• Nenhum resultado encontrado

Terceiro Setor

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Terceiro Setor"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

Journals Homepage:

www.sustenere.co/journals

MORTALIDADE E LONGEVIDADE DAS ORGANIZAÇÕES DE TERCEIRO SETOR

RESUMO

O intuito do presente trabalho é iniciar uma discussão acadêmica sobre a sustentabilidade das organizações de terceiro setor a partir da comparação entre tempo de atividade dessas instituições com a longevidade de empresas. Por esse motivo, um estudo exploratório de caráter quantitativo realizado aleatoriamente a partir do cadastro de 800 (oitocentas) organizações do Estado de São Paulo é apresentado. Foi realizado teste de Wilcoxon para comparar: (1) tempo de vida das organizações ativas (empresas versus terceiro setor); (2) idade de morte das organizações desativadas. O aporte teórico sobre a mortalidade das organizações de terceiro setor é ínfimo, por isso, o embasamento conceitual adotado refere-se a estudos empresariais, a base para exploração do tema proposto é a ecologia de empresas. Entre os cadastros inativos foi observada grande concentração de morte das empresas até o quarto ano, situação que não ocorre entre as organizações de terceiro setor que possui característica de mortalidade mais espaçada ao longo do tempo.

PALAVRAS-CHAVES: Organizações; Terceiro Setor; Empresas; Mortalidade;

Longevidade.

MORTALITY AND LONGEVITY OF THE THIRD SECTOR ORGANIZATIONS

ABSTRACT

This study aims to start an academic discussion about sustainability of nonprofit organizations. Longevity and mortality data were compared between third sector organizations and private companies. To make this possible, an exploratory and quantitative study was needed. The sample group was obtained at random from eight hundred public records of organizations. The primary database used was the Board of Trade (State of São Paulo-Brazil). Wilcoxon test was used to compare: (1) lifetime of active organizations (companies versus third sector); (2) age at death of the disabled organizations. The theoretical support on mortality of nonprofit organizations is negligible. Thus, all the conceptual background refers to business studies, in particular, ecology of organizations. Among the records of inactive organizations was observed high concentration of business mortality before four years, on the other hand, the third sector organizations do not exhibit mortality concentration.

KEYWORDS: Organizations; Third Sector; Business; Mortality; Longevity.

Revista Brasileira de Administração Científica, Aquidabã, v.6, n.1, Jan, Fev, Mar,

Abr, Mai, Jun 2014.

ISSN 2179-684X SECTION: Articles TOPIC: Terceiro Setor e

Cooperativismo

DOI: 10.6008/SPC2179-684X.2015.001.0014

Giuliano Alves Borges e Silva

Centro Universitário do Planalto de Araxá, Brasil http://lattes.cnpq.br/9379724675517501

nanoabs@gmail.com

João Luiz Passador

Universidade de São Paulo, Brasil http://lattes.cnpq.br/9985414046962478

jlpassador@usp.br

Jorge Luis Sanchez Arevalo

Universidade de São Paulo, Brasil http://lattes.cnpq.br/9402280393095761

jsarevalo@hotmail.com

Received: 20/02/2015 Approved: 14/10/2015

Reviewed anonymously in the process of blind peer.

Referencing this:

SILVA, G. A. B.; PASSADOR, J. L.; AREVALO, J. L. S..

Mortalidade e longevidade das organizações de terceiro setor. Revista Brasileira de Administração Científica,

Aquidabã, v.6, n.1, p.230-239, 2015. DOI:

http://dx.doi.org/10.6008/SPC2179- 684X.2015.001.0014

(2)

INTRODUÇÃO

As organizações do terceiro setor se caracterizam por suprir carências sociais que o Estado não consegue eficácia. Estas entidades desempenham um papel importante, em especial a partir da segunda metade do século XX, mobilizando a sociedade em causas sociais. Apesar dessa crescente participação, os gestores dessas instituições ainda enfrentam dificuldades no processo de iniciar, desenvolver, e principalmente, manter essas organizações ativas. Arasti et al.

(2012) observam essa mesma dificuldade de sobrevivência entre os negócios do segundo setor, principalmente pequenos empreendimentos. A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) possui uma base de dados com indicadores de longevidade empresarial em 20 países que demonstra grande mortalidade de negócios nos primeiros anos de existência.

