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Políticas públicas em comunicação no contexto latinoamericano: o caso do Brasil

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Academic year: 2018

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Políticas públicas em com unicação no contexto

latino-am ericano: o caso do Brasil

Public policy in com m unication in Latin Am erica: the case of

Brasil

Politicas públicas en com unicación en Am erica Latina: el caso

brasileño

Potiques publiques em com m unication dans Am erique Latine:

La situation de Brèsil

Andr éia Ter zar iol Cout o* Maria Angela Pavan* *

* Jornalist a, professora universit ária da área de Com unicação Social, m est re em Com unicação Social – Jorna-lism o Cient ífico e Tecnológico, Dout ora em Planej am ent o de Desenvolvim ent o Sust ent ável - Unicam p e Pesquisadora do Grupo de Estudos Culturas Em presariais – I FCH – Unicam p. E- m ail: atcouto@hotm ail.com * * Pr odut or a audiov isual, dout or a em Mult im eios pela Univ er sidade Est adual de Cam pinas, SP ( Unicam p) . Mest r e pela Un iv er sidade Met odist a de São Pau lo ( Um esp) . Docen t e da Facu ldade de Com u n icação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Nort e ( UFRN) . Mem bro do Grupo de Est udos Pragm a-Pr agm át ica da Com unicação e da Mídia: t eor ias, linguagens, indúst r ias cult ur ais e cidadania da UFRN. Mem br o do Gr u po de Est u dos e Pesqu isas sobr e Lin gu agem , En sin o e Nar r at iv as de Pr ofessor es da UNESP. E- m ail: gelpav an@gm ail. com

Re su m o : O presente trabalho tem com o

ob-jetivo apresentar, inicialm ente, um panoram a das políticas públicas para o setor de com u-nicação na Am érica Latina, partindo, depois, para o caso específico do Brasil, finalizando com um estudo de caso do Canal 8, um a TV Com unitária de Cam pinas, São Paulo. A pes-quisa será conduzida a partir de um enfoque em que se considera o contexto social, eco-nôm ico, político e cultural latino-am ericano e brasileiro, em especial, para realizar um a aná-lise teórica e factual da realidade das políti-cas públipolíti-cas para o setor.

Pa la v r a s- ch a v e : políticas públicas, com

uni-cação, concessões de m ídia, Am érica Latina, corporações m idiáticas, em presas transnacio-nais de mídia

Ab st r a ct : The subj ect of t his work is, at

t he first t im e, t o present a view of t he public polit ics in com m unicat ion in Lat in Am erica; secondly, t o analyze a sit uat ion of a specific case in Brazil, the Channel 8, a Communitarian TV sit uat ed in Cam pinas, St at e of São Pau-lo. The social, econom ic and political contexts are extrem ely im portant to analyze the Latin Am erican fram e in spite of the reality of public politics in com m unication.

Ke y w or d s: public politics, communication,

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O cenário atual da est r u t u r a d a m ídia global é o de grandes conglom erados, no qual seis gran-des corporações dom inam o conjunto da pro-dução em com unicação em t odo o m undo. Nessa sit uação, o cont role m idiát ico encon-t ra- se nas m ãos de poucas fam ílias, que, ent re as operações de TV, rádio e j ornal, estão cinem a, m úsica, editoração e internet. Na Am érica Lat ina, a t endência é a m es-m a e no Brasil, nos últ ies-m os 30 anos do sécu-lo XX, dez grupos fam iliares controlavam pra-t icam enpra-t e pra-t odo o conpra-t eúdo da program ação de m assa. No início do século XXI , graves crises econôm icas deram fim a alguns gru-pos, en qu an t o se assist e à ch egada de corporações est rangeiras no set or ( COSTA, 2008).

O presente resum o tem por objetivo apre-sent ar as linhas gerais sobre o t em a Polít i-cas Públii-cas em Com unicação, consideran-do- se o cenário da Am érica Lat ina para o set or, a part ir da cont ext ualização do cená-rio hist órico nacional em relação às polít icas públicas brasileiras para regulam entação em com unicação – TV, rádio e j ornal, salient an-do que as concessões sem pre estiveram atre-ladas à distribuição de favores políticos. Des-de que o rádio e a TV passaram a fazer par-te das m ídias nacionais de m assa, o governo vem dist ribuindo concessões a poucas fam í-lias, de senadores ( t it ulares e suplent es) , governadores ( t it ulares e vices) , deput ados feder ais, pr efeit os, deput ados est aduais, vereadores, ent re out ros.

Nest e m om ent o, após a definição sobre a escolha do sist em a de TV digit al, est á aber-t o o debaaber-t e sobre a obrigaaber-t oriedade de um a program ação nacional para ocupar 70% das grades dos canais abert os e fechados, a exem plo do que é feit o no Canadá e alguns países europeus, com o França, I nglat erra, Alem anha e Dinam arca. Est a nova form a de produção nacional ganharia espaço e gera-ria em prego para um a série de profissionais ligados à área, com o produt ores indepen-dent es e regionais, TVs educat ivas e com u-nit árias. Um a m udança desse port e significa

m udar est rat egicam ent e a legislação, per-m it indo o acesso deper-m ocrát ico aos per-m eios de com unicação de m assa.

Considerando- se a realidade sociocultural e polít ica da Am érica Lat ina, quando se dis-cut e a int egração dos povos do cont inent e, essa discussão t orna- se pert inent e no sen-t ido de salvaguardar o espaço para a produ-ção int erna, com foco cult ural e educacio-nal, prot egida de um a program ação fora da nossa realidade que visa prim ordialm ente fins com erciais.

As políticas públicas para o

setor de com unicação: alguns

exem plos de organização

Um a das form as de caract erização de um veículo de com unicação dem ocrát ico é o li-vre acesso que a população t em com rela-ção a esse canal. De acor do com Pavan ( 2000) , um a TV dem ocrát ica é ao m esm o t em po um canal abert o de livre acesso e um a form adora de opinião. No caso do canal aberto, um a referência curiosa é a experiência do Offener Kanal ( “ Canal Abert o” ) um a TV

alt ernat iva de Berlim onde não exist e pro-gram ação própria. Qualquer usuário t em di-reit o a um a hora por dia de program ação ( desde que o horário não t enha sido preen-chido at é o dia da inscrição) . Est a TV em Berlim oferece cursos grat uit os e em prest a equipam ent os para a produção de progra-m as, os cust os da TV eprogra-m Berliprogra-m são sust en-t ados pela Prefeien-t ura.

