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Direito de Greve. Fonte: Henrique Correia. Vide OJ 10, 11 e 38, SDC. Lei de 1989.

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Direito de Greve

Fonte: Henrique Correia

Vide OJ 10, 11 e 38, SDC. Lei 7.783 de 1989.

A greve é paralisação coletiva, total ou parcial, com o objetivo de ​defender

interesses profissionais. Vale ressaltar que a greve é um direito fundamental, mas que deve ser exercido coletivamente, de maneira que se for exercida individualmente pode acarretar a dispensa por justa causa em razão da indisciplina.

A mesma tem natureza jurídica de ​suspensão contratual​, durante o qual, via de regra, o empregado não receberá os salários. É possível que após o fim da greve seja formalizado acordo para pagamento dos dias parados, hipótese em que terá natureza jurídica de interrupção contratual.

Em relação aos servidores públicos, o STF entendeu que via de regra, os mesmos não devem receber pelos dias parados, salvo se a greve teve relação com ilícito cometido pelo Poder Público, hipótese em que o pagamento será devido ( ​RE 693.456​). O tema foi cobrado na primeira fase da PGM-MANAUS.

Ao empregador, é ​vedado​, via de regra, rescindir o contrato de trabalho dos trabalhadores que aderirem à greve, exceto se houver abuso ou falta grave. A lei 6.019 prevê a vedação de se contratar trabalhadores temporários para substituição aos que estão em greve (Art. 2º, §1º, Lei do Trabalho Temporário).

É possível que após a greve seja formalizado acordo coletivo prevendo estabilidade aos empregados que aderirem à greve. No entanto, o TST entende que esse acordo não pode ser extensível aos trabalhadores temporários, sob pena de transformar em contrato por tempo indeterminado (informativo 72, TST).

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Greve política: ​O TST entende que a greve política não surte efeitos, sendo abusiva (informativo 85, TST). Isso ocorre tendo em vista que a greve é instrumento para melhorar as condições de trabalho, não sendo instrumento para fazer pressão política.

Recentemente, o TST declarou abusiva a greve do setor petroleiros sob o seguinte fundamento: “Em decisão desta terça-feira (29/5 de 2018), a ministra afirmou que a greve tem motivos políticos, e não de reivindicação de condições de trabalho ou salário, o que é ilegal”. Mais informações sobre o caso: https://www.conjur.com.br/2018-mai-29/agu-tst-declarou-greve-petroleiros-ilegal

De acordo com o Art. 611-B, XXVII, CLT, constitui objeto ilícito de negociação para supressão ou redução, o direito de greve. Isso ocorre em virtude de o mesmo ser garantia constitucional dos trabalhadores (Art. 9º, CRFB).

O Direito de greve não é absoluto, sendo necessário, para que surta efeitos, de respeitar alguns pontos previstos em lei. São eles: a) ​prévia negociação: ​antes de ser convocada a greve, é necessário que tenha sido buscada a solução amigável por meio de negociação coletiva. Vejamos:

Art. 3º Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho.

OJ nº 11 - SDC: ​É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e pacificamente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto.

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b) ​greve que não atende as necessidades básicas da população: ​durante o período de greve, devem ser asseguradas o cumprimento de serviços que não podem ser adiados, tais como, hospitais, segurança e alimentação da população. De acordo com o entendimento do TST:

É abusiva a greve que se realiza em setores que a lei define como sendo essenciais à comunidade, se não é assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista na Lei nº 7.783/89.

C) ​Manutenção da greve após a celebração de acordo: ​com a assinatura do acordo, os grevistas devem acabar com o movimento, sob pena de ser declarada abusiva, vide Art. 14, Lei de greve. No entanto, existem duas hipóteses em que a greve pode ser mantida mesmo após a celebração de acordo. São elas: c.1) para exigir o cumprimento das cláusulas objeto de acordo e c.2) se existir fato novo que modifique a situação do contrato.