O estudo sobre empreendedorismo social é novo na literatura acadêmica, porém sua aplicação é antiga. No que tange à finalidade organizacional, enquanto o empreendedorismo envolve a identificação de oportunidades econômicas para a comercialização de novos produtos ou serviços, os empreendimentos sociais buscam resultados que atendam às necessidades da sociedade, ou seja, geram valor social (CERTO & MILLER, 2008). No que se refere à questão comportamental não há tal distinção conceitual porque a forma de atuação, transformadora, própria dos indivíduos empreendedores pode se manifestar em qualquer lugar, seja em no segundo ou terceiro setor. Apesar disso, nem todo líder empresarial atende como bom empreendedor social. Desse modo, o empreendedorismo social é considerado uma forma especial e diferenciada de empreendedorismo (DEES & ANDERSON, 2003).

A ineficiência do Estado em lidar com suas responsabilidades abre espaço para atuação do terceiro setor. Nas últimas décadas do século XX constata-se uma crescente atenção para estudos em organizações de terceiro setor, nenhum deles trata sobre a mortalidade ou à longevidade dessas organizações. Os microtemas vistos na literatura envolvem quatro aspectos essenciais: Escopo e objetivo das organizações sociais (MAIR & MARTI, 2006); O contexto do ambiente (TOWNSEND, 2008; EDWARDS et al., 2013); Reconhecimento de oportunidades e inovação (CASSON, 2005; ZAHRA et al., 2008); Mensuração de resultados e desempenho (ROTHEROE, 2007; NICHOLLS, 2010).

Nesse sentido, o presente estudo justifica-se por diversos fatores: expõe traços sobre as dificuldades das organizações de terceiro setor; é pioneiro na academia ao analisar a mortalidade e a longevidade dessas instituições, com boa capacidade amostral; instiga os gestores a buscar soluções para os problemas organizacionais vivenciados no âmbito da prática administrativa.

Diante disso, o escopo do presente artigo concentra-se em responder à seguinte lacuna: O tempo de vida das organizações de terceiro setor apresenta diferença em relação às organizações empresariais?

(3)

REVISÃO TEÓRICA

O presente estudo apresenta uma perspectiva dualística sob a égide de uma aproximação conceitual denominada ecologia de empresas: sobrevivência ou morte das organizações. A noção de tais aproximações ecológicas compreende uma ideia fundamental para a compreensão das organizações sociais complexas em seus ambientes mutáveis. Uma das vertentes dessa área baseia-se em analisar as motivações para a existência das organizações, bem como as causas de fracasso, quando ocorrem. Algumas noções teóricas são relevantes para o escopo deste.

Hannan e Freeman (1977) destacam que as organizações com maior confiabilidade (produtos e serviços) e justificação em relação aos seus objetivos perante stakeholders são favorecidas pelas pressões ambientais com maior chance de sobrevivência. Ao verificar tal constatação teórica, imagina-se que o terceiro setor sofra menores pressões ambientais e por isso menores taxas de fracassos organizacionais por sua justificação implícita, ou seja, são entidades com objetivos sociais mais claros e aceitáveis pelos stakeholders. Outro fator teórico relevante advém da afirmação que as taxas de fracasso declinam com a idade, conforme as rotinas e as relações com os agentes externos são estabelecidas (CARROL & WADE, 1991).

Com o aumento da idade, as organizações passam por situações as quais precisam mobilizar recursos suficientes para sua manutenção, adquirindo, portanto, maior proteção. Mas será que essas constatações também se aplicam ao terceiro setor? A rigor, o presente trabalho, busca explorar esse assunto. Em geral, Fleck (2009) propõe cinco desafios como requisitos para a longevidade saudável (perpetuação) das organizações. O primeiro deles é o empreendedorismo continuado, entendido como a versatilidade na busca pela captação de recursos para criação, reforço ou expansão de valor (BALDACCHINO, 2013). Em seguida, a navegação no ambiente e a interação com stakeholders para monitoramentos constantes e ações imediatas, sempre que necessário. Além disso, vale considerar é o gerenciamento de diversidades frente aos conflitos naturais existentes, bem como o gerenciamento adequado das pessoas nesse ambiente (FLECK, 2009).

Por fim, e em consonância com os quatro requisitos, o gerenciamento da complexidade, que passa pelo enfrentamento de todos esses desafios de modo proativo e com vistas à resolução de problemas e alta capacidade de aprendizagem e adaptação (MARSICK & WATKINS, 2003).

