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Rev. esc. enferm. USP vol.36 número2

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Academic year: 2018

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EDITORIAL

Escutar é complicado e sutil. É preciso criarmos um vazio, um espaço, para que o outro — na sua fala, nos seus gestos, na sua lógica, na sua emoção-penetrem nos nossos sentidos e sejam acolhidos/digeridos na nossa estrutura pessoal.

Estamos, enquanto enfermeiros, nesse bonito processo de tentarmos compreender/acolher o outro, quando colocamos atenção aos aspectos afetivos/emocionais do portador da Síndrome de Fournier — mesmo que tenhamos cuidados físicos tão óbvios para serem feitos; quando procuramos entender os significados de conforto e desconforto na perspectiva de homens que sofreram infarto agudo do miocárdio, permitindo que atuemos na prevenção e propondo questões para aprimorar a formação do enfermeiro; quando buscamos compreender os motivos que levam as pessoas a optar pela queimadura como forma de auto-destruição e repassamos aspectos fundamentais para a recuperação física e mental dessas pessoas; ou mesmo, quando humanizamos o parto de adolescentes mineiras.

Ampliando nossa capacidade de escuta, estamos atentos a família, por meio de um artigo onde as autoras discutem alguns conceitos que fundamentam a abordagem sistêmica em cuidados de Enfermagem e fornecem exemplos práticos que facilitam sua compreensão e sua aplicabilidade. O poeta Fernando Pessoa conhecia a experiência da escuta e se referia a algo "que se ouve nos interstícios das palavras", porisso nos preocupamos também com os modos de expressão do sofrimento e prazer dos nossos técnicos e auxiliares de Enfermagem que trabalham nas UTIs, e as formas de enfrentamento do sofrimento ligados a esse trabalho, que eles (nós?) estamos usando.

Ouvimos nossos alunos quando vamos atrás do significado da avaliação para ele, nossas colegas enfermeiras quando perguntamos acerca das mobilizações institucionais e percebemos contradições nesse discurso expondo "o tempo do concreto" e "o tempo do desejo". Sabemos que mudanças geram desequilíbrios nos grupos, conflitos...e é a análise dessas contradições que permitem avanços, inclusive na implantação da Reforma Psiquiátrica nos serviços de saúde mental.

Percebemos nossas falhas e vamos em frente (aprendendo!) quando verificamos a alta relação entre infecção hospitalar e a causa direta do óbito em crianças internadas em hospital pediátrico (30,4%); refletimos e planejamos nosso futuro quando testamos a reutilização das pastilhas de paraformaldeído para diminuir os custos hospitalares e quando percebemos que o aumento dos gastos com hemodiálise se deve ao aumento de sobrevida dos pacientes (60% continuam vivos após 4 anos de hemodiálise), e não específicamente a uma ampliação da demanda pela terapia.

A beleza de uma profissão talvez venha também daí: quando, como diz o escritor e educador Rubem Alves, a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto...

...sepossível com a leveza de um pássaro, não de uma pluma, pois temos metas, objetivos e intenções — claras.

Profa. Dra. Maria Júlia Paes da Silva Presidente da Comissão de Biblioteca e Publicações da Escola de Enfermagem da USP

Profa. Dra. Emiko Yoshikawa Egry

Editora

Editorial Silva MJP, Egry EY.

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