Mensagem do Presidente
N o a n o 2 0 0 9 , o s c i d a d ã o s d e M a c a u e o s trabalhadores do sector financeiro comemoraram com alegria o 60o aniversário da fundação da Mãe Pátria e o 10o aniversário do estabelecimento da RAEM. Este também foi o ano do 20o aniversário da criação da Autoridade Monetária de Macau (AMCM) e o ano em que todos os sectores lutaram contra a crise financeira internacional. No entanto, com a protecção do Governo Central e sob a liderança do Governo da RAEM, todos os sectores resistiram às influências negativas da crise financeira internacional, tendo a economia de Macau recuperado de um crescimento negativo no 1o semestre para um crescimento positivo no 2o semestre ultrapassando, pois, todas as dificuldades. Actualmente, com a crise financeira ainda no horizonte, a situação da recuperação económica mundial está numa fase instável, apesar das políticas económicas implementadas em consequência do “tsunami financeiro”, havendo países que encontraram ou começaram a dispor de medidas que levaram ao êxito dos mercados, embora ocultando ainda a crise que poderá provocar flutuações no mercado, pelo que, todos os sectores
devem tomar atenção e enfrentá-las.
No ano transacto, a AMCM cumpriu as suas atribuições, tendo continuado a apoiar o f u n c i o n a m e n t o e o d e s e n v o l v i m e n t o d a s instituições financeiras, assegurou a estabilidade do sistema financeiro de Macau e elevou a sua capacidade de concorrência, tendo promovido a recuperação e o desenvolvimento do mercado e envidado esforços para a estabilidade e recuperação da economia de Macau.
No domínio da supervisão bancária, a AMCM vem adoptando sempre uma abordagem focada no risco como princípio de supervisão, reforçando o nível de supervisão do risco. A AMCM também toma em atenção a mudança do ambiente financeiro interno e externo dos bancos, aperfeiçoa a legislação de supervisão bancária e assegura que, num ambiente de mudança constante, as instituições financeiras mantenham medidas eficazes de controlo interno e procedimento de controlo do risco, incluindo medidas de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo (AML/CFT) para enfrentar os respectivos riscos. Para além disso, após o “tsunami financeiro”, surgiram novas características reveladoras do risco no domínio financeiro, que houve que enfrentar, pelo que a AMCM vem exercendo as suas competências para prevenir os riscos financeiros do sistema.
Para além dos exames “on-site” e das revisões “off-site” a efectuar permanentemente aos bancos, a AMCM também reforça a comunicação e o intercâmbio com o sector bancário, bem como o contacto e cooperação com as autoridades de supervisão financeira exteriores, aperfeiçoando os diplomas legais de supervisão bancária e assegurando que, num ambiente de mudança constante, os bancos mantenham capacidade de resistência ao risco.
Baseada nas experiências e nas consultas às recomendações de avaliação efectuadas pelas
instituições internacionais, a AMCM alterou a “Directiva contra o Branqueamento de Capitais e o Financiamento do Terrorismo”, com vista a aperfeiçoar o respectivo mecanismo. Paralelamente, a AMCM lançou o “Guia de Orientação sobre a Gestão de Continuidade de Negócio”, a qual pretende que um plano de continuidade de negócio esteja disponível para fazer face à gestão do risco, devendo as suas disposições ser cumpridas quando as instituições definirem os seus objectivos de exercício contínuo. Foi também publicada o “Guia de Orientação sobre o Outsourcing”, para que se efectue uma supervisão apropriada sobre tal contratação. Foi ainda implementada a “Directiva sobre o Tratamento de Queixas Apresentadas por Clientes", a fim de aperfeiçoar os requisitos e as disposições do sistema de tratamento de queixas. Para reforçar a garantia do consumo financeiro, foram feitas consultas sobre instruções de supervisão de colocação de produtos financeiros e sobre fornecimento e revelação de informações bancárias. A AMCM efectuou várias discussões com o sector sobre a supervisão de colocação de produtos financeiros, pretendendo adquirir um equilíbrio entre a supervisão e o desenvolvimento do mercado e procurando que seja alcançado um acordo entre todas as partes, de modo a que as mesmas possam ser implementadas no decurso deste ano. Gostaria de referir que, após coordenação e seguimento durante cerca de um ano, as instituições agentes da RAEM encontraram solução para o caso “Mini-bonds” do “Lehman Brothers” e 99,0% dos investidores afectados chegaram a acordo em conformidade com a referida solução.