Caso sem elhante ocorre na Holanda, onde a pressão polít ica popular acabou por resul-t ar em m udança esresul-t ruresul-t ural na organização da TV. O acesso passou a ser regulado por um sist em a de assinat uras. Est abeleceu- se que um m ínim o de 100 m il assinat uras seria necessário para se obt er t em po na progra-m ação. O teprogra-m po passou a ser distribuído se-gundo o núm ero de assinant es de cada pro-gram a. O sist em a oferece um poder real à audiência, reproduzindo na TV a

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t at ividade polít ica, de m aneira consist ent e com os princípios dem ocrát icos. O Cent ro de Serviços de TV – est abelecido por um At o do Parlam ent o holandês - não t em ne-nhum a aut oridade e nene-nhum a responsabili-dade pelos program as em itidos com o auxílio de seus t écnicos, do m esm o m odo, com para Hans Enzensberger ( 2003) que o correio não deve int erferir com o que as pessoas escre-vem um as para as out ras.

Cont inuando os exem plos de acesso de-m ocrát ico aos de-m eios de code-m unicação, po-dem os cit ar o caso da Coreia do Sul, onde um program a de televisão m obilizou pratica-m ent e o país t odo nupratica-m event o sepratica-m precdent es, que dem onst rou a viabilidade da t e-levisão at uar com o um veículo de m assas num processo int erat ivo de com unicação. O program a foi proposto com o um instrum ento de cont at o para fam iliares que haviam se separado devido à guerra. O povo coreano participou ativam ente, transform ando o pro-gram a, que t eve de est ender- se gradat iva-m ente através da prograiva-m ação, nuiva-m evento polít ico e social de dim ensões nacionais.

Na I tália em 1971, o grupo CRONACA deu voz aos asilos, inst it uições psiquiát ricas e em prisões.

Chegam os ent ão na Am érica Lat ina e ve-rificam os que algum as experiências nesse sentido também são visíveis: no Chile, o grupo Teleanálisis ( Nueva I m agem ) propôs o vídeo revist a para as organizações sociais duran-t e o período Pinocheduran-t ; na Bolívia foi elabora-do o prim eiro program a sem ana de TV em língua quíchua para as com unidades indíge-nas; no México encont ram os a TV Oaxaca, das com unidades indígenas do Sul; no Peru, com o apoio da FAO – órgão das Nações Unidas para a Agricult ura e Alim ent ação – foram produzidos 85 pacot es de oit o t ele-classes cada um , para serem exibidos para 200 m il cam poneses. A Argent ina cont ribui com as TVs Truchas, TVs a cabo com unit á-rias, com capacit ação de sat élit es e dist ri-buição para bairros ou comunidades acopladas à produção local, enquanto que no Brasil são encont rados vários exem plos, com o a TV VI VA (Pernam buco), TV Maxam bom ba (Rio),

FASE – I BASE, ABVP, TV dos Trabalhadores, TV de Rua – TV Anhem bi, ent re t ant as ou-t ras.

O it em a seguir t rat a do caso lat ino- am e-ricano no que se refere às polít icas públicas para o set or de com unicação, em especial para a TV.

A TV no contexto

latino-am ericano

Um a das principais características da Am é-rica Lat ina é sua diversidade cult ural. A lín-gua com um im post a pelo colonizador europeu m ascara um a unidade hom ogênea, am -parada pelo idiom a espanhol. Aparentem en-t e, à exceção dos Esen-t ados Unidos e Cana-dá, ao olhar dos out ros cont inent es, do Mé-xico ao Uruguai, fazem os part e de um t odo com um , o “ ser lat ino-am ericano”, que en-globa a língua, cult ura e um a série de cos-t um es envolvidos cos-t odos na cham ada “ lacos-t ini-dade”. Mas o que é isso? Seria ela a respon-sável por um m odo de ser que caract eriza o povo lat ino- am ericano? Mas com o caract e-rizar povos que habitam extensões territoriais t ão diversas, cuj as origens são t ão diferen-t es, assim com o sua hisdiferen-t ória, apesar da co-lonização ibérica? Não precisam os ir m uit o longe para dizer que o m it o da igualdade la-t ino- am ericana não exisla-t e. Mesm o o sonho de Bolívar, o da unificação hispano- am erica-na m alogrou em m eio aos int eresses polít i-cos diversos ( Andrade, 2000, p. 20) .

Dentro desta im ensa região, os incontáveis povos que aqui habitavam – m uitos j á extin-t os – e os que ainda hoj e aqui vivem – guar-dam cult uras específicas, assim com o lut am por m eios de sobreviver não só fisicam ent e, m as t am bém à onda globalizant e que a t udo quer pasteurizar.

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em t erm os de direit os, onde t odos possam t er acesso aos bens, principalm ent e à t erra. Essa quest ão t alvez sej a a m ais prem ent e a ser resolvida, considerando- se a herança in-dígena e cam ponesa do nosso povo.

Assim sendo, não é por acaso que um dos m eios m ais poderosos de lut a e resist ência dos povos rurais lat ino- am ericanos t êm sido os m eios de com unicação, principalm ent e a TV. O vídeo popular na década de 1980 foi um a das principais arm as dos m ovim ent os populares e m uitas vezes foi utilizado na edu-cação nas cam adas populares.

A população lat ino- am ericana est á est i-m ada ei-m i-m ais de 450 i-m ilhões de habitantes e no conj unt o de 33 países que com põem a Am érica Lat ina, encont ra- se um im enso vo-lum e de t elespect adores. O nascim ent o da Televisão na região obedece a fat ores di-versos, t ant o polít icos com o t écnicos, m as t odos levando a m arca com um de um novo m eio de com unicação que viria revolucionar e influenciar, de m aneira nunca vist a, im en-sos cont ingent es da população.

