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30.1 Primeiras Defini¸ c˜ oes

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Academic year: 2022

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Cap´ıtulo 30

Continuidade e Convergˆ encia em Espa¸ cos Topol´ ogicos

Conte´ udo

30.1 Primeiras Defini¸c˜oes . . . 1433

30.2 Espa¸cos Hausdorff . . . 1435

30.3 Redes e o Caso de Espa¸cos Topol´ogicos Gerais . . . 1436

30.3.1 Redes em Espa¸cos M´etricos . . . 1439

30.4 O Limite do ´Infimo e o Limite do Supremo . . . 1440

30.5 Continuidade de Fun¸c˜oes em Espa¸cos Topol´ogicos . . . 1443

30.5.1 Outras No¸c˜oes Associadas `a de Continuidade . . . 1445

30.5.1.1 Homeomorfismos e Mergulhos Topol´ogicos . . . 1446

30.5.2 Outras Caracteriza¸c˜oes do Conceito de Continuidade em Espa¸cos Topol´ogicos . . . 1447

30.5.3 Continuidade e Convergˆencia . . . 1448

V

amosneste cap´ıtulo estudar dois assuntos de grande importˆancia no contexto de espa¸cos topol´ogicos, a saber, o conceito geral de convervˆencia (de sequˆencias ou de redes, vide defini¸c˜oes adiante) e o conceito geral de conti- nuidade de fun¸c˜oes. O conceito de convergˆencia foi introduzido anteriormente para o caso especial de sequˆencias em espa¸cos m´etricos (vide Cap´ıtulo 24, p´agina 1245). Aqui ser´a dada particular aten¸c˜ao aos espa¸cos topol´ogicos do tipo Hausdorff.

Todo estudante possui uma no¸c˜ao mais ou menos clara do conceito usual de continuidade de fun¸c˜oes reais da reta real.

Aqui, vamos estender este conceito a fun¸c˜oes entre espa¸cos topol´ogicos gerais. A possibilidade de se estender o conceito de continuidade das situa¸c˜oes mais comuns e familiares, encontradas na topologia usual da reta real, para situa¸c˜oes mais gerais ´e, em verdade, uma das principais raz˜oes pelas quais topologias mais gerais que aquelas produzidas por m´etricas s˜ao definidas e estudadas. Percebeu-se que, tomados os devidos cuidados, muitos dos resultados pass´ıveis de demonstra¸c˜ao no caso m´etrico estendem-se tamb´em para topologias n˜ao deriv´aveis de uma m´etrica. Fora isso, aprenderemos, ao elevar o n´ıvel de abstra¸c˜ao com que o conceito de continuidade ´e apresentado, que muitas caracteriza¸c˜oes distintas, gerais e

´

uteis do mesmo podem ser apresentadas. Uma consequˆencia desse alargamento de horizontes ´e uma maior facilidade na demonstra¸c˜ao de resultados importantes.

O leitor interessado na no¸c˜ao de continuidade pode passar diretamente `a Se¸c˜ao 30.5, p´agina 1443. Sua leitura dispensa a leitura das se¸c˜oes que lhe precedem exceto, em parte, pela no¸c˜ao de rede, a qual pode ser colhida na Se¸c˜ao 30.3, p´agina 1436.

30.1 Primeiras Defini¸ c˜ oes

Dado um espa¸co topol´ogicoX, uma sequˆenciax´e uma fun¸c˜aox:N→X. Por vezes estamos interessados em considerar uma sequˆencia apenas atrav´es de seu conjunto imagem: Imx={x(n)∈X, n∈N}. Os elementos da sequˆencia s˜ao os valoresx(n), que frequentemente s˜ao denotados apenas porxn. Com um certo abuso de linguagem ´e costume referir-nos

`

a sequˆenciaxcomo sendo{x(n)∈X, n∈N}, ou denotamo-la por{xn, n∈N}ou mesmo por{xn}ou at´e apenas porxn. Em geral, essas nota¸c˜oes s˜ao mais pr´aticas e n˜ao causam confus˜ao. A no¸c˜ao tradicional de convergˆencia de uma sequˆencia em um espa¸co m´etrico ´e a seguinte:

SejaM um espa¸co m´etrico com m´etricade seja{an}uma sequˆencia emM. Dizemos que {an}converge a um elementoa∈Mse para todoǫ >0 existirN≡N(ǫ)∈Ntal qued(an, a)< ǫsempre quen > N.

1433

Abaixo vamos apresentar uma nova no¸c˜ao de convergˆencia de sequˆencias em espa¸cos topol´ogicos gerais que ´e equiva- lente `aquela apresentada acima no caso de espa¸cos m´etricos. Comecemos com duas no¸c˜oes ´uteis. Sejaxuma sequˆencia emXeA⊂X.

1. Dizemos que a sequˆenciaxest´a eventualmente emAse existir um naturalN ≡N(A) (que pode eventualmente depender deA) tal quexn∈Apara todon > N.

2. Dizemos que a sequˆenciaxest´a frequentemente emAse houver infinitos valores denpara os quaisxn∈A.

Se uma sequˆenciaxest´a eventualmente emA, ent˜ao ela est´a frequentemente emA, mas a rec´ıproca n˜ao ´e necessari- amente verdadeira. Por exemplo, a sequˆencia de n´umeros reaisan= (−1)nest´a frequentemente no intervalo (0,2), mas n˜ao eventualmente.

Nota.Nas defini¸c˜oes aqui apresentadas estamos fazendo uso do ordenamento usual deN. Para o caso geral vide a Se¸c˜ao 30.3, p´agina 1436,

sobreredesem espa¸cos topol´ogicos. ♣

Definamos agora as no¸c˜oes de ponto de acumula¸c˜ao e ponto limite de uma sequˆenciaxemX, um conjunto dotado de uma topologiaτ.

1. Um pontoxemX´e dito ser umponto de acumula¸c˜aoda sequˆenciaxem rela¸c˜ao `a topologiaτ deXsexest´a frequentemente em todo abertoA⊂τque cont´emx.

2. Um pontoxemX´e dito ser umponto limite, ou simplesmentelimite, da sequˆenciaxem rela¸c˜ao `a topologiaτde Xsexest´a eventualmente em todo abertoA⊂τque cont´emx.

Note que todo limite ´e um ponto de acumula¸c˜ao, mas a rec´ıproca n˜ao ´e verdadeira.

E. 30.1Exerc´ıcio. Mostre que{−1,+1}s˜ao os pontos de acumula¸c˜ao da sequˆenciaxn:= (−1)n+ 1/n,n∈N, na topologia usual deR. Essa sequˆencia tem limites nessa topologia? E a sequˆenciaxn:= 1/n2,n∈N? 6

E. 30.2Exerc´ıcio. Seja uma sequˆenciar:N→Rtal que Imr=Q(tais sequˆencias existem poisQ´e cont´avel). Mostre queR´e o conjunto de todos os pontos de acumula¸c˜ao derna topologia usual deR. Mostre quern˜ao tem limites na topologia usual deR. 6

E. 30.3Exerc´ıcio. Seja a sequˆencia do exerc´ıcio anterior, mas agora tome a topologia discretaP(R). Mostre quern˜ao tem pontos

de acumula¸c˜ao nessa topologia se a fun¸c˜aorfor injetora. 6

Sex´e um limite da sequˆenciaxndizemos quexnconvergeaxe escrevemosx= lim

n→∞xn.

E. 30.4Exerc´ıcio. Mostre que as duas no¸c˜oes de convergˆencia que apresentamos acima s˜ao equivalentes no caso de sequˆencias em

espa¸cos m´etricos. 6

O ´ultimo exerc´ıcio nos afirma a equivalˆencia, no caso de espa¸cos m´etricos, dos dois conceitos de convergˆencia que apresentamos, mas ´e importante frisar que a convergˆencia de uma sequˆencia ´e fortemente dependente da topologia adotada. Isso pode ser claramente visto no exemplo discutido a seguir.

Uma sequˆencia{xn}emX´e dita sereventualmente constantese existirx∈XeN∈Ntais quexn=xpara todo n > N.

Seja, ent˜ao,Xum conjunto n˜ao-enumer´avel (R, por exemplo) e seja a topologia co-cont´avel1emX:τcc(X). Ent˜ao, nenhuma sequˆencia que n˜ao seja eventualmente constante tem limites emXem rela¸c˜ao aτcc(X). Isso segue do seguinte.

Sejaxuma sequˆencia emXe sejax∈Xum ponto qualquer e seja aindaA:= (Imx)c∪ {x}= (Imx∩ {x}c)c. Como Imx∩ {x}c´e cont´avel, ent˜aoA´e aberto emτcc(X) e cont´emx. Por´em,xn˜ao est´a eventualmente emAse n˜ao for eventualmente constante, pois Imx∩A= Imx∩ {x}. Assim, para qualquerx∈Xpodemos achar um aberto que cont´em xondexn˜ao est´a eventualmente. Logo, nenhuma sequˆenciaxtem limites na topologia considerada.

1A topologia co-cont´avel foi definida `a p´agina 1362.

(2)

Um exemplo ilustrativo ´e o da sequˆenciaxn= 1/n,n∈N, emR. Na topologia co-cont´avelτcc(R) essa sequˆencia n˜ao converge a zero, ao contr´ario do que ocorre na topologia usual, pois o conjuntoA:=R\ {1/n, n∈N}´e aberto, cont´em x= 0, mas n˜ao cont´em nenhum elemento da sequˆenciaxn.

