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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ESPECIALIZAÇÃO LATU SENSU INSTITUTO QUALITTAS DE PÓS-GRADUAÇÃO HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ESPECIALIZAÇÃO LATU SENSU

INSTITUTO QUALITTAS DE PÓS-GRADUAÇÃO

HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DE RESIDUOS: REGULAMENTAÇÃO E IMPLANTAÇÃO GRADATIVA

Lúcia Rosalina Duarte Chicarino

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LÚCIA ROSALINA DUARTE CHICARINO

Aluna do Curso de especialização Latu Sensu do Instituto Qualittas de Pós-Graduação

Trabalho Monográfico de Conclusão da Especialização Latu Sensu do Instituto Qualittas de Pós – Graduação como Requisito para obtenção do Título de Especialista em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal sob a Orientação do Professor Eduardo Hoffstater

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Brasília, dez.2007

PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DE RESIDUOS: REGULAMENTAÇÃO E IMPLANTAÇÃO GRADATIVA

Elaborado por Lúcia Rosalina Duarte Chicarino

Aluna do Curso de Especialização em HIPOA do Instituto Quallitas

Foi analisado e aprovado com grau:... Brasília,____ de _____________de_______. ____________________________________ Membro ____________________________________ Membro ____________________________________ Membro ____________________________________ Professor Orientador

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Dedico este trabalho aos meus pais que me apoiaram e me deram a oportunidade de estudar.

Agradecimentos

A meus pais, que proporcionaram meus estudos;

Ao Humberto, que me ajudou quando precisei;

Ao meu orientador, Prof. Eduardo Hoffstatter, que forneceu meios

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para realizar este trabalho.

RESUMO

PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DE RESIDUOS: REGULAMENTAÇÃO E IMPLANTAÇÃO GRADATIVA

O Brasil atualmente está entre os maiores exportadores de produtos de origem animal. Relacionado a isso, o país teve que se adequar às exigências dos principais consumidores, sendo eles, a Europa e os cidadãos brasileiros. Preconizando a qualidade dos alimentos aqui fabricados, o Brasil criou programas de avaliação como o Plano Nacional de Controle de Resíduos e o Programa Nacional de Análise de Resíduos de Medicamentos Veterinários em Alimentos. Estes programas têm por finalidade avaliar os produtos de origem animal quanto aos resíduos de medicamentos veterinários que possam estar presentes. Mas a preocupação dos órgãos competentes não se resume somente a isso. Há importância também para os abates clandestinos e a qualidade das carcaças que

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ou municipal e os cortes e embalagens devem estar adequados com a legislação vigente como forma de evitar ou reduzir esta prática. O abate clandestino é um problema de saúde pública e preocupante por haver a possibilidade de transmissão de zoonoses aos consumidores e por ser um produto inadequado para consumo.

LISTA DE TABELAS

1. Tabela contendo os anos, estados e analitos analisados pelo PAMVet

em amostras de leite UHT e em pó...15

2. Substâncias não investigadas pelo PNCR em 1999...24

3. Substâncias não investigadas pelo PNCR em 2003...25

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRAFRIGO – Associação Brasileira de Frigoríficos

CLAE/UV-FI – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência e Espectrofotometria de Ultravioleta Visível

CG-EM – Cromatografia Gasosa Acoplada a Espectrometria de Massa DES – Dietilestilbestrol

DIPOA – Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal LARA – Laboratório de Referência Animal

LDM – Limite de Detecção do Método LMR – Limite Máximo de Resíduo

LQM – Limite de Quantificação do Método

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

PAMVet – Programa de Análise de Resíduos de Medicamentos Veterinários PNCR – Plano Nacional de Controle de Resíduos

RIE – Radioimunoensaio SAG – Sistema Agroindustrial

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SIF – Serviço de Inspeção Federal

SSA/DFA – Serviço de Sanidade Animal da Delegacia Federal da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado

TBA – Acetato de Trembolona UE – União Européia

UHT – Ultra High Temperature

SUMÁRIO

Página

Resumo...vi

Lista de Tabelas...vii

Lista de Abreviaturas e Siglas...viii

Introdução...10

1. Resíduos de Medicamentos Veterinários Presentes nos Alimentos de Origem Animal 1.1. Principais Resíduos encontrados no Leite...13

1.2. Resíduos de Anabolizantes encontrados em Carne Bovina..18

2. A União Européia e sua Relação com o Brasil na Exportação de Produtos Cárneos Brasileiros 2.1. Introdução...22

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2.2. Deficiências encontradas pela Comissão Européia no Plano de Controle

de Resíduos...24

2.3. Recomendações da Comissão Européia para o Plano Nacional de Controle de Resíduos...29

3. O Abate Clandestino no Brasil 3.1. Introdução...31

3.2. O Sistema Informal da Carne Bovina...32

Conclusão...39

Referências Bibliográficas...42

INTRODUÇÃO

Atualmente, com o avanço da pesquisa genética, com as exigências de precocidade em ganho de peso dos animais de abate e de alta produção do gado leiteiro, para minimizar custos e maximizar lucros, exigências de um mercado cada vez mais competitivo, há uma tendência ao uso indiscriminado de medicamentos veterinários com a finalidade de reduzir o tempo de abate dos animais e torná-los mais resistentes a doenças. Obviamente, certos medicamentos são proibidos, outros considerados nocivos à saúde humana a partir de determinados limites, porém são usados indiscriminadamente devido a uma fiscalização precária dos órgãos responsáveis, apesar dos programas já existentes que visam regulamentar e estabelecer medidas para a redução ou banimento do uso destes medicamentos. O uso destes medicamentos pode

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ocasionar o aparecimento de resíduos no leite, carne, ovos, pescado e derivados (NETTO et al.,2005).

Apesar da precariedade na fiscalização, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) juntamente com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), criaram programas como o Plano Nacional de Controle de Resíduos (PNCR) e o Programa de Análise de Resíduos de Medicamentos Veterinários (PAMVet) para analisar os alimentos de origem animal (BRASIL, 2003; NETTO et al.,2005).