No Brasil, a Televisão nasce pela iniciat i-va prii-vada; na Argent ina, pela m ão est at al do governo populist a ( Perón) : na Bolívia. pelas m ãos do governo dem ocrát ico ( Sali-nas) e no Chile a iniciat iva coube às experi-m ent ações t écnicas universit árias, o que fez com que a TV desse país t ivesse por m uit os anos a caract eríst ica educat iva e de servi-ços públicos ( Reim ão, 2000, p. 7- 9) Fare-m os a seguir uFare-m breve esboço desse surgi-m ent o esurgi-m alguns países da Asurgi-m érica Lat ina com suas principais caract eríst icas, cuj as experiências foram bast ant e em blem át icas.

A TV argent ina aparece no cenário at ual da seguint e m aneira: cerca de 95% das ca-sas possuem aparelhos t elevisivos e 35% possuem m ais de um ( ATVC, apud Solanas F. e Vasquez, M. 1998; Reim ão, 2000, p. 38) e um a im port ant e carga horária de exposição diant e da TV. A TV é o principal m eio de inform ação para a população de diferent es set ores sociais e, ent re 1990 e 1995, cres-ceu em im agem posit iva diant e da popula-ção ao denunciar corruppopula-ção ou com o interlo-cut ores de reclam ações. O m odelo argent

i-no é cent ralizado e concent rado em regiões urbanas, privilegiando esse m eio em det ri-m ent o ao int erior ( Baccin, 2000, p. 39, apud Reim ão, op. cit .) .

A TV boliviana nasce com 30 anos de atra-so em relação ao seu uatra-so no m undo, e no m om ento em que surge, queria- se que fosse a difusora das ideias governam ent ais, o que a vinculou logo com a Presidência da Repú-blica. Todavia, havia paralelam ent e a int en-ção que servisse de veículo para os m eios educat ivos e cult urais, o que acabou não podendo ser cum prido, pelo m enos de form a cont ínua e sist em át ica. Durant e oit o anos perm anece sozinha no cenário est at al, e so-m ent e quase dez anos so-m ais t arde divide es-paço com o a TV privada ( Villanueva et al, 2000, p. 40- 44) .

Som ent e a part ir de 1982, com o fim da dit adura m ilit ar boliviana e com a recupera-ção da dem ocracia, a TV boliviana recupera as condições para veicular seu pluralism o nos m eios, sem a censura e a repressão. A partir de então, surgem em issoras em oito das nove capit ais dos depart am ent os, t odas buscan-do na liberdade de expressão sua principal inspiração ( Villanueva et al, op. cit ., p. 48) . Est e cenário perm anece at é 1985, ,quando o novo president e, oriundo de um part ido neoconservador, im põe um a “ Nova Polít ica Econôm ica, m udando subst ancialm ent e as relações do Est ado com a econom ia e a so-ciedade, m udando o cenário da TV” ( 49- 50) . At ualm ent e. o quadro não se m ost ra ot im is-t a com relação à produção is-t elevisiva, ob-servando- se um a proliferação de TVs priva-das pelo país ( para um a população de cerca de set e m ilhões e m eio de habit ant es, exis-t em 99 canais privados, um a rede de nove est ações que form am a TV est at al e out ra de 8 que com põem o Sist em a de Televisão Universitária ( idem , p. 51) .

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82) . I naugurada em j unho de 1954, durant e o governo m ilitar do general Rojas Pinilla, cuja ascensão foi prom ovida pela classe alta, pelos polít icos e pelos m eios de com unicação. I ni-cialm ent e m esclava um a program ação co-m ercial, cult ural e educat iva e nas prico-m eiras transmissões buscava uma programação guia-da pelos “ princípios do bom gost o”, onde “ m esclava o cult o à m úsica, ao t eat ro e ao docum ent ário, com o t oque local que se ex-pr essava no r econhecim ent o do folclor e, com o algo próprio e digno” ( Rincón, 2000, p. 84) . Por essa razão, em 1955 foi est abeleci-do que oit o program as, de um t ot al de 36, fossem est rit am ent e educat ivos.

A TV colom biana hoj e: criou um “ sist em a híbrido ent re Est ado e em presa privada, no qual o Est ado é dono dos canais e decide a quem out orga, por licit ação, de dois a t rês anos de produção e com ercialização dos es-paços” ( idem , p. 93) . Em 1999, t em início o processo de consolidação do novo m odelo de t elevisão colom biano: pela prim eira vez há oit o canais concorrendo ( idem , p. 115) . Os canais regionais buscam nas cercanias e no fam iliar as suas hist órias, enquant o que os canais locais são os que m ais prom et em : m elhores proj et os narrat ivos, visuais, cult u-rais e t em át icos, enquant o a TV com unit ária t em se m ult iplicado e diversificado, privile-giando cada vez m ais a localidade, com suas t em át icas, sabores e saberes cot idianos.

No Chile, a TV nasceu de experim ent a-ções t écnicas universit árias e encont rou re-sist ência na esfera polít ica. No início de sua im plant ação, pensou- se em um m odelo não com ercial, com fins educat ivos e de servi-ços públicos. O governo de Jorge Alessandri ( 1958- 1964) era cont rário à inst alação co-m ercial no país sob a alegação de que iria dist orcer e em pobrecer a cult ura do país. Além disso, o período, a exem plo de grande part e da Am érica Lat ina, era de um a polít ica m ais conservadora e as experiências univer-sit árias eram vist as com reservas pelos se-tores políticos, com o algo desnecessário, que poderia desvirt uar a cult ura do país. Com o passar do t em po, o governo passou a regu-lar as operações das est ações de TV, assim

com o int erferiu no sent ido de direcionar as caract eríst icas das t ransm issões, bem com o a natureza do financiam ento. Em 1973 acon-t ece o golpe m iliacon-t ar e os m eios de com unica-ção são duram ent e afet ados, principalm en-t e em relação ao seu conen-t eúdo, pondo fim à aut onom ia dos canais universit ários, bem com o a Televisão Nacional. Os canais priva-dos e a ent rada de est rangeiros o set or dat a da década de 1990 ( Zolezzi et al, 2000, p. 119-120).

