Preguiça-de-coleira - Bradypus torquatus
Mamífero de porte médio, pesa entre 3 e 6 kg e tem corpo coberto de pelos na cor parda (marrom). Na região do pescoço, a pelagem é escura, formando um aspecto de “coleira”, o que sugere seu nome. Possuem três dedos nas patas dianteiras. [1] As fêmeas têm uma cria por gestação; sendo que a fêmea é a única a cuidar do filhote.
O animal tem seu hábito de vida dependente da copa das árvores, seja para se locomover, alimentar, dormir e reproduzir. Somente desce ao chão para defecar e urinar.
Habita as florestas tanto de baixada quanto de altitude, porém sua maior ocorrência se dá nas florestas entre 200m e 300m de altitude. Prefere climas amenos com temperatura entre 22ºC e 23º C, embora possa ser encontrada em locais com temperatura variando de 20ºC a 25ºC.
Sua dieta é baseada em folhas de árvores, em especial as das famílias das Embaúbas e das Leguminosas.
Tem como predadores naturais a onça pintada, o gavião-real e algumas serpentes. E tem como mecanismo de defesa sua camuflagem em meio às folhagens.
Sua presença só foi registrada nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia (sul do estado). Embora ocorra nestes três estados, provavelmente não há contato entre as suas populações. A este fenômeno chamamos de isolamento genético. No Rio de Janeiro, sua ocorrência foi registrada apenas nos municípios de Nova Friburgo, Cachoeiras de Macacu e Teresópolis.
A derrubada das florestas onde vivem para implantação de cultivos agropastoris diminui a oferta de abrigo e alimento, além de aumentar a distância entre os remanescentes de florestas, isolando as populações umas das outras, o que promove o enfraquecimento genético da espécie. A caça também é um fator de diminuição das populações do animal.
Endemismo Grau de ameaça Nacional Grau de ameaça Estadual Mata Atlântica Vulnerável Em perigo
Formigueiro-do-litoral – Formicivora littoralis
Pequeno pássaro que mede cerca de 14 cm de comprimento e pesa por volta de 15 gramas. O macho tem plumagem negra e detalhes em branco nas asas e cauda. A fêmea, porém, tem a cor parda, sendo a face clara, com uma “máscara” marrom ou negra sobre os olhos. O dorso é castanho e o ventre, bem claro, o que confere ao bicho uma eficiente camuflagem. Em geral, a fêmea põe dois ovos produtivos. Os ninhos são construídos com palhas e fibras vegetais e teia de aranha. Tanto macho quanto fêmea cuidam dos filhotes, que são alimentados geralmente com insetos.
Habita as restingas e formações litorâneas preferencialmente as áreas próximas à praia, onde a vegetação é adensada e espinhenta, predominando cactos e bromélias. Sua locomoção é preferencialmente sobre galhos e ramos, por meio de saltos curtos. No entanto, é possível vê-lo no solo ou realizando voos curtos.
Embora o nome nos leve a pensar que sua alimentação é exclusivamente constituída de formigas, o formigueiro, também conhecido como com-com, se alimenta de diversos pequenos insetos e frutos tenros, ingerindo água contida no interior de bromélias e pequenas poças temporárias.
Predador natural: não identificado.
Considerada uma ave exclusiva da restinga, sua ocorrência está restrita a um pequeno trecho do território fluminense, a Região dos Lagos (RJ), especificamente nos municípios de Saquarema, Araruama, Arraial do Cabo (restinga de Massambaba), São Pedro D’Aldeia, Cabo Frio e, mais recentemente, Iguaba Grande e Armação dos Búzios.
A destruição da restinga, seu hábitat, pela expansão urbana, é o evento que traz maior risco para esta espécie. Podem ter seus ninhos e locais de vida destruídos pelo trânsito de bugres ou outros veículos pela areia da praia. Sofrem ainda com a predação de animais invasores, tais como o mico-estrela e o sagui-de-tufo-branco.
