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Renê Drezner INTRODUÇÃO

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Academic year: 2021

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A Posição dos blocos continentais no mercado internacional do futebol

através da análise da situação dos jogadores que disputaram a Copa do

Mundo de 2014

Renê Drezner

INTRODUÇÃO

Os jogos de futebol representam uma das principais formas de entretenimento da sociedade atual, tendo muito destaque nos meios de comunicação e movimentando grande volume financeiro. O destaque na mídia e o giro financeiro são proporcionais à importância do evento, quanto maior for o evento mais destaque e dinheiro ele terá. Isto possibilita a ocorrência de uma grande hierarquia entre as competições (principalmente entre clubes), com as equipes que disputam os maiores torneios tendo mais destaque e poder financeiro, o que permite a elas captar melhores profissionais para seu elenco, principalmente jogadores, criando um amplo mercado.

Atualmente o mercado de jogadores de futebol está muito difundido

internacionalmente com grande interação entre as ligas. No centro do mercado estão as grandes equipes europeias que tem poder para captar os principais jogadores do mundo. Além delas, também existem outros centros regionais com forte poder de atração, além de importantes centros de formação de jogadores. De modo geral, o mercado se

constitui em uma extensa e complexa rede de transações com os atletas de melhor desempenho migrando para as equipes mais ricas e os com queda para as ligas mais pobres. Em virtude deste fato, a análise do mercado de jogadores pode ser uma referência eficiente para caracterização de como um determinado país se comporta no âmbito internacional e comparação do nível competitivo entre os países ou continentes. Por esta razão, este trabalho tem o objetivo de avaliar a posição dos blocos

continentais e do Brasil no mercado internacional através do mapeamento da posição dos jogadores que disputaram a Copa do Mundo de 2014.

METODOLOGIA:

Para realização do levantamento foi utilizada como amostra todos os jogadores (736) que disputaram a Copa do Mundo de 2014. Em um primeiro momento os

jogadores foram agrupados por país e posteriormente em blocos continentais. Os blocos continentais foram divididos em seis grupos:

Países de elite da Europa (Europa elite): os cinco países com as ligas nacionais mais fortes: Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália e França.

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Outros países da Europa (Europa não elite): Holanda, Bélgica, Suíça, Grécia, Croácia, Rússia, Portugal e Bósnia.

Países da América do Sul (América do sul): Brasil, Argentina, Colômbia, Uruguai, Chile e Equador.

Países da CONCACAF (CONCACAF): Costa Rica, Estados Unidos, México e Honduras.

Países da África (África): Nigéria, Argélia, Costa do Marfim, Gana e Camarões.

Países da Ásia (Ásia): Japão, Coreia do Sul, Irã e Austrália.

Para realização da comparação foi utilizado como indicador a classificação das equipes dos jogadores dentro do mercado internacional. Para isso foram criadas dez categorias:

Equipes de elite (Elite): grupo composto por 20 equipes com maior destaque nas cinco ligas mais importantes da Europa; Barcelona, Real Madrid, Atlético de Madrid, PSG, Mônaco, Bayer de Munique, Borussia Dortmund, Shalque O4, Juventus, Roma, Napoli, Inter de Milão, Milan, Manchester City, Liverpool, Chelsea, Arsenal, Tottenham, Everton e Manchester United.

 Equipes que disputam a primeira divisão das cinco ligas mais importantes da Europa (Top) com exceção das equipes de elite.

 Equipes que disputam competições europeias (UEFA Champoins League e Europa League) que não pertencem as cinco ligas mais importantes (Fora).

 Equipes europeias que não disputam competições continentais e nem pertencem à primeira divisão das cinco ligas principais (EUR).

Equipes que disputam competições nacionais na CONCACAF (CONCACAF).

Equipes que disputam competições nacionais na América do Sul (ASU).

Equipes que disputam competições nacionais na Ásia (ASA).

Equipes que disputam competições nacionais na África (AFR).

 Equipes que disputam campeonatos nacionais no país de origem dos atletas que não sejam as cinco ligas principais europeias (PONE).

 Equipes que disputam campeonatos nacionais no país de origem dos atletas e que sejam uma das cinco ligas principais da Europa (PO ELITE)

Além disso, foi criada uma categoria adicional denominada Top Elite, que engloba as categorias Elite e PO Elite. Esta categoria adicional foi criada com intuito de possibilitar comparação do número de atletas que jogam em equipes de elite entre os países que possuem as cinco ligas mais fortes com os outros países.

RESULTADOS:

Os resultados do levantamento estão representados nas tabelas 1 e 2. TABELA 1: Classificação dos Países no mercado de jogadores.

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DISCUSSÃO:

Totalidade dos jogadores:

Os resultados da tabela 1 mostram que mais de 50% (56,5) do total de atletas jogam em equipes que disputam campeonatos europeus ou nas cinco ligas principais da Europa (TOP ELITE 25%, TOP 21,7% e FORA 9,8%). Este dado comprova a força que as principais equipes da Europa têm sobre o mercado. Além disso, 46,5% dos atletas jogam nas cinco ligas mais fortes da Europa (384 jogadores). Isto significa que quase metade dos jogadores que disputaram a Copa do Mundo ficam restrito a um universo de 98 equipes (18 no campeonato Alemão e 20 nas outras quatro ligas), com média de mais ou menos quatro jogadores por time.

Outro aspecto interessante do levantamento é o grande número de jogadores que jogam em seus respectivos países de origem 35,3% (PO ELITE 8% e PONE 27,3%). Estes dados mostram uma segunda tendência de preferência por jogadores que atuam nos mercados nacionais.

Os outros mercados não apresentaram tendência de atração com valores que ficaram abaixo de 10%, (variando entre 8,4, equipes europeias de menor expressão, e 0,5, equipes africanas). Aliás, estes dados mostram um forte indício que o mercado africano de clubes é o mais fraco financeiramente.