O PAMVet iniciou suas atividades no ano de 2002, analisando primariamente o leite por ser o alimento de origem animal mais consumido pela população brasileira segundo o relatório da Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE. A meta do PAMVet é avaliar também a carne de frango, carne bovina, carne suína, pescado, ovo de galinha e mel de abelha (BRASIL,2005). A implantação gradativa e anual de uma listagem de medicamentos a serem monitorados obedece, de modo geral, aos critérios de toxicidade e risco para a saúde e aos de viabilidade técnica de implantação dos métodos analíticos na rede de laboratórios credenciados. Esta viabilidade depende basicamente de equipamentos e capacitação dos analistas (BRASIL, 2005).

Os medicamentos veterinários que o PAMVet selecionou para pesquisa foram os antimicrobianos e antiparasitários (BRASIL, 2005).

Assim, já foram encontrados resíduos desde antimicrobianos, promotores de crescimento, até antiparasitários e drogas destinadas para bovinos sendo utilizadas em aves de postura (BRASIL, 2005). Já o PNCR, criado em 1986, é um plano que visa a segurança alimentar, o bem estar e a saúde dos seres humanos

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e rebanhos, preservando o ecossistema e as culturas aqui empregadas, bem como a melhoria da produtividade e qualidade dos alimentos de origem animal, as condições de adaptação às regras do comércio internacional e previsão do controle de resíduos de medicamentos veterinários em alimentos de origem animal através da colheita de amostras nos estabelecimentos e analise de resíduos em laboratórios especializados (BRASIL,1999; BRASIL,2003).

A implantação do PNCR é de grande importância para o Brasil, pois deve-se cumprir metas anuais previstas para o controle de resíduos em carnes (BRASIL, 1999). O não cumprimento dessas metas pode ocasionar um prejuízo nas exportações dos produtos cárneos brasileiros para os principais mercados consumidores (Estados Unidos/União Européia), além de sujeitarem o consumidor brasileiro a substâncias nocivas (BRASIL, 1999; BRASIL,2003).

A quantidade de resíduos presentes nos alimentos que é considerada segura depende dos estudos toxicológicos. São estabelecidos os Limites Máximos de Resíduos (LMRs) que são criados por meio de depleção do fármaco e a presença de metabólitos nos produtos de origem animal (PARANÁ, 2005).

A função regulamentar básica do PAMVet e PNCR é o controle e a vigilância. As ações são direcionadas para evitar a violação dos níveis de segurança dos limites máximos de resíduos de substancias autorizadas e a ocorrência de quaisquer níveis de resíduos de compostos químicos proibidos (BRASIL, 1999 e BRASIL,2003).

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1. RESÍDUOS DE MEDICAMENTOS VETERINÁRIOS PRESENTES NOS ALIMENTOS DE ORIGEM ANIMAL

1.1 PRINCIPAIS RESÍDUOS ENCONTRADOS NO LEITE

O leite é considerado uma das mais completas fontes de nutrientes para os seres humanos. É também um alimento extremamente perecível, podendo sofrer alterações físico-químicas e microbiológicas, tornando-se inadequado para consumo (NETTO et al., 2005). A qualidade do leite esta diretamente relacionada às condições sanitárias do rebanho, manejo nutricional e de ordenha, os quais devem seguir os preceitos estabelecidos pelas Boas Práticas de Produção (NETTO et al., 2005).

A presença de resíduos de antibióticos no leite tem sido um dos maiores desafios aos órgãos responsáveis pela saúde pública e para a indústria de alimentos no mundo. Os antibióticos no leite podem ser resultado de adição fraudulenta, no sentido de inibir o crescimento bacteriano indesejável ou para prevenção ou tratamento de diversas doenças aplicando diferentes substâncias antimicrobianas no rebanho leiteiro. Quando presentes no leite, os antibióticos podem causar no ser humano reações de hipersensibilidade, resistência à

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antibióticoterapia e interferir na manufatura de produtos lácticos pela inibição das cultuas lácticas. As reações alérgicas estão associadas aos antibióticos β- lactâmicos (penicilinas), ação carcinogênica associada ao cloranfenicol, á sulfametazina e aos nitrofuranos (NETTO et al., 2005).

As substâncias antiparasitárias de uso freqüente são aplicadas afim de se controlas endoparasitas e ectoparasitas com o uso de vermífugos e larvicidas. Para o gado leiteiro há recomendações de não se usar estes medicamentos em vacas durante a lactação devido à persistência no leite, como o levamizole e mebendazole (NETTO et al., 2005).

Em vários paises, seis β-lactâmicos (penicilina, ceftiofur, cloxacilina, cefapirina, amoxicilina e ampicilina) tem sido amplamente usados no tratamento de infecções do gado leiteiro e podem deixar resíduos no leite (NETTO et al., 2005).

Os aminoglicosídeos (diidroestreptomicina, gentamicina, estreptomicina e neomicina) são usados no tratamento de infecções por bactérias gram-negativas causadoras da mastite. Os riscos associados aos aminoglicosídeos são hipersensibilidade e perda da audição (NETTO et al., 2005).

Os nitrofuranos e cloranfenicol são proibidos, mas ainda são comercializados (NETTO et al., 2005). O cloranfenicol causa anemia por inibir a captação de ferro e faz com que bactérias Gram-negativas e Gram-positivas sejam resistentes a ele (GOODMAN e GILMAN, 1973). Os nitrofuranos são empregados como aditivos não nutricionais em rações, para promoção de crescimento e aumento da eficiência alimentar (SOUZA et al.,2001). Os nitrofuranos apresentam como resultado efeitos mutagênicos, carcinogênicos e

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possibilidades de reações de hipersensibilidade em indivíduos sensíveis8. A isoniazida é um quimioterápico utilizado no tratamento da tuberculose humana e bovinos portadores desta patologia devem ser descartados pois se trata de uma zoonose (NETTO et al.,2005) .