Guardadas as devidas diferenças, os qua-t ro grandes grupos na Am érica Laqua-t ina qua-t êm caract eríst icas m uit o sem elhant es: são her-deiros de um a t radição nacionalist a, funda-da nos tem pos funda-das oligarquias latifundiárias, à exceção do grupo El Clarín. Mant êm fort es relações com os governos locais, com eça-ram a crescer vert icalizando seus int eresses em m ídia. Os quatro grandes grupos da Am é-rica Lat ina são: Globo Brasil; Televisa ( Méxco) ; Cisneros ( Venezuela) e Clarín ( Argent i-na) ( Rebouças, 2005) .

A TV no Brasil: um pouco de

hist ória

A hist ória da Televisão brasileira, com o nos coloca Sim ões ( 2004) , pode ser dividida em t rês períodos im port ant es: após o perío-do inicial de criação, por Assis Chateaubriand, passa por t rês inst âncias de cont role: o pri-m eiro, podendo ser chapri-m ado de cont role aut orit ário da censura, ent re 1964/ 1985; o segundo, um cont role exercido pelas cha-m adas forças do cha-m ercado, realizado pelos anunciant es. É o m om ent o do cont role dos executivos e em presários que decidem o tom , cont eúdo, form a e at é m esm o a legislação que rege os m eios de com unicação. Por últ i-m o, o cont role social, ainda é t íi-m ido, i-m as o único cont ra os t radicionais m odelos de con-t role ou incon-t ervenção.

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coloca-da em nosso cont ext o, logo t em os que nos basear das que foram adot adas em out ros países. Hoje já tem os várias associações preo-cupadas com est e cont role social da t elevi-são ( ONGS, associações, ent idades) . A t í-t ulo de ilusí-t ração, podem os cií-t ar o Conselho de Com unicação Social, ligado ao Senado brasileiro; a organização do Centro Brasileiro de Mídia para Crianças e Adolescent es; a organização Andi – Agência de Not ícias dos Direit os da I nfância; o Observat ório da I m -prensa, ent re out ros

O com eço da TV brasileira

Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, m ais conhecido com o Chat ô, nas-cido em Um buazeiro, na Paraíba, em 05/ 10/ 1892, em t roca de m uit os favores, inaugu-rou a TV brasileira em 18/ 09/ 1950, a ent ão PRF- canal 3/ TV Tupi de São Paulo.

Sua prim eira palavra foi um louvor ao pro-gresso do país, valendo lem brar que, naque-la época, m ais de dois t erços da popunaque-lação m oravam na área rural e não havia luz elé-trica em m uitos desses lugares. Em seguida, agradece aos patrocinadores – financiadores e anunciantes que conseguiram m obilizar um enorm e grupo de em presas e instituições para inaugurar a TV brasileira.

Chat ô não m encionou o fat o de a TV vir a ser um veículo est im ulador da art e, educa-ção e cult ura. Nem m esm o cit ou a audiência que não exist ia na época, m esm o porque havia apenas 200 televisores espalhados por São Paulo na ocasião do seu discurso de inauguração, em 1950. Seis anos depois, o núm ero era de 250 m il televisores, som ando Rio de Janeiro e São Paulo.

Em um am bient e de legislação rarefeit a para o set or de com unicações é que nasce a TV brasileira: im port am - se script s e pro-gram as e os profissionais vivem adapt ando os sucessos am ericanos na t ela da TV: Sa-bat ina, Maisena, Essa é a sua Vida, Gincana Kibon, Divertim entos Ducal, Repórter Esso e m uit os out ros, a m aioria deles pat rocinados pela ót ica do m ercado.

Há um prolongado período de hibernação da TV, efeit o principalm ent e da sua lim it a-ção t écnica, quando t udo era feit o ao vivo. O m onopólio dos Diários Associados, grupo que cont rolava a com unicação no país, era visível na época: m ant inham 58 em presas, j ornais, revist as ( ent re elas O Cr uzeir o) ,

em issoras de rádio, edit oras, agências de publicidade, fazendas, gráficas.

O alt o cust o dos aparelhos fez com que não se espalhassem m uit o pelo Brasil e a m aioria se concent rava na região Sudest e, m ais especificam ent e ent re Rio e São Paulo, cuj a program ação pret endia at ender princi-palm ente o público desses dois estados. Havia no com eço da TV um a program ação regional com valores locais. A dit adura m ilit ar t rans-form a esse cenário regional em um só Brasil, m esclado com film es e seriados vindos prin-cipalm ent e dos Est ados Unidos.

A chegada do Vídeotape

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cort es de cabelo, m odelos de roupa, est ilo de vida, tudo em balado pelo m ote “ um a bra-sa, m ora” ) !

Enquanto isso, m uitos políticos, com o de-put ados e prefeit os, aliados ao regim e m ili-t ar, passam a usar a nova ili-t ecnologia para prom oção pessoal. Novos program as passam a circular no país: Um inst ant e, m aest r o!

( Flávio Cavalcant i) ; Pr ogr am a Hebe Cam ar -go, A Fam ília Tr apo, est ilo sit com s am

erica-nos ent re out ros. A difusão desses progra-m as, progra-m ais capacit ados t ecnicaprogra-m ent e e coprogra-m m aior poder aquisit ivo, at rapalha m uit o as produções locais.

Em 1965 é inaugurada a Globo com apoio operacional da Tim e Life. ( cont ra a

legisla-ção brasileira que veta a participalegisla-ção de gru-pos est rangeiros em em presas de com uni-cação) . Nesse ano com eça a crescer a m a-lha de t elecom unicação e com o discurso da segurança nacional, os m ilit ares expandem a cobert ura t elevisiva pelo país. Nest a dat a foi criado o Minist ério das Com unicações e, em 1967, a Em bratel – Em presa Brasileira de Telecom unicações. Ant es de t erm inar a dé-cada, foi inaugurada a Rede Básica de m icro-ondas, j á conect ada à rede int ernacional do sat élit e I nt elsat .

