inadequado a esta entidade clínica, porque a maioria dos tumores são localmente invasivos sendo a sua remoção completa improvável (Rassnick et al., 2006). Além disso não aumenta o tempo de sobrevivência dos animais intervencionados em relação aos que não foram submetidos a qualquer tratamento e provoca geralmente uma grande morbilidade, aumentando a predisposição para rinites crónicas e osteomielite-osteonecrose (Adams et al., 2005).

Num estudo de 2005 (Adams et al.) com 53 animais, 40 dos quais tratados com radioterapia e 13 tratados com quimioterapia e radioterapia, verificou-se que a realização de cirurgia excisional da cavidade nasal pós radioterapia aumentou o tempo de sobrevivência dos animais pós tratamento e retardou a recidiva da doença.

Pode também ser utilizada paliativamente de forma a melhorar a função respiratória dos animais, sem esquecer a ponderação cuidada de ganhos vs. morbilidade esperados pós cirurgicamente. Quando realizada a rinotomia, o acesso preconizado para remoção de neoplasias é o dorsal. O acesso ventral, poderá no entanto ser utilizado, com o intuito de avaliar a porção caudal da cavidade nasal até aos turbinados etmoidais, e o aspecto ventral dos turbinados nasais (Withrow & Vail, 2007; Fossum et al., 2002).

Além da rinotomia, outra opção cirúrgica paliativa é a traqueostomia permanente. É utilizada em situações em que o tumor está a causar obstrução provocando stress respiratório, e não é possível recorrer com sucesso de outra hipótese de tratamento. A capacidade de vocalização dos animais submetidos a este procedimento pode ficar diminuída ou mesmo desaparecer (Fossum et al., 2002).

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2.5.2 Quimioterapia

Os agentes quimioterápicos podem actuar por indução de apoptose celular, por lesão do ADN celular ou podem interferir com uma fase específica da multiplicação celular. Assim, as células sensíveis à quimioterapia são aquelas que se encontram em divisão activa, sendo as células que se encontram em fase G0, que também contribuem para o volume tumoral, geralmente resistentes à acção dos quimioterápicos. Além disto, os tumores têm uma fase inicial de crescimento quase exponencial, passando depois a uma fase de crescimento mais lenta e portanto menos sensível à quimioterapia (Dobson & Gorman, 1993; Chun, Garrett & Vail, 2007).

Os tumores nasais, além de serem tumores sólidos (não sistémicos) são geralmente diagnosticados numa fase avançada e portanto com um índice de multiplicação celular baixo, o que explica o facto da sua resposta à quimioterapia ser geralmente fraca. Apesar destes factos, a quimioterapia revelou ser eficiente como tratamento paliativo na redução dos sinais clínicos, melhorando a qualidade de vida dos animais tratados e aumentando o seu período de sobrevivência após o diagnóstico da doença (Langova, Mutsaers, Philips & Straw, 2004).

Os efeitos adversos mais comuns consequentes à utilização destas drogas citotóxicas são: toxicidade gastrointestinal, manifestada por inapetência, náusea, vómito e diarreia; reacções anafiláticas ou de hipersensibilidade; flebites, esclerose vascular e necrose tecidular na sequência de injecção perivascular ou extravasão; alopécia, em raças com pelo de crescimento contínuo como os caniches e os terriers, mas geralmente pouco significativa; nefrotoxicidade e mielossupressão, expressa principalmente pela diminuição da concentração de neutrófilos e plaquetas, as células com semi-vida mais curta (Dobson & Gorman, 1993; Chun et al., 2007). Contudo, como as células estaminais hematopoiéticas pluripotenciais não se encontram em multiplicação activa, não são afectadas na maioria dos casos, recuperando da lesão citotóxica após a eliminação do agente quimioterápico do organismo (Dobson & Gorman, 1993). A neutropénia é o efeito tóxico limitante da dose dos quimioterápicos mais utilizados, devendo o tratamento ser adiado se a contagem de neutrófilos for inferior a 2x109/L. Na maioria dos casos de neutropénia moderada, as

contagens de neutrófilos aumentam dentro de três a quatro dias e o tratamento pode ser reiniciado. Os tecidos com maior proporção de células em multiplicação são aqueles que com mais frequência sofrem efeitos adversos, ou seja a medula óssea e o epitélio gastrointestinal (White & Lascelles, 2003).