Em 2009, foi alargado o âmbito das operações individualizadas em renminbis (RMB) em Macau e foram levantadas as respectivas restrições de operações. Com o lançamento das “Regulamentos e Medidas Administrativas sobre a Liquidação das Transacções Comerciais Transfronteiriças em RMB” (Programa Piloto), é permitido aos bancos de Macau a regularização das transacções em RMB no comércio
transfronteiriço entre as empresas e as empresas de natureza experimental do Interior da China, através do banco de compensação de Macau para a regularização das transacções em RMB e/ou do seu banco-agente no Interior da China. Para suportar o desenvolvimento das referidas operações, em 14 de Dezembro de 2009, a AMCM assinou um Memorando de Cooperação complementar respeitante das operações em RMB com pessoas singulares com o Banco Popular da China (BPC). O alargamento da área de actividades em RMB facilita o estreitamento das relações entre Macau e o Interior da China, aprofunda a cooperação e a harmonia nas áreas económica e financeira entre Macau e o Interior da China e contribui para uma base de desenvolvimento regular e estável a longo prazo do sector bancário de Macau.
Após contribuição conjunta, o sector bancário inverteu a tendência de descida, tendo aumentado os resultados das operações e vindo a tornar-se cada vez mais estável. Até final do ano transacto, o total dos activos do sistema bancário atingiu MOP426,9 mil milhões, o que corresponde a um aumento de 18,7 %; o rácio de adequabilidade de capital (RAC) situou-se no confortável nível de 15,6%; o rácio de crédito vencido (CMP) fixaram-se em 0,6%; a qualidade dos activos manteve-se elevada; o total dos depósitos atingiu MOP306,8 mil milhões, enquanto que o total dos empréstimos registou MOP186,6 mil milhões, tendo o rácio empréstimo/ depósito estabilizado nos 60,8%. Actualmente respira-se uma melhor atmosfera das operações de mercado e as perspectivas deste também se manifestam positivas, quando comparadas com as do ano anterior.
No que toca à implementação das tarefas de supervisão da actividade seguradora, através das revisões “off-site” às instituições de seguros e de gestão de fundos privados de pensões, a AMCM tem implementado uma contínua e eficaz supervisão, tendo consolidado a supervisão do risco, através
dos exames “on-site”. Paralelamente, com vista a reforçar a solvabilidade das seguradoras e assegurar que as instituições possuam apropriada capacidade e liquidez financeira, a AMCM tem aperfeiçoado os requisitos de qualidade de garantia dos activos e determinado o regime de regularização das provisões técnicas. Segundo o plano original, foram concretizados processamentos de indemnizações e aumentados os prémios de seguros de acidentes e doenças profissionais. Porém, respeitante ao seguro de responsabilidade civil automóvel do sector de transportes, nomeadamente o projecto do ajustamento de prémios e as indemnizações de veículos de transportes públicos e outros pesados, com a coordenação activa da unidade de estrutura responsável e em comunicação com as várias entidades, a AMCM tem procurado uma conclusão que seja aceite por todas as partes envolvidas. Para além disso, a consulta preliminar e a revisão das normas sobre legislação de supervisão da actividade seguradora encontram-se em andamento, incluindo as revisões da legislação dos agentes e correctores de seguros.
Embora o mercado tenha sofrido flutuação com o “tsunami financeiro”, a situação global do mercado de seguros de Macau tem-se mantido estável e dinâmica, os prémios das várias actividades têm-se mantido estáveis, enquanto que nas indemnizações não se registou qualquer anomalia e os resultados positivos revelaram-se gradualmente semelhantes aos níveis anteriores à crise. O total de prémios anuais de 2009 atingiu MOP3,3 mil milhões; de entre estes, os prémios do ramo geral foram de MOP928,0 milhões, enquanto que os relativos aos seguros do ramo vida se elevavam a MOP2,3 mil milhões, tendo atingido níveis semelhantes aos do ano anterior. Com vista a assegurar a estabilidade e aperfeiçoar as garantias de vida da reforma dos trabalhadores, a AMCM tem fomentado o desenvolvimento das actividades através da supervisão das instituições de gestão de fundos privados de pensões. Até
final de 2009 registou-se um total de activos de fundos privados de pensões de MOP5,0 mil milhões; atingiram-se 75.000 empregados participantes, representando uma descida de 8,3%.
Em conformidade com o espírito do Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais (CEPA) e a criação de mais actividades dos operadores do sector de seguros, a AMCM está a negociar com as entidades de supervisão de seguros do Interior da China, no sentido de estabelecer um centro de exame de habilitação dos operadores de seguros em RAEM, tendo-se verificado uma resposta muito positiva. Por outro, de acordo com o espírito do “Esboço da Reforma e Plano de Desenvolvimento para a Região do Delta do Rio das Pérolas” (“Esboço”), efectuou-se um estudo sobre a cooperação entre o sector de seguros de Macau e do Interior da China, de uma maneira muito própria. No que se refere à Reserva Cambial e à gestão do Fundo de Reserva da RAEM, tendo em atenção as mudanças aceleradas da situação financeira internacional do mercado de investimento, incluindo a situação instável dos câmbios, títulos, bolsas e juros, a AMCM vem adoptando estratégias de investimento prudenciais e estáveis para gerir a gestão da Reserva. Paralelamente, a AMCM também adoptou instrumentos financeiros como “hedge” de juros a prazo e obteve resultados estáveis, tendo aumentado o lucro da Reserva Cambial. Até o final de 2009, a Reserva Cambial da RAEM era avaliada em MOP146,6 mil milhões, com um crescimento de MOP19,4 mil milhões, correspondente a 15,3% de aumento. No mesmo período, o Fundo de Reserva da RAEM atingiu os MOP12,8 mil milhões, o que corresponde a um aumento de MOP426,4 milhões ou 3,4% de crescimento, concretizando uma garantia para a estabilidade cambial da moeda local.
Com vista a assegurar a circulação e o fornecimento de numerário em patacas, a AMCM autorizou o Banco
da China, Sucursal de Macau e o Banco Nacional Ultramarino a emitir novas notas, satisfazendo o desenvolvimento económico e as necessidades em numerário. A fim de comemorar o 10o aniversário do regresso de Macau à Pátria, a AMCM emitiu também moedas comemorativas para assinalar a efeméride. Além disso, com o objectivo de elevar a eficácia de supervisão e o funcionamento financeiro, a AMCM, em 2009, reforçou a construção da infra-estrutura financeira, tendo terminado uma série de explorações do “software” financeiro e a construção do sistema. Após apreciação e autorização do respectivo processo, iniciará o processo de concurso público do “real-time settlement system”. Por outro lado, com o funcionamento do inquérito aos créditos às pequenas e médias empresas, inquérito de uniformização de dados, registo de dados de bancos, inquérito do crédito/depósito do sector bancário, função de auto identificação de dados estatísticos, sistema de publicação na internet dos dados estatísticos passados, inquérito relativo à liquidez do sector bancário, inquérito das estatísticas relativas aos empréstimos hipotecários, foi aperfeiçoada a globalidade e eficácia das estatísticas financeiras.
Enquanto se reforçou o desenvolvimento do “software” financeiro e a construção do sistema, os trabalhos e estudos estatísticos financeiros obtiveram bons resultados. Em primeiro lugar, foi alargado o âmbito de publicação periódica dos dados oficiais, tendo-se elevado o número de informações de actividades do mercado financeiro local. Em segundo lugar, em conformidade com as sugestões e os critérios das organizações internacionais, aperfeiçoou-se a qualidade dos trabalhos de estatísticas financeiras. Para além disso, iniciaram--se os trabalhos de investigação cooperativa com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Estas actividades profissionais destinaram-se a consolidar a elaboração de políticas, elevando a credibilidade
da execução das políticas financeiras monetárias. Paralelamente, com a publicação do “Esboço”, concluiu-se o estudo temático que veio a fornecer opiniões e propostas sobre a futura cooperação financeira entre Cantão, Hong Kong e Macau.
Relativamente ao intercâmbio e cooperação exteriores, a AMCM pretende reforçar o contacto com o Interior da China e os países de língua portuguesa (PLP). Em Maio de 2009, a AMCM organizou uma delegação do sector financeiro de Macau, a Pequim e a Cantão. Em Agosto, participou no “5o Fórum sobre Cooperação e Desenvolvimento da Região do Grande Delta do Rio das Pérolas”, nele tendo efectuado uma apresentação temática. No que diz respeito ao intercâmbio com os PLP, a AMCM organizou, em Abril e Setembro, a Conferência dos Governadores dos Bancos Centrais de Língua Portuguesa e o XII Encontro de Directores e Técnicos de Recursos Humanos dos Bancos Centrais de Língua Portuguesa. Em Setembro, foi convidada pelo Governador do Banco de Portugal, a participar no 19o “Encontro de Lisboa” dos Governadores dos Bancos Centrais dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e de Timor-Leste.
Para o ano 2010, com os indícios da recuperação do sistema financeiro, a situação financeira internacional está a emergir, apesar de ainda não se conseguirem vislumbrar os resultados da recuperação, mas existindo esperanças nas mudanças já visíveis. No entanto, como já referimos, alguns países programam já o êxito dos seus mercados, o que oculta novos riscos com a flutuação do mercado. Tudo isto está a testar o sistema financeiro mundial que se encontra na fase de recuperação e será um novo desafio que deve ser enfrentado pelo supervisor financeiro e pelas instituições.
Sendo um mini sistema financeiro aberto, é fácil que Macau sofra as influências positivas e negativas
TENG LIN SENG, ANSELMO Presidente da economia externa. Assim, perante mudanças
no mercado financeiro internacional, devem ser conhecidas e tomadas medidas apropriadas e atempadas com vista a diminuir os factores negativos que possam influenciar a economia e a situação financeira global da RAEM. O sector deverá prestar suficiente atenção e consideração ao futuro desenvolvimento do mercado e manter comunicação e cooperação com vista a enfrentar todos os desafios e dificuldades que venham a surgir. Por outro lado, a AMCM adoptará medidas de prevenção com vista a controlar e a prevenir os novos riscos e a instabilidade do mercado financeiro internacional. Como o termo do programa de garantia de cobrança total de depósito ocorrerá no final deste ano, a
AMCM já iniciou o respectivo estudo e está a negociar com o sector, de uma maneira activa, procurando a implementar um projecto que satisfaça ambas as partes, ou seja, o estabelecimento de um sistema de seguro de depósitos em Macau.
Creio que, sob a liderança do Governo da RAEM e com o apoio da Pátria, o sector financeiro de Macau, ao aproveitar as oportunidades no “Esboço” e no desenvolvimento da Ilha de Montanha, reunirá condições para se integrar no desenvolvimento da Região do Delta do Rio das Pérolas. Tenho a certeza de que a economia e as finanças de Macau se encaminham para uma nova fase de desenvolvimento.