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REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL RESUMO

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Academic year: 2021

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REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

Natalia Sousa Barbosa. 1.

Nilo Gonçalves Santos Filho. 2 RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo examinar e demonstrar na área jurídica as possibilidades de redução da maioridade penal, os posicionamentos divergentes entre juristas e doutrinadores, com referência a questão de reduzir a maioridade penal no Brasil, que hoje é partir de 18 anos de idade. Esta análise foi elaborada através de revisão bibliográfica, em livros, códigos, periódicos, internet e outras literaturas afetas ao tema. A partir de uma análise histórica dos diferentes tratamentos dado a imputabilidade penal ao longo dos anos pelo ordenamento jurídico brasileiro.

Inicialmente faz-se apresentação à gravidade dos crimes praticados pelos menores, suas consequências, um projeto de emenda à constituição dentre outras medidas para sanar a violência dentro do Brasil. Abordando também as consequências jurídicas de uma eventual redução da maioridade penal no Brasil. Posteriormente, conclua-se que a pratica de um ato infracional cometido por um adolescente muitas vezes tem gêneses na desigualdade social, e por consequência na ausência de eficácia das ações estatais, o que não justifica a violência praticada. A fragilidade de uma sociedade desigual e um Estado incapaz de cumprir com suas obrigações. O Estatuto da Criança e do Adolescente pressupõe, desta maneira, que para adolescentes que praticam atos infracionais as medidas socioeducativas, sendo elas o instrumento que objetiva a reinserção social do que infrigiu as normas sociais estabelecidas. Enfim, a discussão deve continuar e mudanças deverão ocorrer, entretanto busca-se uma mudança radical onde se modifique do inicio ao fim da situação do menor e não apenas de aumentar já gigantesca desigualdade social brasileira, o problema tem ser enfrentado de uma forma justa, e não apenas escondido nas celas dos presídios. Por esse motivo, se reclama pela a Redução da Maioridade Penal para 16 anos.

Palavras-chave: Estatuto da Criança e do Adolescente. Imputabilidade penal - redução da maioridade penal. Menor Infrator. Medidas Socioeducativas.

1. Aluna do 10º período da turma Gama Noturno do Curso de Direito da Faculdade Atenas – e-mail:

tatazinhasousa_ptu@hotmail.com.Professor (a): Mcs. Nilo Gonçalves dos Santos Filho, professor da Faculdade Atenas e advogado atuante na Comarca de Paracatu – MG. nilosantosfilho@hotmail.com.

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1 INTRODUÇÃO

A Maioridade Penal atualmente é um tema contemporâneo e bastante polêmico no mundo jurídico e também na sociedade em geral, são crimes praticados por menores de (18) dezoito anos, considerados penalmente inimputáveis. Assunto assim que congregam muitos olhares ao questionamento, posto que o número crescente de crimes que aterrorizam a sociedade.

O seguinte trabalho de conclusão de curso discute a redução da maioridade penal. Tema este muito complexo, a ser discutido pela política pública. O presente trabalho tem por objetivo destacar a gravidade dos crimes praticados pelos menores, suas conseqüências, um projeto de emenda à constituição dentre outras medidas para sanar a violência dentro do Brasil.

São jovens que cada vez mais cedo vem entrando nesta onda de crimes em qualquer gravidade, entram no mundo do crime por influencia de criminosos maiores de idade com intuito de não ser responsabilizado pelos atos, tendo vista que o menor não irá responder criminalmente pelos atos cometidos sendo aplicados a ele apenas medidas sócioeducativa durando um curto período.

1.1 PROBLEMA

No Brasil, a atual onda de violência é o envolvimento de menores nos crimes de grande repercussão vêm retomando a discussão pela redução da maioridade penal. Segundo estudiosos no assunto, grande parte da população assustada com o nível de violência e não pensando nas consequências futuras, vem defendendo a redução da maioridade.