O Brasil Potência

A Globo, com sua organização, deixa de ladoo j eit o brasileiro de produção ( palco de escola das out ras TVs pelo Brasil afora) e passa à frente de outras em issoras no período m ilitar. Vira um grande superm ercado de bens sim bólicos, concretizando no âm bito do im a-ginário, os sonhos e as prom essas do “ m ila-gre brasileiro”.

O Brasil ganhou o t ricam peonat o m undial de fut ebol no México – e a TV m ost rou t udo ao vivo: Pelé foi vist o por 4 m ilhões e t re-zentos m il aparelhos – um para cada 20 bra-sileiros.

Enquant o o Brasil eufórico com em ora a vitória no futebol, os m ilitares, em seu m aior período de repressão, passam a ideia de um

cenário tranquilizador: o general Costa e Sil-va ( 1967- 1969) declara: “ os not iciários que acom panho diariam ent e no fim da noit e são verdadeiros t ranqüilizant es pra m im , vej o t ant a not ícia desagradável sobre a I rlanda, Viet nã, e aqui no Brasil t udo est á em paz” ; seu colega, general Geisel ( 1976) em bala o slogan “ Est e é um país que vai prá frent e”, da cam panha com oit o film es num t ot al de 10 m inut os diários, com os assunt os que b u sca m e n a l t e ce r o s a n o s e u f ó r i co s propalados pelos m ilit ares, os anos do cha-m ado “ cha-m ilagre econôcha-m ico”.

Paralelam ent e à TV Globo, as out ras TVs se fixaram em alguns gêneros: a Record em Música Popular Brasileira; a Tupi, em nove-las; a Bandeirant es, esport e.

Quem som os nós no cenário

das políticas públicas de

com unicação. Histórico da

regulação da TV no Brasil

Segundo dados lev ant ados por Pav an ( 2000) , est im a- se que as pessoas assist em de t rês a cinco horas diárias de TV no Brasil e que 77% da program ação das TVs Nacio-nais provém dos EUA. A part ir dessa afirm a-t iva, para-t e- se da discussão de com o são ela-boradas as Polít icas Públicas para com uni-cação no Brasil.

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revogada a lei nº 9472 de 16/ 07/ 97 que ins-tituiu a Lei Geral de Telecom unicações e de radiodifusão – m as o CBT tem preocupação m ais política do que propriam ente econôm ica relacionada a um sistem a concorrencial. Den-tro do governo Fernando Henrique Cardoso (1994-1998), surge a lei de 1995 que insti-tuiu um espaço para TV a cabo, m as não im pediu o apetite dos detentores das con-cessões de se concentrarem no am biente de m ídia. Pois até hoj e estas TVs que recebe-ram espaço para veicular sua progrecebe-ram ação na TV não possuem nenhum tipo de incenti-vo. Perante a lei, organizaram -se as univer-sidades e sociedade civil, TVs Universitárias e TVs com unitárias, que participaram ativa-m ente das negociações da TV a cabo. Mas nada adiant ou. Est e é o m odelo do Brasil m arcadam ente liberal, sem um organism o re-gulador nem do conteúdo, nem para lim itar à propriedade (Alm eida, 1993).

Cost a ( 2005) , coloca em seu art igo Cor o-nelism o elet r ônico que a lei para a TV cabo

significou um avanço, m as as prát icas clien-t elísclien-t icas da TV aberclien-t a m udaram pouco. En-t re 1985 e 1988, o enEn-t ão presidenEn-t e Sarney concedeu 1.028 em issoras de rádio e TV para em presas ligadas a parlam ent ares federais, os quais aj udaram a aprovar a em enda que lhe deu cinco anos a m ais para governar. Já o governo Fernando Henrique Cardoso, at é set em bro de 1996, aut orizou 1.848 licenças de RTV, repet idoras de t elevisão, sendo que 268 para ent idades ou em presas cont rola-das por 87 polít icos, t odos fav or áv eis à em enda da reeleição: 268 est ações de rádio e TV foram ent regues a polít icos, 342 ao grupo SBT, 319 à Rede Globo, 310 à Rede Vida ( I grej a Cat ólica) , 252 à TV Bandeiran-t es, 226 à anBandeiran-t iga MancheBandeiran-t e, 151 à r ede Record ( I grej a Universal) 125 às TVs educa-t ivas. Esse educa-t riseduca-t e cenário expressa o am bi-ent e de “ quem dá m ais” e as barganhas po-lít icas que envolvem as concessões de TVs no Brasil.

Por t rás das negociações das TVs alt er-nat ivas há sem pre as grandes em presas de t eledifusão. Sim ões ( 2004) nos coloca que, apesar de est arm os passando por um

perío-do posit ivo, em que exist e a organização de um cont role social, não devem os esquecer que a m aioria da população ainda não sabe com o part icipar e que por t rás de qualquer Conselho de Com unicação Social estão sem -pre as grandes corporações tom ando as prin-cipais decisões. Mas o aut or acim a cit ado coloca t am bém que est e Cont role Social co-m eça ainda t íco-m ido, pequeno, co-m as é o único cont ra os t radicionais m odelos de cont role ou int ervenção. Muit as ações est ão sendo t om adas por várias associações preocupa-das com o controle social da TV ( ONGs, enti-dades, associações). Não há uma fórmula para ser colocada em nosso contexto, m as pode-m os fazer uso das que forapode-m adotadas epode-m outros países. Neste m om ento, existe um a ação verdadeiram ente positiva com a cria-ção da Rede Nacional de TV Pública – o canal Brasil – que surge em dezembro de 2007 agre-gando e incentivando as form as de produção independentes de TV educativas, TVs com u-nitárias, TVs universitárias e todas as form as independentes de produção para construir um a grade de program ação.

Rede Nacional de TV Pública –

alguns conceit os

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Há diferent es form as de gest ão da TV Pública em vários países que possuem um a TV Pública efet iva, com o a I nglat erra, con-siderada o m elhor m odelo nesse sentido, de-pois Est ados Unidos, França, Canadá e Ale-m anha. Mas, eAle-m quase t odos os países, a TV Pública é com andada por um a diret oria que cuida do dia a dia e de um conselho, que zela pela observância dos princípios da TV ( caráter público, pluralism o) . Geralm ente est es conselheiros t êm m andat o fixo e são nom eados pelo president e, pelo m onarca, pelo prim eiro-m inistro ou pelo Parlam ento.