Outros aspectos que carecem de análise teórica são os motivos de falência nas empresas. Como não há estudos acadêmicos que listam esses fatores no terceiro setor, o ponto de partida é empresarial. Nesse sentido, é possível levantar diversos motivos para a mortalidade de empresas;

a inexperiência no ramo leva à falta de informação sobre o setor ocasionando em incompetência administrativa. Outro fator importante é o baixo poder de barganha, seja quando as empresas compram de grandes fornecedores, seja quando vendem para grandes clientes, perdendo o controle sobre os preços em uma situação ambiental com limitações de crédito, elevada carga tributária e mão de obra desqualificada (CHÉR, 1991).

(4)

Degen (2005) observa essencialmente a falta de conhecimento e habilidades administrativas e lista suas consequências: falta de experiência e conhecimento sobre o mercado;

insuficiência de capital para iniciar o negócio, ausência ou má previsão; problemas de qualidade e/ou produtividade dos serviços ou produtos; má localização; erro na avaliação da reação do concorrente; imobilização dos ativos; inadimplência de credores; falhas no planejamento e na projeção de vendas, de custos, entradas e saídas de capital.

De Mori (1998) propõe uma subdivisão das causas entre fatores internos e externos para melhor compreensão. Os aspectos internos incluem a ausência de planejamento adequado à realidade do mercado, má gestão financeira incluindo falta de capital de giro e confusão entre pessoa física e jurídica, ausência de habilidades gerenciais e fraca gestão estratégica. Os aspectos externos, por sua vez, indicam políticas públicas insuficientes, falta de cooperação dos agentes envolvidos e a conjuntura econômica.

No Brasil, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, mais especificamente no Estado de São Paulo (SEBRAE-SP) realiza desde 1997 um profundo acompanhamento sobre a evolução dos quadros de mortalidade das pequenas empresas. Em 2008 apresentou um estudo com os 10 anos de monitoramento, no qual deixa claro que as causas desse fenômeno tiveram pouquíssimas variações. Na verdade, há uma série de problemas não resolvidos no tempo ou modo adequados que, em conjunto, levam à paralisação de atividades (SEBRAE, 2008).

Por isso, o acúmulo de condições desfavoráveis pode levar à falência dos negócios (CHÉR, 1991; DEGEN, 2005). Esta conclusão do estudo aplicado pelo Sebrae (2008), aliado à distinção de De Mori (1998) estão no mesmo sentido dos desafios propostos por Fleck (2009) e pelas condições ambientais descritas pelos ecólogos organizacionais Hannan e Freeman (1977) e Carrol e Wade (1991) no momento em que apontam várias causas de descontinuidade de empreendimentos com forte necessidade de atuação de uma gestão capacitada e atuante em torno de aspectos internos e também a partir do monitoramento e entendimento dos fatores externos. Acredita-se que essa complexidade afete também as organizações de terceiro setor, porém de um modo diferenciado, ou seja, os desafios da gestão para tais instituições se configuram de um modo singular, ainda não observado com tanta ênfase pela academia.

METODOLOGIA

Descrição do Tipo de Pesquisa

Fica clara a finalidade exploratória deste estudo exatamente por preencher uma lacuna ainda não observada com veemência na literatura acadêmica: comparar a longevidade e a mortalidade das instituições de terceiro setor com a longevidade e a mortalidade de empresas.

(5)

Perante aos fins apresentados, parece oportuno à realização de um estudo generalista de natureza quantitativa já que a variável de análise é a idade (tempo de vida) das organizações.

O método estatístico escolhido para testar as hipóteses e assim comparar o tempo de vida entre as amostras independentes foi o teste de Wilcoxon com intervalo de confiança a 95%, um teste não paramétrico, escolhido pelo seu poder em analisar as distribuições das observações entre dois grupos sobre uma variável, se a ordenação é sistematicamente diferente entre esses grupos (HARRIS & HARDIN, 2013). Vale ressaltar que mesmo com a apresentação de testes de hipótese estatísticos o trabalho não possui finalidade explicativa porque os testes realizados dizem respeito a apenas uma variável de análise (idade das organizações), portanto não explica o fenômeno, apenas o explora. Além disso, como não há estudos dessa natureza em organizações do terceiro setor seria muito pretensioso explicar a magnitude dos problemas enfrentados por essas instituições desde o primeiro trabalho acadêmico a estudar mortalidade e longevidade em tal contexto específico, ou seja, a validação das hipóteses ora formuladas não são suficientes para explicar ou descrever todo o contexto que envolve a longevidade e a mortalidade das organizações de terceiro setor. Desse modo, os testes serviram ao objetivo de comparar a idade de vida ou morte de dois grupos (2º e 3º setor) a fim de explorar diferenças entre eles.