Muito tem se discutido sobre a redução da maioridade penal, portanto, pouco tem se falado das suas prováveis consequências jurídicas e legislativas na hipótese da aprovação da PEC 171-A de 1993. Desta maneira, quais as consequências jurídicas de eventual Redução da Maioridade Penal.

1.2 HIPÓTESE

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), criada após aprovação da lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990. Onde tem por objetivo proteger integralmente à criança e adolescente, devemos analisar a efetividade da lei. A sociedade tem diversos fatores sócias que acredita se perpetuar na violência e esta ligado a uma impunidade juvenil. Deve-se analisar a criação de diversas emendas constitucionais que devem ter intuito de modificar o artigo 228 da Constituição Federa e reduzir a

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maioridade penal.

O debate a certa desse tema amentou, pois, o índice de crimes cometidos por menores de dezoito anos tem aumentado assustadoramente. Parece que tanto esses menores criminosos, quanto os criminosos maiores de idade entenderam perfeitamente como é que devem agir para levar vantagem do sistema.

Não impede os criminosos, sendo maiores ou menores, agem num esquema, de forma a deixar os atos executórios para o menor de idade, tendo em vista que são, de certa forma protegidos pela lei brasileira. Muitos dos crimes, inclusive cruéis e hediondos são praticados por crianças e adolescentes; parece que a sensação de impunidade colabora para que essas crianças e adolescentes pratiquem ilícitos.

Ocorre que crianças e adolescentes infratores não recebem as mesmas penas culminadas pelo Código Penal, mas sim as medidas sócioeducativas previstas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

Porém essas entidades que deveriam proceder à reeducação e recolocação dessas crianças e adolescentes não se difere muito dos presídios brasileiros, razão pela qual não têm sido eficazes para cumprir com sua finalidade social; por isso a sociedade vem clamando pela redução da maioridade penal.

Aqueles que são contrários à redução da maioridade penal argumentam que o Estatuto da Criança e do Adolescente não tem sido efetivamente cumprido, por isso, as medidas sócioeducativas acabam não alcançando a eficácia jurídico-social almejada. Assim, ficam à baila de discussões dois posicionamentos antagônicos: de um lado o posicionamento daqueles que defendem a redução da maioridade penal e do outro aqueles que defendem a aplicação plena do Estatuto da Criança e Adolescente na sua integralidade.

Sendo assim, outras justificativas bastante frequentes, que são os desenvolvimentos mental dos jovens de hoje, pois atualmente não se pode comparar com aqueles que viviam em 1940, quando foi criado o Código de Penal Brasileiro.

Uma vez que, a maturidade desses jovens são atingidas mais cedo, portanto, poderiam responder criminalmente pelos atos que cometem antes de atingirem a maior idade.

A Maioridade Penal é a idade mínima que uma pessoa pode ser julgada criminalmente por seus atos como um adulto. No Brasil, e em vários países do mundo, a maioridade penal começa a partir dos 18 anos de idade. A maioridade Penal tem também como significado imputabilidade penal, ou seja, idade mínima pelo qual o sistema judiciário pode processar um cidadão como uma pessoa que se responsabiliza por seus atos, sendo então um adulto.

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O Brasil um pais em desenvolvimento que atualmente vem presenciando uma grande onda de violência nas grandes e pequenas cidades. Crimes como homicídios, estupro, trafico de drogas, roubos e assaltos mostrando como o ser humano pode tornar um ser tão cruel independente de sua idade, o Estatuto da Criança e do Adolescente por benevolência que é não tem intimidado os menores.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 OBJETIVO GERAL

Destacar a gravidade dos crimes praticados pelos jovens infratores, as conseqüências de suas atitudes. Apresentando formas para que os crimes praticados por menores não sejam tratados como algo comum ou sem importância, para que eles passem a ser responsabilizados por seus atos em geral.

1.3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

a) Verificar no ordenamento Jurídico Brasileiro as diretrizes da Maioridade Penal;

b) Verificar as propostas existentes para Redução da Maioridade Penal no Brasil e seu Fundamentos;

c) Quais as consequências jurídicas de eventual Redução da Maioridade Penal no Brasil?