O PAMVet realizou uma grande quantidade de análises em leites UHT e em pó durante os anos de 2002 a 2005. A finalidade é avaliar a quantidade de resíduos de medicamentos veterinários nestes alimentos. O número de amostras, ano de realização da pesquisa, os estados onde foram recolhidas as amostras e os analitos analisados encontram-se na Tabela 1 (BRASIL, 2005 e BRASIL, 2006).

Tabela 1 - tabela com os anos, estados e analitos analisados pelo PAMVet em amostras de leite UHT e em pó (BRASIL, 2005 e BRASIL, 2006).

Ano 2002 2003 2004/2005 369 leites UHT Número de amostras 336 424 55 leites em pó 312

Estados ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP GO, MG, PR, RJ, RS, SC e SP

Antimicrobianos

β-lactâmicos (benzilpenicilina, benzilpenicilina procaína, ampicilina,

amoxicilina e ceftiofur)

Tetraciclina (tetraciclina, oxitetraciclina e clortetraciclina)

Antimicrobianos (cloranfenicol, estreptomicina, diidroestreptomicina, neomicina, eritromicina, sulfametazina,

sulfadimetoxina e sulfatiazol)

β-lactâmicos, tetraciclinas, cloranfenicol, neomicina,

diidroestreptomicina

Antiparasitários Abamectina, ivermectina e doramectina as avermectinas (abamectina,

doramectina e ivermectina)

Em relação aos β-lactâmicos, 100% das amostras coletadas em 2002 não apresentaram resíduos. Quanto as tetraciclinas, 6 amostras coletadas em 2002 nos estados do PR e RJ apresentaram resíduos desta substância na fase de triagem e somente a oxitetraciclina foi confirmada mas abaixo do LMR. As demais

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substâncias selecionadas não foram analisadas, pois os testes de triagem e confirmação não foram avaliados e implantados (BRASIL, 2005). Não se detectou presença de resíduos β-lactâmicos em 416 das 424 amostras coletadas no ano de 2003. Em 8 amostras coletadas no RJ indicou-se a presença de β-lactâmicos no teste de triagem. Em 410 das 424 amostras analisadas na triagem não encontrou-se resíduos de tetraciclina. As 14 amostras positivas estavam em conformidade, pois os resultados foram inferiores ao LMR que é de 100µg/kg e ao limite de quantificação do método que é de 50 µg/kg (BRASIL, 2005).

No relatório do PAMVet de 2004/2005 para os β-lactâmicos encontrou-se resíduos em 11% das amostras de leite em pó nos testes de triagem e no leite UHT não foram encontrados resíduos. Nas amostras que foram feitas pesquisas de tetraciclinas, 21 amostras (7%) apresentaram resultado não conforme, sendo 6 amostras de leite UHT e 15 de leite em pó, todavia os princípios ativos não foram confirmados por cromatografia líquida de alta eficiência e espectrofotometria de ultravioleta visível(CLAE/UV-FI). As amostras que apresentaram concentração acima de 300 ppt no teste de triagem para o cloranfenicol foram consideradas insatisfatórias, valor mínimo requerido do método de confirmação. Das 306 amostras avaliadas, 22 foram insatisfatórias, sendo 13 de leite UHT e 9 de leite em pó. O uso do cloranfenicol antimicrobiano é proibido e qualquer valor encontrado é considerado violação (BRASIL, 2006).

Na pesquisa de neomicina, 36 amostras apresentaram resíduos da substância, mas abaixo do LMR. No caso da diidroestreptomicina e estreptomicina, 276 amostras de leite UHT e 32 amostras de leite em pó estavam com a concentração abaixo do LMR (BRASIL, 2006).

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Na pesquisa de antiparasitários, das 312 amostras analisadas, havia presença de resíduos de ivermectina em 123 amostras e em 27 amostras havia resíduos de abamectina e doramectina e foram encontrados tanto resíduos de abamectina quanto de ivermectina em 19 amostras. As amostras que apresentaram resíduos de ivermectina foram inferiores ao LMR de 10 µg/kg recomendado pelo Codex Alimentarius. Ressalta-se que a ivermectina é contra indicada em animais lactantes cujo leite seja destinado a consumo humano devido a razões toxicológicas (BRASIL, 2005).

No relatório da pesquisa realizada pelo PAMVet em 2004/2005, em 25 amostras de leite UHT e em 9 amostras de leite em pó foram encontrados resíduos de abamectina em níveis maiores que o Limite de Detecção do Método (LDM) e considerados insatisfatórios e em 6 amostras os resíduos estavam acima do Limite de Quantificação do Método (LQM= 1.0µg/kg ou 10µg/L). Em relação à doramectina somente 2 amostras de leite UHT apresentaram resíduos mas abaixo do LQM. A ivermectina é um antiparasitário que continua sendo bastante utilizado, pois 169 (56%) das amostras apresentaram alguma quantidade do resíduo, sendo que 93 amostras estavam acima do LQM mas nenhuma estava acima do LMR (10µg/kg ou 10µg/L). A presença de resíduos de ivermectina indica a falta de boas práticas veterinárias (BRASIL, 2006).

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1.2 RESÍDUOS DE ANABOLIZANTES ENCONTRADOS EM CARNE BOVINA

O uso de anabolizantes é muito difundido na pecuária de corte dos países que são maiores produtores de carne bovina (Estados Unidos, Austrália, Argentina, Canadá). Entre eles destaca-se o dietilestilbestrol (DES) que é proibido mundialmente e o zeranol de uso controlado em outros países e proibido no Brasil. Os anabolizantes são usados na produção animal para aumentar o ganho de peso vivo, massa muscular, a eficiência alimentar e o percentual da carne. O uso de anabolizantes pode deixar resíduos nos tecidos e órgãos destes animais e representam um perigo para a saúde humana levando à proibição do seu uso (CARDOSO et al.,1999).

