Noções de Linguagem e sua relação com o Direito LET 1180
Diagnosticada a mazela, põe-se a querela a avocar o poliglotismo. A solvência, a nosso sentir, divorcia-se de qualquer iniciativa legiferante. Viceja na dialética meditabunda, ao inverso da almejada simplicidade teleológica, semiótica e sintática, a rabulegência tautológica, transfigurada em plurilinguismo ululante indecifrável. Na esteira trilhada, somam-se aberrantes neologismos insculpidos por arremedos do insigne Guimarães Rosa, espalmados com o latinismo vituperante.
Afigura-se até mesmo ignominioso o emprego
da liturgia instrumental, especialmente por
ocasião de solenidades presenciais, hipótese
em que a incompreensão reina. A oitiva dos
litigantes e das vestigiais por eles arroladas
acarreta intransponível óbice à efetiva saga da
obtenção da verdade real. Ad argumentandum
tantum, os pleitos inaugurados pela justiça
pública, preceituando a estocástica que as
imputações e defesas se escudem de forma
ininteligível,
gestando
obstáculo
à
hermenêutica.
Portanto, o hercúleo despendimento
de esforços para o desaforamento do
“juridiquês”
deve
contemplar
igualmente a magistratura, o ínclito
Parquet, os doutos patronos das
partes, os corpos discentes e docentes
do magistério das ciências jurídicas.
JURIDIQUÊS: linguagem confusa e fora do
contexto médio de compreensão;
SIMPLIFICAÇÃO: linguagem compreensível,
Para Medeiros e Tomasi:
“A linguagem é um conjunto de signos usados para se constituir uma comunicação entre as pessoas”.
De acordo com Rocha Lima:
“pode-se entender por linguagem qualquer processo de comunicação, seja ele verbal ou não verbal”.
Textos escritos ou falados;
Mímica (expressões corporais);
Semáforo;
Fumaça, tambor e tintura (utilizados pelos
índios);
Artes em geral (esculturas, pinturas...);
Expressões faciais (o olhar, o franzir da
testa...);
Vestuário;
O calar-se (pode despertar suspeitas);
Códigos
(produzidos
para
facilitar
a
É representada por signos não linguísticos.
Signo linguístico = significante + significado. Signo não linguístico = coisas em geral.
No mundo jurídico, num depoimento do réu, por exemplo, a transpiração excessiva, a palidez da face, o movimento palpebral ou o desviar do olhar pode indicar algo? E o que dizer da toga do juiz? Ela expressa alguma coisa?
Segundo Medeiros e Tomasi, a linguagem
verbal é “uma faculdade que o homem utiliza para exprimir seus estados mentais por meio de um sistema de sons vocais, denominado língua. Esse sistema organiza os signos e estabelece regras”.
A expressão linguística pode se dar de duas formas: a falada e a escrita.
A linguagem falada é livre, mais
descomprometida com regras, subjetiva.
A linguagem escrita é comprometida com a
norma padrão.
Numa sustentação oral, em que predomina a
linguagem falada, pode o orador utilizar-se da linguagem livremente?
Locutor – Função Emotiva ou Expressiva
Interlocutor – Função Apelativa ou Conativa Mensagem – Função Poética
Referente – Função Referencial ou Denotativa Código – Função Metalinguística
Culto: formal, segue as regras gramaticais;
Comum/familiar: menos formal, cotidiano,
familiar;
Popular: gírias, palavras obscenas, redundância. E qual é o nível da linguagem que se deve
praticar, por exemplo, na Petição Inicial? E numa audiência?
Como podemos reconhecer um processo de
No mundo do Direito, à linguagem específica
dessa área de conhecimento, dá-se o nome de Linguagem Jurídica. E esta é responsável tanto por criar quanto por realizar o Direito.
Linguagem Legislativa (cria o Direito); Linguagem Judiciária/Forense (aplica o
Direito);
Linguagem Contratual (cria direitos e
obrigações entre as partes);
Linguagem Doutrinária (ensina o Direito); Linguagem Cartorária (registra os atos de
POR MEIO DA COOPERAÇÃO
O emissor deve se fazer entendido pelo receptor e o receptor pelo emissor, num processo dialético
O papel social do emissor (linguagem do
promotor≠advogado de defesa);
A estrutura da mensagem (qualidade de texto –
concisão, precisão, clareza, objetividade);
O papel social do receptor (conhecimento +
planejamento);
A finalidade da mensagem (foco no objeto);
A forma de expressão da mensagem (escrita →
A linguagem forense ou judiciária é um sistema
sígnico, por meio do qual os operadores do Direito estabelecem comunicação entre si, no âmbito do fórum, e se materializa em peças jurídicas e em outros eventos comunicativos forenses.
Características:
É técnica (visa a informar); É lógica (busca convencer).
Seleção de palavras ou expressões dentro do
léxico.
Interpretemos a frase seguinte: Um juiz da área criminal não tem “competência” para despachar na área trabalhista.
Significa que ele não tem aptidão, preparo intelectual para isso?
a) Unívocas: único sentido.
Ex.: furto e roubo
b) Equívocas: plurissignificantes.
Ex.: sequestrar (Direito Processual/ Direito
Penal); seduzir (linguagem usual/ Direito Penal). c) Análogas: sinônimos -> Não há sinônimos
perfeitos.
Ex.: resolução -> resilição (vontade) e rescisão
Leitura de obras jurídicas (levantamento
vocabular);
Emprego das novas palavras na elaboração
das peças;
Ato da conversação entre outros operadores
POLISSEMIA: plurissignificância – Ex.: pena. HOMONÍMIA: identidade fônica ou
gráfica/sentido diferente – Ex.: acender/ascender.
SINONÍMIA: termos diferentes/sentidos
semelhantes. Ex.: residência/domicílio.
PARONÍMIA: proximidade gráfica ou
fônica/sentidos diferentes. Ex: absorver/absolver.
Não há sinonímia perfeita! Vejamos...
Prolatar: declarar a sentença oralmente ou
por escrito;
Proferir: sentença oral; Exarar: lavrar;
Pronunciar: decisão anunciada em voz alta.
ATO JURÍDICO VERBO CORRESPONDENTE Ações em geral Propor
Agravos Interpor, requerer Apelação Interpor
Autoria Nomear Conflito de comp. Suscitar
Contestação Apresentar, oferecer Contratos gerais Celebrar, firmar
Desejar superar... Estudar... Perseverar... Trabalhar... Pedir ajuda... Confiar...