Vale salientar que se a greve for considerada ​abusiva​, não serão reconhecidos os direitos e vantagens almejados pelos obreiros. Vejamos:

OJ nº 10: É incompatível com a declaração de abusividade de movimento grevista o estabelecimento de quaisquer vantagens ou garantias a seus partícipes, que assumiram os riscos inerentes à utilização do instrumento de pressão máximo. Ademais, caso a greve seja considerada abusiva, é permitido ao empregador dispensar empregados por justa causa e contratar outros para preencher as vagas. No entanto, não será permitida a demissão em massa (RO-180-67-2016, SDC).

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Se liga​: Em caso de lesão ao interesse público nas greves em atividade essencial, o Art. 114, §3º, da CF88, legitima o ajuizamento de dissídio coletivo de greve pelo Ministério Público do Trabalho.

De acordo com o entendimento do STF, em caso de greve de servidores públicos celetistas, a justiça competente para julgar a abusividade ou não da greve será da justiça comum, seja ela federal ou estadual ( ​RE 846.854​). Essa temática também foi cobrada na prova objetiva da PGM-MANAUS.

Lockout: ​é a paralisação das atividades empresariais por iniciativa do empregador, não sendo considerada hipótese permitida na legislação. A consequência dessa conduta é o pagamento dos dias em que houve a paralisação, ocorrendo verdadeira hipótese de interrupção contratual. Ainda, em tese é possível a rescisão indireta do contrato de trabalho por parte do empregado.

Art. 17. ​Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout).

Parágrafo único. A prática referida no caput assegura aos trabalhadores ​o direito à percepção dos salários durante o período de paralisação.

Em relação aos servidores públicos, não cabe dissídio coletivo de natureza econômica, mas tão somente social. Vejamos:

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Em face de pessoa jurídica de direito público que mantenha empregados, cabe dissídio coletivo exclusivamente para apreciação de cláusulas de natureza social. Inteligência da Convenção nº 151 da Organização Internacional do Trabalho, ratificada pelo Decreto Legislativo nº 206/2010.

Isso ocorre em virtude da necessidade de lei específica para conceder aumentos aos servidores. No mesmo sentido, o TST já decidiu que o dissídio coletivo não pode ser utilizado para obter a condenação do estado ao pagamento de salários, cestas básicas e vale-transportes (informativo 63, TST).

Importante: ​De acordo com o STF, o exercício do direito de greve é vedado aos servidores públicos que trabalham na área da segurança pública. Vejamos:

(1) o exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. (2) É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do artigo 165 do Código de Processo Civil, para vocalização dos interesses da categoria”. ARE 654.432

Se liga​: em relação aos servidores militares, a Constituição proíbe, expressamente, a sindicalização e a greve dos mesmos, conforme Art. 142, §3º, IV, CRFB.

É importante saber quais são as atividades consideradas como essenciais, na lei de greve, por ser muito cobrado no âmbito dos concursos. Vejamos:

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Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis;

II - assistência médica e hospitalar;

III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;

IV - funerários;

V - transporte coletivo;

VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações;

VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares;

IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo;

XI compensação bancária.

Vale ressaltar que nessas atividades devem ser asseguradas as necessidades inadiáveis da população. De acordo com a OJ nº 38, SDC:

É abusiva a greve que se realiza em setores que a lei define como sendo essenciais à comunidade, se não é assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista na Lei nº 7.783/89.

A greve nas atividades essenciais devem ser comunicadas com antecedência de ​72

horas ao empregador, enquanto nas outras atividades a comunicação deve ser

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Atividades essenciais 72 horas de antecedência

Atividades “comuns” 48 horas de antecedência

Durante a greve, os maquinários que não podem ser desligados por causarem prejuízos ao empregador devem ser mantidos, inclusive possibilitando ao empregador que contrate outras pessoas para assegurar esse direito. Vejamos:

Art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento.

Parágrafo único. Não havendo acordo, é assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o direito de contratar diretamente os serviços necessários a que se refere este artigo.

Após leitura do presente material, recomendo uma leitura de toda lei de greve e das OJ mencionadas acima, para que fixar o assunto. Via de regra, são cobradas a letra da lei e os entendimentos jurisprudenciais quanto ao tema.

Bons Estudos!

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