Os anabolizantes aumentam a retenção de nutrientes fornecidos pela alimentação, principalmente a retenção de nitrogênio protéico e não protéico e sua transformação em proteína e por isso há o aumento de peso e massa muscular. Seu mecanismo de ação se dá pela deposição de proteínas sem redução na degradação, aumentando a síntese protéica. Embora não tenham efeito direto sobre o hormônio de crescimento, os anabolizantes potencializam sua ação através do aumento do número de receptores no fígado, podendo resultar no aumento da concentração do fator de crescimento dos fibroblastos (DUARTE et al., 2002).

A alimentação humana constitui uma das principais questões dos sistemas de produção. O aumento da população impulsiona o desenvolvimento de sistemas sofisticados de produção de alimentos, com o uso de substâncias

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anabolizantes de natureza hormonal ou não, como promotores de crescimento de animais produtores de carne (CARDOSO et al., 1999).

Em 1989, a Comunidade Européia proibiu o uso de substâncias anabolizantes em animais, não permitindo a comercialização e importação de carnes com resíduos destas substâncias (DUARTE et al., 2002).

Vários países têm restrição quanto ao uso de anabolizantes por representar perigo potencial para a saúde humana e pela deficiência de metodologias analíticas sensíveis para a detecção dos seus resíduos nas carnes destinadas ao consumo humano (CARDOSO et al., 1999).

No Brasil, a partir de 1991, proibiu-se a importação, produção, comercialização e uso de anabolizantes naturais ou artificiais para fins de crescimento e/ou engorda de animais destinados ao abate, com permissão apenas para fins terapêuticos, sincronização de ciclo estral e preparação de doadores e receptores para a transferência de embriões (DUARTE et al., 2002).

De acordo com o Codex alimentarius/FAO/WHO, a ingestão de alimentos contaminados com hormônios anabolizantes pode levar ao aparecimento de distúrbios endócrinos como a indução da puberdade precoce em crianças, avanços na idade óssea com repercussões negativas no crescimento e modificações dos caracteres sexuais (CARDOSO et al., 1999).

Em 1995, o Codex alimentarius determinou que os produtos 17 β-estradiol, testosterona e progesterona seriam seguros à saúde, assim como o acetato de trembolona (TBA) e o zeranol desde que em doses inferiores a 2 e 10 mg/kg respectivamente. O dietilestilbestrol foi considerado como potencialmente tóxico (DUARTE et al., 2002). O dietilestilbestrol é um estilbeno que possui atividade

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estrógena dez vezes mais potente que o estrógeno natural, o 17 β-estradiol. Evidências de que o dietilestilbestrol era absorvido quando administrado por via oral em vez de ser destruído prontamente pelo fígado fez com que seu uso fosse proibido em animais destinados ao consumo (CARDOSO et al., 1999).

Os anabolizantes usados são aplicados como implantes, injeções oleosas ou como aditivos alimentares, sendo comum o emprego de mistura de anabolizantes, com dois ou mais agentes, obtendo um efeito sinérgico ou aditivo sobre o ganho de peso, permitindo a aplicação de doses menores e devido a isso dificulta-se a detecção de resíduos nos tecidos, burlando a fiscalização. Os agentes anabólicos endógenos quando usados na produção animal são rapidamente metabolizados pelo fígado, não sendo muito ativos quando administrados oralmente. Os agentes anabólicos exógenos ou sintéticos são resistentes à biotransformação e menos metabolizados pelo fígado, resultando em grande atividade quando administrados oralmente, favorecendo seu acúmulo nos rins, musculatura e fígado(DUARTE et al., 2002).

Análises foram realizadas no Laboratório de Referência Animal de Pedro Leopoldo em Campinas para pesquisa de dietilestilbestrol e zeranol. A pesquisa foi feita com fígado de bovinos provenientes de frigoríficos controlados pelo Serviço de Inspeção Federal incluídos na lista de Frigoríficos Exportadores. Foram colhidas 416 amostras de fígado no período de julho de 1993 a novembro de 1994. As amostras foram coletadas logo após o abate, congeladas imediatamente e enviadas ao laboratório onde foram mantidas a -20ºC até a análise. As metodologias usadas foram radioimunoensaio (RIE) para triagem e cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-EM) para

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confirmação. Das 416 amostras analisadas para pesquisa de DES por RIE, 407 foram consideradas negativas e 9 amostras foram consideradas positivas. As amostras positivas foram submetidas à confirmação por cromatografia gasosa, sendo que todas as amostras apresentaram resultados negativos (CARDOSO et al., 1999).

Os estilbenos por possuírem propriedades oncogênicas relatadas em diferentes espécies animais e em diferentes tecidos não devem ser administrados como anabolizantes na pecuária de corte (CARDOSO et al., 1999).

Na pesquisa de zeranol foram usadas 385 amostras de fígado bovino, das quais 60 foram positivas. As amostras positivas na triagem passaram pelo teste de confirmação por CG-EM das quais 2 foram consideradas positivas (CARDOSO et al., 1999).

O zeranol tem sido utilizado nos paises onde é liberado o uso de anabolizantes, por não possuir atividades genotóxicas ou carcinogênicas9. A legislação brasileira proíbe o uso do zeranol na pecuária nacional, principalmente em função das exigências dos paises exportadores da União Européia (CARDOSO et al., 1999; DUARTE et. al., 2002 ).

O acetato de trembolona (TBA) também é proibido no Brasil, mas permitido nos Estados Unidos, México, Colômbia e Argentina (DUARTE et. al., 2002).

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2 A UNIÃO EUROPÉIA E SUA RELAÇÃO COM O BRASIL NA EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS CÁRNEOS

2.1 INTRODUÇÃO

O Brasil está autorizado a exportar para a União Européia carnes e produtos à base de carne bovina, eqüina, aves, produtos de pesca, aqüicultura e produtos leiteiros que sofreram tratamentos térmicos. Baseado nestas exportações, a União Européia, preocupada com a saúde de seus consumidores realizou visitas no Brasil afim de fiscalizar os produtos alimentícios de origem animal e os animais vivos para controlar a presença de resíduos medicamentosos. Estas visitas ocorreram em março de 1999 e julho de 2003(DG XXIV/1034/99 – MR-BR; DG – SANC0/ 9047/2003).