Em fun¸c˜ao de exemplos como esses, h´a geralmente pouca utilidade no conceito de convergˆencia de sequˆencias em certos espa¸cos topol´ogicos n˜ao-m´etricos. O que ent˜ao normalmente se faz nesses casos ´e considerar uma generaliza¸c˜ao do conceito de sequˆencia, conhecido comorede(“net” em inglˆes). Para esse novo conceito h´a uma defini¸c˜ao an´aloga de convergˆencia que funciona de modo mais efetivo em espa¸cos topol´ogicos gerais. Disso trataremos na Se¸c˜ao 30.3.

30.2 Espa¸ cos Hausdorff

Vamos neste momento introduzir um conceito que ser´a retomado na Se¸c˜ao 32.2, p´agina 1518, mas que est´a intimamente ligado ao discutido acima.

Um espa¸co topol´ogicoHdotado de uma topologiaτ´e dito possuir apropriedade de Hausdorff2se para quaisquer pontos distintosx,y∈Hexistirem dois abertosAxeAyemτtais quex∈Ax,y∈AymasAx∩Ay=∅.

Um espa¸co topol´ogico que tem a propriedade Hausdorff ´e dito simplesmente ser umespa¸co Hausdorff, ou dotipo Hausdorff. Vamos primeiro a alguns exemplos de espa¸cos que n˜ao tem a propriedade Hausdorff.

SejaXqualquer com a topologia indiscreta. Esse espa¸co n˜ao tem a propriedade de Hausdorff. SejaXn˜ao finito com a topologia co-finita. Esse espa¸co n˜ao tem a propriedade de Hausdorff. SejaXn˜ao-cont´avel com a topologia co-cont´avel.

Esse espa¸co n˜ao tem a propriedade de Hausdorff. Para esses dois ´ultimos exemplos, vide p´agina 1362.

E. 30.5Exerc´ıcio. Prove as afirmativas do ´ultimo par´agrafo. 6

Agora temos a seguinte proposi¸c˜ao:

Proposi¸c˜ao 30.1Todo espa¸co m´etrico tem a propriedade de Hausdorff. 2

Demonstra¸c˜ao.SejaMespa¸co m´etrico com m´etricad, sejamx,y∈Mdistintos e sejar=d(x, y)>0. Sejam ent˜ao os abertosAx=Bd(x, r/3) eAy=Bd(y, r/3). Suponha que exista um pontoz∈Ax∩Ay. Ent˜ao, comozpertence ao mesmo tempo aBd(x, r/3) eBd(y, r/3), vale qued(x, z)< r/3 ed(z, y)< r/3. Agora, pela desigualdade triangular tem-ser=d(x, y)≤d(x, z) +d(z, y)<2r/3. Por´em, a desigualdader <2r/3 ´e absurda. Da´ı, n˜ao pode existir qualquer pontozemAx∩Ay.

Nem todo espa¸co Hausdorff ´e m´etrico. A topologia de Sorgenfrey3τ[S] deR(vide Se¸c˜ao 27.2.1.1, p´agina 1364) ´e Hausdorff (prove isso!) mas n˜ao ´e m´etrica (vimos isso `a p´agina 1382).

Chegamos agora a uma propriedade importante de espa¸cos Hausdorff, sejam eles espa¸cos m´etricos ou n˜ao.

Proposi¸c˜ao 30.2Uma sequˆencia em um espa¸co Hausdorff pode ter no m´aximo um ponto limite. 2

Prova. Suponha que uma sequˆenciaaem um espa¸co HausdorffHcom topologiaτtenha dois limites distintosxey.

SejamVx∋xeVy∋ydois abertos disjuntos deτcontendoxey, respectivamente. Que tais abertos sempre existem ´e garantido pela propriedade de Hausdorff, que est´a sendo suposta. Ent˜ao, comoaconverge axe ay, temos quean∈Vx

para todon > N(Vx) ean∈Vypara todon > N(Vy). Logo,an∈Vx∩Vypara todon >max{N(Vx), N(Vx)}. Isso contraria a hip´otese queVx∩Vy=∅.

Corol´ario 30.1Uma sequˆencia em um espa¸co m´etrico pode ter no m´aximo um limite. 2

Note que sequˆencias em espa¸cos Hausdorff podem ter muitos pontos de acumula¸c˜ao.

2Felix Hausdorff (1868-1942).

3Robert Henry Sorgenfrey (1915–1996).

E. 30.6Exerc´ıcio. SejaAa cole¸c˜ao de todos os subconjuntos deR2do tipo{(x, y)∈R2, coma < y < bpara− ∞< a < b <

∞}(fa¸ca um desenho de um tal conjunto). Sejaτ[A]a topologia gerada por tais conjuntos.

1. Mostre queτ[A]n˜ao ´e Hausdorff. Para tal, tente ver se ´e poss´ıvel encontrar dois abertos nessa topologia que contenham os pontosx= (0,0)ey= (1,0), respectivamente, mas que n˜ao se intersectem.

2. Mostre que a sequˆenciaxn= (0,1/n),n∈N, tem por limite todos os pontos da forma(x,0)para todox∈R. (Na topologia usual deR2o ´unico limite dessa sequˆencia ´e o ponto(0,0)).

6

30.3 Redes e o Caso de Espa¸ cos Topol´ ogicos Gerais

Recordemos a defini¸c˜ao de conjunto dirigido introduzida `a p´agina 55. Um conjuntoI´e dito ser umconjunto dirigidose for dotado de uma rela¸c˜ao de pr´e-ordenamento que denotaremos por “≺”, e se for dotado da seguinte propriedade: para quaisquer dois elementosaebdeIexiste pelo menos um terceiro elementoc∈Ital quea≺ceb≺c.

Como usualmente, denotaremos alternativamente a afirma¸c˜ao quea≺bporb≻a.

SejaIum conjunto dirigido com respeito `a uma rela¸c˜ao de pr´e-ordenamento≺. SeX´e um conjunto n˜ao-vazio, uma fun¸c˜aof:I→X´e denominada umaredebaseada no conjunto dirigidoIcom respeito a≺. O estudante deve observar que uma sequˆencia ´e uma rede baseada emN, que ´e um conjunto dirigido com respeito `a ordem usual dos naturais.

Redes s˜ao, portanto, generaliza¸c˜oes da no¸c˜ao de sequˆencias e assumem em espa¸cos topol´ogicos gerais um papel semelhante ao de sequˆencias em espa¸cos m´etricos. A no¸c˜ao de rede foi introduzida na Topologia por Moore4e Smith5 em 19226. Alguns autores referem-se a redes comosequˆencias de Moore-Smith.

De modo an´alogo ao que costumeiramente se faz com sequˆencias, designaremos uma redex:I→Xpor{xλ}λ∈I, por{xλ, λ∈I}, ou simplesmente porxλ, sendoIe≺subentendidos.

Vamos a algumas defini¸c˜oes. Seja uma rede{xλ}λ∈IemXcomIsendo dirigido por≺.

1. Dizemos que{xλ}λ∈Iest´afrequentementeemA⊂Xse para todoλ∈Iexistir umλ∈Icomλ≺λtal que xλ∈A.

2. Dizemos que{xλ}λIest´aeventualmenteemA⊂Xse existeλ0∈Ital quexλ∈Apara todoλ≻λ0. 3. Se (X, τ) for um espa¸co topol´ogico, dizemos quex∈X´e um ponto de acumula¸c˜ao de{xλ}λIcom respeito aτse

{xλ}λ∈Iestiver frequentemente em qualquerτ-aberto que cont´emx. Nesse caso, dizemos que{xλ}λ∈Iacumula-se emxcom respeito aτ.

4. Se (X, τ) for um espa¸co topol´ogico, dizemos quex∈X´e um ponto limite de{xλ}λ∈Icom respeito aτse{xλ}λ∈I

estiver eventualmente em qualquerτ-aberto que cont´emx. Nesse caso, dizemos que{xλ}λ∈Iconvergeaxcom respeito aτ.

O estudante deve notar que essas defini¸c˜oes correspondem perfeitamente `aquelas introduzidas para sequˆencias `a p´agina 1434 e seguinte.

•Sub-redes

Seja{xα}α∈Iuma rede emX. Uma outra rede{yβ}β∈JemX´e dito ser umasub-redede{xα}α∈Ise existir uma fun¸c˜aoh:J→Ital que

1.yβ=xh(β)para todoβ∈J,

2. para todoα∈Iexisteβ1∈Jtal queh(β)≻Iαpara todoβ∈Jque satisfa¸caβ≻Jβ1.

4Eliakim Hastings Moore (1862–1932).

5Herman Lyle Smith (?–?).

6E. H. Moore and H. L. Smith. “A General Theory of Limits”. American Journal of Mathematics44(2), 102–121 (1922).

(3)

Acima,≻I´e a rela¸c˜ao de pr´e-ordenamento do conjunto dirigidoIe≻J´e a rela¸c˜ao de pr´e-ordenamento do conjunto dirigidoJ.

Uma situa¸c˜ao de interesse ´e aquela na qualJ⊂I. Nesse caso podemos tomarh:J→Icomo sendo a identidade h(β) =βpara todoJe as condi¸c˜oes acima podem ser fraseadas da seguinte forma:{yβ}β∈J´e uma sub-rede de{xα}α∈I

se

1.yβ=xβpara todoβ∈J,

2. para todoα∈Iexisteβ1∈Jtal queβ≻Iαpara todoβ∈Jque satisfa¸caβ≻Jβ1.

•Redes e convergˆencia

Se (X, τ) for um espa¸co topol´ogico ex∈X, sejaIxa cole¸c˜ao de todos osτ-abertos que contˆemx. Ent˜ao,Ix´e um conjunto dirigido pelo ordenamento parcial definido pela inclus˜ao de conjuntos “⊆” (i.e.,M≻N se e somente se M⊂N).