Endemismo Grau de ameaça Nacional Grau de ameaça Estadual Rio de Janeiro Criticamente em perigo Vulnerável
Lagarto-branco-da-areia – Liolaemus lutzae
Pequeno réptil que mede, quando adulto, entre 6 e 8 cm de comprimento, desconsiderando-se a cauda, tem uma coloração acinzentada com uma faixa laranja nas costas e pequenas tiras brancas e marrons nas laterais. Propositadamente, se confunde com a areia da praia, garantindo assim boa camuflagem. À noite, se protege em tocas que escava na areia. Como todos os répteis, depende do calor do ambiente para esquentar seu corpo, por isso, de manhã cedo, sai da toca para se aquecer. As fêmeas colocam de um a quatro ovos em pequenos ninhos feitos na areia. Os filhotes nascem entre dezembro e março, quando, em geral, termina o período de reprodução da espécie.
Habita as restingas e formações litorâneas, preferencialmente as áreas próximas à praia, onde a vegetação é rasteira.
Fazem parte de sua alimentação pequenos artrópodes, como aranhas, formigas, besouros, cigarrinhas, percevejos e pequenas baratas. Partes de folhas e flores de algumas plantas da praia também estão no cardápio.
É uma das presas preferidas de corujas e gaviões, mas às vezes consegue escapar com um artifício peculiar: quando perseguido, o lagarto solta a cauda – e o movimento que esta faz sobre a areia, depois de desligar-se do corpo, atrai a atenção dos predadores, que desse modo nem sempre percebem o animal fugindo.
É uma espécie endêmica do Estado do Rio de Janeiro, ou seja, ocorre
exclusivamente no RJ, mais especificamente em parte de seu litoral, nas restingas. Ocorria da Marambaia até o Município de Cabo Frio, porém, já não é mais
encontrado em diversas localidades como Prainha, Praia da Macumba, em um extenso trecho da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Barra Nova (Saquarema) e Praia dos Anjos (Arraial do Cabo).
Destruição de seu hábitat – a restinga –, pela urbanização, pisoteio, além da urbanização da orla das praias com calçadões, quiosques e quadras desportivas.
Endemismo Grau de ameaça Nacional Grau de ameaça Estadual Rio de Janeiro Criticamente em perigo Vulnerável
Muriqui-do-sul – Brachyteles arachnoides
O muriqui ou mono carvoeiro é o maior primata das Américas e o maior mamífero que ocorre somente aqui no Brasil. Mede cerca de 78 cm e pesa cerca de 15 kg. O corpo é coberto por uma pelagem espessa e parda, a face é recoberta por pele negra, assim como as mãos; daí a origem do nome mono carvoeiro. Polegar totalmente inexistente. A gestação dura de 210 a 255 dias, nascendo apenas um filhote.
De hábitos diurnos, vive em pequenos grupos. Dorme durante parte do dia. Quando no chão, movimenta-se apoiado sobre os quatro membros em passos regulares, e quando na copa das árvores, movimenta-se por saltos, chegando a dar saltos longos de cerca de 7 metros entre as copa das árvores. O corpo ereto é uma posição importante durante a alimentação da espécie.
Fazem parte de sua alimentação folhas, frutos, néctar e sementes.
Tem como predador natural onças e águias.
É uma espécie endêmica da Mata Atlântica, e no Estado do Rio de Janeiro, grupos e famílias foram encontrados na Área de Preservação Ambiental de Cairuçu, em Paraty, Parque Nacional de Itatiaia, Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis e Petrópolis, e Reserva Biológica do Tinguá, em Nova Iguaçu e Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
As principais ameaças são a diminuição e fragmentação do seu hábitat, devido ao crescimento urbano e agropecuário. Há também muitos relatos de caça no estado.
Endemismo Grau de ameaça Nacional Grau de ameaça Estadual Mata Atlântica Em perigo Criticamente me perigo
Jacutinga – Pipile jacutinga
A Jacutinga é uma ave que pesa cerca de 1,5 kg e mede em média 78 cm da cabeça até a ponta da cauda. É negra com riscas brancas por todo o corpo. As penas do alto da cabeça são brancas. Possuem parte do bico com cor azulada e papo vermelho. São animais que possuem um só parceiro. Sua época de reprodução vai de agosto a novembro. Os ninhos são feitos em galhos grossos, onde a fêmea coloca de dois a três ovos, tendo 28 dias de incubação. Assim que
nascem, os filhotes se mostram ativos e movimentam-se livremente, apesar de sempre acompanhados pela mãe, abrigando-se sob sua cauda ou suas asas.
É predominantemente arborícola, ou seja, tem seu hábito de vida associada às copas das árvores. Nelas buscam alimentos, se locomovem e fazem seus ninhos. É considerada uma ave calma. Seu voo é considerado barulhento.