A União Européia exige a implementação de planos de monitoramento de resíduos de drogas veterinárias aos países membros para ter segurança do produto que está comprando para o consumidor (GRANJA, 2004).

O PNCR é planejado e executado pela Coordenação de Laboratório Animal (CLA), por um comitê de consultas do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) e pelo LARA (Laboratório de Referência Animal). A abrangência do programa baseia-se na gama de espécies e analitos testados e

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no uso relativo de medicamentos veterinários na agropecuária brasileira (DG – SANC0/ 9047/2003).

A amostragem é realizada em abatedouros aprovados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF). Testes em animais vivos são realizados em nome do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), pelo Serviço de Sanidade Animal da Delegacia Federal da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado - SSA/DFA(DG – SANC0/ 9047/2003).

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2.2 DEFICIÊNCIAS ENCONTRADAS PELA COMISSÃO EUROPÉIA NO PLANO DE CONTROLE DE RESÍDUOS

O relatório feito pela Comissão Européia alegou que o PNCR de 1999 e 2003 apresentou insuficiências e falta de informações gerais sobre a legislação em vigor (DG XXIV/1034/99 – MR-BR; DG – SANC0/ 9047/2003). Na tabela 2 e 3 encontram-se as substâncias que não foram investigadas pelo PNCR em 1999 e 2003 respectivamente.

Tabela 2 – substâncias que não foram investigadas pelo PNCR no ano de 1999 (DG XXIV/1034/99 – MR-BR).

Bovinos Aves Suínos Aqüicultura Leite Mel

Coccidiostáticos, carbamatos, piretróides, tranqüilizantes, anti-inflamatórios não esteroidais, organofosforados e micotoxinas; somente o cloranfenicol é investigado. Estilbenos, antitiroideanos, esteróides, lactonas do ácido resorcílico, e beta-agonistas. Substâncias com efeitos anabolizantes, tranqüilizantes, anti-helmínticos, coccidiostáticos, carbamatos e piretróides, anti-inflamatórios não esteroidais e micotoxinas. Estilbenos, esteróides, anti-helmínticos, micotoxinas Anti-inflamatórios não esteroidais, organofosforados, e metais pesados Organoclorados, carbamatos, piretróides e micotoxinas.

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Tabela 3 – substâncias que não foram investigadas pelo PNCR no ano de 2003 (DG – SANCO/ 9047/2003).

Bovinos Aves Suínos Eqüinos Leite Mel

Nitrofuranos, anticoccidiais, carbamatos, piretróides, Sedativos, anti-inflamatórios não esteroidais, organofosforados, micotoxinas. Tireostáticos, esteróides, anti-helmínticos Estilbenos, tireostáticos, esteróides, zeranol, beta-agonistas, anti-helmínticos, anticoccidiais, carbamatos, piretróides, sedativos, anti-inflamatórios não esteroidais, organofosforados, micotoxinas. Estilbenos, tireostáticos, esteróides, zeranol, beta-antagonistas, anti-helmínticos, anticoccidiais, carbamatos, piretróides, sedativos, anti-inflamatórios não esteroidais, organofosforados, micotoxinas. Nitroimidazóis e dapsona, anti-helmínticos, anti-inflamatórios não esteroidais, organofosforados, metais pesados. Cloranfenicol, carbamatos, piretróides, organoclorinas, organofosfatos.

A amostragem abordada pelo PNCR é baseada na adotada pelo Codex Alimentarius, selecionando aleatoriamente 300 animais de uma população homogênea que será suficiente para detectar uma prevalência de violação conhecida de 1% na população animal total com um intervalo de confiança de 95%. No entanto, a prevalência de violação real não é conhecida e nem estabelecida. Esse número reduzido de amostras é insuficiente para detectar taxas de prevalência de violação mais baixas (DG – SANCO/ 9047/2003).

A amostragem do programa no ano de 1999 refere-se somente aos bovinos. Não foi realizada nenhuma amostragem para suínos e aves, demonstrando que o programa possui falhas e necessita ser melhor aplicado12.

Em 2003 o PNCR tinha dois programas de monitoramento: um monitoramento aleatório para carne, peixe, leite e mel e um programa de acompanhamento quando violações fossem encontradas (DG – SANCO/ 9047/2003).

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Várias deficiências foram constatadas pela Comissão Européia no PNCR. O mel não sofreu nenhuma análise até o momento por dificuldades técnicas nos laboratórios. Já para o pescado nenhum teste para antibióticos (tetraciclinas, sulfonamidas, furazolidone, cloranfenicol) foi realizado e para o leite não foi realizada nenhuma análise para sulfonamidas, antibióticos em geral, cloranfenicol, avermectina e aflatoxina M1 como previsto pelo PNCR (DG – SANCO/ 9047/2003).

Os membros da comissão detectaram deficiência no controle e distribuição de medicamentos veterinários, pois muitos são comercializados nos pontos de venda sem prescrição veterinária e os medicamentos em que a prescrição é obrigatória, é redigida no momento da venda por um veterinário presente no estabelecimento, sem saber a finalidade do medicamento e os animais envolvidos. Medicamentos proibidos de serem vendidos como o cloranfenicol e furazolidona (Portaria nº. 448 de 10 de setembro de 1998), estavam presentes nos estabelecimentos (DG XXIV/1034/99 – MR-BR; DG – SANC0/ 9047/2003). Com isso, há um aumento do risco de se ter resíduos nos produtos alimentícios (DG XXIV/1034/99 – MR-BR).

No Brasil, alguns promotores de crescimento hormonal são banidos para o uso em gado bovino, mas são permitidos em outras espécies, como as aves, cujo uso é proibido somente como aditivo de ração. O esteróide boldenoma é licenciado para cavalos com propósitos terapêuticos e apesar de ser um medicamento que necessita de receita médica para ser vendido, não há legislação que impeça de ser preparado e usado como promotor de crescimento em carneiros e porcos (DG – SANC0/ 9047/2003).