E. 30.7Exerc´ıcio. Prove essa afirma¸c˜ao. 6

Seja (X, τ) um espa¸co topol´ogico,x∈XeB⊂X. A cole¸c˜aoIx, B:={A∩B, A∈Ix}´e um conjunto dirigido pelo ordenamento parcial definido pela inclus˜ao de conjuntos “⊆” (i.e.,M≻N se e somente seM⊂N).

E. 30.8Exerc´ıcio. Prove essa afirma¸c˜ao. 6

Esses dois exerc´ıcios nos preparam para as seguintes proposi¸c˜oes relevantes.

Proposi¸c˜ao 30.3Sejam(X, τ)um espa¸co topol´ogico,x∈XeIxa cole¸c˜ao de todos osτ-abertos que contˆemx. Seja {xA}A∈Ixuma rede emXcom base no conjunto dirigidoIx. Se a rede{xA}A∈Ixtiver a propriedade quexA∈Apara

cadaA∈Ix, ent˜ao{xA}A∈Ixconverge ax. 2

A prova ´e quase imediata pelas defini¸c˜oes e deixada ao leitor como exerc´ıcio.

Proposi¸c˜ao 30.4Se(X, τ)for um espa¸co topol´ogico eB⊂X, ent˜aox∈Bse e somente se existir uma rede emB

que converge ax. 2

Prova.Precisamos primeiro provar que sex∈Bent˜ao existe uma rede{xλ}λ∈Ique converge axcom a propriedade que xλ∈Bpara todoλ∈I. Sabemos que todo elemento deIxtem intersec¸c˜ao n˜ao-vazia comB, pela defini¸c˜ao de fecho de um conjunto. Assim o conjuntoIx, B, definido em exerc´ıcio acima, ´e n˜ao-vazio, ´e um subconjunto deBe ´e um conjunto dirigido pelo ordenamento parcial definido pela inclus˜ao de conjuntos⊆. Por uma ligeira varia¸c˜ao da proposi¸c˜ao anterior,

´e f´acil ver que qualquer rede baseada emIx, Be que a cadaA∈Ix, BassociexA∈Aconverge axe est´a, claramente, contida emB.

Vamos agora provar que se uma rede{xλ}λ∈Icomxλ∈Bpara todoλ∈Iconverge ax, ent˜aox∈B. Se{xλ}λ∈I

converge ax, ent˜ao{xλ}λ∈Iest´a eventualmente em cada abertoAque cont´emx. Isso implica que cada abertoAque cont´emxcont´em elementos de{xλ}λ∈I, que est˜ao emB. Logo,A∩B6=∅, provando quex∈B.

•Sub-redes e pontos de acumula¸c˜ao

O seguinte teorema relaciona sub-redes e o conjunto de todos os pontos de acumula¸c˜ao de uma rede. O mesmo ser´a importante na discuss˜ao da propriedade de Bolzano-Weierstrass de espa¸cos topol´ogicos compactos feita na Se¸c˜ao 32.3, p´agina 1536. Vide, em particular, o Teorema 32.7, p´agina 1542.

Teorema 30.1 Seja{xα}α∈I uma rede em um espa¸co topol´ogico(X, τ). Um pontox´e um ponto de acumula¸c˜ao de {xα}α∈Ise e somente se for ponto limite de uma sub-rede de{xα}α∈I. 2

Prova.Para cadax∈Xdenotemos porτxo conjunto de todos abertos deτque cont´emx. SeD´e um conjunto dirigido denotamos por≻Da rela¸c˜ao de pr´e-ordenamento emD.

Parte I: sex´e um ponto de acumula¸c˜ao de{xα}α∈Ient˜aox´e ponto limite de uma sub-rede de{xα}α∈I.

Sex´e um ponto de acumula¸c˜ao de{xα}α∈I, ent˜ao para todo abertoA∈τxque cont´emxvale que{xα}α∈Iest´a frequentemente emA. Pela defini¸c˜ao, isso significa dizer que para todoα∈Iexiste umβA(α)∈Icomα≺βA(α) e xβA(α)∈A.

SejaJ⊂Idefinido por

J := n βA(α)

A∈τx, α∈Io .

Estabelecemos emJuma rela¸c˜ao de pr´e-ordenamento dizendo queβA(γ)≻J βA) seβA(γ)≻I βA) eA⊂A (deixamos como exerc´ıcio ao estudante mostrar que≻J´e realmente uma rela¸c˜ao de pr´e-ordenamento).

DadosβA(γ) eβB)∈J, sejaγ′′tal queγ′′IβA(γ) eγ′′IβB) (a existˆencia de um talγ′′´e garantida pelo fato deIformar um conjunto dirigido por≻I). Tem-se que7βAB′′)≻JβA(γ) eβAB′′)≻JβB). Isso prova que Jforma um conjunto dirigido por≻J. Portanto,{xβ}β∈J´e uma rede emX.

ComoJ⊂I, tem-se{xβ}βJ⊂ {xα}αI. Al´em disso, seβB(γ)∈JsatisfazβB(γ)≻JβA(α), ent˜aoβB(γ)≻IβA(α) e, como pela defini¸c˜ao das fun¸c˜oesβAvaleβA(α)≻Iα, segue queβB(γ)≻Iα. Isso provou que{xβ}β∈J´e uma sub-rede de{xα}α∈I.

Notemos agora que seA∈τx, ent˜ao seλ0:=βA0) para algumγ0fixo, tem-se que seβB(γ)≻Jγ0, ent˜aoB⊂A eβB(γ)≻Iγ0. Como, por constru¸c˜aoxβB(γ)∈B⊂A, conclu´ımos que a sub-rede{xβ}β∈Jest´a eventualmente emA.

Como essa afirma¸c˜ao vale para todoA∈τx, isso provou que essa sub-rede converge ax.

Parte II: sex´e ponto limite de uma sub-rede de{xα}αI, ent˜aox´e um ponto de acumula¸c˜ao de{xα}αI.

Vamos agora supor quex´e ponto limite de alguma sub-rede{yβ}β∈Jde{xα}α∈I. Ent˜ao, paraA∈τxexisteλ0∈J tal queyβ∈Apara todoβ≻Jλ0.

Como{yβ}β∈J´e uma sub-rede de{xα}α∈I, existe para cadaα∈Iumβ1∈Jtal queh(β)≻Iαpara todoβ∈J comβ≻Jβ1(para a defini¸c˜ao deh, vide a defini¸c˜ao de sub-rede `a p´agina 1436). Fixemosα∈I. ComoJ´e um conjunto dirigido por≻J, existeβ∈Jtal que(a):βJβ1e(b):βJλ0. Logo, por(a),h(β)≻Iαe, por(b),yβ∈A.

Lembrando queyβ =xh(β)(vide defini¸c˜ao de sub-rede `a p´agina 1436), conclu´ımos que para cadaα∈Iexiste α=h(β)∈IcomαIαexα ∈A. Ora, isso ´e precisamente a afirma¸c˜ao que a rede{xα}α∈Iest´a frequentemente emA. Como essa afirma¸c˜ao vale para todoA∈τxconclu´ımos que a rede{xα}αIacumula-se emx. Isso completa a demonstra¸c˜ao.

•Redes e espa¸cos Hausdorff

O conceito de rede permite mais uma caracteriza¸c˜ao de espa¸cos Hausdorff. A proposi¸c˜ao abaixo generaliza um fato bem conhecido de espa¸cos m´etricos.

Proposi¸c˜ao 30.5Um espa¸co topol´ogico(X, τ)´e do tipo Hausdorff se e somente se toda rede emXque for convergente

tiver apenas um ponto limite. 2

Nota¸c˜ao.SeX´e um espa¸co topol´ogico Hausdorff, denotamos por limλxλo limite de uma redeI∋λ7→xλ∈X, se o

mesmo existir. ◭

Prova da Proposi¸c˜ao 30.5. Seja (X, τ) um espa¸co topol´ogico do tipo Hausdorff e seja{xλ}λ∈I uma rede emXque converge aae abcoma6=b. Podemos encontrarA∈τcontendoaeB∈τcontendobtais queA∩B=∅. Mas isso ´e imposs´ıvel, pois se{xλ}λ∈Iconverge aae ab, ent˜ao{xλ}λ∈Iest´a eventualmente emAeB, o que contradizA∩B=∅.

Vamos agora supor que o espa¸co topol´ogico (X, τ) tem a propriedade que toda rede emXque for convergente tem apenas um ponto limite. Se (X, τ) n˜ao ´e do tipo Hausdorff ent˜ao existemaeb, elementos distintos deX, tais que cada elemento deIatem intersec¸c˜ao n˜ao-vazia com cada elemento deIb.

7Lembrar que seA∈τxeB∈τxent˜aoA∩B∈τxe ´e n˜ao-vazio, poisxpertence aAe aBe ambos s˜ao abertos.

(4)

Ent˜ao, para cada par (A, B) comA∈IaeB∈Ibpodemos escolher um elemento emx(A, B)∈A∩Ba com isso, construir uma aplica¸c˜aoIa×Ib→X. Gostar´ıamos agora de identificar uma rela¸c˜ao de pr´e-ordenamento que fa¸ca de Ia×Ibum conjunto dirigido. Essa rela¸c˜ao ´e a seguinte: (A, B)≺(A, B) seA⊃AeB⊃B.

E. 30.9Exerc´ıcio. Verifique que isso faz deIa×Ibum conjunto dirigido. Para tal, constate que sea= (A, B)eb= (C, D)∈Ia×Ib,

ent˜aoc= (A∩C, B∩D)∈Ia×Ibe valema≺ceb≺c. 6

Note agora que seA∈Iaent˜aox(A, B)∈A∩B⊆Ae se (A, B)≻(A, B) ent˜aox(A, B)∈A∩B⊆A∩B⊆A.