Descrevem os abaixo um pouco sobre as principais TVs Públicas:

BBC – I nglaterra: é dirigida por um a dire-t oria execudire-t iva, nom eada por um conselho com posto por 12 pessoas representativas da sociedade. Form alm ent e, o conselho é m eado pela rainha, m as, na prát ica, os no-m es são indicados pelo prino-m eiro-no-m inistro. Não há represent ant es diret os do governo no conselho. Os conselheiros são personalida-des independent es, sem vínculos com orga-nizações e com a TV com ercial. Os conselheiros têm m andato de quatro anos, em tem -po parcial ( Leal Filho, 1997) .

PBS – Est ados Unidos: t em um a direção execut iva de 11 m em bros e é presidida por um dos m em bros do Conselho Diretor. O Con-selho Diret or é com post o por 27 represen-t anrepresen-t es das esrepresen-t ações de um a corporação que congrega 354 em issoras em t odo t errit ório norte- am ericano. Os conselheiros são repre-sent ant es das est ações e obedecem a qua-t ro princípios: inqua-t egridade, qualidade, diver-sidade e aut onom ia edit orial. Os conselhei-ros t êm m andat o de seis anos.

France Television – França: t em um com -plexo sist em a de direção. O Conselho Supe-rior do Audiovisual – Presidência da Repúbli-ca, Assem bleia Nacional e Senado – nom eia o president e do Conselho de Adm inist ração, que t em a responsabilidade de nom ear os diret ores gerais das quat ro TVs do sist em a

Fr ance Television. O Conselho de Adm

inis-t ração é form ado por 14 m em bros: quainis-t ro parlam ent ares, cinco do Est ado e cinco pelo

Conselho do Audiovisual. Os conselheiros têm m andat o de cinco anos

ARD- ZDF – Alem anha: integram 16 em is-soras públicas est aduais e são dirigidas por dois conselhos: o de Radiodifusão e o de Adm inist ração. O conselho de Radiodifusão da ZDF é form ado por 77 m em bros indicados pelo governo federal, governos regionais, part idos e organizações diversas. Os conse-lheiros são aprovados pelos parlam entos, com fort e influência part idária. Decisões consi-deradas difíceis são levadas à Cort e Supre-ma.

CBC – Canadá: é dirigida por um Conselho Curador de 12 int egrant es, responsável por t odas as at ividades da corporação. O Go-vernador- Geral indica os integrantes do con-selho, sendo vedadas pessoas relacionadas à área de radiodifusão. As at ividades da corporação são prest adas ao Parlam ent o, equivalent e ao Minist ro da Cult ura do Cana-dá. O m andat o dos conselheiros é de no m á-xim o cinco anos, podendo ser destituídos pelo Governador-Geral (Trem blay, Gaaëtan, Saint-Laurent , 1994, p. 31- 47) .

Ant es de 2 de dezem bro de 2007 não ha-via no Brasil um m odelo de gest ão que ga-rant isse a TV Pública. Só para se t er um a ideia, as televisões da União – TV Educativa -RJ, TVE- MA e TV Nacional – não const it uem um a rede. Tam pouco t êm o m esm o est at ut o j urídico. A Radiobrás é um a em presa est at al e a Associação de Com unicação Educat iva Roquet e Pint o, que congrega as TVEs do Rio de Janeiro e Maranhão, é um a organização social ( OS) . Nos out ros est ados t am bém há vários form at os j urídicos organização social e fundações. Mas, de um a m aneira geral, as TVs são cont roladas pelos governadores ou pelos reitores, no caso das TVs universitárias. A TV Cult ura/ SP t em um conselho de 46 m em bros, que elege o president e. Mas na prát ica, fica expost a às pressões do gover-no est adual. A TVE/ RJ ( TV Educat iva do Rio de Janeiro) t em um conselho cuj a m aioria é oriunda do governo federal, que t am bém in-dica o president e da Diret oria Execut iva.

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represent ant es da sociedade civil, quat ro do Governo e um dos em pregados, t odos no-m eados pelo President e da República. Os m andat os serão de quat ro anos, não coinci-dent es com o m andat o presidencial e o pri-m eiro Conselho terá conselheiros copri-m dois e com quat ro anos, para assegurar o rodízio sem descont inuidade dos t rabalhos. Fut ura-m ente pretende elaborar ura-m ecanisura-m o para in-dicações diret as da sociedade.

A TV Brasil t em poderes e at ribuições do Conselho Curador que é aprovar anualm ente a linha edit orial, o plano de t rabalho e as diret rizes gerais da program ação, além de acom panhar e fiscalizar a im plem entação das diret rizes aprovadas, de em it ir vot o de des-confiança, que na segunda oport unidade re-sult ará obrigat oriam ent e no afast am ent o da diret oria ou do diret or que recebeu a rest ri-ção. O diret or- president e e diret or- geral são nom eados pelo President e da República.1

De acordo com a assessoria do VI Con-gresso da ABCCOM – Associação Brasileira de Canais Com unit ários - é no cam po públi-co que a t elevisão est á crescendo. A TV Senado t em um público pot encial de 50 m i-lhões e a TV Brasil é um proj et o ousado, que acaba de est rear em São Paulo e j á solicit ou 28 concessões ao Minist ério das Com unica-ções. Em 28 de novem bro, em parceria com as TVs Câm ara, Senado e Just iça, lançou o proj et o de rede única para o m odelo digit al alcançar cerca de 60% do t errit ório nacional em curt o espaço de t em po. E esse m odelo perm it e nova m ult iplicação de canais.