Se alimenta de pequenos frutos, como da palmeira juçara, frutos de embaúbas, pequenos caramujos e insetos.
Predador natural: Não identificado
Espécie nativa da Mata Atlântica ocorrendo em áreas de floresta densa.
As principais ameaças para sua extinção são o desmatamento e caça para alimentação
Endemismo Grau de ameaça Nacional Grau de ameaça Estadual Mata Atlântica Em perigo Potencialmente extinto
Cágado-do-Paraíba – Phrynops hogei
Este cágado possui cabeça relativamente estreita, sem marcas, uniformemente marrom na parte de cima e alaranjada em sua parte inferior, com uma linha bem definida que se estende da borda da boca até o ouvido. Possui a carapaça lisa, e a parte inferior do casco amarelo ou com manchas cinzentas irregulares. Possui cerca de 35 cm e 2 Kg. Retrai a cabeça para dentro do casco, virando seu pescoço para o lado. Coloca seus ovos normalmente no fim dos meses chuvosos, com um período de incubação de seis meses. Cada fêmea põe cerca de sete ovos.
Vive em grupos com poucos membros. Se movimenta somente de 3 a 15 metros por dia.
Seus hábitos alimentares são pouco conhecidos, mas sabe-se que é onívoro. Em cativeiro, alimentam-se de carne e peixes.
Predador natural: Não identificado
Ocorre em áreas baixas da Bacia do Rio Paraíba do Sul, preferencialmente em ilhas fluviais.
Está em risco de extinção devido à perda e fragmentação de hábitats, devido, por exemplo, à erosão das margens dos rios da Bacia do Rio Paraíba do Sul, como consequente assoreamento do recurso hídrico e a poluição de suas águas.
Endemismo Grau de ameaça Nacional Grau de ameaça Estadual
Mata Atlântica Em perigo Vulnerável
Tatu-canastra – Priodontes maximus
Mamífero, possui em média um metro de comprimento e pesa até 60 Kg. É o maior e mais raro tatu existente. Tem carapaça escura no dorso, marcada lateralmente por uma borda amarelada. Não possui dentes. Possui unhas compridas e é um ótimo escavador. Enxerga e ouve mal, mas tem um olfato bastante aguçado. A fêmea tem de 1 a 2 filhotes por vez.
Habitam as regiões campestres onde constroem tocas e pequenos fossos. Animal de hábitos noturnos, sendo mais encontrado na vizinhança de riachos e lagoas. São notívagos, ou seja, na maior parte do tempo, se locomovem e se alimentam à noite.
Sua dieta é baseada em cupins, mas também se alimenta de formigas, larvas, vermes, aranhas e cobras.
Tem como predador natural a onça-pintada
Ocorre em grande parte da América do Sul, à leste dos Andes, desde a Venezuela, Colômbia e Guianas até a Argentina, Paraguai e Brasil. No entanto, andam sempre em reduzidos grupos e até indivíduos sozinhos. No Brasil, os registros de ocorrência apontam para uma significativa redução na região Sudeste.
Dentre as principais ameaças, estão a expansão das áreas de uso agropecuário e a caça para alimentação. O uso de agrotóxicos no combate aos cupins acaba por levar ao animal concentrações destes venenos, além de diminuir significativamente a oferta de seu alimento.
Endemismo Grau de ameaça Nacional Grau de ameaça Estadual
Brasil Vulnerável Criticamente em perigo
Mico-leão-dourado – Leontopithecus rosalia
Pequeno primata mede entre 20 e 33 cm, tem a cauda de 31 a 40 cm e pesa entre 360 e 710 gramas. Sua pelagem dourada e uma juba em torno da cabeça são características que deram seu nome mico-leão-dourado. A época reprodutiva acontece entre setembro e março, e a gestação dura entre 4 e 5 meses, produzindo dois filhotes na natureza e de um a três filhotes em cativeiro. Animal monogâmico, ou seja, uma vez formado o casal, ele é mantido até a morte de um dos pares. Após o 4º dia de vida, o filhote troca o ventre materno pelo dorso do pai. A partir de então, é o pai que o carrega, cuida, limpa e penteia. A mãe só se aproxima na hora da amamentação, que dura em média 15 minutos.