Isso significa que a rede{x(A, B),(A, B)∈Ia×Ib}est´a eventualmente emA. Como isso vale para todoA∈Ia, ent˜ao a rede{x(A, B),(A, B)∈Ia×Ib}converge aa.Mutatis mutandis, constata-se analogamente que a rede{x(A, B),(A, B)∈ Ia×Ib}converge ab. Comoa6=b, isso contradiz a hip´otese e, portanto, (X, τ) ´e do tipo Hausdorff.

A no¸c˜ao de rede ´e tamb´em importante por permitir uma caracteriza¸c˜ao do conceito de continuidade de fun¸c˜oes em espa¸cos topol´ogicos. Trataremos disso na Se¸c˜ao 30.5.3 e `a p´agina 1449.

30.3.1 Redes em Espa¸ cos M´ etricos

SejaM um conjunto dotado de uma m´etricade seja Ium conjunto dirigido com respeito a uma rela¸c˜ao de pr´e- ordenamento≺. Uma redef:I→M´e dita ser umarede de Cauchyem rela¸c˜ao `a m´etricadse para todoǫ >0 existir umn(ǫ)∈I(possivelmente dependente deǫ) tal qued(f(i), f(j))< ǫpara todosiejtais quei≻n(ǫ) ej≻n(ǫ).

E bastante claro que essa defini¸c˜´ ao generaliza a no¸c˜ao de sequˆencia de Cauchy encontrada `a p´agina 1253. Naquele caso o conjunto dirigido ´e o conjunto dos naturaisNcom a rela¸c˜ao de ordem usual.

Lembremos que um conjuntoM dotado de uma m´etricad´e dito sercompleto(ousequencialmente completo) em rela¸c˜ao a essa m´etrica se vale a afirma¸c˜ao que uma sequˆencia converge emM se e somente ser for uma sequˆencia de Cauchy.

Para entendermos a rela¸c˜ao entre as no¸c˜oes de sequˆencias de Cauchy e redes de Cauchy em espa¸cos m´etricos completos a seguinte proposi¸c˜ao ´e essencial.

Proposi¸c˜ao 30.6SejaMcompleto em rela¸c˜ao `a m´etricad, ou seja, tal que uma sequˆencia converge emMse e somente ser for uma sequˆencia de Cauchy. Ent˜ao vale a afirma¸c˜ao que uma rede converge emM se e somente ser for uma rede

de Cauchy. 2

Prova. Se uma redef:I→M´e convergente, ent˜ao existem∈M tal que para todoǫ >0 existen(ǫ)∈Ital que d(f(i), m)< ǫpara todoi∈Icom a propridadei≻n(ǫ). Assim, seiej∈Is˜ao tais quei≻n(ǫ) ej≻n(ǫ), vale pela desigualdade triangulard(f(i), f(j))≤d(f(i), m) +d(m, f(j))≤ǫ+ǫ, o que prova quef´e uma rede de Cauchy.

Provemos agora a rec´ıproca. Sejaf :I→Muma rede de Cauchy. Ent˜ao, para todok∈N, existen(1/k)∈I tal qued(f(i), f(j))<1/kpara todosiejtais quei≻n(1/k) ej≻n(1/k). Seja definidoz1:=n(1) e escolhamos indutivamente para cadak∈N,k≥2, um elementozk∈Ital quezk≻zk−1ezk≻n(1/k). ´E claro que

z1 ≺ z2 ≺ z3 ≺ z4 ≺ · · · comn(1/k) ≺ zkpara todok∈N. Logo,

n(1/k) ≺ zk≺ zk+1 ≺ zk+2 ≺ · · ·.

Assim, para todosn > m > kvaled(f(zm), f(zn))<1/k. Portanto,{f(zl), l∈N}´e uma sequˆencia de Cauchy emM e comoM´e (sequencialmente) completo, segue que{f(zl), l∈N}converge a um certo elementom∈M, o que equivale a dizer que para todoǫ >0 existeN(ǫ)∈Ntal qued(f(zn), m)< ǫsempre quen > N(ǫ).

Seja agoraǫ >0 fixo e escolhamosk∈Nde forma que 1/k < ǫ. Sei∈Isatisfazi≻n(1/k), valed(f(i), m)≤ d(f(i), f(zn)) +d(f(zn), m). Tomandon >max{N(ǫ), k}teremosd(f(i), f(zn))< ǫpoisi≻n(1/k) ezn≻n(1/k) e tamb´em teremosd(f(zn), m)< ǫpoisn > N(ǫ). Logo,d(f(i), m)≤2ǫ, provando quefconverge (am∈M). Isso completa a prova.

30.4 O Limite do ´ Infimo e o Limite do Supremo

SejaIum conjunto dirigido eα:I→Ruma fun¸c˜ao deIemR. Denotaremos porαio valor deαno pontoi∈I.

Define-se olimite do ´ınfimoda fun¸c˜aoαcomo sendo lim inf

I α := sup

n∈I

k≻ninfαk, (30.1)

ou, numa nota¸c˜ao mais completa (e algo pedante), lim inf

I α:= supn inf

αk, k≻n, k∈I , n∈Io

. (30.2)

Analogamente, define-se olimite do supremoda fun¸c˜aoαcomo sendo lim sup

I α:= inf

n∈Isup

k≻nαk, (30.3)

ou,

lim sup

I

α := infn sup

αk, k≻n, k∈I , n∈Io

. (30.4)

As defini¸c˜oes acima indicam que tanto o limite do supremo quanto o do ´ınfimo dependem da pr´e-ordenamento adotada

≺. Omitiremos essa dependˆencia para n˜ao carregar a nota¸c˜ao.

E f´´ acil provar que sempre se tem

lim inf

I α≤ lim sup

I

α . (30.5)

Caso lim infIα= lim supIαolimite deα´e definido como sendo limI α = lim inf

I α= lim sup

I

α . (30.6)

•Invariˆancia por redu¸c˜ao inicial do dom´ınio

Que interesses h´a nas defini¸c˜oes acima? H´a v´arios. Um deles reside na seguinte propriedade. Suponha queIpossa ser escrito como uma uni˜aoI=I0∪JondeI0eJtˆem as seguintes propriedades

1. Para todoi0∈I0existe pelo menos umj∈Jtal quei0≺j.

2.J´e um conjunto dirigido pela mesma rela¸c˜ao de pr´e-ordenamento≺.

3. Para todoj∈Jvale que sek≻jent˜aok∈J.

Ent˜ao, vale que

lim inf

J α = lim inf

I α

e que

lim sup

J

α = lim sup

I

α ,

ou seja, os limites do ´ınfimo e do supremo de uma fun¸c˜ao em um conjunto dirigido n˜ao mudam se subtrairmos deIum conjunto do “come¸co” deI(no caso,I0). Essa propriedade, que ´e uma das principais raz˜oes de ser das defini¸c˜oes de limite acima e que tem uma importˆancia fundamental, ser´a denominada aquiinvariˆancia por redu¸c˜ao inicial do dom´ınio.

Vamos prov´a-la para o limite do ´ınfimo. O caso do limite do supremo ´e an´alogo. Como sup(A∪B) = max{sup(A),sup(B)},

(5)

segue que

lim inf

I α = max{α, β}, onde (30.7)

α := sup

inf

αk, k≻n, k∈I , n∈I0

! ,

β := sup

inf

αk, k≻n, k∈I , n∈J

! .

Pelas hip´oteses, existe para todoi0∈I0pelo menos um elementoj(i0)∈Jcom a propriedade quej(i0)≻i0. Logo, para cadai0∈I0tem-se

ak, k≻j(i0), k∈I ⊂

ak, k≻i0, k∈I e, assim,

inf

ak, k≻j(i0), k∈I

≥ inf

ak, k≻i0, k∈I . Dado que

sup

inf

αk, k≻j, k∈I , j∈J

!

≥ inf

αk, k≻j(i0), k∈I segue que para cadai0∈I0fixo

sup

inf

αk, k≻j, k∈I , j∈J

!

≥ inf

ak, k≻i0, k∈I .

Assim, sup

inf

αk, k≻j, k∈I , j∈J

!

≥ sup

inf

αk, k≻n, k∈I , n∈I0

! .

Como lim infIα´e o m´aximo entre os elementos de cada lado da ´ultima desigualdade (veja (30.7)), provou-se que lim inf

I α = sup

inf

αk, k≻n, k∈I , n∈J

! . Claramente, para cadan∈J,

αk, k≻n, k∈I =

αk, k≻n, k∈J ,

pois sek≻ncomn∈Jent˜ao tem-se quek∈J(propriedade 3 da defini¸c˜ao deI0eJ). Assim, lim inf

I α= sup

inf

αk, k≻n, k∈J , n∈J

!

= lim inf

J α .

•Limite do supremo e limite do ´ınfimo de um conjunto

Recordemos a seguinte defini¸c˜ao. SejaXum conjunto com uma topologiaτ. SejaAum subconjunto deX. Um pontox∈X´e dito ser umponto limitedeAse todo abertoT∈τque contiverxcontiver pelo menos um ponto deA distintox. Ou seja, sex∈Tent˜ao (T∩A)\ {x} 6=∅.

Denotaremos por pt(A) o conjunto de pontos limite deA. Vamos supor queXseja parcialmente ordenado. Definimos ent˜ao

lim sup

τ A= sup(pt(A)) e

lim inf

τ A = inf(pt(A)).

desde, ´e claro, que os supremos e ´ınfimos existam emX. Como antes essa defini¸c˜ao depende do ordenamento adotado emX.

•Advertˆencia

SejaI como antes um conjunto dirigido e seja uma fun¸c˜aoα:I →R. Denotemos por Im(α) a imagem deα.