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As substâncias tireostáticas e beta-antagonistas não tem seu uso especificamente proibido em animais produtores de alimento de acordo com a legislação brasileira. Um beta-antagonista que se inclui neste caso é a ractopamina, que é usada para promover o crescimento em porcos e não tem seus resíduos monitorados pelo Plano Nacional de Controle de Resíduos (DG – SANCO/ 9047/2003).

O monitoramento de resíduos de hormônios de crescimento em gado limita-se a testes para verificação de estilbenos, trembolona e zeranol. Vários compostos autorizados não estão sendo monitorados pelo PNCR, incluindo avermectinas, levamizol, benzimidazóis e nitroimidazóis, no qual nenhum método analítico está sendo utilizado (DG – SANCO/ 9047/2003).

Várias substâncias que não são autorizadas na União Européia em animais produtores de alimento têm seu uso permitido no Brasil. Dentre elas inclui-se fenilbutazona (bovinos, suínos e eqüinos) e tetramisol (bovinos). A equipe da comissão verificou também que vários produtos destinados ao uso em animais produtores de alimentos não tinham períodos de carência especificados para carne e leite (DG – SANCO/ 9047/2003).

Os nitrofuranos estão proibidos no Brasil segundo normativa 67/2002 e não devem ser encontrados em rações, pré-mixes e ingredientes. Eles são metabolizados poucas horas após sua aplicação, produzindo compostos intimamente ligados aos tecidos, sendo estáveis e persistentes nos tecidos dos animais tratados. Seus metabólitos são furazolidona, furaltadona, nitrofurantoína e semicarbazida (GRANJA, 2004). Em 2003, o Brasil apareceu em 39 notificações

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do monitoramento quanto a presença de metabólitos de nitrofuranos ligados a proteínas(GRANJA,2004).

Devido a isso a União Européia aplicou sanções contra a carne de frango brasileira de modo que 100% dos containeres passaram a ser testados antes de entrar em território europeu (GRANJA, 2004).

Na União Européia, aditivos zootécnicos como virginiamicina, bacitricina de zinco, espiramicina e tilosina são proibidos devido à preocupação sobre a transferência de resistência a antibióticos ao consumidor. No Brasil estas substâncias são permitidas e autorizadas a serem adicionadas nas rações animais. Substâncias com potenciais cancerígenos e mutagênicos como carbadox e olanquindox foram banidos na União Européia, mas nenhum deles são proibidos no Brasil e não há período de carência e nem fiscalização pelo PNCR quanto aos seus resíduos. Outros também de uso proibido na UE e permitido no Brasil como o clopidol, amprolium e etopobato não estão inclusos no PNCR. A somatotropina bovina é proibida na UE, mas usada em vacas leiteiras no Brasil (DG – SANCO/ 9047/2003).

A legislação brasileira possui falhas, inclusive quando não possui cláusulas específicas sobre o uso em cascata de medicamentos veterinários para outros fins que não os próprios. As rações medicadas necessitam de receitas para serem compradas, mas se a ração for produzida para uso próprio no estabelecimento não há controle e nem fiscalização (DG – SANCO/ 9047/2003).

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2.3 RECOMENDAÇÕES DA COMISSÃO EUROPÉIA PARA O PLANO NACIONAL DE CONTROLE DE RESÍDUOS DO BRASIL

A Comissão Européia fez recomendações ao Brasil para melhora do PNCR e da fiscalização (DG XXIV/1034/99 – MR-BR; DG – SANC0/ 9047/2003).

Dentre elas, destaca-se:

- ampliar a amostragem sobre os animais vivos aos suínos e aves e adotar critérios de direcionamento e seleção (DG XXIV/1034/99 – MR-BR; DG – SANC0/ 9047/2003);

- melhorar a rede de laboratórios públicos por meio de treinamento permanente, motivação e atualização dos funcionários (DG XXIV/1034/99 – MR-BR; DG – SANC0/ 9047/2003);

- manter relações dos funcionários com o meio científico externo através de congressos e revistas científicas (DG XXIV/1034/99 – MR-BR; DG – SANC0/ 9047/2003);

- melhora da infra-estrutura laboratorial (DG XXIV/1034/99 – MR-BR; DG – SANC0/ 9047/2003);

- implantação de novos métodos analíticos e testes interlaboratoriais (DG XXIV/1034/99 – MR-BR);

- assegurar que a elaboração e implantação do PNCR ofereçam garantias da sanidade dos alimentos brasileiros e que sejam equivalentes aos padrões

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determinados na Legislação pela Diretiva do Conselho 96/23/EC (DG – SANC0/ 9047/2003);

- contemplar os requisitos para os testes de detecção de resíduos nas commodities de gênero alimentício exportadas à União Européia e aumentar a abrangência do teste para incluir resíduos de todos medicamentos de uso veterinário usados frequentemente na agropecuária (DG XXIV/1034/99 – MR-BR; DG – SANC0/ 9047/2003);

- coordenar e implementar as ações de acompanhamento, investigação e amostragem em caso de violação de resíduos (DG XXIV/1034/99 – MR-BR; DG – SANC0/ 9047/2003);

- assegurar que os alimentos de origem animal exportados não sejam de animais tratados com medicamentos veterinários ou aditivos de ração proibidos na União Européia (DG XXIV/1034/99 – MR-BR; DG – SANC0/ 9047/2003);

- fortalecer os controles e checagens da disponibilidade e distribuição dos medicamentos de uso veterinário destinados ao uso em animais produtores de alimento (DG XXIV/1034/99 – MR-BR; DG – SANC0/ 9047/2003);

- revisar a emissão de autorizações para comercialização dos medicamentos veterinários para uso em animais produtores de alimento, os quais não tenham um período de carência especificado (DG XXIV/1034/99 – MR-BR; DG – SANC0/ 9047/2003);

- assegurar auditoria de todos os laboratórios e que estejam em conformidade com o ISO 17025 e que os métodos de analise sejam sensíveis para preencher os requisitos da União Européia (DG XXIV/1034/99 – MR-BR; DG – SANC0/ 9047/2003).