Procedimentos

Ao todo, foram sorteados 821 cadastros, os quais 21 não representavam nenhum dos dois grupos de estudo pretendido (eram autarquias públicas, organizações religiosas, clubes de investimento, órgãos públicos de poder executivo ou legislativo municipal). Essas 21 pessoas jurídicas foram retiradas da análise. Entre os 800 cadastros válidos, 742 são de empresas (Empresário individual, Sociedade Empresária Limitada, Sociedade Simples, outros) 58 organizações do terceiro setor (Associações Privadas, Fundações, Entidades Assistenciais e Filantrópicas e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público).

Para análise de comparativa foram criados dois grupos (A e B) divididos em quatro subgrupos: Grupo A: Subgrupo 1 (Empresas Ativas) versus Subgrupo 2 (Organizações de Terceiro Setor ativas); H0A: A longevidade das empresas ativas e organizações de terceiro setor têm idades estatisticamente iguais; H1A: A longevidade das empresas ativas e organizações de terceiro setor têm idades estatisticamente diferentes. Grupo B: Subgrupo 3 (Empresas desativadas) versus Subgrupo 4 (Organizações de Terceiro Setor desativadas); H0B: A mortalidade das empresas e organizações de terceiro setor desativadas ocorre em tempos estatisticamente iguais; H1B: A mortalidade das empresas e organizações de terceiro setor desativadas ocorre em tempos estatisticamente diferentes.

O software estatístico Action versão 2.7 foi utilizado para realizar as análises. Foram utilizados dados secundários com o cadastro das organizações junto à base de dados da Receita Federal do Brasil e da Junta Comercial do Estado de São Paulo. Optamos por realizar a análise

(6)

em São Paulo porque é o Estado brasileiro com maior número de organizações e a realização da pesquisa em apenas uma região da federação facilitou a coleta de dados.

RESULTADOS Organizações Ativas

O Grupo de análise A, buscou comparar a idade das organizações ativas, sendo 438 empresas e 37 instituições de terceiro setor. Após a aplicação dos testes o p valor encontrado foi de 0,308, portanto a hipótese H0A é aceita. Com isso, não é possível afirmar que a idade entre os subgrupos sejam diferentes, aceitamos elas como estatisticamente iguais. Ao estudar o Gráfico 1 percebe-se que as médias de idade são bem semelhantes, porém chama atenção a grande quantidade de outliers no grupo empresarial, puxando a média, mediana e a distribuição das observações para cima. Acredita-se que tal situação também se deve à proliferação e registro das organizações de terceiro setor ocorreu mais recentemente no processo histórico, há poucos anos essas instituições nem mesmo se registravam (NICHOLLS, 2010).

Gráfico 1: Boxplot de Comparação das organizações ativas.

Entretanto, faz-se necessário investigar algumas concepções teóricas que reforçam a similaridade entre organizações do segundo e do terceiro setor. Entre elas pressupõe-se a necessidade de planejamento adequado, necessidade de capacitação e profissionalização da gestão (EDWARDS et al., 2013). Além desses aspectos, não há mais nada que pudesse se destacar para justificar a igualdade estatística na idade das organizações ativas, assim os resultados mais fortes apresentam-se no comparativo entre as organizações inativas.

Empresa ativa Terceiro setor ativa

0 10 20 30 40 50 60 70

Gráfico comparativo expectativa de vida

Tipo de organização

Organizações ativas

(7)

Organizações Desativadas

Inicialmente verifica-se menor mortalidade proporcional das organizações de terceiro setor (36,2% dessas instituições, na amostra, estão desativadas contra um total de 42,3% entre as empresas). Além disso, a análise estatística rejeita H0B, com valor p de 0,035, ou seja, a mortalidade das empresas e organizações de terceiro setor desativadas ocorre em tempos estatisticamente diferentes. Ao analisar o Gráfico 2 observar-se que a morte das organizações de terceiro setor não está tão concentrada nos três primeiros anos quanto a morte das empresas, mesmo com os outliers alavancando o tempo médio de mortalidade empresarial.

Gráfico 1: Boxplot de Comparação das organizações ativas.