Adotemos emRa topologia usualτRe o ordenamento usual.

E ent˜ao tentador fazermos a seguinte pergunta: ser´a verdade que lim inf´ Iα= lim infτRIm(α) e que lim supIα= lim supτRIm(α)?

A resposta pode ser sim ou n˜ao dependendo do tipo de ordenamento adotado emI. Vejamos os seguintes exemplos.

Exemplo 1. AdotemosI=Ne emNadotemos o ordenamento usual. Tomemos como fun¸c˜ao a sequˆenciaαdefinida da seguinte forma

αn :=





−1−1/n, paranpar 1 + 1/n, paran´ımpar

.

O conjunto Im(α) tem dois pontos limite, a saber,−1 e +1. Assim, lim inf

τR Im(α) = −1 e lim sup

τR

Im(α) = 1. E tamb´em f´´ acil de provar que

lim inf

N α= −1 e lim sup

N α= 1.

E. 30.10Exerc´ıcio. Verifique isso. 6

Exemplo 2. AdotemosX=Ne emNadotemos o seguinte pr´e-ordenamento≺: senems˜ao ambos pares ou ambos

´ımpares ent˜aon≺msen≤m. Entanto, sen´e par em´e ´ımpar temos sempre quen≺m.

Esse pr´e-ordenamento coloca todos os pares como “menores” que todos os ´ımpares. Entre os pares e entre os ´ımpares o ordenamento ´e o usual.

Tomemos a mesma sequˆenciaαdefinida acima. Claramente continuamos tendo lim inf

τR Im(α) = −1 e lim sup

τR

Im(α) = 1. Por´em, com o ordenamento dos naturais adotado, temos que

lim inf

N, α= 1 e lim sup

N,

α = 1.

E. 30.11Exerc´ıcio. Verifique isso. 6

•Mais sobre o limite do supremo e sobre o limite do ´ınfimo

Verificamos acima que n˜ao ´e verdadeira em geral a afirmativa que o limite do supremo de uma sequˆencia coincide com o supremo dos pontos limite de sua imagem. H´a por´em uma rela¸c˜ao entre o limite do supremo e os pontos de acumula¸c˜ao da sequˆencia.

TomemosIcomo sendo o conjunto dos naturais com o ordenamento usual e sejaα:I→Ruma sequˆencia. Adotamos emRa topologia usual e o ordenamento usual.

Seja Ac(α) o conjunto de todos os pontos de acumula¸c˜ao da sequˆenciaα.

Tem-se ent˜ao que

lim inf

I α = inf(Ac(α))

(6)

e que

lim sup

I

α = sup(Ac(α)).

N˜ao apresentaremos a prova aqui. Observamos, por´em, que esse fato ´e verdadeiro qualquer que seja o ordenamento adotado emN. Para provar isso precisamos ainda introduzir o conceito de ponto de acumula¸c˜ao para fun¸c˜oes definidas em conjuntos dirigidos gerais, o que faremos na Se¸c˜ao 30.3 sobre redes.

E. 30.12Exerc´ıcio. Seja a sequˆenciacn= sen (1/n),n= 1,2, 3, . . .. Determine seus pontos de acumula¸c˜ao,lim supcne

lim infcn. 6

E. 30.13Exerc´ıcio. Sejamcnednduas sequˆencias limitadas de n´umeros reais. Mostre as seguintes desigualdades.

1.lim sup

n→∞(cn+dn)≤lim sup

n→∞ cn+ lim sup

n→∞ dn. 2.lim sup

n→∞

(cndn)≤

lim sup

n→∞

cn lim sup

n→∞

dn

. 3. Para todoa >0valelim sup

n→∞(acn) =alim sup

n→∞ cn. 4. Para todoa <0valelim sup

n→∞(acn) =alim infn→∞cn.

6

O estudante pode estar se perguntando por que n˜ao temos sempre simplesmente a igualdade lim sup(cn+dn) = lim supcn+ lim supdn. Veja o que ocorre no exemplo simples ondecn= (−1)nedn=−(−1)n. Aqui temos lim sup(cn+ dn) = lim sup 0 = 0, mas lim supcn= +1 e lim supdn= +1. Logo, lim sup(cn+dn)0<2 = lim supcn+ lim supdne a igualdade, portanto, n˜ao ´e v´alida nesse caso.

E. 30.14Exerc´ıcio. Sejaanuma sequˆencia de n´umeros reais. Mostre que lim sup

n→∞

(−an) = −lim inf

n→∞an.

6

E. 30.15Exerc´ıcio. Sejamcnednduas sequˆencias de n´umeros reais tais quecn≤dnpara todon∈N. Mostre que lim sup

n→∞

cn ≤lim sup

n→∞

dn e lim inf

n→∞cn≤lim inf

n→∞dn.

6

30.5 Continuidade de Fun¸ c˜ oes em Espa¸ cos Topol´ ogicos

Nesta se¸c˜ao apresentaremos diversas defini¸c˜oes do conceito de continuidade de fun¸c˜oes em espa¸cos topol´ogicos, discuti- remos a equivalˆencia dessas defini¸c˜oes e estudaremos suas consequˆencias. Como j´a dissemos, a possibilidade de definir a no¸c˜ao de continuidade de fun¸c˜oes entre espa¸cos topol´ogicos ´e parte da raz˜ao de ser da pr´opria no¸c˜ao de topologia.

Vamos a uma defini¸c˜ao de continuidade, que chamaremos de defini¸c˜ao de continuidade n´umero 1.

DC 1.SejamMeNdois conjuntos n˜ao-vazios, o primeiro dotado de uma topologiaτMe o segundo de uma topologia τN. Uma fun¸c˜aof: M→N´e dita ser uma fun¸c˜ao cont´ınua em rela¸c˜ao `as topologiasτMNsef−1(A)∈τMpara todo abertoAdeτN.

Em outras palavras, uma fun¸c˜ao ´e dita ser cont´ınua se a imagem inversa de qualquer conjunto aberto na topologia do seu contradom´ınio for igualmente um conjunto aberto na topologia do conjunto dom´ınio.

A seguinte afirma¸c˜ao ´e uma consequˆencia imediata da defini¸c˜ao acima.

Proposi¸c˜ao 30.7SejamM1, M2 eM3 espa¸cos topol´ogicos com topologias τM1, τM2M3, respectivamente. Seja f:M1→M2, cont´ınua em rela¸c˜ao `as topologiasτM1M2, eg:M2→M3, cont´ınua em rela¸c˜ao `as topologiasτM2e τM3. Ent˜aog◦f:M1→M3´e cont´ınua em rela¸c˜ao `as topologiasτM1M3. 2

Prova.←→Exerc´ıcio.

Uma s´erie de quest˜oes vˆem `a mente de qualquer estudante que se depara com a defini¸c˜ao acima pela primeira vez.

Por exemplo, as seguintes: 1) No caso de fun¸c˜oes reais definidas na reta real o que a defini¸c˜ao acima tem a ver com a no¸c˜ao de continuidade t˜ao bem conhecida e ensinada? 2) Na defini¸c˜ao acima, o conceito de continuidade parece ser fortemente dependente das topologiasτMNescolhidas no dom´ınio e na imagem da fun¸c˜ao. Pode acontecer de uma fun¸c˜ao dada ser cont´ınua em rela¸c˜ao a algumas topologias mas n˜ao em rela¸c˜ao a outras? 3) ´E estranho que na defini¸c˜ao acima a no¸c˜ao de continuidade seja apresentada em termos de uma propriedade da imagem inversaf−1da fun¸c˜aof. Isso tem mesmo que ser assim? 4) Ser´a poss´ıvel caracterizar a propriedade de continuidade diretamente em termos de propriedades daf?

Essas quest˜oes s˜ao muito pertinentes e ser˜ao respondidas uma a uma no que segue.

Fazemos notar que, na defini¸c˜ao nova de continuidade que apresentamos acima, as topologiasτMNs˜ao gen´ericas, n˜ao necessitando ser, por exemplo, topologias m´etricas emM ouN, respectivamente. Vamos, por´em, discutir agora o caso tradicional em queMeNs˜ao iguais `a reta real dotada da topologia m´etrica usualτR.

•A no¸c˜ao usual de continuidade em espa¸cos m´etricos

Sejaf: R→Ruma fun¸c˜ao. A no¸c˜ao usual de continuidade diz quef´e cont´ınua emRse e somente se para todo x∈Re para todo n´umeroǫ >0 existir um n´umeroδ=δ(x, ǫ)>0 (eventualmente dependente dexeǫ) tal que, sempre que para algumytivermos|y−x|< δ(x, ǫ) ent˜ao|f(y)−f(x)|< ǫ.

Essa defini¸c˜ao pode ser facilmente generalizada para o caso de espa¸cos m´etricos gerais.

DCEM 1. SejamM eN dois conjuntos n˜ao-vazios dotados de m´etricasdM edN, respectivamente. Uma fun¸c˜ao f:M →N ´e dita ser cont´ınua (no sentido usual) em rela¸c˜ao `as m´etricasdM edN se para todox∈M e para todo n´umeroǫ >0existir um n´umeroδ(x, ǫ)>0tal que sey∈BdM(x, δ(x, ǫ)), ent˜aof(y)∈BdN(f(x), ǫ).

Acima,Bd(a, r) ´e a bola aberta de raiorcentrada em torno deasegundo a m´etricad. Uma outra forma de apresentar a defini¸c˜ao acima ´e:

DCEM 1’. SejamM eN dois conjuntos n˜ao-vazios dotados de m´etricasdM edN, respectivamente. Uma fun¸c˜ao f:M →N ´e dita ser cont´ınua (no sentido usual) em rela¸c˜ao `as m´etricasdM edN se para todox∈M e para todo n´umeroǫ >0existir um n´umeroδ(x, ǫ)>0tal quef

BdM x, δ(x, ǫ)

⊂BdN

f(x), ǫ .