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3 O ABATE CLANDESTINO NO BRASIL

3.1 INTRODUÇÃO

O Brasil possui atualmente um dos maiores mercados de carne bovina (ASBIA, 2007). Tem o maior rebanho comercial do mundo, com 207 milhões de cabeças de gado (IBGE, 2007). No 2º trimestre de 2007, o Brasil exportou 349,4 mil toneladas de carne bovina, demonstrando um aumento de 20.5% em relação ao mesmo período de 2006 e produziu 1.7 milhões de toneladas de carne bovina (IBGE, 2007). A tabela a seguir demonstra o número de animais abatidos em 2007 (IBGE, 2007).

Tabela 4 – animais abatidos em 2006 e 2007 e o peso das carcaças (IBGE, 2007).

Abate de Animais e Peso das Carcaças em Toneladas

Número de Animais Abatidos

2006 2007 2007 2º Trimestre 1º Trimestre 2º Trimestre

BOVINOS 7.527,037 7.901,808 7.606,561 Bois 3.407,847 3.621,288 3.582,098 Vacas 2.931,670 3.067,414 2.813,459 Vitelos 5.424 6.403 9.835 Novilhos 559.145 609.676 701.925 Novilhas 468.044 458.638 499.244

Peso das Carcaças em Toneladas

BOVINOS 1.701,655 1.802,270 1.739,558 Bois 890.141 925.025 937.677 Vacas 2.931,670 582.864 535.357 Vitelos 5.424 6.403 9.835 Novilhos 559.145 609.676 701.925 Novilhas 468.044 458.638 499.244

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Mas há fatores, como o abate clandestino, que impede um maior crescimento do mercado de carne commodity (BÁNKUTI, 2002). Este tipo de abate é responsável por quase 50% do mercado nacional (BÁNKUTI, 2002). A clandestinidade é definida por duas condições: a não fiscalização pelo serviço de inspeção sanitária e a sonegação fiscal, que muitas vezes ocorrem simultaneamente (BÁNKUTI, 2002).

3.2 O SISTEMA INFORMAL DA CARNE BOVINA

O Sistema Agroindustrial (SAG) da carne bovina sempre teve fatores positivos. Uma extensa área voltada para a criação de animais, o tamanho do rebanho nacional, sendo que é o maior rebanho comercial do mundo e a produção da carne bovina compatível com a maioria dos paises é relevante para a economia e crescimento do país. Apesar desses fatores positivos, o Sistema Agroindustrial possui diversos problemas e dificuldades (BÁNKUTI, 2002).

Os problemas vão desde o baixo índice de produtividade (taxa de desfrute, idade ao primeiro parto, idade de abate), somando-se aos problemas sanitários e econômicos como a febre aftosa e o abate clandestino que como conseqüência direta gera redução das exportações e perda de arrecadação fiscal (BÁNKUTI, 2002).

A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) destaca que o fator contribuinte para o abate clandestino é que boa parte dos Estados e a grande maioria dos Municípios estabeleceram serviços próprios de inspeção que não são rigorosos com as exigências em termos de estrutura física dos estabelecimentos

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e não dispõem de médicos veterinários suficientes para acompanhar permanentemente os abates sob sua responsabilidade.

Outro fator é a elevada carga tributária que oprime o desenvolvimento de pequenos estabelecimentos fazendo com que se mantenham na informalidade (Abrafrigo, 2007).

Os problemas mais expressivos em relação ao abate clandestino são: o não recolhimento de impostos que representa 20% do faturamento do Sistema Agroindustrial; concorrência predatória em relação às empresas que operam dentro da legalidade, fazendo com que a ociosidade dos frigoríficos legais aumente 40% a 50%; ingestão de carne contaminada com cisticercose, brucelose e toxoplasmose; toxinfecções alimentares acarretando custos diretos para o sistema de saúde e indiretos para a capacidade de trabalho (BÁNKUTI, 2002).

Em várias regiões do Brasil o abate clandestino é uma realidade. E isso não se resume a regiões de interior. Estende-se a grandes regiões como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte (O GLOBO ONLINE, 2007).

Os abates clandestinos são feitos no pasto, no curral e até na estrada pelo próprio açougueiro sem um local apropriado para tal procedimento. Utilizam folhas de bananeira ou panos pra forrar o chão. A forma como o animal é morto também não é adequada. Geralmente é por meio de pancada na cabeça seguido da sangria (ABCA, 2005).

Na região central de São Paulo, há açougues que recebem carcaças transportadas em caminhões sem identificação e penduradas em ganchos. Os funcionários dos frigoríficos fornecedores situados no Paraná e Mato Grosso alegam não haver riscos com a fiscalização e que a entrega fora das

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especificações legais custa 30% menos para o comprador (FOLHA DE SÃO PAULO, 2007).

Em vários municípios da Bahia é comum o consumo de carne clandestina. Em Santa Rita de Cássia, município do oeste baiano, o único matadouro existente foi interditado, pois não atendia às exigências da Portaria 304 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e não possuía licença ambiental para funcionar. Os resíduos líquidos e sólidos eram eliminados de forma irregular. O sangue dos animais mortos ficava armazenado por vários dias no matadouro e depois era despejado no lixão da cidade, causando danos ao meio ambiente e à população. Após o fechamento do matadouro a situação piorou. O gado passou a ser abatido no mato e até gado encontrado doente e gado encontrado morto estava sendo vendido aos açougueiros pela metade do preço (O GLOBO, 2007).

Segue abaixo fotos de abates clandestinos tiradas pelo Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça do Consumidor juntamente com o Ministério Público do Estado da Bahia (CEACON – MP/BA, 2005).