O m odelo é o inst it uído pelo president e Lula por m eio do Decret o 5820, o Sist em a Brasileiro de Televisão Digit al Terrest re -SBTVD-T, que perm ite à União explorar o ser-viço de radiodifusão de sons e im agens em t ecnologia digit al, observadas as norm as de operação com partilhada a serem fixadas pelo Ministério das Com unicações, dentre outros, para transm issão de: I – Canal do Poder Exe-cut ivo: para t ransm issão de at os, t rabalhos, proj et os, sessões e event os do Poder Exe-cut ivo; I I – Canal de Educação: para t rans-m issão destinada ao desenvolvirans-m ento e apri-m oraapri-m ent o, ent re out ros, do ensino a

dis-t ância de alunos e capacidis-t ação de profes-sores; I I I - Canal de Cult ura: para t ransm is-são dest inada a produções cult urais e pro-gram as regionais; I V - Canal de Cidadania: para t ransm issão de program ações das co-m unidades locais, beco-m coco-m o para divulga-ção de at os, t rabalhos, proj et os, sessões e event os dos poderes públicos federal, est a-dual e m unicipal. A lei est abelece t am bém que o Minist ério das Com unicações est im u-lará a celebração de convênios necessários à viabilização das program ações do Canal de Cidadania, previst o no inciso I V, que po-derá oferecer aplicações de serviços públi-cos de governo elet rônico nas esferas fede-ral, est adual e m unicipal.

Modelos de financiam ento da

TV Pública

Não há um m odelo único de financiam en-t o en-t am bém nos países que possuem um a TV Pública fort e. Na Grã- Bret anha, a BBC é fi-nanciada com um a t axa anual no valor de 145 libras ( cerca de R$ 400) por dom icílio com TV. Teve um orçam ent o, em 2005, de dois bilhões de libras. No Canadá, desde 1950, a CBC t em 75% de receit a do orçam ent o, com plem ent ada com 20% de venda de pu-blicidade e 5% de serviços e doações.

Na Alem anha, cerca de 70% da receit a vêm da taxa paga pelos proprietários de apa-relhos, publicidade ou pat rocínio – rest rit os a 20% da program ação diária – e 10% das vendas de program as. Nos Est ados Unidos, a PBS é financiada pela arrecadação de re-cursos federais, doações de t elespect adores e pat rocínio de program as. Na França, o fi-nanciam ento é m aj oritariam ente com recur-sos do Est ado, com plem ent ado pela venda de propaganda e pat rocínios.

(11)

inserção de anúncios nos m oldes das TVs com erciais.

Com base no que foi colocado acim a, po-dem os afirm ar que o Brasil precisa urgent e-m ent e pesquisar e fore-m ar ue-m e-m ercado de produção audiovisual endógeno, que possa reduzir a im port ação de enlat ados, a exem -plo do que faz a Com unidade Econôm ica Europeia. Paralelam ente, debater am plam en-t e com a sociedade civil sobre os seus direi-tos individuais, sobre a TV Pública e de aces-so público, TV segm ent ada, TV regional, TV via sat élit e, sobre a form ação de conselhos de com unicação, de associações de telespec-t adores etelespec-t c., com o j á fazem outelespec-t ros países preocupados com seu fut uro ( Canadá, Fran-ça, Alem anha, Est ados Unidos, Japão...) , com o dizem Fest a e Sant oro ( 1991) :

O espaço do vídeo e da t ecnologia a serviço de reunir as pessoas é grande. Basta as pessoas acordarem e ajudarem a sociedade civil a criar instrum entos de defesa cont ra a m assificação t ot al e a internacionalização cult ural e definitiva de nossos países (Santoro, 1989).

TV Com unitária de Cam pinas

– Canal 8

Nos dias 20 e 21 de dezem bro de 2008 foi realizado em São Paulo o VI Congresso da ABCCOM e os desafios das TVs públicas bra-sileiras, em que foram discut idas as princi-pais diret rizes que conduzirão a um a nova regulam ent ação das TVs Com unit árias no Brasil. Paralelam ent e, foram discut idos os cam inhos para as parcerias ent re as TVs a cabo e as TVs educat ivas, que podem ser acessadas em m ais de 2800 m unicípios bra-sileiros, form ando o cam po público da t ele-visão brasileira.

Se as discussões e ações a respeit o da TV pública est ão sendo m odificadas, a part ir do que foi inst it uído em dezem bro de 2007 pelo president e Lula, t udo indica que est e é o m om ent o do cam po público t elevisivo

au-m ent ar o seu pot encial ainda au-m ais e os ca-nais com unitários precisam aproveitar a opor-t unidade. Nesse senopor-t ido, o Congresso de 2008 da ABCCOM vem em um m om ento opor-tuno, no sentido de reafirm ar a luta pela cria-ção do Fundo Nacional de Apoio e Desenvolvim ent o das TVs Com unit árias. Propõe t am -bém a t ransform ação dos canais com unit á-rios em pont os de cult ura e escolas de m ídia com unit ária, at ravés da elaboração de um proj et o de ocupação do canal da cidadania que perm it a aos canais superar o guet o do cabo e criar um a TV Com unit ária em cada m unicípio. I sso pode ser feit o pela garant ia do acesso público por m eio da organização de suas est rut uras e a geração de em prego e renda para com unicadores populares e pro-fissionais, com o j á é realidade nos países desenvolvidos.

A TV Com unit ária de Cam pinas – Canal 8 t eve início em 1998, com a ent rada de est a-t ua-t o e pedido de sinal no serviço de cabo da cidade. Na época, várias ONGs part icipavam e o Canal 8 se desenvolveu at é 2001, quan-do ocorreram alguns desent endim ent os. A part ir de ent ão, foi realizado um plebiscit o e o professor Sérgio Am aral foi escolhido para assum ir o cargo de President e, sanando os problem as que vinham ocorrendo. Após essa gest ão, Lilia Gallana assum iu a presidência, em 2003, e nesse m om ent o encont ra- se no t erceiro m andat o ( som ando quat ro anos) . A diret oria t em m andat o de quat ro anos, sen-do escolhida pelos pares que j á part icipam at ivam ent e da TV, devendo ser associado há m ais de dois anos para concorrer à vaga na diret oria. Desde ent ão, foi criado um es-t aes-t ues-t o para buscar parcerias, m as que aes-t é o m om ent o não obt eve m uit os result ados.