Por isso, ao analisar a mortalidade dos grupos é possível inferir que as organizações de terceiro setor sobrevivem mais tempo que as empresas. Esse resultado alinha-se com os pressupostos teóricos de Hannan e Freeman (1977) que explicitam o objetivo social das organizações, bem como a motivação de sua existência como fator ambiental base para a sobrevivência organizacional. Além disso, a própria caracterização de entidade sem fins lucrativos também ampara maior facilidade para a sobrevivência, mesmo em um cenário de menor capacitação técnica da direção. A profissionalização da gestão no terceiro setor torna-se, portanto, imprescindível para a sustentabilidade e perpetuação dessas organizações (PINHO et al., 2010).

Entre os pressupostos teóricos observados por Chér (1991) e Degen (2005) para a descontinuidade de organizações, vários deles não se enquadram ao terceiro setor como:

situações de baixo poder de barganha não seriam relevantes para essas instituições, que também não possuem cargas tributárias elevadas, nem concorrentes ou instituições que desejariam sua falência, pelo contrário sua perpetuação é desejada pelos stakeholders, além disso, as falhas nas projeções de receitas, custos, entradas e saídas de capital não seriam determinantes tendo em vista que as organizações de terceiro setor não possuem fins lucrativos.

Empresa desativada Terceiro setor desativada 0

10 20 30 40

Gráfico comparativo mortalidade Empresas x Terceiro Setor

Tipo de Organização

Idade desativação

(8)

Petras e Veltmeyer (2000) analisam a influencia neoliberal no financiamento de Organizações Não Governamentais e destacam esse auxílio como um dos fatores que levam à sobrevivência das Organizações de Terceiro Setor em países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos. Existe também um interesse do Estado, no funcionamento dessas organizações, tanto no apoio financeiro, quanto técnico, porque a sociedade civil organizada consegue remediar situações que o Estado não atinge (BRESSER-PEREIRA & GRAU, 1999).

Assim, a sobrevivência das organizações de setor por um tempo maior é explicada pelas características de complexidade e pelo próprio caráter contraditório que as tornam diferenciadas, sua forma de capitalização, financiamento, com objetivos aceitos por vários espectros da sociedade e também pelo Estado tornam estas instituições passíveis de perpetuação, mais do que o segundo setor, ou as empresas.

CONCLUSÕES

Ao analisar o contexto geral de longevidade e mortalidade das organizações percebe-se a grande dificuldade de sobrevivência. Os ecólogos organizacionais observam tal fato por meio de estudo sobre taxas de sucesso e fracasso e o presente artigo procurou compreender melhor uma das variáveis, a idade organizacional, mais especificamente uma comparação entre organizações de terceiro setor e empresas. A formulação das hipóteses levou em consideração que o empreendimento social poderia ser diferenciado. Se por um lado o fato de ser um novo tipo de organização, a falta de profissionalização da gestão, dificuldades na formalização poderiam configurar um quadro negativo para a sobrevivência organizacional, por outro, a finalidade social, ausência da necessidade do lucro e a justificação perante stakeholders, traziam uma perspectiva mais otimista para essas organizações.

Em vista dos resultados apresentados é imprescindível observar a diferença na idade de morte entre as organizações desativadas. Há uma grande mortalidade de empresas especialmente nos três primeiros anos de vida, enquanto o terceiro setor apresenta desativações mais espaçadas ao longo do tempo, um comportamento sistematicamente diferente. Por isso, faz- se necessário apresentar sugestões de estudos futuros em uma linha qualitativa para investigar como e porque isso ocorre. Vale ressaltar que a apresentação de tais resultados, bem como a exploração dessa temática entre os empreendimentos sociais pode contribuir com o planejamento para a longevidade destas instituições porque o estudo da mortalidade apresenta um contexto ambiental que permite a preparação dessas organizações de modo mais efetivo para a perpetuação, aprendendo sobre suas limitações específicas e aproveitando os potenciais inerentes ao terceiro setor. Por fim, o estudo mostrou-se relevante, tanto do ponto de vista acadêmico quanto de seu entendimento aplicado, onde a sobrevivência das organizações de terceiro setor é diferente e por isso depende de circunstâncias distintas em relação às organizações empresariais.

(9)

REFERÊNCIAS

ARASTI, Z.; ZANDI, F.; TABELI, K.. Exploring the Effect of Individual Factors on Business Failure in Iranian New Established Small Businesses. International Business Research, v.5, n.4, p.2-13, 2012.

BALDACCHINO, L.. Entrepreneurial experience and opportunity identification: the role of intuition and cognitive versatility. Warwick: University of Warwick, 2013.