O doseamento das drogas utilizadas nos protocolos de quimioterapia é geralmente feito tendo por base a estimativa da área de superfície corporal (ASC), que se obtém através da seguinte expressão: ASC= 10xP2/3, onde P corresponde ao peso do animal em quilogramas

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(McKnigth, 2003; Chun et al., 2007). Este método correlaciona-se melhor do que o peso com o índice metabólico basal, o volume sanguíneo, o output cardíaco e a farmacocinética das drogas (McKnigth, 2003). Esta forma de dosagem está contudo associada ao aumento da toxicidade, de drogas como a doxorrubicina, a cisplatina e a carboplatina em cães com menos de 15 quilogramas. Assim, recomenda-se que o doseamento para estes animais seja feito com base no peso do animal (Chun et al., 2007).

Nos últimos anos foram avaliados diferentes protocolos terapêuticos com respostas variáveis. Protocolos de quimioterapia que combinam agentes com diferentes mecanismos de acção, obtêm resultados mais promissores do que protocolos que incluem apenas um agente quimioterápico (Langova et al., 2004). Qualquer que seja o protocolo adoptado, devem ser tidos em consideração os princípios básicos da quimioterapia: utilizar apenas drogas com eficácia documentada para o tipo de tumor a tratar; administrar todas as drogas na dose e intervalo máximo tolerados; utilizar em conjunto vários agentes quimioterápicos com diferentes mecanismos de acção, reduzindo a sua toxicidade, aumentando a destruição de células tumorais e diminuindo o desenvolvimento de resistência às drogas utilizadas (White & Lascelles, 2003).

Langova et al. (2004) aplicaram um protocolo com carboplatina 300mg/m2 IV, doxorrubicina

30 mg/m2 IV, alternadamente a cada 2 semanas num total de 8 doses e Piroxicam 0,3 mg/kg

PO SID, a 8 animais com tumor nasal histologicamente confirmado. Foi muito bem tolerado na generalidade com apenas 2 em 8 animais a desenvolverem efeitos adversos como neutropénia, diarreia e vómito moderados. Todos os animais submetidos a este protocolo tiveram resolução dos sinais clínicos após uma ou duas doses de quimioterapia, tendo 75% destes tido uma clara resposta ao tratamento, 50% atingido a remissão completa e 25% atingido uma remissão parcial. Apesar da reduzida amostra deste ensaio foi possível concluir que a quimioterapia foi eficaz e bem tolerada, sendo deste modo uma boa alternativa à radioterapia no caso de esta não estar disponível.

Num estudo retrospectivo com seis animais que apresentavam tumor venéreo transmissível intranasal (Papazoglou, Koutinas, Plevraki & Tontis, 2001) foi adoptado um protocolo de quatro a cinco ciclos semanais de vincristina endovenosa, na dose de 0.6 mg/m2. Em quatro

dos animais, cinco ciclos de tratamento (aplicados durante um mês) resolveram por completo as massas tumorais. Um dos casos foi resistente à terapêutica e o sexto animal deixou de ser acompanhado. Este estudo concluiu que o tumor venéreo transmissível com localização nasal apesar de pouco frequente, é eficazmente tratado com um protocolo de vincristina podendo ocasionalmente ocorrer casos de resistência.

A utilização da quimioterapia em associação com a radioterapia melhora o controlo local da neoplasia e tendo actuação sistémica, pode ser benéfica em casos de presença de metástases, melhorando em geral o período se sobrevivência dos animais (Chun et al., 2007; Dobson & Gorman, 1993).

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Tabela 1 – Diagnósticos diferenciais a considerar (Adaptado de Forrester & Noftsinger, 2002)  Patologia Nasal
Tabela 2 – Sistemas de staging propostos até ao momento para tumores nasosinusais (Adaptado de Turek &
Gráfico 1 – Distribuição da população por sexo e idade
Tabela 3 –  Caracterização de raças  e tipo de  crânio na população estudada.
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Referências

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