(12)

A TV exist e graças a um a legislação fe-deral, que possibilit a ocupar um canal na TV a cabo em cidades com m ais de 100 m il ha-bit ant es. Não há regulam ent ação est adual ( som ente a nossa associação – ACESP) , nem m unicipal. Ainda de acordo com ela, é m uit o difícil conseguir verbas para a m anut enção da televisão, pois não recebem nenhum a ver-ba oficial, nem incent ivo de nenhum gover-no ou órgão. O cust o é cobert o com a part i-lha do cust o de veiculação, em que cada produt or t em um valor de cust o para apoiar o funcionam ent o da TV, sem o qual seria inviável cont inuar funcionando.

Os apoiadores são os parceiros que veicu-lam na grade do Canal 8. A diretoria é bas-tante enxuta e tem conselho de program a-ção e ética. Na prática, a presidente acum u-la várias funções, por falta de tem po e de outros interesses. O critério de veiculação é não ser program a com ercial, ser inédito den-tro da grade (para não gerar concorrência interna) e que sej a produzido por profissio-nais locais, pessoas físicas ou j urídicas e as ONGS, que têm preferência e m enor custo de veiculação. A grade é alim entada por estagiá-rio, que trabalha diariam ente das 14 às 17 horas, sob orientação da diretoria. O Canal 8 não é filiado a nenhum órgão público.

A TV não tem com o avaliar a audiência nem o serviço a cabo fornece este m aterial. Para realizar pesquisa, é necessário um cus-to alcus-to com o qual a TV não pode arcar. As-sim , trabalham com um núm ero aproxim ado de 80 m il assinantes, o que garante cerca de 240 m il telespectadores procurando pela pro-gram ação do serviço e consequentem ente, passam pelo Canal 8. As pessoas têm acesso à TV Com unitária através de nosso site ou por indicação de outros.

A TV aceit a propost as de program as e normalmente seguem o seguinte caminho: en-tregam o projeto detalhado por escrito (nesse m om ent o 50% desist em ) , enviam um pilot o em DVD de 5 m inut os ( aqui há um a desis-tência em torno de 30% ) . O próxim o passo é ser aprovado pela diret oria. Nunca acont e-ceu de reprovarem algum proj eto.

O principal problem a enfrent ado pelo

Ca-nal 8 é a falt a de verba cont ínua para reali-zar os proj et os. A segunda é conseguir res-peit abilidade pelos órgãos públicos, que en-viam m at erial inst it ucional para as redes abert as e nunca para a TV Com unit ária, que é o canal da cidadania.

Considerações Finais

Considerando o m at erial pesquisado para a const rução dest e t rabalho, pode- se ver que m uit as ações est ão sendo t om adas para que haj a um novo m odelo de TV. Porém , não abordam os aqui as m udanças de com port a-m ent o que as novas t ecnologias vêa-m pro-porcionando para um grande núm ero da po-pulação. Podem os considerar que há um m ovim ent o de encont ros sobre as difert es form as de TV e que dendifert ro desdifert es en-cont ros há sem pre discussões sobre a criação de norm as de regulam ent acriação e t am -bém um m om ent o de t rocas de experiências e divulgação da verdadeira realidade da re-gulam entação no Brasil.

Acreditam os que a divulgação das leis de países desenvolvidos em relação aos m eios de com unicação pode ser um a saída para que se possa ter novas inform ações para associar as leis que estão vigentes na América Latina, uma vez que cada país possui – ou não – órgãos governamentais responsáveis pela regulamen-tação das em issões de televisão. Com o nos coloca Rebouças (1995), os mais atuantes são: os Ländersrundfunkgeset ze, na Alem anha; o Board of Governs e a I ndependent Television Com m ission (I TC), na I nglaterra; a I tália com

a lei Mam m i; a Nederlands Om roep- progra-m progra-m a Stichting (NOS) e a Nederlands Om roep-product ie Bedrij f (NOB), na Holanda, além da

FCC – Federal Com m unicat ion Com m ission,

nos Estados Unidos e as experiências france-sas da Haut e Aut or it é de Com m unicat ion Audiovisuelle, da Com m ission Nat ionale de La Com m unicat ion et des Libert es (CNCL) e do

atual Conseil Supérieur de l’Audiovisuel (CSA)

(Rebouças, 1995, p.145-170).

(13)

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blicas para a teledifusão depende do traba-lho de todos os interesses agrupados em tor-no de obj etivos com uns, para que haj a um a verdadeira participação diante destes velhos problem as da legislação para regulam entação na Am érica Latina.

Sim ões (2004), nos m ostra de form a posi-tiva que anteriorm ente havia apenas os inte-resses de Controle do Mercado e Controle do Estado e agora j á existe um Controle Social que foi construído por um a rede de pessoas e associações ligadas a órgãos públicos, uni-versidades e com unidades para que estas

dis-cussões transcorram para a m elhoria da pro-gram ação televisiva e leis para uso do espa-ço para veiculação de um a grade m ais polifô-nica.

Estas novas ações no Brasil proporcionam o com partilham ento de ideias, através de dis-cussões, debates ricos e ações que definam as novas form as de produções e transm issão de TV.

(14)

Re su m e n : El t em a de est e t rabaj o est á, en

la prim era vez, present ar una vist a de la po-lít ica pública en la com unicación en Am érica lat in a; en seg u n d o lu g ar, an alizar u n a sit uación de un caso específico en Brasil, el Canal 8, una TV com unitaria situada en Cam -pinas, est ado de São Pauloo. Los cont ext os sociales, económ icos/ polít icos son ext rem a-dam ent e im port ant es para analizar el m arco lat inoam ericano para la realidad de las polí-t icas públicas en com unicación.

Pa la br a s- cla v e s: políticas públicas, com

uni-cación, concesión de los m edios, Am érica latina

Ré su m é : Le suj et de ce travail est, pour la

première fois, présenter une vue de la politique publique dans la com m unication en Am érique latine; deuxièm em ent, analyser une situation d’un cas spécifique au Brésil, le Canal 8, une TV com m unautaire située à Cam pinas, état de São Paulo. Contextes sociaux, économ i-ques/ politiques sont extrêm em ent im portants pour analyser La situation latino- am éricaine devant la réalité de les politiques publiques de la com m unication.

M ot s clé s: politiques publiques, professeurs,

ProUni, Universit é, l’Ét at . ( revisée)

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Referências

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