BRESSER-PEREIRA, L. C.; GRAU, N. C.. Entre o Estado e o mercado: o público não-estatal. Rio de Janeiro: FGV, 1999.

CARROLL, G.; WADE, J.. Density dependence in the evolution of the American brewing industry across different levels of analysis. Social Science Research, v.20, n.3, p.271-302, 1991.

CASSON, M.. Entrepreneurship and the theory of the firm. Journal of Economic Behavior and Organization, v.58, n.2, p.327-348, 2005.

CERTO, S. T.; MILLER, T.. Social entrepreneurship: Key issues and concepts. Business Horizons, v.51,n.4, p.267-271, 2008.

CHÉR, R.. A gerência das pequenas e médias empresas. 2 ed. São Paulo: Maltese, 1991.

DE MORI, F.. Empreender: identificando, avaliando e planejando um novo negócio. Florianópolis: Escola de Novos Empreendedores, 1998.

DEGEN, R.. O empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo: Pearson Education, 2005.

DEES, J. G.; ANDERSON, B. B.. For-profit social ventures. International Journal of Entrepreneurship Education, v.2, n.1, p.1-26, 2003.

EDWARDS, R.; SMITH, G.; BUCHS, M. Environmental management systems and the third sector: exploring weak adoption in the UK. Environment and Planning C: Government and Policy, v.31, n.1, p.119-133.

2013.

FLECK, D. L.. Archetypes of organizational success and failure. Brazilian Administration Review, v.6, n.2, p.78-100, 2009. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1807-76922009000200002

HANNAN, M. T.; FREEMAN, J.. The population ecology of organization. American Journal of Sociology.

V.82, n.5, p.929-964, 1977.

HARRIS, T.; HARDIN, J. W.. Exact Wilcoxon signed-rank and Wilcoxon Mann-Whitney ranksum tests. The Stata Journal, v.13, n.2, p.337-343, 2013.

MAIR, J.; MARTI, I.. Social entrepreneurship research: A source of explanation, prediction, and delight.

Journal of World Business, v.41, n.1, p.36-44, 2006.

MARSICK, V.J. WATKINS, K.. Demonstrating the Value of an Organization's Learning Culture: The Dimensions of the Learning Organization Questionnaire. Advances in Developing Human Resources, v.

5, n.2, p.132-151, 2003.

NICHOLLS, A.. The Institutionalization of Social Investment: The Interplay of Investment Logics and Investor Rationalities. Journal of Social Entrepreneurship, v.1, n.1, p.70-100, 2010.

PETRAS, J.; VELTMEYER, H.. Hegemonia dos Estados Unidos no novo milênio. Petrópolis: Vozes, 2000.

PINHO, L. A.; GUIMARÃES, I. P.; LEAL, R. S.. Profissionalização da Gestão Organizacional no Terceiro Setor: Um Estudo de Caso na Fundação Instituto Feminino da Bahia. Contabilidade, Gestão e

Governança, v.13, n.3, p.132-148, 2010.

(10)

ROTHEROE, N.. Social return on investment and social enterprise: Transparent accountability for sustainable development. Social Enterprise Journal, v.3, n.1, p.31-48, 2007.

SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (São Paulo). Dez anos de monitoramento da sobrevivência e mortalidade de empresas. São Paulo: Sebrae, 2008.

TOWNSEND, D. M.. Perceived institutional ambiguity and the choice of organizational form in social entrepreneurial ventures. Entrepreneurship, v.32, n.4, p.685-700, 2008.

ZAHRA, S.; RAWHOUSER, H. N.; BHAWE, N.; NEUBAUM, D. O.; HAYTON, J. C.. Globalization of social entrepreneurship. Strategic Entrepreneurship Journal, v.2, n.2, p.117-131, 2008.

Referências

Documentos relacionados

• Quando o navegador não tem suporte ao Javascript, para que conteúdo não seja exibido na forma textual, o script deve vir entre as tags de comentário do HTML. <script Language

Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor documental, isto é, para que possa ser aceito como documento original, é necessário existir

Neste trabalho avaliamos as respostas de duas espécies de aranhas errantes do gênero Ctenus às pistas químicas de presas e predadores e ao tipo de solo (arenoso ou

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

3.3 o Município tem caminhão da coleta seletiva, sendo orientado a providenciar a contratação direta da associação para o recolhimento dos resíduos recicláveis,

Preliminarmente, alega inépcia da inicial, vez que o requerente deixou de apresentar os requisitos essenciais da ação popular (ilegalidade e dano ao patrimônio público). No

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação