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Prevalência e relação entre fatores de risco para doenças cardiovasculares e.m escolares de Teresina- PI

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Academic year: 2017

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Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

em Educação Física

PREVALÊNCIA E RELAÇÃO ENTRE FATORES DE RISCO

PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM ESCOLARES DE

TERESINA-PI

Autor: João Luiz Naves da Silva

Orientador: Dr. Herbert Gustavo Simões

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PREVALÊNCIA E RELAÇÃO ENTRE FATORES DE RISCO PARA

DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM ESCOLARES DE TERESINA-PI

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física da Universidade Católica de Brasília para obtenção do título de Mestre em Educação Física.

Orientador: Prof. Dr. Herbert Gustavo Simões.

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S586p Silva, João Luiz Naves da.

Prevalência e relação entre fatores de risco para doenças cardiovasculares e.m escolares de Teresina- PL I João Luiz Naves da Silva -20 15.

58f.; il.: 30 em

Dissertação (Me strado) - Universidade Católica de Brasilia, 2015. Orientação: Prof. Dr. Herbert Gustavo Simões

I. Educação f'ISica. 2. Aptidão fisica. 3. Pressão arterial. 4. l'vledidas

antropométricas. 5. Estudantes. L Simões, Herbert Gustavo, セ@ 11.

Título.

CDU 796:37

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Dissertação de autoria de João Luiz Naves da Silva. 1ntítu'ada " Prevalência

e relação entre fatores de risco para doenças cardíovascu lares em el'lcolares

de Teresina-PI", apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre em Educaçao Flsica da UniVersidade Católica de Bras I ia, em 05 ae março

de 2015, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

P1of. Dr. Herbert Gustavo SinOes

Orientador

Universidade Católica de Brasflia - UCB

r rof. Dr. Apare Universidad

Prof Or. Milton ROCila de Moraes

Universidade Católica de Brasnia - UCB

Profa Ora. Carmen Silvia Grubert Ca mpbell

Universidade Católica de Orasrtia - UCB

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cardiovasculares em escolares de Teresina-PI. 2015. 58f. Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Educação Física (Mestrado em Educação Física) –

Universidade Católica de Brasília – UCB, Brasília, 2015.

O nível de atividade física, aptidão física, pressão arterial sistêmica e medidas antropométricas na infância vêm sendo relacionadas com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares na vida adulta. Estudos epidemiológicos indicam que entre os principais fatores de risco estão o excesso de peso, a hipertensão arterial sistêmica, a circunferência abdominal elevada, a baixa aptidão cardiorrespiratória e o sedentarismo. Na região Nordeste e em especial o estado do Piauí, até o momento poucos estudos tem sido realizados com escolares. Assim, observa-se a necessidade de mais estudos sobre fatores de risco para doenças cardiovasculares em escolares desta região. Portanto o presente estudo verificou prevalência e a relação entre fatores de risco cardiovasculares em escolares das escolas públicas municipais em Teresina, no Piauí, Brasil. A amostra foi composta por 430 escolares de ambos os sexos, com idade entre 10 a 12 anos, matriculados na rede escolar municipal de Teresina-PI. Os voluntários responderam a um questionário para identificar o nível de atividade física e foram submetidos à avaliação da massa corporal, estatura, índice de massa corpórea, aptidão física e pressão arterial. Obesidade abdominal foi verificada em 15,8% da amostra. Para as variáveis hemodinâmicas, 6,7% dos participantes foram classificados como pré-hipertensos e 7,4% apresentaram hipertensão arterial, totalizando 14,1% da amostra com pressão arterial acima dos valores normais. Baixos níveis de atividade física foram observados em 49,8% dos escolares, estando 23,2% deles com excesso de peso e 15,8% com obesidade abdominal. Foi observada correlação negativa (p=0,001) entre o VO2máx e as variáveis circunferência abdominal, pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica demonstrando que, quanto menor o VO2máx maior a circunferência abdominal, pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica. Já em relação à circunferência abdominal, houve correlação positiva entre esta e a pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica (p=0,001), ou seja, quanto maior a circunferência abdominal maior a pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica. Podemos concluir que existe uma alta prevalência de fatores de riscos para doenças cardiovasculares, ou seja, uma parcela expressiva dos escolares de Teresina encontra-se em risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Da mesma forma, os achados deste estudo demonstraram haver correlações entre os fatores de risco cardiovasculares analisados, onde os adolescentes com baixa aptidão cardiorrespiratória e/ou maiores medidas de circunferência abdominal, estão mais susceptíveis a uma potencialização dos demais fatores de risco estudados, aumentando assim, as chances para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares. Deste modo, a divulgação desses resultados torna-se necessária para alertar a população e as autoridades para a dimensão, amplitude, e complexidade do problema, reforçando a importância de políticas públicas que possam induzir uma mudança neste cenário.

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cardiovasculares em escolares de Teresina-PI. 2015. 58f. Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Educação Física (Mestrado em Educação Física) –

Universidade Católica de Brasília – UCB, Brasília, 2015.

The level of physical activity, physical fitness, blood pressure and anthropometric measurements in childhood has been linked to the development of cardiovascular diseases in adulthood. Epidemiological studies have indicated that the main risk factors are overweight, hypertension, high waist circumference, low cardiorespiratory fitness and physical inactivity. In the Northeast and in particular the state of Piauí, few studies have been conducted regarding this subject in scholars. Thus, there is a need for further studies on risk factors for cardiovascular disease in school children of this region. Therefore the present study investigated the prevalence and the relationship between cardiovascular risk factors in schoolchildren of public schools in Teresina, Piauí, Brazil. The sample consisted of 430 students of both genders, aged 10-12 years, enrolled in the municipal school network of Teresina, PI. The volunteers answered a questionnaire to identify the physical activity level (PAL) and were evaluated for weight, height, body mass index, physical fitness and blood pressure. Abdominal obesity was found in 15.8% of the sample. For hemodynamic variables, 6.7% of participants were classified as hypertensive and 7.4% had high blood pressure, total of 14.1% of the sample with blood pressure above normal values. Low levels of physical activity were observed in 49.8% of the students, with 23.2% of overweight and 15.8% with abdominal obesity. Negative correlation was observed (p = 0.001) between VO2max and the variables waist circumference, systolic blood pressure and diastolic blood pressure showing that the smaller the higher VO2max waist circumference, systolic blood pressure and diastolic blood pressure. In relation to waist circumference, there was a positive correlation between this and the systolic blood pressure and diastolic blood pressure (p = 0.001), i.e., the higher the waist circumference, systolic blood pressure and diastolic blood pressure. We can conclude that there is a high prevalence of risk factors for cardiovascular disease among studied participants. It means that a significant portion of Teresina's schoolchildren is at risk for cardiovascular diseases in future. Similarly, the findings of this study demonstrated a correlation between the cardiovascular risk factors analyzed, where participants with low cardiorespiratory fitness and / or greater measures of waist circumference, were more susceptible to increased risk factors studied, and thus with higher chances to develop cardiovascular disease. Finally, the publication of these results may serve as an alert to the public authorities regarding the magnitude, scope, and complexity of the problem, reinforcing the importance of public policies to induce a change in this scenario.

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2..OBJETIVOS ... 13

2.1 OBJETIVO GERAL ... 13

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 13

3..REVISÃO DE LITERATURA ... 14

3.1 FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULAR ... 14

3.2 HIPERTENSÃO ... 16

3.3 APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA ... 18

3.4 NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA ... 20

3.5 OBESIDADE ABDOMINAL ... 22

4..MATERIAIS E MÉTODOS ... 25

4.1 CARACTERÍSTICAS DO ESTUDO ... 25

4.2 POPULAÇÃO E SELEÇÃO DA AMOSTRA ... 25

4.3 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS ... 26

4.3.1 Apresentação do projeto à escola ... 26

4.3.2 de Dados ... 26

4.3.2.1 Medidas Antropométricas. ... 26

4.3.2.1.1 Massa corporal ...26

4.3.2.1.2 Estatura ... 27

4.3.2.1.3 Cálculo do IMC ...27

4.3.2.1.4 Circunferência abdominal ... 28

4.3.2.2 Aplicação do Questionário de Estilo de Vida ... 28

4.3.2.2.1 Cálculo do nível de atividade física ... 29

4.3.2.3 Avaliação da Pressão Arterial. ... 30

4.3.2.4 Avaliação da Aptidão Cardiorrespiratória ... 31

4.3.3 éticos ... 31

4.3.4 Análise estatística ... 32

5.RESULTADOS ... 33

5.1 ANÁLISE DESCRITIVA E PREVALÊNCIAS ... 33

5.2. CORRELAÇÕES ... 34

6.DISCUSSÃO ... 36

6.1 PREVALÊNCIA ... 36

6.2 CORRELAÇÕES ... 38

7.CONCLUSÃO ... 40

8.REFERÊNCIAS ... 41

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente os países emergentes passam por um processo de transição epidemiológica e nutricional, caracterizado pelo aumento da incidência de doenças crônicas não transmissíveis e pelo declínio das infectocontagiosas, sendo o Brasil um destes países. Tem sido relatado que mudanças de comportamento em relação ao estilo de vida têm levado a população em geral a uma diminuição da prática de atividade física, contribuindo para um aumento dos fatores de riscos relacionados às doenças cardiovasculares (DCV) (MORAES et al., 2014; SIMÃO et al., 2014; COELHO et al., 2012; RIVERA et al., 2010).

Constituindo a principal causa de morte nos países desenvolvidos (26,6%) e em desenvolvimento (28,7%), no Brasil as DCV são responsáveis por um terço de todos os óbitos e quase 30% do total de mortes na faixa etária de 20 a 59 anos de idade (ANDRADE et al., 2013; WHO, 2010). Sua ocorrência depende de múltiplas e variadas causas, denominadas fatores de risco para doenças cardiovasculares e, ao que tudo indica, parecem ter suas origens durante a infância e adolescência (MORAES et al., 2014; SCHOMMER et al., 2014).

Estudos epidemiológicos indicam que entre os principais fatores de risco para as DCV estão o excesso de peso, a hipertensão arterial sistêmica (HAS), a circunferência abdominal (CA) elevada, a baixa aptidão cardiorrespiratória (ACR) e o sedentarismo (SCHOMMER et al., 2014; BURGOS et al., 2013; COELHO et al., 2012; CASONATTO et al., 2011; WHO, 2009; VASQUES et al., 2007).

Ao indicarem a presença de fatores de risco cardiovascular em escolares, os estudos revelam ainda que a incidência do problema, além de ser crescente, se apresenta em idades cada vez mais precoces (SCHOMMER et al., 2014; MORAES et al., 2014; SIMÃO et al., 2014; BURGOS et al., 2013; COELHO et al., 2012; CASONATTO et al., 2011), o que passou a ser uma preocupação adicional.

Wilmore e Costil (2001) afirmam que a incidência das DCV ocorre de maneira silenciosa, sendo notada, apenas, quando as complicações severas se apresentam. Portanto, tanto a identificação precoce dos fatores de risco, assim como a redução destes, é fundamental para a prevenção e controle das DCV.

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cerca de 600 milhões de hipertensos no mundo, sendo que a doença atinge, em média, 30% da população brasileira, chegando a mais de 50% na terceira idade (SBH, 2014). Ainda que predomine na população adulta e idosa, segundo a I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular (2013), há evidências de que a HAS pri- mária se origine na infância e que níveis pressóricos elevados nessa fase da vida sejam fortes preditivos de HAS na vida adulta.

A prevalência da HAS em crianças e adolescentes é considerável (SCHOMMER et al., 2014; CASONATTO et al, 2011), com taxas que chegam a 12% (MOREIRA et al., 2013). Estudos têm demonstrado associação entre indicadores antropométricos, excesso de gordura, ACR e sedentarismo com HAS em crianças e adolescentes (BURGOS et al., 2013; COELHO et al., 2012).

Outro fator de risco preocupante é a obesidade, que segundo a OMS, é uma doença causada pelo excesso de gordura no organismo. No Brasil, o estudo de Malta et al. (2014) sobre a evolução anual da prevalência de excesso de peso e de obesidade na população adulta das capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal entre 2006 e 2012, evidenciou que a prevalência de excesso de peso na população adulta das 27 cidades monitoradas pelo VIGITEL aumentou de 43,2% (2006) para 51,0% (2012), sendo de 1,37% o incremento anual médio calculado para o período. A prevalência da obesidade aumentou de 11,6% para 17,4%, com incremento anual de 0,89%. Aumento estatisticamente significativo na prevalência do excesso de peso foi observado em todas as cidades, nos dois sexos, em todas as faixas etárias e em todos os níveis de escolaridade. Evolução semelhante foi observada para a obesidade.

Na infância e adolescência o sobrepeso e a obesidade, considerados entre os maiores problemas de saúde pública da atualidade, tem sido tema de vários estudos (SCHOMMER et al., 2014; FLORES et al., 2013; BRITO et al., 2012).

Entretanto, um dos aspectos importantes a se considerar em relação a gordura corporal e os agravos à saúde, é o padrão de distribuição deste tecido adiposo. Nesse sentido, Janssen et al. (2005), demonstraram que entre os adolescentes com sobrepeso, e que apresentaram elevação concomitante da CA estariam com chances duas vezes maiores de desenvolverem fatores de risco para DCV, quando comparados ao grupo de sobrepeso sem obesidade abdominal.

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BERGMANN et al., 2008). Para Vasques et al. (2007), a manutenção de níveis adequados ACR durante a adolescência estão diretamente relacionados a um estilo de vida saudável na fase adulta.

Somando-se a isto, Rivera et al. (2010) e Ronque et al.(2007), sugerem que a prática regular de atividades físicas sistematizadas na infância e na adolescência pode favorecer sobremaneira o desenvolvimento ou a manutenção de níveis adequados de aptidão física, reduzindo o risco de incidência de inúmeras disfunções crônico-degenerativas em idades precoces portanto, de acordo com a I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular a atividade física deve ser incentivada em crianças e adolescentes para que eles adquiram um hábito ativo que permaneça ao longo da vida.

Embora exista um número elevado de estudos sobre a importância que o sobrepeso/obesidade, a CA elevada, a HAS, o sedentarismo e a baixa ACR assumem para a saúde humana, estudos com populações mais jovens são desejáveis e necessários, especialmente em regiões pouco estudadas como o nordeste brasileiro (SILVA et al., 2014; OLIVEIRA et al., 2010; RIVERA et al., 2010). A exemplo do Estado do Piauí, até o momento poucos estudos com escolares foram encontrados (SOUSA JUNIOR et al., 2013; BRITO et al., 2012; SILVA et al., 2011).

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Verificar a prevalência e a relação entre os fatores de risco para doenças cardiovascular em escolares com idade de 10 a 12 anos, de escolas públicas municipais de Teresina-PI.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Classificar os escolares quanto à aptidão cardiorrespiratória, pressão arterial, adiposidade abdominal e nível de atividade física;

 Comparar o nível de aptidão cardiorrespiratória, pressão arterial, adiposidade abdominal e nível de atividade física, entre meninos e meninas;

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULAR

Para Wilmore e Costil (2001), associados ao desenvolvimento prematuro das doenças cardiovasculares, estão os fatores de risco para DCV que podem ser divididos em dois grupos: modificáveis ou susceptíveis de controle (dislipidemias, hipertensão, consumo de tabaco, inatividade física, obesidade, diabetes e fatores psicossociais) e os fatores não modificáveis ou não susceptíveis de controle (história familiar, gênero masculino e idade avançada).

De acordo com a OMS (2010), as doenças do aparelho circulatório foram as principais causas de morte nos países desenvolvidos ou em desenvolvimento, em 2009, estando entre as 10 principais causas de mortes e sendo responsáveis por 28,7% dos óbitos em países em desenvolvimento e 26,6% nos países desenvolvidos. No Brasil, representaram um terço de todos os óbitos e quase 30% do total de mortes na faixa etária de 20 a 59 anos de idade, atingindo a população adulta em plena fase produtiva (ANDRADE et al, 2013). Entre as doenças do aparelho circulatório, destacam-se as doenças cerebrovasculares e as doenças isquêmicas do coração, que, em 2009, compuseram, respectivamente, 32% e 30% dos óbitos (WHO, 2010).

Segundo os apontamentos de Polanczyk no editorial dos Arquivos Brasileiro de Cardiologia (2005), o estudo de Framingham em Massachusetts nos Estados Unidos e o INTERHEART , realizado em 52 países dos 5 continentes, apontaram como principais fatores de risco para o desenvolvimento de doença cardíaca o tabagismo, níveis elevados de colesterol LDL, baixos de HDL, diabetes melitus, HAS, história familiar, obesidade, sedentarismo, obesidade central, síndrome plurimetabólica e ingesta de álcool.

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13% das mortes no mundo, o sedentarismo por 6% e o sobrepeso e a obesidade por 5%, estando entre os cinco principais fatores de risco de morte no mundo.

Já o estudo de Malta et al. (2014), ao descrever a evolução anual da prevalência de excesso de peso e de obesidade na população adulta das capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal entre 2006 e 2012, verificaram que a prevalência de excesso de peso aumentou de 43,2% em 2006, para 51,0% em 2012, sendo de 1,37% o incremento anual médio calculado para o período. A prevalência da obesidade aumentou de 11,6% para 17,4%, com incremento anual de 0,89% e que, mantidas as tendências observadas no período entre 2006 e 2012, em dez anos, cerca de dois terços dos adultos nas capitais dos estados brasileiros terão excesso de peso, e cerca de um quarto será obeso.

De acordo com I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular – DBPC (2013), nas crianças e adolescentes, observa-se uma importante ascensão do sobrepeso e obesidade, independente do sexo e das classes sociais, e uma proporção significativa das crianças obesas irão tornar-se adultos obesos.

Outro fator importante na etiologia das DCV é a obesidade abdominal que segundo Maffeis et al. (2001), é considerada sensível na detecção de risco para DVC inclusive em crianças. Já a HAS é considerada o mais importante fator de risco para as doenças isquêmicas e para o acidente vascular cerebral (MACKAY; MENSAH, 2004). E para a I DBPC (2013), esses dois fatores são considerados fatores agravantes de risco para as DCV.

Em crianças e adolescentes muitos pesquisadores têm considerado o VO2max como um dos melhores indicadores da capacidade cardiorrespiratória, do nível de aptidão física e importante parâmetro de morbidades associadas (WILMORE; COSTILL, 2001). E de acordo com Twisk, Kemper e Mechelen (2000), várias dimensões de aptidão física têm sido identificadas como precursores de saúde, no entanto, o componente que está diretamente associado com redução de risco de doenças cardiovasculares é a aptidão cardiorrespiratória.

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Para Ribeiro et al. (2006), as profundas alterações no estilo de vida dos indivíduos jovens como o sedentarismo influenciam diretamente na etiologia desses problemas. A atividade física é importante em crianças e adolescentes, uma vez que afeta os fatores de risco para doenças cardíacas devido a sua relação inversa com a gordura corporal, pressão arterial e os lipídeos séricos (RIVERA et al., 2010; MALINA; BOUCHARD, 2002).

No Brasil, diversos estudos realizados em diferentes regiões têm demonstrado altas prevalências de fatores de risco para DCV em crianças e adolescentes (SCHOMMER et al., 2014; BURGOS et al., 2013; SILVA et al., 2011; PINTO et al., 2011; PEREIRA et al., 2010; VASQUES, 2008; MONEGO; JARDIM, 2006;).

Para Goldberg e Samyn (2001), a principal prevenção das DCV está na mudança de hábitos, na utilização de estratégias na apresentação de alimentos saudáveis de forma mais atrativa, limitação da ingestão de alimentos gordurosos, incentivar e ensinar práticas de exercícios logo nos primeiros anos de vida.

3.2 HIPERTENSÃO

Segundo Trischler (2003), a pressão arterial (PA) é definida como a força exercida pelo sangue contra as paredes internas das artérias e apresenta-se em duas fases, a pressão arterial sistólica que ocorre quando o coração contrai e bombeia um grande volume de sangue para dentro das artérias, é a medida da força maior, e a pressão arterial diastólica que é a pressão das artérias durante o período a diástole e é considerada a menor medida.

Já a hipertensão arterial sistêmica segundo Paulus et al (1999), é uma doença crônica, não transmissível, de natureza multifatorial, sendo que, o fator de maior relevância envolvido é o estilo de vida inadequado, caracterizado por maus hábitos alimentares e pelo sedentarismo.

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percentis 90 e 95, como limítrofe; entre os percentis 95 e 99 mais 5mmHg, hipertensão estágio 1; PA > percentil 99 mais 5 mmHg, hipertensão estágio 2. Wilmore e Costil (2001) classificam os fatores de riscos da hipertensão arterial em dois grupos; o primeiro grupo são os que podemos controlar a exemplo da resistência a insulina, obesidade, dieta rica em sal, utilização de contraceptivos, inatividade física e o segundo grupo são os que não podemos controlar como a hereditariedade, idade avançada e raça.

Estimativas da Sociedade Brasileira de Hipertensão – SBH (2014) apontam através de dados mundiais que 7.000.000 de pessoas morrem por ano e 1,5 bilhão adoecem por causa da pressão alta e que, atualmente, a doença atinge em média de 30% da população brasileira, chegando a mais de 50% na terceira idade. A pressão arterial elevada está presente em 5% das crianças e adolescentes no Brasil, é responsável por 40% dos infartos, 80% dos acidentes vascular cerebral e 25% dos casos de insuficiência renal terminal.

Em virtude disso, a VI DBHA (2010), alerta para que a HAS, tida como um importante fator de risco para doença coronariana, seja identificada e prevenida em indivíduos de todas as idades uma vez que, a hipertensão arterial apresenta custos médicos e socioeconômicos elevados, decorrentes principalmente das suas complicações, tais como: doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica e doença vascular de extremidades.

Portanto, de acordo com recomendações da VI DBHA (2010), a medida da pressão arterial em crianças é recomendada em toda avaliação clínica após os três anos de idade, pelo menos anualmente, como parte do seu atendimento pediátrico primário.

Estudos têm demonstrado associação positiva entre excesso de peso, CA elevada, baixa ACR e sedentarismo com valores mais elevados de PA em crianças e adolescentes (SHOMMER et al., 2014; BURGOS et al., 2013; MOSER et al., 2011; RIBEIRO et al., 2006; STABELINI NETO et al., 2008; MONEGO; JARDIM, 2006).

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valores abaixo do percentil 90 como normotenso,; entre os percentis 90-95, como limítrofe; e igual ou superior ao percentil 95, como hipertensão arterial. Tais resultados reforçam a importância de medidas que favoreçam um maior controle dos níveis pressóricos e consequente diminuição de fatores de risco (COSTANZI et al., 2009).

Dentre estas medidas de acordo com o Departamento de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2014), estão a redução do peso corporal, redução da ingestão de sódio, maior ingestão de alimentos ricos em potássio, redução da ingestão de bebidas alcoólicas e exercícios físicos regulares tais como a caminhada, ciclismo, natação e corrida, realizados numa intensidade entre 50% e 70% da freqüência cardíaca de reserva, ou entre 50% e 70% do consumo máximo de oxigênio, com duração de 30 a 45 minutos, três a cinco vezes por semana. Em relação às crianças Simons et al. (1988 ), constataram que para as crianças obterem benefícios cardiovasculares em jogos, brincadeiras ou qualquer atividade física, é necessário que haja envolvimento de grandes grupos musculares por 20 minutos ou mais no mínimo três vezes na semana.

Estes efeitos ocorrem por causa das adaptações cardiovasculares e respiratórias que o corpo humano sofre durante um período de exercício crônico, a fim de atender às demandas aumentadas dos músculos ativos e, à medida que essas adaptações acontecem, ocorrem também modificações neuromusculares contribuindo para que o organismo melhore o seu desempenho (SANTOS et al., 2008).

3.3 APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA

A aptidão cardiorrespiratória refere-se à capacidade funcional dos sistemas de absorção, transporte, fornecimento e utilização de oxigênio pelos tecidos durante os exercícios físicos (FERNANDES FILHO, 2003). Podendo também ser definida com sendo a capacidade de realizar exercícios dinâmicos envolvendo grandes grupos musculares em intensidade moderada a alta por períodos prolongados (HEYWARD, 2004).

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saúde como no desempenho, e altos níveis de aptidão cardiorrespiratória estão associados com o risco reduzido de morte por doença cardiovascular (TRISCHLER, 2003).

Dentre os diversos parâmetros de aptidão aeróbia, destaca-se a determinação do consumo máximo de oxigênio (VO2max), reconhecido como um dos principais parâmetros de ACR. O VO2max pode ser determinado tanto em laboratório ou em campo, tanto por meio de testes diretos como indiretos (FERNANDES FILHO, 2003). O VO2max é a maior quantidade de oxigênio que pode ser consumida pelo organismo durante o esforço físico, e é considerado válido, reprodutível e aceito tanto para classificar como para estabelecer comparações em relação a aptidão aeróbia dos avaliados (PITANGA, 2004), e com sua saúde cardiovascular- respiratória.

Segundo Lergér (1996) o VO2máx é a variável que permite desempenhar atividades de resistência e manter determinada performance, favorecendo a realização de atividades submáximas com menor fadiga. Sendo ainda diferente em crianças e adultos, em crianças quando analisados os valores absolutos, apresentam-se mais baixos, devendo-se principalmente à maturação (MALINA; BOUCHARD, 2002; WILMORE; COSTILL, 2001). Neste sentido, o VO2máx relativo ao peso corporal pode diminuir durante a adolescência, principalmente devido ao aumento da massa corporal.

Para Soares et al. (2013), níveis de aptidão aeróbica de crianças e adolescentes estão declinando em todo o mundo, enquadrando-se em risco para a saúde e no Brasil, aproximadamente, 60% dos escolares apresentam níveis de aptidão cardiorrespiratória abaixo do recomendado para a idade e sexo e que, durante o desenvolvimento maturacional, os indivíduos mais velhos expandem a sua capacidade cardiorrespiratória em relação aos mais novos, sobretudo, quando considerados os valores absolutos de volume máximo de oxigênio.

Segundo Malina e Bouchard (2002), o VO2máx aumenta de forma linear dos 4 anos até o final da adolescência nos meninos e aproximadamente até os 13 anos nas meninas, e depois permanece em um platô durante a adolescência. No entanto o estudo de Silva et al., (2011) com escolares de 8 a 10 anos de idade, verificaram que houve declínio do VO2máx a partir de 8 anos em ambos os sexos.

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e 52,9% dos escolares das respectivas cidades, apresentaram-se com níveis de aptidão abaixo do mínimo recomendado para suas idades.

Em outro estudo realizado por Ronque et al. (2010), com escolares da cidade de Londrina-PR, revelou uma prevalência de 60% e 40% de baixa ACR para moças e rapazes respectivamente. Podendo ainda ser observado neste mesmo estudo, que os adolescentes de ambos os sexos com alta ACR tendem a apresentar menores valores de adiposidade corporal. Sugerindo ainda, que a correlação encontrada no estudo entre menor ACR e maior adiposidade corporal, pode aumentar sensivelmente o risco cardiovascular em indivíduos com sobrepeso/obesidade.

Portanto, altos níveis de ACR durante a infância e adolescência estão relacionados à menor predisposição dos fatores de risco cardiovasculares, sendo de grande valia para adoção de estratégias preventivas, quando se levam em conta as relações de custo-efetividade (STABELINI NETO et al., 2008). E, a adequação dos

componentes da aptidão física relacionados à saúde entre eles, a aptidão cardiorrespiratória, mostra-se importante para redução de doenças crônicas e para melhor desempenho das atividades da vida diária (ANDREASI et al., 2010).

3.4 NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA

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Desde a identificação do sedentarismo como fator de risco para doenças crônico-degenerativas, a promoção da atividade física vem integrando ações e políticas desenvolvidas pelo poder público no campo da saúde uma vez que, a associação inversa do gasto calórico e do tempo total de atividade física com a mortalidade e a incidência de doenças cardiovasculares, quantificada pela epidemiologia, é um dos enfoques estratégicos que dão sustentação às recomendações de saúde pública em defesa de estilos de vida fisicamente ativos (FERREIRA et al., 2012).

De acordo com Nahas (2003) e Blair et al. (2004), é considerado sedentário o individuo cujo gasto energético nas atividades físicas do lazer é inferior a 500 Kcal por semana. Sendo a atividade física caracterizada como qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética que resulta em gasto energético acima dos níveis de repouso (CASPERSEN et al., 1985).

Baixos níveis de atividade física duplicam o risco de doenças coronarianas enquanto níveis moderados de atividade físicas podem reduzir significativamente o risco de varias doenças principalmente as cardiovasculares (WILMORE; COSTIL, 2001; NAHAS, 2003). Portanto os níveis diários na prática de atividade física habitual em segmentos da população jovem têm-se tornado relevante tópico de interesse e de preocupação envolvente entre pesquisadores, em razão da estreita relação com aspectos determinantes para a área da saúde (GUEDES; GUEDES, 2001).

O sedentarismo é uma das causas mais importantes no desenvolvimento do sobrepeso e obesidade, superando até mesmo a alimentação em excesso (MARRA; MARQUES, 2005), acometendo de forma preocupante crianças e adolescentes. Este quadro negativo da inatividade física e suas consequências na população infanto-juvenil, precisa ser tratado como problema de saúde pública (SOUZA JUNIOR; BIER, 2009). Por sua vez, os benefícios associados ao estilo de vida ativo em crianças incluem o controle do peso corporal, a menor pressão arterial e a predisposição para manutenção da atividade física na idade adulta, fatores que estão relacionados com o aumento da expectativa de vida e menor risco de desenvolvimento das DCV (SANTOS, 2008).

(22)

de Taguatinga-DF, utilizando-se do questionário de estilo de vida modificado (BARROS; NAHAS, 2003), observou uma prevalência de 50% de sedentários e que os escolares inativos e os insuficientemente ativos apresentaram chances de 7,97 e de 4,35 vezes mais de adquirir excesso de peso, respectivamente. E, os poucos estudos que descreveram o NAF e alguns comportamentos entre os escolares de capitais da região Nordeste do Brasil, foram reportados em uma revisão sistemática realizada por Tassinato et al. (2007).

Para Fisberg et al. (2004), uma enorme parcela da população mundial é sedentária, não realizando atividades físicas suficientes para o sustento físico e mental, apresentando como os principais responsáveis a urbanização, o uso de automóveis, menos tempo gasto em atividades estruturadas e no tempo de compra e preparo da refeição, contribuindo para a queda do gasto energético. Defendendo ainda, que programas devem contemplar modificações urbanas que favoreçam a criação de espaços para a prática de atividades de lazer e físicas, além de ter como foco as escolas como locais de intervenções na faixa etária do escolar, favorecendo projetos educativos locais e para a comunidade.

Na adolescência, a atividade física acarreta vários benefícios à saúde, seja por uma influência direta sobre a morbidade na própria adolescência, ou pela influência que o nível de atividade física desempenha na idade adulta (HALLAL et al., 2006).

3.5 OBESIDADE ABDOMINAL

A obesidade é um distúrbio complexo, com aumento na quantidade generalizada ou localizada de gordura em relação ao peso corporal, ocasionada em grande parte por um desequilíbrio crônico traduzido pelo aporte calórico maior que a demanda metabólica, e com consequências médicas psico-sociais e econômicas (BURGOS et al., 2010; FISBERG et al., 2004).

(23)

de gordura na metade inferior do corpo: regiões do quadril, glúteo, coxa superior, sob efeito hormonal dos estrógenos, acumula-se principalmente nas mulheres já a partir da puberdade.

Nahas (2003) e Weineck (2003), em seus estudos concordam que o excesso de gordura corporal é um dos maiores problemas de saúde em muitos países industrializados e que na última década passou a preocupar os países em desenvolvimento, como o Brasil, principalmente pelo fato de estar relacionada à muitas doenças da era moderna como as cardiovasculares. Entre as crianças e adolescentes a obesidade severa tem apresentado crescente prevalência (BURGOS et al., 2010).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010), em um estudo envolvendo crianças de diferentes faixas etárias de todo o Brasil, nos últimos 30 anos o número de crianças desnutridas diminuiu e o número de crianças com sobrepeso aumentou consideravelmente. Esse mesmo modelo de estudo, realizado nos anos de 1974-1975 na faixa etária de 10 a 19 anos, verificou que crianças com excesso de peso representavam 3,7% dos garotos e 7,6% das garotas, sendo que os números registrados em 2010 foram de 21,7% para os garotos e 19,4% para as garotas.

Já Heyward e Stolarczyk (2000), consideram a obesidade como um grave problema de saúde que reduz a expectativa de vida, pois aumenta o risco individual para o desenvolvimento de doenças, e esta relacionada não apenas com a quantidade total de gordura, mas também com sua distribuição, especialmente na região abdominal. E o risco de doenças cardiovasculares é maior para as pessoas que acumulam gordura na região abdominal, particularmente ao redor das vísceras (NAHAS, 2003; WEINECK, 2003).

Estando a obesidade abdominal entre os nove mais importantes fatores de risco para infarto agudo do miocárdio (OLINTO et al., 2007), e de acordo com um estudo caso controle realizado em 52 países, observou-se que esses nove fatores juntos eram responsáveis por 90% e 94% do risco atribuível populacional para mulheres e homens, respectivamente, onde a obesidade abdominal apresentou um risco atribuível de 20,1% (GYARFAS et al., 2006).

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prevenção de crianças com sobrepeso/obesidade tem se tornado prioridade da saúde publica (COUTNEY; IAN, 2006).

Corroborando com este ponto de vista, Guedes e Guedes (2003), sugerem que sejam feitas intervenções imediatamente à identificação dos primeiros sinais de eventual aquisição de hábitos inadequados direcionados à alimentação e à prática de atividade física e que, excesso de peso que surge na infância e na adolescência tende a agravar-se e progressivamente com o decorrer da idade.

Somando-se a isto, estudos envolvendo crianças e adolescentes em algumas cidades Brasileiras têm demonstrado uma alta prevalência de obesidade abdominal: 51,7% em Porto Alegre – RS (SHOMMER et al., 2014); 42,5% em Botucatu-SP (ANDREASI et al., 2010); 32% em Presidente Prudente-SP (FERNANDES et al., 2009) e 30,9% em Fortaleza-CE (DAMASCENO et al., 2010). O que vem resultando em preocupação constante na área da saúde publica (GUEDES; GUEDES, 2003).

Apresentando boa capacidade para determinar a adiposidade central (WHO, 1995), bom indicador que possibilita uma boa relação com a obesidade infantil (FERNANDEZ, 2004), a medida da CA em crianças e adolescentes pode ser utilizada como instrumento para detecção de uma maior probabilidade de apresentar fatores de risco para DCV (SHOMMER et al., 2014; CASONATTO et al., 2011; BERGMANN et al., 2010).

Uma vez que as evidências sugerem que indivíduos com valores elevados de CA possuem mais chance de apresentar fatores de risco para DCV em comparação àqueles com valores mais adequados (MOSER et al., 2011; BERGMAN et al., 2010), o cuidado com a obesidade em crianças e adolescentes deve incluir programas de prevenção e tratamento desenvolvidos para dar suporte a dietas saudáveis e atividades físicas; a educação nutricional em todos os níveis, nas casas, escolas e restaurantes escolares deve ser associada a atividades físicas com o objetivo de prevenção e cura (FISBERG et al.,2004).

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 CARACTERÍSTICAS DO ESTUDO

Este estudo caracterizou-se como epidemiológico, correlacional e de corte transversal, no qual utilizou-se métodos formais para coleta dos dados quantitativos em momento único, sem manipulação de variáveis ou administração de tratamento experimental.

4.2 POPULAÇÃO E SELEÇÃO DA AMOSTRA

A população do estudo foi composta por 18.237 escolares dos sexos masculino e feminino, com idade entre 10 a 12 anos (11,01 ± 0,82 anos), da rede escolar municipal de Teresina-PI.

A partir dessa população e com base no cálculo amostral proposto por Barbetta (2007) para população finita, foi estabelecida uma amostra representativa com erro aceitável de 5%. Dessa forma, a amostra deveria ser composta por, no mínimo, 391 escolares. Para amenizar eventuais perdas, foi feito um acréscimo de 10% ao quantitativo pré-determinado, resultando em uma amostra de 430 escolares. Para a seleção das escolas, levou-se em consideração a distribuição adiministrativa realizada pela Secretaria Municipal de Educação, que divide o municipio em quatro regiões: norte, sul, leste e sudeste, e em cada região, foi selecionada uma escola dentre as que apresentavam o maior número de alunos matriculados, na faixa etária definida para o estudo, totalizando quatro escolas que fizeram parte da pesquisa.

Em seguida, foi realizada uma distribuição proporcional da amostra a ser coletada em cada escola, levando-se em consideração o percentual de alunos matriculados por escola.

(26)

Foram adotados como critérios de inclusão amostral: estar na idade de interesse do estudo; encontrar-se matriculado em uma das escolas selecionadas; aceitar fazer parte do estudo; estar presente no dia marcado para a realização dos testes; ter a autorização dos pais ou responsáveis e não apresentar qualquer problema osteomuscular que pudesse comprometer a realização das avaliações propostas. O não cumprimento de qualquer um dos itens anteriores foi utilizado como critério de exclusão.

4.3 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS

4.3.1 Apresentação do projeto à escola

Para facilitar a inserção do grupo responsável pela execução da pesquisa nas escolas e permitir uma melhor compreensão do projeto, foram realizadas reuniões específicas, com cada um dos três segmentos da escola (direção, professores e alunos) onde, foram explicados os objetivos, procedimentos e importância do projeto.

4.3.2 de Dados

A coleta de dados foi realizada em 4 etapas distintas, com o emprego de instrumentos e procedimentos diferenciados.

4.3.2.1 Medidas antropométricas

4.3.2.1.1 Massa corporal

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Figura 1. Balança digital Plenna.

4.3.2.1.2 Estatura

A estatura foi determinada por meio de um estadiômetro personal portátil caprice Sanny, com resolução de 0,01 cm (Figura 2). O avaliado ficou descalço em posição ereta, pés unidos, calcanhares, glúteos, costas e cervical em contato com a escala. Foi registrada a medida da estatura, a qual compreendia a distância entre a planta dos pés e o ponto mais alto da cabeça (orientação: plano de Frankfurt), o avaliado ficou em apnéia inspiratória (GORDON et al., 1988).

figura 2. Estadiômetro Sanny

4.3.2.1.3 Cálculo do IMC

As medidas de massa corporal e estatura foram utilizadas para o cálculo do IMC, correspondente à relação entre a massa corporal e o quadrado da estatura.

Os adolescentes foram classificados de acordo com o IMC e suas respectivas idades, conforme procedimentos elaborados por Cole et al. (2000) tabela 1(anexo

A), que classificam os meninos e meninas de 2 a 20 anos em sobrepesados e obesos, baseando-se em estudos transversais representativos de seis países, entre eles o Brasil, cada um com mais de 10 mil participantes.

(28)

4.3.2.1.4 Circunferência abdominal

A CA foi mensurada no ponto médio entre o último arco costal e a crista ilíaca, utilizando-se uma fita antropométrica flexível da marca Sanny, com escala de 0,1

centímetros.

Foi utilizada a CA como referência para a variável obesidade abdominal por melhor correlacionar a quantidade de tecido adiposo visceral.

A presença de obesidade abdominal foi identificada quando o individuo apresentava CA maior que o percentil 75 para a sua idade e sexo (FERNANDEZ et al., 2004). (Anexo B).

figura 4. Fita métrica Sanny

4.3.2.2 Aplicação do questionário de estilo de vida

Para identificar o nível de atividade física dos escolares, foi aplicada uma versão adaptada do questionário proposto por Barros e Nahas (2003) (Anexo C), que mede um dia típico de atividades físicas e alimentação (DAFA). Verificando tipo, quantidade e intensidade destas, considerando o lazer, a escola, os deslocamentos para a escola e os trabalhos domésticos. A versão adaptada consistiu em alterações no tipo de atividade física praticada para atender as diferenças culturais, acréscimo de informações sobre a distância da residência até a escola e tipo de atividade mais praticada no tempo livre (SILVA et al., 2007a; SILVA et al., 2007b).

(29)

A aplicação do questionário para a coleta dos dados ocorreu em sala de aula. O conteúdo foi explicado aos alunos, que responderam as questões calmamente, só seguindo para a questão seguinte quando todos tivessem respondido à anterior.

4.3.2.2.1 Cálculo do nível de atividade física

O nível de atividade física foi calculado considerando: tipo de atividade física, intensidade do esforço físico (leve, moderado, vigoroso) e a freqüência semanal. Para conversão das informações obtidas na atividade física em valores estimados de dispêndio energético, recorreu-se ao compêndio de atividades físicas proposto por (AINSWORTH et al., 2000).

Foi feita a somatória e a multiplicação das atividades físicas e freqüência semanal, utilizando a equação abaixo:

1. (dança*freqüência semanal) + (futebol*freqüência semanal) + (ciclismo*freqüência semanal) = (total das atividades esportivas);

2. (tarefas domésticas*freqüência semanal) = (total da atividade ocupacional); 3. (lazer1*freqüência semanal) + (lazer2*freqüência semanal) + (lazer3*freqüência semanal) = (total das atividades de lazer);

4. [(total das atividades esportivas) + (total da atividade ocupacional) + (total das atividades de lazer) = (nível de atividade física)].

Na sequência foram estabelecidos pontos de cortes por meio do escore geral, obtido na soma das atividades físicas, usando-se a classificação de quartis, sendo considerados fisicamente inativos os adolescentes com escore abaixo do percentil 25; insuficientemente ativos entre o percentil 25 e 50; moderadamente ativos entre o percentil 50 e 75 e ativos acima do percentil 75.

(30)

Quadro 2. Percentil para verificar o nível de atividade física.

Pontos de corte Percentil Classificação

1° quartil <25 Inativo

2° quartil 25 a 50 Insuficientemente ativo 3° quartil 50 a 75 Moderadamente ativo

4° quartil >75 Ativo

4.3.2.3 Avaliação da pressão arterial

A pressão arterial (PA) foi medida 3 vezes, com o avaliado em repouso por 5 minutos antes da verificação, utilizando um aparelho automático Omron 742INT

(Figura 5), validado de acordo com as recomendações internacionais da British

Hypertension Society (CHRISTOFARO et al., 2009), na posição sentada, com os pés

descruzados e apoiados no solo, braço apoiado em suporte específico na linha perpendicular a altura do coração segundo recomendações do o VII Relatório do Comitê da Junta Nacional na Prevenção, Detecção, Avaliação e Tratamento da Hipertensão Arterial (CHOBANIAN et al, 2003), respeitando o intervalo mínimo de 1

minuto entre as medidas conforme recomendações da IV Diretriz de Hipertensão Arterial (2010). O manguito utilizado para as medidas respeitou as individualidades de cada sujeito conforme a circunferência do braço.

A classificação da PA se deu de acordo com a Classificação para crianças e adolescentes (modificado do The Fourth Report on the Diagnosis, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure in Children and Adolescents) pela VI Diretriz de Hipertensão Arterial (2010), em que se considera pré-hipertenso, aqueles indivíduos com valores de pressão arterial sistólica (PAS) e/ou diastólica (PAD) nos percentis ≥

90 < 95, e hipertenso ≥ 95, para a idade, sexo e estatura.

(31)

4.3.2.4 Avaliação da aptidão cardiorrespiratória

Embora existam vários métodos indiretos, foi aplicado os 20 metros Shuttle Run Test, por ser de fácil aplicação e apresentar a possibilidade de ser realizado em

ambientes abertos ou fechados (LÉGER; LAMBERT, 1982). Esse teste é realizado através de corridas progressivas de idas e voltas em uma distância de vinte metros, delimitado por dois cones em cada ponto. O ritmo é cadenciado por um CD gravado especialmente para este fim, que emite um sinal de “bip” que indica a velocidade a ser desenvolvida em cada estágio. A velocidade inicial do teste é de 8,5 Km/h e os incrementos de 0,5 Km/h a cada minuto até a exaustão voluntária (LÉGER; LAMBERT, 1988).

O consumo de oxigênio máximo (Vo2máx) é calculado a partir do último estágio atingido pelo avaliado, utilizando-se a equação y = 31,025 + 3,238 X – 3,248 A + 0,1536 AX, em que: y = Vo2 em ml/kg/min; X = velocidade em km/h (no ultimo estágio atingido); A = idade em anos.

A classificação dos escolares quanto ao Vo2máx foi realizada com a separação dos valores encontrados em percentis, onde de 0% a 25% foram considerados com

Vo2máx baixo, de 25% a 75% com valores normais e acima de 75% considerados

altos. Esta separação foi feita para cada sexo.

4.3.3 éticos

(32)

Todos os resultados (antropométricos, hemodinâmicos, aptidão cardiorrespiratória e de nível de atividade física) foram digitados e mantidos no anonimato.

4.3.4 Análise estatística

Para verificar a normalidade da distribuição dos dados foi utilizado o teste de

Kolmogorov Smirnov. Os dados foram apresentados por meio da estatística

descritiva, utilizando média (±desvio padrão) ou quando apropriado os valores das frequências (absoluta e relativa). Para comparar as frequências das variáveis categóricas (IMC, CA, PA, ACR e NAF) foi utilizado o teste Qui-quadrado. Utilizou-se o teste não-paramétrico de Mann-Whitney para investigar diferenças entre os sexos nas variáveis dependentes da pesquisa (IMC, CA, PA, ACR e NAF). E para verificar a correlação entre as variáveis antropométricas, pressóricas, nível de atividade física e aptidão cardiorrespiratória foi utilizado o teste de correlação de Spearman. O nível

de significância adotado foi de p≤0,05. Os dados foram analisados por meio do

(33)

5. RESULTADOS

5.1 ANÁLISE DESCRITIVA E PREVALÊNCIAS

Dos 430 escolares selecionados, 25 (5,8%) foram excluídos: 12 por não se apresentarem para a coleta dos dados e 13 por não apresentarem o TCLE assinado pelos pais ou responsáveis. Dessa forma, a amostra foi constituída por 405 estudantes, sendo 203 meninos e 202 meninas com idade entre 10 a 12 anos (11,01 ± 0,82 anos) cuja caracterização, encontra-se expressa na tabela 1onde, pode ser observado diferenças significativas em relação à estatura,MC e PAD em prol das meninas e, em relação ao VO2máx em prol dos meninos.

Tabela 1 – Média e desvio padrão, por sexo e para a amostra total, das variáveis antropométricas, hemodinâmicas, volume máximo de oxigênio e do nível de atividade física.

Variáveis Meninos (n = 203)

X (±)

Meninas (n = 202)

X (±) P

Estatura (cm) 146,9±7,3 *150,4±8,5 0,001

MC (kg) 37,8±9,1 *40,8±10,6 0,001

IMC( kg/m2) 17,4±3,1 17,9±3,4 0,74

CA(cm) 63,9±8,0 64,5±8,4 0,16

PAS(mmHg) 104,8±11,6 105,9±12,5 0,29

PAD (mmHg) VO2máx (ml/kg/min)

59,1±6,6 *44,83±3,85 *60,6±8,3 42,56±2,99 0,03 0,001

NAF (Kcal/sem.) 664,8±276,8 603,1±287,1 0,97

X = média; (±)= desvio padrão; MC = massa corporal; IMC = índice de massa corporal; CA

= circunferência abdominal; PAS = pressão arterial sistólica; PAD = pressão arterial diastólica; VO2máx= volume máximo de oxigênio; NAF= nível de atividade física; *= diferença significativa ( p≤ 0,05).

(34)

Em relação ao Vo2máx, este apresentou-se baixo em 28,8% dos escolares, sem diferença significativa entre os sexos. No entanto, a ocorrência de VO2 alto foi de 32,5% com maior prevalência nas meninas com 36,1% contra 28,8% nos meninos. A somatória dos inativos e insuficientemente ativos resulta em uma prevalência de 49,9% com níveis inadequados de atividade física. Podendo ser observado ainda que para as variáveis CA e NAF não ocorreram diferenças significativas entre os sexos, somente para a PA normal.

Tabela 2 Distribuição (n), prevalência (%), por sexo e para a amostra total, quanto à classificação do volume máximo de oxigênio, circunferência da cintura, pressão arterial e nível de atividade física.

Meninos Meninas Total

Variáveis N % N % P n %

CA 0,60

Normal 175 86,2 166 82,2 341 84,2

Elevada 28 13,8 36 17,8 64 15,8

PA 0,02

Normal 183 90,1 165 81,7* 348 85,9

Pré-Hipert. 10 4,9 17 8,4 27 6,7

Hipertenso VO2máx Baixo Normal Alto 10 53 90 58 4,9 26,4 44,8 28,8 20 63 66 73 9,9 31,2 32,7 36,1* 0,04 30 116 156 131 7,4 28,8 38,7 32,5 NAF 0,94

Inativo 22 10,8 30 14,9 52 12,8

IA 79 38,9 71 35,1 150 37,1

MA 65 32,0 57 28,2 122 30,1

Ativo 37 18,2 44 21,8 81 20,0

IA= insuficientemente ativo; MA = moderadamente ativo; CA= circunferência da cintura; PA= pressão arterial; VO2máx = volume máximo de oxigênio; NAF= nível de atividade física; * = diferença significativa em relação aos meninos ( p≤ 0,05).

5.2. CORRELAÇÕES

(35)

a CA, houve correlação positiva entre esta e a PAS e PAD (p=0,001), ou seja, quanto maior a CA maior a PAS e a PAD.

Tabela 3 . Correlação entre as variáveis de estudo

Variáveis VO2max (ml/kg/min) CA (cm)

R P R p

NAF (kcal/kg/sem.) 0,03 0,55 --

--CA (cm) - 0,35 0,001 --

--PAS (mm.Hg) - 0,20 0,001 0,46 0,001

PAD (mm.Hg) - 0,22 0,001 0,40 0,001

(36)

6. DISCUSSÃO

6.1 PREVALÊNCIA

Em toda a amostra a CA elevada foi encontrada em 15,8% dos sujeitos, resultado semelhante ao encontrado por outros estudos, 18,4% (SILVA et al., 2014) e 14,9% (PINTO et al., 2010). No entanto podemos observar estudos que reportam valores superiores aos encontrados no presente estudo, os quais oscilaram de 25,2% a 51,7% (MOSER et al., 2011; GRIZ et al., 2010; ANDREASI et al., 2010).

O acúmulo de gordura na região central do corpo está associado à presença de fatores de risco para DCV, uma vez que adolescentes com obesidade abdominal apresentam valores maiores de triglicerídeos e menores de lipoproteína de alta densidade (PEREIRA et al., 2010). Desse modo, uma parcela da amostra aqui analisada encontra-se em risco para o desenvolvimento de DCV e uma das explicações para isso, pode estar relacionada ao hábitos alimentares inadequados, à merenda escolar altamente calórica e sem o acompanhamento de um nutricionista na elaboração dos cardápios.

Para Schommer et al. (2014), a obesidade, especialmente de distribuição central, é um importante fator de contribuição no estabelecimento de hipertensão arterial na infância, e para Santos et al., 2008, em ambos os sexos independentemente do grupo étnico e da faixa etária, hipertensão arterial é um fator de risco modificável considerado bastante importante para DCV.

No presente estudo 6,7% e 7,4% dos escolares apresentaram pré- hipertensão e hipertensão respectivamente, que são comparáveis a outros estudos brasileiros (BURGOS et al., 2013; PINTO et al., 2011) quando considerados isoladamente os valores a partir do percentil 95. Entretanto, quando considerados todos os resultados da PA acima do percentil 90, que totalizam 14,1%, o valor vai ao encontro dos verificados tanto em Porto Alegre-RS 11,3% (SCHOMMER et al., 2014) quanto em Londrina-PR 12,2% (CASONATTO et al., 2011).

(37)

estimulem um maior nível de atividade física uma vez que, foi observado um número elevado de escolares sedentários e com baixo nível cardiorrespiratório, associado a uma orientação nutricional adequada para essa população o que, favoreceram um maior controle dos níveis pressóricos e consequente diminuição dos fatores de risco. Os resultados apontam que 49,9% dos adolescentes apresentaram níveis inadequados de atividade física, porcentagem inferior àquelas encontradas em Ouro Preto-MG 80,3% (COELHO et al., 2012), Maceió-AL 93,5% (RIVERA et al., 2010). Estas prevalências estão em conformidade com o estudo de revisão sistemática realizado no Brasil para identificar a prevalência de sedentarismo em jovens, que reportou uma variação de 39% a 93,5% de sedentarismo (TASSITANO et al., 2007).

Estudos têm demonstrado significativa associação entre sedentarismo e fatores de risco para DCV como hipertensão e obesidade em crianças e adolescentes (BURGOS et al., 2010; RIVERA et al.,2010). Os benefícios associados ao estilo de vida ativo em crianças incluem o controle do peso corporal, menor valor de pressão arterial e predisposição para manutenção da atividade física na idade adulta, fatores que estão relacionados com o aumento da expectativa de vida e menor risco de desenvolvimento das DCV (RIVERA et al., 2010).

No presente estudo, o VO2máx. baixo acometeu 28,8% de toda a amostra e em ambos os sexos, contrariando assim, os achados de outros estudos (DÓREA et al.,

2008; RONQUE et al., 2007, VASQUES et al., 2007), nos quais o VO2máx inadequado prevaleceu em quase toda a amostra e em ambos os sexos. Os meninos analisados neste estudo, apresentaram níveis de VO2máx alto inferiores aos que foram encontrados nas meninas, o que reforça a tendência observada em escolares de outras regiões do Brasil (RONQUE et al., 2010; DÓREA et al.,2008;

VASQUES et al., 2007).

Tendo em vista que a baixa aptidão cardiorrespiratória é fator de risco para o acometimento por doenças cardiovasculares (KODAMA et al., 2009), 26,4% dos meninos e 31,2% das meninas encontram-se em situação de risco para o desenvolvimento de DCV. Por outro lado, níveis adequados de aptidão cardiorrespiratória durante a adolescência estão diretamente relacionados a um estilo de vida saudável na fase adulta.

(38)

como por exemplo a falta de espaços públicos para as práticas de atividades físicas e esportivas, a violência nos bairro, os avanços tecnológicos e a industrialização de equipamentos eletrônicos que favorecem à uma menor necessidade de locomoção no cotidiano desses jovens e a falta de politicas públicas que incentivem uma vida mais ativa.

6.2 CORRELAÇÕES

Apesar de que, um menor nível de atividade física e o sedentarismo tem sido apontado como fator de risco para as DCV, presente já na infância e adolescência, neste estudo o NAF não apresentou correlação com o VO2máx de forma significativa. Contrariando esses achados, nos estudos realizados na Espanha (ROWLAND et al., 1996) e nos Estados Unidos (PATE et al., 2006) relataram que adolescentes que se envolveram em atividades físicas de moderadas a vigorosas, apresentaram valores elevados de VO2máx.

Os achados nesse estudo talvez possam ser explicados pela diferença dos constructos ( questionário de atividade física e medida de aptidão física) que foram diferentes e, por consequência, tiveram uma baixa relação, pois a aptidão é influenciada não apenas pela questão comportamental, mas também por outros fatores como os genéticos, por exemplo.

Por outro lado, a CA apresentou uma relação positiva com a PAS e a PAD uma vez que, concomitantemente ao aumento da CA, os escolares apresentaram maior PAS e PAD. Em conformidade com esses achados, Casonatto et al. (2011); Moser et al. (2011); Stabeline Neto (2008) demonstraram que existe aumento significativo de PAS e PAD com aumento da CA. Em contrapartida, Burgos et al. (2010) e Sarni et al. (2006) não encontraram associações significativas da CA com PAS e PAD em escolares da rede pública de ensino na cidade de Santa Cruz do Sul, SC e em Santo André, SP respectivamente.

(39)

Também foi observado uma relação inversa do VO2máx com a CA, PAS e PAD, demonstrando que, quanto menor o VO2máx maior a CA, PAS e PAD. Estes achados vão ao encontro dos estudos de Burgos et al. (2010), Stabeline Neto (2008) e Nielsen e Andersen (2003) onde foi demonstrado que quanto menor os níveis de

VO2máx dos adolescentes avaliados, maiores eram as chances de apresentarem

hipertensão arterial tanto sistólica como diastólica, principalmente para as meninas assim como no nosso estudo.

Já em relação à CA, o estudo de Tavarez (2006) com adolescentes da cidade do Porto em Portugal, demonstrou uma relação inversa entre o VO2máx e a CA detectando, que quanto maior o VO2máx, menor eram as medidas da CA nos sujeitos investigados. Fato corroborado por Yassunaka et al. (2011) em seus estudos com adolescentes de Maringá-PR, onde encontraram resultados semelhantes.

(40)

7. CONCLUSÃO

Em função dos resultados obtidos no grupo estudado, podemos concluir que existe uma alta prevalência dos fatores de riscos cardiovasculares, ou seja, uma parcela expressiva (15,8% com CA elevada, 14,1% com PA elevada, 28,8% com

VO2máx baixo e 49,9% com baixo NAF) dos escolares de Teresina encontra-se em

risco para o desenvolvimento de DCV.

Da mesma forma, os achados desse estudo demonstraram haver correlações entre os fatores de risco cardiovasculares analisados, onde os adolescentes com baixa aptidão cardiorrespiratória e/ou maiores medidas de CA, estão mais susceptíveis a uma potencialização dos demais fatores de risco estudados, aumentando assim, as chances para o desenvolvimento das DCV.

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Imagem

figura 4. Fita métrica Sanny
figura 5. Aparelho Pressão Digital Automático Omron 742INT
Tabela  1  –   Média e  desvio  padrão,  por  sexo  e  para  a  amostra  total,  das  variáveis  antropométricas,  hemodinâmicas,  volume  máximo  de  oxigênio  e  do  nível    de  atividade física
Tabela 2  –  Distribuição (n), prevalência (%), por sexo e para a amostra total,  quanto  à  classificação  do  volume  máximo  de  oxigênio,  circunferência  da  cintura,  pressão  arterial e nível de atividade física
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