Vejamos um exemplo de uma fun¸c˜ao real que n˜ao ´e cont´ınua segundo a defini¸c˜ao acima. Seja a fun¸c˜ao

H(t) :=





1, set≥0, 0, set <0.

(30.8)

Ent˜ao, parax= 0 e paraǫ= 1/10 (por exemplo) n˜ao ´e poss´ıvel achar um n´umeroδtal que se|y−x|=|y|< δtenhamos

|H(y)−H(x)|=|H(y)−1|<1/10. A raz˜ao ´e que para qualquery≥0 temos|H(y)−1|= 0 que ´e menor que 1/10, mas para qualquery <0 temos|H(y)−1|= 1 que, obviamente, ´e sempre maior que 1/10.

E. 30.16Exerc´ıcio. Seja a fun¸c˜aog(t) =t2. Mostre explicitamente queg´e cont´ınua pela defini¸c˜ao acima. Como pode serδ(x, ǫ)

como fun¸c˜ao dexeǫnesse caso? 6

As linhas acima recordam-nos a defini¸c˜ao usual de continuidade de fun¸c˜oes definidas emR, tal como aprendida nos cursos iniciais de C´alculo. Qual a conex˜ao com a nova no¸c˜ao de continuidadeDC 1que apresentamos acima? Vamos esclarecer este ponto agora, provando que as duas defini¸c˜oes s˜ao equivalentes.

Seja uma fun¸c˜aof: M→N tal quef−1(A) ´e um aberto emτMpara todoA∈τN. Sejam um pontoxno dom´ınio dafef(x) sua imagem. SejaA=BdN(f(x), ǫ) (comǫ >0) um aberto emτN. Pelas hip´oteses, o conjuntof−1(A)

(7)

´e um aberto emM que deve conter o pontox(poisf(x)∈A). Deve, portanto, haver uma bola abertaBdM(x, δ), centrada emxe de raio deδ=δ(x, ǫ)>0 (em geral, o raio deve depender deAe, portanto, dexeǫ) inteiramente contida no abertof−1(A). ComoBdM(x, δ)⊂f−1(A), segue quef BdM(x, δ

)⊂A=BdN(f(x), ǫ). Isso, finalmente,

´e exatamente a afirma¸c˜ao quef´e cont´ınua no sentido da defini¸c˜aoDCEM 1.

Vamos agora supor quefseja uma fun¸c˜ao cont´ınua no sentido da defini¸c˜aoDCEM 1e provar que ela tamb´em ´e cont´ınua no sentido da defini¸c˜aoDC 1. Isso, junto com o visto no ´ultimo par´agrafo, mostra que as duas no¸c˜oes s˜ao equivalentes.

SejaA∈τNum aberto qualquer emNe vamos supor, sem perder a generalidade, queAcont´em elementos da imagem def. Sejax∈f−1(A). Seja, para algumǫ >0,BdN(f(x), ǫ) a bola aberta de raioǫcentrada emf(x). ComoA´e aberto ef(x)∈A, teremosBdN(f(x), ǫ)⊂Ase escolhermosǫpequeno o suficiente (ainda comǫ >0). Pela hip´otese quef´e cont´ınua no sentido da defini¸c˜aoDCEM 1, existeδ(x, ǫ) tal que sey∈BdM(x, δ(x, ǫ)) ent˜aof(y)∈BdN(f(x), ǫ)⊂A.

Logo,y∈f−1(A). Mas isso significa dizer que para todox∈f−1(A) somos capazes de identificar um raioδ=δ(x, ǫ) (para oǫescolhido) tal que todo elemento que dista dexmenos queδ´e tamb´em elemento do conjuntof−1(A). Isso

´e afirmar quef−1(A) ´e um conjunto aberto, pela pr´opria defini¸c˜ao de conjuntos abertos na topologia m´etrica dedM, provando a validade das condi¸c˜oes da defini¸c˜aoDC 1.

Isso provou a equivalˆencia que quer´ıamos estabelecer e, para o caso de fun¸c˜oes na reta real com a topologiaτRusual, respondeu a pergunta 1) acima.

30.5.1 Outras No¸ c˜ oes Associadas ` a de Continuidade

Al´em da no¸c˜ao de continuidade de fun¸c˜oes entre espa¸cos m´etricos estabelecida acima existe tamb´em a no¸c˜ao deconti- nuidade uniforme. Sobre ela falaremos com mais detalhe `a p´agina 1550.

•Fun¸c˜oes Lipschitz-cont´ınuas em espa¸cos m´etricos

J´a nos encontramos anteriormente, por exemplo, no Cap´ıtulo 25, p´agina 1307, com a no¸c˜ao de fun¸c˜ao Lipschitz8- cont´ınua, ao menos no caso de fun¸c˜oes reais. Essa no¸c˜ao pode ser facilmente generalizada para fun¸c˜oes entre espa¸cos m´etricos gerais.

Defini¸c˜ao. SejamM eN dois conjuntos n˜ao-vazios dotados de m´etricasdM edN, respectivamente. Uma fun¸c˜ao f:M→N´e dita ser Lipschitz-cont´ınua em rela¸c˜ao `as m´etricasdMedNse existir uma constanteL≥0 tal que

dN f(x), f(y)

≤ L dM(x, y), (30.9)

para todosx, y∈M. ♠

A condi¸c˜ao (30.9) ´e denominada condi¸c˜ao de Lipschitze uma constanteLque a fa¸ca verdadeira ´e denominada constante de Lipschitzpara a fun¸c˜aof. ´E elementar provar que toda fun¸c˜ao Lipschitz-cont´ınua ´e cont´ınua no sentido usual, caracterizado pela defini¸c˜aoDCEM 1.

E. 30.17Exerc´ıcio.Prove isso! 6

•Continuidade por partes

Uma outra no¸c˜ao importante ´e a decontinuidade por partes.

Defini¸c˜ao. SejamMeNn˜ao-vazios e dotados de topologiasτMN, respectivamente. Uma fun¸c˜aof:M→N´e dita ser uma fun¸c˜aocont´ınua por partesem rela¸c˜ao `as topologiasτMNse existir um conjunto finito de abertos disjuntos A1, . . . , AmemMsatisfazendoM=

m

[

k=1

Ake tais que:

1. Para todokvale que (f↾Ak) :Ak→N, a restri¸c˜ao defao abertoAk, ´e cont´ınua, em rela¸c˜ao `a topologia induzida porτMsobreAke em rela¸c˜ao `aτN.

8Rudolf Otto Sigismund Lipschitz (1832-1903).

2. Para todokexiste uma extens˜ao def↾Aksobre o fechadoAka qual ´e cont´ınua em rela¸c˜ao `a topologia induzida porτMsobreAke em rela¸c˜ao `aτN.

♠ Alguns autores permitem enfraquecer a condi¸c˜ao de que a cole¸c˜ao de abertosAkseja finita, permitindo que seja cont´avel.

30.5.1.1 Homeomorfismos e Mergulhos Topol´ ogicos

Duas no¸c˜oes de grande importˆancia no estudo de espa¸cos topol´ogicos s˜ao a de homeomorfismo e a de mergulho topol´ogico.

Sejam (X, τX) e (Y, τY) dois espa¸cos topol´ogicos. Uma fun¸c˜aof:X→Y ´e dita ser umhomeomorfismoentre (X, τX) e (Y, τY) se for cont´ınua, bijetora e sua inversa tamb´em for cont´ınua.

Uma fun¸c˜aof:X→Y´e dita ser ummergulho topol´ogico, ou simplesmente ummergulho, de (X, τX) em (Y, τY) se ffor um homeomorfismo entreXe sua imagemf(X) (adotando neste conjunto a topologia relativa deτY).

Dizemos que dois espa¸cos topol´ogicos (X, τX) e (Y, τY) s˜aoespa¸cos homeomorfosse existir um homeomorfismo f:X→Y. Dizemos que o espa¸co topol´ogico (X, τX) ´emergulh´avelno espa¸co topol´ogico (Y, τY) se existir um mergulho topol´ogicof:X→Y.

Denotamos simbolicamente o fato de (X, τX) e (Y, τY) serem homeomorfos por (X, τX)≃(Y, τY) (ou simplesmente porX≃Y, quando as topologias forem subentendidas).

As no¸c˜oes de homeomorfismo e de mergulho topol´ogico desempenham um papel importante na Topologia Diferen- cial e na Geometria Diferencial. A no¸c˜ao de homeomorfismo ´e importante na Topologia em geral devido `as seguintes observa¸c˜oes.

E claro que todo espa¸co topol´´ ogico satisfaz (X, τX)≃(X, τX) (adote-se a fun¸c˜ao identidade). ´E tamb´em claro que se (X, τX)≃(Y, τY), ent˜ao (Y, τY)≃(X, τX) (pois sef:X→Y ´e um homeomorfismo ent˜ao sua inversaf−1:Y→X tamb´em ´e um homeomorfismo). Por fim, se (X, τX), (Y, τY) e (Z, τZ) s˜ao espa¸cos topol´ogicos e f : X →Y e g:Y →Zs˜ao homeomorfismos, ent˜aog◦f:X→Z´e um homeomorfismo, o que nos diz que se (X, τX)≃(Y, τY) e (Y, τY)≃(Z, τZ) ent˜ao (X, τX)≃(Z, τZ).