Figura 1 – Carcaça bovina sendo aberta em local inadequado (Fonte: CEACON – MP/BA, 2005)

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Figura 2 – Várias carcaças de bovinos no chão sujo (Fonte: CEACON – MP/BA, 2005)

Figura 3 – Carcaça bovina contaminada com fezes (Fonte: CEACON – MP/BA, 2005)

Figura 4 – Outros animais junto à carcaça (Fonte: CEACON – MP/BA, 2005)

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Figura 5 e 6 – Infestação por moscas (Fonte: CEACON – MP/BA, 2005)

Figura 7 – Presença de cães em cima da carne (Fonte: CEACON – MP/BA, 2005)

Figura 8 – Condições inadequadas de abate e paramentação (Fonte: CEACON – MP/BA, 2005)

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Figura 9 – cães ingerindo restos de sangue dos animais abatidos (Fonte: CEACON – MP/BA, 2005)

Figura 10 – carnes provenientes de abates clandestinos sendo comercializadas na feira de forma indiscriminada e inadequada

(Fonte: CEACON – MP/BA, 2005)

Além das irregularidades em relação ao local de abate, higiene, destino dos resíduos dos animais e paramentação das pessoas que estão realizando o serviço, há o problema de doenças como a brucelose que é transmitida por aerossóis através do contato direto com a fonte de infecção que são as carcaças e vísceras dos animais abatidos (FREITAS et al., 2001). Há também riscos de contrair tuberculose, teníase e salmonelose (O GLOBO, 2007). O transporte

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destas carnes é feito pelo próprio açougueiro sem acondicionamento correto da carcaça (ABCA, 2005). Não há fiscalização ante-mortem no animal e muito menos post-mortem expondo o consumidor final a zoonoses (ABCA, 2005).

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), visando a saúde do consumidor, busca melhorar a condição da carne comercializada no Brasil, reduzindo os abates clandestinos através da instituição da Portaria nº 304 de 22/04/1996. Esta Portaria considera importante a manutenção de aspectos higiênico-sanitários e tecnológicos desde o abate até a cadeia de distribuição, comercialização, transporte e destino final (MAPA,1996). O MAPA também instituiu a Portaria nº 145 de 01/09/1998 com a finalidade de regulamentar a distribuição, desossa, fracionamento, embalagem, identificação e acondicionamento adequados de carnes bovinas e bubalinas ao comércio varejista (MAPA,1998). Apesar de tais tentativas, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ainda não conseguiu evitar o abate clandestino (BÁNKUTI, 2002).

A forma como é realizado o abate na clandestinidade não é correta. Os animais sofrem e demoram a morrer. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento institui a Instrução Normativa nº 3 de 17/01/2000. Esta Instrução visa a padronização dos métodos de insensibilização para o abate humanitário de animais de açougue afim de poupá-los da dor ou sofrimento, garantindo o seu bem estar (MAPA, 2000).

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CONCLUSÃO

A preocupação com a saúde pública tem sido responsável pela implantação de programas visando melhorar a qualidade dos alimentos no que concerne à higiene, presença de resíduos nos alimentos e ao abate clandestino.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento criou leis e programas afim de reduzir estes problemas. Criou o Programa Nacional de Controle de Resíduos que fiscaliza os produtos de origem animal comercializados no Brasil e os que são destinados à exportação para outros países. Este programa visa a fiscalização da carne e leite quanto aos resíduos de medicamentos veterinários que devem estar dentro do limite permitido. Foram criadas leis com a finalidade de inibir o abate clandestino e melhorar a qualidade da carne consumida pela população brasileira. A Portaria 304 de 1996 e a Portaria 145 de 1998 visam a melhora da distribuição da carne por meio de cortes adequados, embalagens para protegê-la da contaminação, a identificação do corte e principalmente estejam inspecionadas sob o órgão competente. Em 2000 instituiu a Instrução normativa nº 3, regulamentando o abate humanitário para estabelecer os mínimos requisitos de proteção aos animais de açougue e aves domésticas, antes e durante o abate, minimizando assim a dor e o sofrimento destes animais. A Anvisa também criou um programa de análise de resíduos voltado para a fiscalização do leite consumido no Brasil. O PAMVet foi implantado

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para inspecionar o leite quanto aos resíduos de antibióticos, antiparasitários e hormônios que possam conter nestes alimentos. Por ser o alimento mais consumido do Brasil, o Programa possui grande importância para a qualidade deste alimento e para a segurança da maior parte da população que o consome.

Estes programas são importantes, mas fiscalizar os estabelecimentos (casas agropecuárias, farmácias veterinária) que vende os produtos também é de suma importância, pois estes estabelecimentos vendem medicamentos sem receita e medicamentos proibidos facilitando assim a aplicação destes medicamentos de forma indiscriminada nos animais.

O abate clandestino é um problema para o Brasil. Além do país perder com a arrecadação fiscal, a prática é perigosa e pode transmitir à população doenças como tuberculose, cisticercose, brucelose e intoxicações alimentares. Os animais são abatidos no meio do pasto ou em galpões clandestinos sob condições precárias de higiene e de forma inadequada. A solução para reduzir estes problemas é uma fiscalização mais efetiva com a contratação de mais agentes da vigilância sanitária. O salário dos fiscais geralmente é proveniente do estabelecimento fiscalizado e devido a isso o agente tem que se submeter ao dono do local perdendo a autonomia quando decidem rejeitar animais inadequados para abate (animais doentes) ou condenar carcaças não adequadas. Os fiscais tinham que ser desvinculados do local destinado à sua inspeção e o salário deveria ser pago pelo governo para o mesmo poder trabalhar devidamente e exigir do estabelecimento que cumpra as normas determinadas. Mas enquanto medidas mais drásticas como a desvinculação dos fiscais em relação ao estabelecimento fiscalizado, contratação de mais agentes para suprir a carência,

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vistorias em diversas propriedades rurais para inibir a informalidade, maior fiscalização nas estradas interestaduais, criação de matadouros e frigoríficos legalizados nos locais que ainda não possuem e fiscalizações mais freqüentes nestes estabelecimentos, o abate clandestino dificilmente vai ser coibido.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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