Comparação entre blocos continentais:

Os resultados da tabela 2 mostram a distribuição dos jogadores de cada bloco nos diversos tipos de mercado. O bloco ELITE EUROPA tem a maior concentração de jogadores nas equipes de ELITE com 73,9% do total. Sendo que 51,3% jogam nas equipes de elite de seus respectivos países. Este dado era esperado, já que é comum as equipes preferirem captar os jogadores de seus respectivos países. Além disso, quase a totalidade de jogadores jogam nas cinco ligas principais (98,3% do total). Somente dois atletas jogam fora destas cinco ligas.

O bloco NÃO ELITE EUROPA apresenta um valor bem menos expressivo de jogadores que jogam nas equipes de elite (apenas 20,1%). Este dado mostra grande disparidade entre o outro bloco europeu. A grande preferência de mercado dos atletas é de jogar nas ligas de seus países (34,2%) seguido pelas categorias TOP (27,2%), ELITE (20,1%) e FORA (12,5%). Isto comprova mais uma vez o forte poder de atração das cinco ligas principais europeias que captaram quase 70% dos atletas que não jogam na liga de seus países. Outro aspecto interessante é que quase a totalidade dos jogadores deste bloco jogam no continente europeu. Apenas um jogador joga no mercado asiático.

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O bloco AMÉRICA DO SUL apresenta o segundo maior valor percentual de jogadores que jogam nas equipes de elite (30,4%) e o segundo menor valor de atletas que jogam nos campeonatos nacionais (somente 17,4%). Este dado mostra a tendência do mercado sul-americano de formar de atletas para os outros mercados. Outro aspecto interessante, é que mais de 50,7% (30,4% ELITE mais 20,3% TOP) deles joga nas cinco ligas principais, outro dado que comprova a força das principais ligas europeias. Como complemento, também é mostrada uma tendência regional de atração com destaque para os mercados ASU (9,4%) e CONCACAF (8,0%).

O bloco CONCACAF apresenta grande concentração de jogadores que jogam no campeonato de seus respectivos países (48,9%) do total. É o maior valor para os blocos fora do continente europeu. Uma das razões para este fato está relacionada com a força das ligas mexicana e americana. Outro aspecto interessante é que dos jogadores que jogam fora destas ligas a maior concentração fica distribuída entre as equipes menores das cinco ligas principais da Europa (TOP 18,5%) e das equipes que jogam as

competições europeias fora das cinco ligas principais (FORA 15,2%). Este é um indício de que os jogadores deste bloco ocupam um lugar intermediário no mercado europeu. E como último ponto a destacar está a atração regional do bloco que responde por 9,8% do total (CONCACAF). Este fato pode estar relacionado com a força das ligas mexicana e americana sobre os jogadores dos outros países do bloco.

O bloco ÁFRICA apresenta uma característica muito peculiar, com uma

porcentagem muito pequena de jogadores que jogam no continente. Isto ocorre tanto com os jogadores que jogam nas ligas nacionais de seus países de origem (PONE 8,7%), como com os jogadores que jogam no bloco regional (AFR 3,5%). Estes dados dão fortes indícios que o papel do mercado africano no âmbito internacional é de exportar jogadores para os outros mercados, principalmente na Europa. Com relação ao mercado europeu a maior concentração de jogadores ficou distribuída entre as equipes menores das cinco ligas principais da Europa (TOP 36,5%) e as equipes europeias de menor expressão (EUR 28%). Estes dados mostram que, diferente dos jogadores sul-americanos, os jogadores africanos ocupam um mercado de menor destaque na Europa. O bloco ÁSIA apresenta um comportamento de distribuição concentrado no bloco asiático, com mais de 50% do total de atletas. Deste percentual a maioria é composta por jogadores que jogam nas ligas do país de origem (PONE 41,3% contra ASA 13%). Esta distribuição é muito semelhante ao bloco CONCACAF. Dos jogadores que jogam no mercado europeu a maioria dos atletas atua nas pequenas equipes das cinco grandes ligas europeias (TOP 17,4%) e nas equipes de menor expressão da Europa (EUR 16,3%). Distribuição muito parecida com o bloco ÁFRICA.

Brasil:

Os jogadores da seleção brasileira apresentam forte tendência de atuação nas equipes de elite da EUROPA, com 15 dos 23 jogadores. Apenas Espanha (23

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jogadores), Inglaterra (18) e Alemanha (18) apresentam concentração maior. Este dado mostra a força que os jogadores brasileiros possuem no mercado internacional, fazendo perder um pouco de força a tese de que o fracasso brasileiro nos jogos da semifinal e disputa de terceiro lugar seja pela qualidade individual de nossos atletas. Outro aspecto interessante, apesar de ser um número quase inexpressivo, é o fato de um jogador de seleção brasileira estar jogando no bloco CONCACAF, mais precisamente na liga americana. Isto pode ser um forte indicador de crescimento da liga americana, que no futuro pode se tornar um importante centro de captação de jogadores.

CONCLUSÃO:

Os resultados do levantamento comprovam a importância do mercado europeu no âmbito internacional na captação de atletas. Dentro deste mercado os atletas europeus e sul-americanos são os mais requisitados. Além deles, existe forte captação de jogadores africanos, mas eles são mais requisitados pelas equipes de fora da elite. Outro ponto interessante está relacionado com a força de atração de alguns mercados periféricos, principalmente centrados nos blocos CONCACAF e ÁSIA. Em relação aos jogadores brasileiros os resultados indicam que o Brasil continua sendo uma das principais fontes de captação dos clubes de elite da Europa, tendo muito destaque no âmbito internacional na formação de jogadores de excelência.

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