O constatado acima permite entender o fato de dois espa¸cos topol´ogicos serem homeomorfos como uma esp´ecie de rela¸c˜ao de equivalˆencia, no¸c˜ao que introduzimos na Se¸c˜ao 1.1.1.3, p´agina 48. Estritamente falando, por´em, n˜ao se trata de rela¸c˜oes de equivalˆencia usuais pois, devido a certas obstru¸c˜oes l´ogicas presentes na Teoria dos Conjuntos, n˜ao faz sentido falar no “conjunto de todos os espa¸cos topol´ogicos” e, portanto, n˜ao podemos falar em rela¸c˜oes de equivalˆencia no sentido usual entre tais objetos. O quadro onde essa no¸c˜ao pode ser inserida, por´em, ´e a Teoria das Categorias, mas por ora n˜ao iremos nos estender nesses coment´arios. A ideia que homeomorfismos induzem rela¸c˜oes de equivalˆencia entre espa¸cos topol´ogicos ´e, por´em,moralmentev´alida e podemos pensar em classificar espa¸cos topol´ogicos (e suas propriedades) de acordo com “classes de homeomorfia”. Esse ´e o principal objetivo de certas ´areas da Topologia, como por exemplo a Topologia Alg´ebrica. Remetemos o estudante interessado aos bons livros para uma continua¸c˜ao da discuss˜ao sobre esse importante tema.

•A inclus˜ao como um mergulho topol´ogico

SejamXeY dois conjuntos n˜ao-vazios comY ⊂X. A fun¸c˜aoi≡iY, X:Y →Xdefinida pori(y) :=ypara todo y∈Y, ´e denominadainclus˜aodeY emX, oufun¸c˜ao inclus˜aodeY emX.

E evidente que a imagem de´ Y poriY, X´e o pr´oprio conjuntoY: iY, X(Y) =Y e queiY, X´e uma bije¸c˜ao deY em sua imagem. ´E tamb´em trivial que iY, X−1

:Y →Y ´e dada por iY, X−1

(y) =y.

Seja (X, τX) um espa¸co topol´ogico e sejaY ⊂X, n˜ao-vazio. SejaτI a topologia induzida emY porτX, a qual consiste, recordando, na cole¸c˜ao de todos os conjuntos da formaA∩Y comA∈τX.

Temos o seguinte fato, que listamos na forma de uma proposi¸c˜ao para futura referˆencia:

Proposi¸c˜ao 30.8Sejam(X, τX)e(Y, τY)dois espa¸cos topol´ogicos, sendo queY⊂X(assumimosXeY n˜ao-vazios).

Ent˜ao, a fun¸c˜ao inclus˜aoiY, X :Y →X´e um mergulho topol´ogico de(Y, τY)em(X, τX)se e somente seτY for a

topologia induzida emY pela topologiaτX. 2

(8)

Prova.J´a vimos queiY, X:Y →X´e uma bije¸c˜ao em sua imagem e queiY, X(Y) =Y. J´a que iY, X

−1

(A) =AeiY, X(A) =Apara todoA⊂Y eiY, X(Y) =Y, ent˜ao, seτYI, a inclus˜aoiY, X ser´a evidentemente um homeomorfismo entre (Y, τY) e iY, X(Y), τI

= (Y, τI). ComoiY, X(Y) =Y, isso significa queiY, X

´e um mergulho topol´ogico de (X, τX) e (Y, τY).

Vamos agora supor queiY, X seja um mergulho topol´ogico de (Y, τY) em (X, τX). Ent˜ao, por defini¸c˜ao,iY, X´e um homeomorfismo entre (Y, τY) e (Y, τI) (poisiY, X(Y) =Y). ComoiY, X´e cont´ınua, valer´a para todoA∈τIque

iY, X−1

(A)∈τY. Como iY, X−1

(A) =A, isso implica queA∈τY, mostrando queτI ⊂τY. Como iY, X−1

´e cont´ınua, valer´a para todoA∈τY queiY, X(A)∈τI. ComoiY, X(A) =A, isso implica queA∈τI, mostrando que τY⊂τI. Isso demonstrou queτYI.

30.5.2 Outras Caracteriza¸ c˜ oes do Conceito de Continuidade em Espa¸ cos Topol´ ogicos

A caracteriza¸c˜aoDC 1do conceito de continuidade de uma fun¸c˜ao entre dois espa¸cos topol´ogicos que apresentamos no in´ıcio da subse¸c˜ao anterior ´e equivalente a uma s´erie de outras caracteriza¸c˜oes que discutiremos agora, as quais podem, eventualmente, ser mais ´uteis que a descrita acima.

Vamos a uma outra defini¸c˜ao de continuidade, que chamaremos de defini¸c˜ao de continuidade n´umero 2.

DC 2.SejamMeNdois conjuntos n˜ao-vazios, o primeiro dotado de uma topologiaτMe o segundo de uma topologia τN. Uma fun¸c˜aof : M →N ´e dita ser uma fun¸c˜ao cont´ınua em rela¸c˜ao `as topologiasτMNsef−1(F)for um conjunto fechado para a topologiaτMpara todo conjunto fechadoFsegundoτN.

Em outras palavras, uma fun¸c˜ao ´e dita ser cont´ınua se a imagem inversa de qualquer conjunto fechado na topologia do conjunto imagem for igualmente um conjunto fechado na topologia do conjunto dom´ınio.

Desejamos provar a equivalˆencia das defini¸c˜oesDC 1eDC 2. Para tal, notemos que, para qualquer conjuntoC⊂N, valef−1(C) =f−1(Cc)c, ou seja,

f−1(C) =M\f−1(N\C).

E. 30.18Exerc´ıcio (f´acil). Demonstre essa rela¸c˜ao. 6

Com essa rela¸c˜ao em m˜aos fica f´acil provar que seffor cont´ınua segundoDC 1ent˜ao a imagem inversa de qualquer conjuntoCfechado emN ´e fechado emM. Mutatis mutandis, sefe cont´ınua segundoDC 2ent˜ao a imagem inversa de qualquer abertoCemN´e aberto emM. Isso estabelece que as duas defini¸c˜oes s˜ao equivalentes.

Vamos agora a uma terceira defini¸c˜ao de continuidade que ser´a ´util quando tratarmos do conceito de continuidade em espa¸cos m´etricos.

DC 3.SejamMeNdois conjuntos n˜ao-vazios, o primeiro dotado de uma topologiaτMe o segundo de uma topologia τN. Uma fun¸c˜aof: M→N´e dita ser uma fun¸c˜ao cont´ınua em rela¸c˜ao `as topologiasτMNsef D

⊂f(D)para todo conjuntoD⊂M. Aqui,D´e o fecho deDna topologiaτMef(D)´e o fecho def(D)na topologiaτN.

Note-se aqui dois fatos: 1) nesta nova defini¸c˜ao a continuidade ´e caracterizada em termos de propriedades das imagens da fun¸c˜aof e n˜ao em termos das suas imagens inversas; 2) acimaD´e um conjunto qualquer deM, n˜ao apenas um aberto ou um fechado.

Vamos provar agora que a defini¸c˜aoDC 3´e equivalente `a defini¸c˜aoDC 2(e, portanto, `a defini¸c˜aoDC 1). Para tal, usaremos o fato (vide (1.12), p´agina 42) que paraA⊂MeB⊂N ent˜aof(f−1(B))⊂Bef−1(f(A))⊃A. Usaremos tamb´em que seA⊂MeB⊂Ns˜ao tais quef(A)⊂B, ent˜aof−1(B)⊃A.

Seja ent˜aofcont´ınua segundoDC 3e sejaF⊂N, fechado. Teremos que f

f−1(F)

⊂ f(f−1(F)) ⊂ F = F , ou seja,

f f−1(F)

⊂ F .

Logo,

f−1(F) ⊃ f−1(F).

Como um conjunto qualquer ´e sempre subconjunto e seu fecho, essa ´ultima rela¸c˜ao diz quef−1(F) =f−1(F), que ´e o mesmo que dizer quef−1(F) ´e fechado. Assim, sef´e cont´ınua segundoDC 3´e tamb´em segundoDC 2.

Seja agorafcont´ınua segundoDC 2. E sejaD⊂M, qualquer. TomandoY=f(D), vimos acima que f

f−1 f(D)

⊂ f(D). (30.10)

Agora,

D ⊂ f−1(f(D)) ⊂ f−1 f(D)

. Masf−1

f(D)

´e fechado, poisf´e cont´ınua segundoDC 2ef(D) ´e fechado. Assim,D⊂f−1 f(D)

, poisD´e o menor fechado que cont´emD. Disso segue quef D

⊂f f−1

f(D)

. Juntando-se isso `a (30.10), conclu´ımos que f D

⊂f(D), provando a equivalˆencia desejada.

•Continuidade em um ponto. Continuidade em termos de vizinhan¸cas

Vamos a mais uma caracteriza¸c˜ao ´util da no¸c˜ao de continuidade, dessa vez em termos da no¸c˜ao de vizinhan¸ca, introduzida `a p´agina 1359. Vamos antes definir o que se entente por continuidade de uma fun¸c˜ao em um ponto.

Continuidade em um ponto.SejamM eNdois conjuntos n˜ao-vazios, o primeiro dotado de uma topologiaτMe o segundo de uma topologiaτN. Sejax∈M. Uma fun¸c˜aof:M→N´e dita ser uma fun¸c˜ao cont´ınua emxse para toda vizinhan¸caVf(x)⊂Ndef(x)o conjuntof−1(Vf(x))⊂Mfor uma vizinhan¸ca dex.

A seguinte defini¸c˜ao da no¸c˜ao de continudade de fun¸c˜oes entre espa¸cos topol´ogicos ´e equivalente `as anteriormente apresentadas.