1.4 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

O seguinte trabalho de conclusão de curso discute a redução da maioridade penal. Tema este muito complexo, a ser discutido pela política pública. O presente trabalho tem por objetivo destacar a gravidade dos crimes praticados pelos menores, suas consequências, um projeto de emenda à constituição dentre outras medidas para sanar a violência dentro do Brasil.

A discussão deste tema, mostra-se de grande importância para toda sociedade uma vez que restaurar a segurança da população é garantir o bem estar social e assegurar a aplicação dos princípios fundamentais da Constituição brasileira. Diante dos recentes acontecimentos de criminalidade e violência, que vem tomando conta do cotidiano da sociedade brasileira, e com a participação de menores em crimes significativos, tem-se discutido uma forma de se modificar essa situação.

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Com o incentivo da mídia as atenções se direcionaram para a redução da maioridade penal, como forma de solução para a violência no Brasil. É notável que retirar a previsão de inimputabilidade para os menores de 18 anos não acabaria com a criminalidade e violência da nossa sociedade, nem tampouco diminuiria a insegurança vivida pelos brasileiros. As cadeias estão abarrotadas e já se demonstraram insuficientes para refrear ou reeducar os adultos. A experiência precoce nas cadeias não ajudaria para a redução da criminalidade e violência uma vez que o índice de reincidência carcerária é superior aos índices das instituições juvenis, porem medidas socioeducativa mais severas conseguiria atingir o objetivo que trás esse tema, que seria a diminuição de envolvimentos tão precoces na criminalidade . Outrossim, a origem dos problemas no Brasil encontra-se na educação e na desigualdade social gerada pela falta da mesma.

1.5 METODOLOGIA DO ESTUDO

A elaboração do presente trabalho dar-se-á através de pesquisas mediante fontes bibliográficas, tais como livros, artigos e sites de internet na esfera do tema escolhido, além de pesquisas sobre as opiniões e pareceres de doutrinadores, jurisprudências, bem como informações advindas de revistas jurídicas.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

No primeiro consta a introdução, na qual é apresentado tema e contextualizado o conteúdo. No segundo capítulo tratou-se das diretrizes da redução da maioridade penal, trazendo assim as consequências que podem vir através da redução da maioridade penal e propostas existentes para a redução. No terceiro capitulo vem abordando as propostas existentes para a redução da maioridade penal abordando as propostas legislativas recentes que procuram alterar os fundamentos protetivos de direitos contidos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de 1990 e propostas de Emenda à Constituição (PEC'S), que tem como justificativa as diferentes propostas de emenda à Constituição que tramitam no Congresso Nacional, baseiam-se desde o direito de voto dos adolescentes a partir dos 16 anos até a alegação de que o limite válido atualmente é condizente com uma época em que a maturidade dos adolescentes era alcançada em idades mais avançadas. No quarto capitulo vem apresentar as consequências jurídicas de eventual redução da maioridade penal no Brasil demonstrando alguns dos reflexos no Ordenamento Jurídico Brasileiro com a eventual aprovação da redução da maioridade penal. Por ultimo neste mesmo liame nas considerações finais

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destacando assim os apelos em favor da redução da maioridade penal de 18 anos para 16 anos, para que assim possa trazer a sociedade mais confiança na nossa justiça, trazendo paz, demonstrando assim, que se um adolescente infrator tem o pleno discernimento para colocar mesmo que facultativamente um governante podendo ele mudar o rumo de um pais, porque não poder pagar pelos seus atos. Onde a sociedade já não suporta tamanho descaso com as vitimas e a grande onda de violência praticada por adolescentes.

2 DIRETRIZES DA MAIORIDADE PENAL NO BRASIL

Acordes com o Código Civil (BRASIL, 2001), em seu artigo. 5º - “A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.”

À maioridade, está associada à imputabilidade.

Sendo inimputáveis, os adolescentes que cometer atos ilícitos são regidos por medidas socioeducativas estabelecidas na lei nº 8.069/90, que traz em seu bojo o princípio da proteção integral, garantindo todos os direitos e garantias fundamentais e colocando sob a égide da sociedade, do Estado e da família a proteção do menor, que é o primeiro ponto de contra argumento para redução da maioridade penal. Neste contexto, observa-se o enfoque jurídico dos que defendem a ideia da redução da imputabilidade penal, onde argumentam que cada vez mais os jovens de hoje, mais informados, amadurecem cedo e enfatizam o direito de voto conferido aos maiores de 16 anos.

Para os que são contrários que é o que o presente trabalho visa apresentar, a linha de argumento é de que o discernimento do adolescente não se encontra plenamente formado e vale ressaltar que no texto constitucional o legislador pátrio adota o critério etário que estabelece a idade definida 18 anos como sendo um verdadeiro marco para a compreensão das coisas.

Concluindo desta forma, que o Estatuto da Criança e do Adolescente, como lei especial de proteção ao menor traz um rol de medidas a serem aplicadas ao adolescente que cometer algum ato infracional, com fulcro principal na internação. Adentrando ainda na sua respectiva eficácia, como também no aspecto social da realidade vivida por esses adolescentes. Desta polêmica acerca do tema é que nasceu a ideia de abordar o devido assunto que tem gerado inquietude e em alguns momentos um grande alarde social.

Segundo Júlio Fabbrini Mirabete:

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[...] o homem é um ser inteligente e livre, podendo escolher entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, e por isso a ele se pode atribuir à responsabilidade pelos atos ilícitos que praticou. Essa atribuição é chamada de imputação, de onde provém o termo imputabilidade, elemento (ou preposto) da culpabilidade.

Pode ser usado como exemplo, seria um dependente de drogas que tem plena consciência do fato ilícito que pratica, mas não consegue parar de consumir a droga devido ao vício que já lhe domina, tornando-se assim um escravo de sua vontade. A imputabilidade se apresenta desse modo, como um aspecto, consistente na capacidade de entendimento, e outro volitivo, que é a faculdade de controlar e comandar a própria vontade. Faltando um desses elementos, o agente não será considerado responsável pelos seus atos.

Portanto, vale ressaltar que a imputabilidade seria um conjunto de circunstâncias especiais ou de condições necessárias que demonstra a existência do nexo causal entre o delito e o seu presumível autor.

3 PROPOSTAS EXISTENTES PARA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

Acerca da redução da idade penal é comporta pelas as mais calorosas discussões.

Primeiramente se faz um breve estudo sobre o critério da imputabilidade penal adotado pelo Brasil e outros critérios inerentes ao debate, apresentando dessa forma, que é imputável o sujeito capaz de entender a ilicitude de sua conduta, quem não tem essa compreensão é considerado inimputável, sendo assim, incapaz de ser punido, e é essa capacidade que detém um adolescente com idade inferior a 18 anos.

Foi aprovada na Câmara dos deputados em segundo turno, a proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171 que reduz a maioridade penal de 18 anos para 16 anos.

A proposta reduziria de 18 para 16 anos a maioridade penal para crimes hediondos, como estupro, latrocínio e homicídio qualificado (quando há agravantes). O adolescente dessa faixa etária também poderia ser condenado por crimes de lesão corporal grave ou lesão corporal seguida de morte e roubo agravado (quando há uso de arma ou participação de dois ou mais criminosos, entre outras circunstâncias).

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A Constituição Federal no seu artigo 228, o Código Penal, artigo 27 e o Estatuto da Criança e do Adolescente no seu artigo 104, asseguram a maioridade penal somente aos 18 anos, enquanto lei mais recente, o Código Civil de 2002, reduziu para 16 anos a maioridade civil; a lei eleitoral e a própria Constituição asseguraram a maioridade política a partir dos 16 anos, quando permitem aos jovens, nessa idade, escolher seus governantes.