Ocupam as copas das árvores onde encontram abrigo em buracos nos troncos das árvores. São diurnos, ou seja, concentram suas atividades durante as horas claras do dia. É uma espécie altamente social. São encontrados, na natureza, em grupos de dois a oito indivíduos, frequentemente constituídos por membros da mesma família. O grupo consiste do casal reprodutor, um ou dois filhotes e outros membros. São altamente territoriais e defendem seus territórios com ameaças vocais.
São onívoros, ou seja, sua alimentação é constituída de vegetais e animais. Em geral, buscam frutas, insetos, ovos, pequenas aves e lagartos.
Seus predadores naturais são as aves de rapina que atacam especialmente os filhotes. É provável que pequenos felinos como a jaguatirica e o mustelídeo-irara estejam predando os micos na Reserva Biológica de Poço das Antas.
Ocorre em matas de baixada no Rio de Janeiro. No entanto, as poucas populações estão hoje restritas às matas da Bacia do Rio São João. Os principais refúgios são as reservas biológicas de Poço das Antas e União, em Silva Jardim e Casemiro de Abreu, respectivamente.
A maior ameaça para a espécie é a redução da floresta onde vivem, seja por conta da expansão urbana nas áreas litorâneas ou da atividade agropastoril nas áreas mais interioranas. Atualmente outra ameaça é a presença dos estrela e mico-leão-da-cara-dourada, que competem por recursos (alimento, casa e moradia) e, especificamente, no caso do preto da cara dourada, o cruzamento entre as espécies está provocando a hibridização.
Endemismo Grau de ameaça Nacional Grau de ameaça Estadual
Rio de Janeiro Em perigo Em perigo
Surubim-do-paraíba- Steindachneridion parahybae
O surubim-do-paraíba é um bagre de grande porte, atingindo pelo menos 60 cm de comprimento padrão. Considerada como uma das poucas espécies nobres da Bacia do Rio Paraíba do Sul, possui o corpo achatado e coberto de manchas alongadas. Possui olhos pequenos e pouco eficientes, percebendo seu ambiente através de seus barbilhões. Migra rio acima para reprodução.
A espécie possui hábitos noturnos, ocasionalmente sendo avistada também ao entardecer. Seu hábitat preferencial tem ao menos 3 metros de profundidade, localizado próximo a fortes corredeiras.
Se alimenta de peixes e crustáceos, fuçando o fundo dos rios.
Predador natural: Não identificado
Ocorre em toda a Bacia do Rio Paraíba do Sul.
A grande industrialização e, consequente, a degradação ambiental da Bacia do Rio Paraíba do Sul são as causas de seu risco de extinção.
Endemismo Grau de ameaça Nacional Grau de ameaça Estadual Mata Atlântica Criticamente em perigo Em perigo
Boto-cinza - Sotalia guianensis
O boto-cinza (Sotalia spp.) é um boto da família dos delfinídeos. Tem o hábito de viver em grupo. É muito sociável. Como todos os cetáceos, tem de respirar ar periodicamente, podendo, porém, permanecer submerso por longos períodos. Possui um biossonar que lhe permite localizar objetos e se orientar, utilizando o som e o eco. Geralmente, seus dentes são todos iguais, existindo apenas uma dentição. A maioria dos botos-cinzas se alimenta de peixes e lulas e, ocasionalmente, de crustáceos.
A fêmea dá à luz apenas um filhote, após um ano de gestação. Durante o trabalho de parto, é comum a mãe ser ajudada por outros membros do grupo. O período de amamentação dura sete meses em média. Os botos-cinzas são ótimos nadadores, atingindo velocidades de até 60 quilômetros por hora e saltando até cinco metros acima da água. Podem viver até 80 anos.
Utilizam a técnica de pesca em grupo, que facilita o cerco dos peixes. Seu tato é bastante desenvolvido. Ocorrem muitos toques entre os botos, o que, segundo pesquisas, pode ser um tipo de comunicação. Sua principal ameaça são as redes de pesca onde, por acidente, acabam ficando presos e morrendo afogados. Desde 1986, é proibida a pesca, caça e a perseguição ou captura de cetáceos nas águas brasileiras.
Endemismo Grau de ameaça Nacional Grau de ameaça Estadual
Estuarino Vulnerável Criticamente em perigo
[1] Há preguiças com 2 e 3 dedos nas patas dianteiras, a preguiça de coleira tem três.