DC 4.SejamMeN dois conjuntos n˜ao-vazios, o primeiro dotado de uma topologiaτMe o segundo de uma topologia τN. Uma fun¸c˜aof:M→N´e dita ser uma fun¸c˜ao cont´ınua em rela¸c˜ao `as topologiasτMNse for cont´ınua em todo x∈M(no sentido da defini¸c˜ao acima).

Vamos estabelecer a equivalˆencia dessa defini¸c˜ao com a defini¸c˜aoDC 1. Suponhaf:M→Ncont´ınua segundoDC 1. Sejax∈M e sejaVf(x)uma vizinhan¸ca def(x) emN. Ent˜ao existe um abertoA∈τNtal quef(x)∈A⊂Vf(x). Mas isso implica que,x∈f−1(A)⊂f−1(Vf(x)). Como por hip´otesef−1(A)∈τM, provamos quef−1(Vf(x)) ´e uma vizinhan¸ca dex. Comox∈M´e arbitr´ario, provou-se quef´e cont´ınua em todox∈M.

Vamos estabelecer a rec´ıproca, supondo agora quef: M →N seja cont´ınua em todox∈M. SejaA∈τN. Se f−1(A) =∅n˜ao h´a o que provarmos. Seja ent˜aof−1(A)6=∅e sejax∈f−1(A). ClaramenteA´e uma vizinhan¸ca de f(x). Logo,f−1(A) ´e uma vizinhan¸ca dex, por hip´otese. Assim, existeBx∈τMtal quex∈Bx⊂f−1(A). Ora, essa afirma¸c˜ao ´e v´alida para cadax∈f−1(A). Assim, provamos que

f−1(A) = [

x∈f−1(A)

{x} ⊂ [

x∈f−1(A)

Bx ⊂ [

x∈f−1(A)

f−1(A) = f−1(A).

Isso provou quef−1(A) =S

x∈f1(A)Bx, que ´e umτM-aberto, por ser uma uni˜ao de abertos. ComoA´e um aberto arbitr´ario deN, estabelecemos quef´e cont´ınua no sentido da defini¸c˜aoDC 1.

30.5.3 Continuidade e Convergˆ encia

•Continuidade e convergˆencia em espa¸cos m´etricos

Vamos agora tratar de mais uma caracteriza¸c˜ao do conceito de continuidade de fun¸c˜oes, caracteriza¸c˜ao esta especia- lizada ao caso de fun¸c˜oes entre espa¸cos m´etricos. Uma primeira defini¸c˜ao do conceito de continuidade de fun¸c˜oes entre espa¸cos m´etricos ´e a defini¸c˜aoDCEM 1, que encontra-se `a p´agina 1444. O ponto importante da caracteriza¸c˜ao que aqui descreveremos ´e que a mesma trata a no¸c˜ao de continuidade em termos de convergˆencia de sequˆencias, sendo por isso de especial importˆancia pr´atica.

(9)

Temos a seguinte defini¸c˜ao:

DCEM 2. SejamMeN dois conjuntos n˜ao-vazios dotados de m´etricasdM edN, respectivamente. SejamτdMdN

as topologias induzidas por essas m´etricas emMeN, respectivamente. Uma fun¸c˜aof:M→N´e cont´ınua em rela¸c˜ao

`

as m´etricasdMedNse para todox∈Me para toda sequˆencia{xn∈M, n∈N}que converge axem rela¸c˜ao `a m´etrica dMtivermos

f(x) = lim

n→∞f(xn), ou seja,

f

nlim→∞xn

= lim

n→∞f(xn), onde a convergˆencia def(xn)∈Nse d´a em rela¸c˜ao `a m´etricadN.

Vamos mostrar que esta ´ultima defini¸c˜ao de continuidade ´e, no caso de espa¸cos m´etricos, equivalente `as defini¸c˜oes DC 1, 2e3. No caso de espa¸cos topol´ogicos n˜ao-m´etricos tal equivalˆencia pode n˜ao ser v´alida. Lembramos o coment´ario que fizemos na Se¸c˜ao 30.1 que h´a espa¸cos topol´ogicos n˜ao-m´etricos nos quais nenhuma sequˆencia ´e convergente, fora as sequˆencias eventualmente constantes. Um exemplo ´e o de um conjuntoXn˜ao cont´avel dotado da topologia co-cont´avel.

Essa ´e a raiz da dificuldade em se estender a defini¸c˜aoDCEM 2para espa¸cos topol´ogicos n˜ao-m´etricos.

Prova da equivalˆencia.Vamos supor quefseja cont´ınua segundoDCEM 2e provar quef´e ent˜ao cont´ınua segundo DC 3. SejaD⊂Mgen´erico e n˜ao-vazio e sejax∈D(o casoD=∅´e trivial). Ent˜ao, comoM´e um espa¸co m´etrico existe uma sequˆenciaxn∈Dque converge ax. Pelas hip´oteses ent˜ao,f(x) = lim

n→∞f(xn). Comoxpode ser qualquer elemento deDe como os pontosf(xn) s˜ao elementos do conjuntof(D), isso significa quef D

⊂f(D), o que prova quef´e cont´ınua segundoDC 3.

Vamos agora suporfcont´ınua segundoDC 1e vamos mostrar que ela ent˜ao o ´e segundoDCEM 2. Suponha que parax∈Mhaja uma sequˆenciaxnemMconvergindo axsegundodMe suponha quef(xn) n˜ao converge af(x). Ent˜ao existe um abertoAdeN contendof(x) e tal quef(xn) n˜ao est´a eventualmente emA. Isso significa quexnn˜ao est´a eventualmente emf−1(A) (por quˆe?). Como pelas hip´otesesf−1(A) ´e um aberto ex∈f−1(A) (por que?), isso diz que xnn˜ao converge ax, uma contradi¸c˜ao. Logo lim

n→∞f(xn) =f(x) e a equivalˆencia est´a provada.

E. 30.19Exerc´ıcio. Seja a fun¸c˜aoHdefinida em (30.8). Adotando a topologia usual deRtanto na imagem quanto no dom´ınio deH, exiba sequˆenciasxnemRconvergindo ax= 0tais que lim

n→∞H(xn)6=H(0). 6

•Continuidade e convergˆencia em espa¸cos topol´ogicos gerais

Como observamos acima, a defini¸c˜ao de continuidadeDCEM 2n˜ao pode ser diretamente transposta a espa¸cos topol´ogicos gerais, pois nesses casos ocorrem dificuldades especiais concernentes `a convergˆencia de sequˆencias. Como aprendemos e discutimos na Se¸c˜ao 30.3, p´agina 1436, essas dificuldades podem ser superadas com o emprego da no¸c˜ao mais geral derede, como alternativa `as sequˆencias. De fato, ´e poss´ıvel apresentar mais uma defini¸c˜ao do conceito de continuidade, equivalente `as anteriores, nas mesmas linhas deDCEM 2, mas com a no¸c˜ao de rede substituindo a de sequˆencia.

Para uma melhor compreens˜ao do que segue, recomendamos uma re-leitura da Se¸c˜ao 30.3, p´agina 1436. Temos a seguinte defini¸c˜ao:

DC 5.SejamMeNdois conjuntos n˜ao-vazios, o primeiro dotado de uma topologiaτMe o segundo de uma topologia τN. Uma fun¸c˜aof:M→N´e dita ser uma fun¸c˜ao cont´ınua em rela¸c˜ao `as topologiasτMNse para todox∈Me para toda rede{xλ, λ∈I}emM que temxcomo ponto limite na topologiaτM, a rede{f(xλ), λ∈I}emNtiverf(x) como ponto limite na topologiaτN.

Note que, acima, as redes{xλ, λ ∈ I}e{f(xλ), λ∈ I} podem tem outros pontos limite al´em dex ef(x), respectivamente, poisMeN n˜ao s˜ao necessariamente do tipo Hausdorff nas suas respectivas topologias.

Vamos mostrar que esta ´ultima defini¸c˜ao de continuidade equivale `as defini¸c˜oesDC 1, 2e3.

Prova da equivalˆencia. Vamos supor quefseja cont´ınua segundoDC 5e provar quef´e ent˜ao cont´ınua segundo DC 3. SejaD⊂M gen´erico e n˜ao-vazio e sejax∈D(o casoD=∅´e trivial). Ent˜ao, pela Proposi¸c˜ao 30.4, p´agina 1437, existe uma rede{xλ, λ∈I}emDtemxcomo ponto limite emτM. Pelas hip´oteses ent˜ao,f(x) ´e ponto limite de {f(xλ), λ∈I}emτN. Comoxpode ser qualquer elemento deDe como os pontosf(xλ) s˜ao elementos do conjunto

f(D), isso significa, tamb´em pela Proposi¸c˜ao 30.4, p´agina 1437, quef D

⊂f(D), o que prova quef´e cont´ınua segundo DC 3.

Vamos agora suporfcont´ınua segundoDC 1e vamos mostrar que ela, ent˜ao, o ´e segundoDC 5. Suponha que para x∈Mhaja uma rede{xλ, λ∈I}emMque temxcomo ponto limite emτMe suponha quef(x) n˜ao ´e ponto limite de {f(xλ), λ∈I}emτN. Ent˜ao existe um abertoAdeNcontendof(x) e tal que{f(xλ), λ∈I}n˜ao est´a eventualmente emA. Isso significa que{xλ, λ∈I}n˜ao est´a eventualmente emf−1(A) (por quˆe?). Como pelas hip´otesesf−1(A) ´e um aberto ex∈f−1(A) (por quˆe?), isso diz quexn˜ao ´e ponto limite de{xλ, λ∈I}emτM, uma contradi¸c˜ao. Logof(x) ´e ponto limite de{f(xλ), λ∈I}emτNe a equivalˆencia est´a provada.

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