O primeiro Código Penal brasileiro, o Código Imperial de 1830, fixava a maioridade penal em 14 anos; o advento da República provocou a edição do Código Penal dos Estados Unidos do Brasil, através do Decreto n. 847, de 11/10/1890, que estabelecia não serem criminosos “os menores de 9 anos completos;” e “os maiores de 9 anos e menores de 14 anos, que agirem sem discernimento”. O Código de Menores de 12/10/1927, Decreto n. 17.943-A, conhecido por Código Mello Matos, assegurava inimputabilidade para o infrator que tivesse até 14 anos, acima dessa idade e menos de 18 anos aplicavam-se as disposições da nova lei, utilizando-se o critério biopsicológico.

Segundo Cezar Roberto Bitencourt:

[...] o método biopsicológico é a reunião dos dois primeiros: a responsabilidade só é excluída, se o agente, em razão de enfermidade ou retardamento mental, era, no momento da ação, incapaz de entendimento ético-jurídico e autodeterminação.

Nas propostas legislativas recentes que procuram alterar os fundamentos protetivos de direitos contidos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de 1990. Busca-se relacionar os discursos produzidos em alguns meios de comunicação de massa sobre a criminalidade juvenil com as propostas formuladas pelos parlamentares favoráveis à redução da idade penal no Brasil. Como hipótese, acredita- se que a dramatização da repercussão pública sobre as ocorrências, produzida pelos meios de comunicação, nos dois momentos, teve impacto na apresentação e discussão das propostas favoráveis à redução da maioridade penal no Congresso Nacional.

Os discursos e as propostas favoráveis à redução da maioridade penal, sobretudo em períodos subsequentes a crimes de grande repercussão pública. Os meios de comunicação dão grande destaque a atos de violência cometidos por (ou supostamente atribuídos) a crianças e jovens, geralmente pobres, destaque seguido frequentemente pela crítica ao ECA e pela defesa da redução da idade penal como principal alternativa frente ao suposto crescimento da criminalidade infantil e juvenil (ALVAREZ, 1997).

As Propostas de Emenda à Constituição (PEC'S), tem como justificativa das diferentes propostas de emenda à Constituição que tramitam no Congresso Nacional, baseiam-se desde o direito

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de voto dos adolescentes a partir dos 16 anos até a alegação de que o limite válido atualmente é condizente com uma época em que a maturidade dos adolescentes era alcançada em idades mais avançadas. Para os deputados, os jovens não possuíam em outras épocas as condições de formação atuais, podendo ser responsáveis penalmente aos 16 ou até 14 anos de idade.

A PEC/171/1993, traz a ideia da redução da maioridade de forma seletiva, aplicando apenas sobre alguns delitos previamente elencados. A impossibilidade de criação de tal critério de imputabilidade penal é ainda maior. Isso porque não há qualquer critério que considere a gravidade do crime para aferir imputabilidade.

A PEC 171/1993 tem o objetivo do tratar como imputáveis aqueles que cometeram crimes hediondos e se caso cometerem outros tipos de crimes serão tratados como inimputáveis.

Desta forma, observa-se que a redução da maioridade penal não tem a possibilidade de aplicação, em razão da violação dos princípios que regem o direito e da constituição. Os critérios para aferir a imputabilidade do agente, sendo a gravidade do delito um dos elementos para caracterizar a sua culpabilidade, não seria viável esse entendimento para considerar alguém imputável ou inimputável, nem poderia. Assim, neste ponto de vista não tem o menor sentido, em existir um critério que se fundamenta na gravidade do ato praticado para distinguir a imputabilidade do indivíduo.

Considerando que seja aprovada a PEC 171/1993 nos moldes em que atualmente está redigida teremos um impasse de proporções catastróficas sob o prisma lógico. Imaginemos que um adolescente com 17 anos venha a cometer um homicídio qualificado e, portanto, hediondo conforme a lei 8.072/1990. Este adolescente será imputável nos termos do ordenamento então vigente, decorrente da PEC.

4 CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DE EVENTUAL REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL NO BRASIL

Com a Redução da Maioridade Penal, é importante perceber todos os possíveis e prováveis reflexos que a redução da maioridade penal trará ao Ordenamento Jurídico brasileiro.

Podemos assim citar alguns exemplos:

4.1 CONSEQUÊNCIAS NA SEGURANÇA NO TRÂNSITO

O artigo 140 do Código de Trânsito brasileiro traz como requisito para tirar habilitação ser penalmente imputável, portanto, caso a maioridade penal seja reduzida para dezesseis anos, poderá, a partir de então, se habilitar para conduzir veículo automotor.

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Art. 140. A habilitação para conduzir veículo automotor e elétrico será apurada por meio de exames que deverão ser realizados junto ao órgão ou entidade executivos do Estado ou do Distrito Federal, do domicílio ou residência do candidato, ou na sede estadual ou distrital do próprio órgão, devendo o condutor preencher os seguintes requisitos:

I - ser penalmente imputável;

II - saber ler e escrever;

III - possuir Carteira de Identidade ou equivalente.

Muitos defensores da redução da maioridade penal defendem que não haveria nenhum problema poder conduzir veículos aos dezesseis anos.

Ocorre que o ato de dirigir tem repercussão social, porque o veículo pode ser um instrumento passível de provocar danos ao patrimônio e à vida das pessoas. Tal desdobramento faz com que esse ato difira substancialmente de outro que possa ser credenciado legalmente ao adolescente, a exemplo do direito de votar aos dezesseis anos.

Assim, o condutor, além de cumprir as exigências pertinentes ao ato de dirigir, deve estar apto a assumir também as consequências penais de suas atitudes ao volante, a cada vez que dirige um veículo. Portanto, a imputabilidade é o pressuposto da culpabilidade.

4.2 CONSEQUÊNCIAS NA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA

A Constituição Federal em seu art. 7º, inciso XXXIII, proíbe a realização de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menor de dezoito anos.

Todos as proibições contidas na Constituição e na legislação infraconstitucional tomam como parâmetros a imputabilidade penal.

O Decreto n.º 6481/2008 aprova a Lista das Piores formas de Trabalho infantil, e proíbe o menor de 18 anos de realizar qualquer uma dessas atividades. Com a possibilidade da imputabilidade reduzida, outro reflexo plausível seria a permissão da realização dessas formas de trabalho a partir dos 16 anos. Dentre as atividades trazidas pela lista podemos citar: produção de fumo; condução de máquinas agrícolas; pulverização de agrotóxicos; na extração e corte de madeira; manguezais e lamaçais; garimpos; salinas; na produção de carvão vegetal; na produção e manuseio de explosivos e inflamáveis líquidos; fabricação de fogos de artifícios; em matadouros; fabricação de cimento ou cal;

destilarias de álcool; serralherias; transporte e armazenamento de álcool; em hospitais, serviços de

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emergência e enfermarias; coleta de lixo; cuidado e vigilância de crianças, idosos ou doentes; em câmaras frigoríficas; com exposição a ruído contínuo.

4.3 LEGISLAÇÃO PENAL

No que tange a Legislação Penal existem algumas implicações gravíssimas a serem consideradas, vejamos:

O capítulo II do Código Penal trata dos crimes sexuais contra vulnerável. O legislador atribui, num primeiro momento, a condição de vulnerável ao menor de quatorze anos ou a quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não possa oferecer resistência.

Pois bem, em conquista recente o Congresso Nacional aprovou a Lei n.º 12.015/2009 e a Lei n.º 12.978/2014, que não apenas endureceu as penas de crimes sexuais contra crianças e adolescentes, como criminalizou condutas que colocam em risco a vida e a integridade física de vulneráveis, como exemplo podemos citar o crime de favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou vulnerável e sua inclusão no rol dos crimes hediondos.

Seguem os dispositivos citados:

Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Antes da Legislação supra o criminoso que estuprasse um menor de 14 anos não teria o agravamento de pena estipulada pelo Art. 217-A do Código Penal. Responderia somente pelo estupro simples previsto no caput do art. 213.

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Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009).

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).

O crime de estupro de vulnerável tem como pena base inicial a reclusão de 8 anos, enquanto o crime de estupro simples tem a pena base inicial de 6 anos.

De acordo com o § 2º do artigo 33 do Código Penal1 aplica-se o regime fechado em delitos com pena superior a 8 anos, e o regime semi-aberto aos crimes com pena até 8 anos. O que na prática significa que um estuprador de um vulnerável poderia pegar um regime inicial semi-aberto.

Com a nova lei ele necessariamente deverá cumprir sua penal inicialmente em regime fechado. Este exemplo demonstra a grande importância da aprovação da Lei 12.05/2009, pois protege quem mais necessita.

Reduzir a maioridade penal seria ir à contra mão da proteção das crianças e dos adolescentes vítimas de crimes graves como: estupro de vulnerável; corrupção de menores; satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente; favorecimento da prostituição ou de forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou vulnerável.

Caso se aprove a PEC 171 que reduz a idade de imputabilidade penal para os dezesseis anos, é de se esperar que a redução de dois anos na idade da maioridade penal tenha reflexos na legislação penal e processual penal e em normas variadas do nosso ordenamento jurídico que dispõe sobre imputabilidade penal e gradações etárias, para fins de responsabilização penal e presunção de vulnerabilidade entre outros temas legais relevantes.

Uma das possíveis consequências da redução da maioridade penal para os dezesseis anos seria a redução do limite superior para presunção absoluta vulnerabilidade infanto-juvenil para os

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crimes sexuais, que poderia ser diminuído para os doze anos ou menos, com justificativa de correção da proporcionalidade.

Considerando que um adolescente de dezesseis anos passe a ser imputável, seria desproporcional que a lei permanecesse estabelecendo que um adolescente de quatorze anos é completamente vulnerável. Poder-se-ia argumentar que em apenas dois anos (dos 14 aos 16) uma pessoa não pode passar de incapaz de compreender e reagir à violência sexual, sendo mesmo o seu consentimento inválido, a totalmente capaz de responder por seus atos na esfera criminal.

Em resumo, os principais impactos previstos são a diminuição da garantia da proteção legal dos adolescentes vítimas de crimes sexuais e o abrandamento das penas para os criminosos.

4. 4 CONSUMO DE BEBIDA ALCÓOLICA

Recentemente (18/03/2015) a presidenta da república sancionou a Lei n.º 13.106/2015, que torna crime a venda de bebidas alcoólicas para menores (criança e adolescente), com detenção de 2 a 4 anos e multa para o estabelecimento.

Com a imputabilidade aos dezesseis anos, não se considerará adolescente o indivíduo que tenha entre 16 e 18 anos, podendo, portanto, ser liberada a venda de bebidas alcoólicas a essa faixa etária. O mesmo pode se dizer sobre a venda de cigarros.

Sabemos que a porta de entrada para drogas ilícitas é o álcool, sendo assim trona-se previsível que com o aumento do consumo de bebidas, haverá um consequente aumento no consumo de drogas ilícitas.

4.5 REDUÇÃO DA MAIORIDADE CIVIL

Podemos ver como exemplo também do que aconteceu com a redução da maioridade civil adotada pelo novo Código Civil, visando uniformizar o tratamento do Estado para com o cidadão e deste para com outros indivíduos, na regulação da vida social, pode perfeitamente ocorrer nova redução da maioridade civil com o mesmo fim.

Como Novo Código Civil (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002), a maioridade plena passa a ser de 18 anos completos. Já o Código anterior, de 1916, delimitava em 21 anos.

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O Código revogado é datado de século anterior. Portanto, a evolução social prestigiou o entendimento que, agora, era suficiente a idade de 18 anos para que a pessoa fosse capaz de discernir, ante o seu amadurecimento e desenvolvimento intelectual, todos os atos civis que pratica.

Assim prescreve, neste tocante, o novo Código Civil:

Art. 4º - São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:

I – os maiores de dezesseis anos e menores de dezoito anos;

“Art. 5º - A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.”(BRASIL, 2002) Os fatos e valores atuais, destarte, demandavam a redução da idade mínima para o exercício pleno dos atos da vida civil. Hoje, ao contrário do que vingava em 1916, uma pessoa com 18 anos de idade, completos, já tem capacidade intelectual plena para compreender o que seja lícito e ilícito.

Andou certo o legislador nesta esteira de raciocínio.

A proposta de emenda constitucional pretende dar plenos direitos civis aos que completam 16 anos, implicando em obrigatoriedade do voto e responsabilidade penal, além de todas as outras implicações da maioridade. É proposta nova redação para o artigo 228: “A maioridade é atingida aos 16 anos, momento a partir do qual a pessoa é penalmente imputável e capaz de exercer todos os atos da vida civil”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os vastos apelos em favor da redução da maioridade penal de 18 anos para 16 anos não é de hoje, entretanto, a preocupação vem se tornando mais forte a cada vez que acontece um crime desumano de grande repercussão. Basta que ocorra um latrocínio, um homicídio ou até um furto simples por um menor para que a sensibilidade da sociedade seja ferida.

A hipótese adotada no presente trabalho é de que a Maioridade Penal é a idade mínima que uma pessoa pode ser julgada criminalmente por seus atos como um adulto. No Brasil, e em vários países do mundo, a maioridade penal começa a partir dos 18 anos de idade. A maioridade Penal tem também como significado imputabilidade penal, ou seja, idade mínima pelo qual o sistema judiciário pode processar um cidadão como uma pessoa que se responsabiliza por seus atos, sendo então um adulto.

Verifica-se na pesquisa que a hipótese não foi confirmada, tendo vista até mesmo pelo

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sistema judiciário por ser falho.

Para quem defende a redução usa como forte argumento a questão do voto.

Argumentando assim que se um adolescente de 16 anos tem o pleno discernimento, mesmo que facultativo, para escolher um representante, governante politico, e assim como consequência muda o futuro de um país. Por que não responder também pelos seus atos? Por ser um ato de caráter facultativo a votação aos 16 anos, trata- se de ser um modo para inserir o adolescente na cidadania.

A imputabilidade é a aptidão para ser culpável, portanto, haverá imputabilidade quando o sujeito é capaz de compreender a ilicitude de sua conduta e de agir conforme esse entendimento. Para os que não tem essa mesma capacidade de entendimento é de determinação aos inimputáveis, eliminando assim a culpabilidade.

O principio da Proteção Integral ao Menor vem dos seios da Constituição e do ECA, onde descreve em um rol de direitos e garantias fundamentais para as crianças e adolescentes, colocando sobre a proteção da família, sociedade e Estado, a proteção desses, garantindo o crescimento sadio de acordo com as normas de convívio social. Essa fundamentação encontra respaldo constitucional, tendo vista a imposição de que a criança e o adolescente deverão ser tratados com prioridade absoluta.

Pode ser concluído que a pratica de um ato infracional cometido por um adolescente muitas vezes tem gêneses na desigualdade social, e por consequência na ausência de eficácia das ações estatais, o que não justifica a violência praticada. A fragilidade de uma sociedade desigual e um Estado incapaz de cumprir com suas obrigações. O Estatuto da Criança e do Adolescente pressupõe, desta maneira, que para adolescentes que praticam atos infracionais as medidas socioeducativas, sendo elas o instrumento que objetiva a reinserção social do que infringiu as normas sociais estabelecidas.

Enfim, a discussão deve continuar e mudanças deverão ocorrer, entretanto busca-se uma mudança radical onde se modifique do inicio ao fim da situação do menor e não apenas de aumentar já gigantesca desigualdade social brasileira, o problema tem ser enfrentado de uma forma justa, e não apenas escondido nas celas dos presídios. Por esse motivo, se reclama pela a Redução da Maioridade Penal para 16 anos.

Referências

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