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DEVIDO À PROLAPSO PENIANO

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Academic year: 2021

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PENECTOMIA EM TARTARUGA TIGRE-D’ÁGUA (Trachemys scrypta elegans) DEVIDO À PROLAPSO PENIANO

Autores: Acacia Rebello COUTINHO1, Luiz Eduardo de Souza TASSINI2, Mário César Rennó de ARAÚJO3, Tathiana Mourão dos ANJOS4, Daniela Bastos de

Souza Karam ROSA5, Júlio César Cambraia VEADO6

1 Aluna da Graduação do curso de Medicina Veterinária EV-UFMG,
acaciarc-5@hotmail.com 2 Médico Veterinário – Aluno Pós-Graduação EV-UFMG

3 Médico Veterinário

4 Médica Veterinária – Doutoranda em Medicina Veterinária (UFMG); 5 Médica Veterinária – Aluna Pós-Graduação EV-UFMG

6 Prof. Associado II – Escola de Veterinária (Universidade Federal de Minas Gerais)

RESUMO

O pênis dos quelônios é exposto quando o animal se excita, podendo sofrer traumas, como por mordida, interrupção forçada da cópula ou tração durante a cópula, levando ao prolapso peniano ou parafimose. Quando o tecido está viável, é possível um tratamento conservativo com redução do edema e reversão do pênis à cloaca. Se houver necrose, deve-se realizar penectomia. Este trabalho tem por objetivo relatar um caso de prolapso peniano em Tigre-d’água corrigido cirurgicamente, com descrição dos procedimentos pré, trans e pós cirúrgicos. A glande apresentava-se edemaciada, com áreas de necrose e fria ao toque, indicando a inviabilidade do tecido, sendo necessária a penectomia. Foi usado protocolo anestésico de cetamina e xilazina. Após exposição e antissepsia do pênis, os corpos cavernosos foram ligados individualmente. A sutura e a amputação foram realizados cranialmente ao tecido desvitalizado, e o coto suturado foi realocado na cloaca. Realizou-se sutura em bolsa de tabaco para evitar recidiva. Para o pós-operatório, foram prescritas aplicações de enrofloxacino e cetoprofeno, e que fosse feito curativo tópico com soro fisiológico, cloredixine 0,2% e pomada à base de nitrofurazona, uma vez ao dia. O animal se recuperou de forma adequada, sem

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intercorrências no pós-operatório. O proprietário relatou que ele se comportava normalmente, sem dificuldade para urinar e defecar, e alimentando-se bem. Quando o animal expôs o pênis este não reverteu à cloaca, o que sugere um prognóstico favorável. Graças à anamnese e exame clínico adequados, foram instituídos técnicas cirúrgicas, protocolo anestésico e tratamento seguros e eficazes, sendo o procedimento de penectomia um método efetivo para correção de prolapso peniano. Palavras-chave: répteis; amputação; parafimose.

Keywords: reptiles; amputation; paraphimosis.

REVISÃO DE LITERATURA

O pênis dos quelônios fica retraído na cloaca, podendo se expor em situação na qual o animal está excitado. Em termos de macroestrutura, o pênis das tartarugas é formado por um corpo e uma glande, que é tipicamente cinza escura, roxa, ou próxima ao preto. Um longo ducto - sulco - seminal, envolvido por cumes seminais, extende-se da base do pênis até o óstio uretral na glande. Ao contrário do observado nos mamíferos, o sulco seminal é exposto, e não um ducto interno (ZUG, 1966).

Quando em seu estado flácido, o pênis fica contido na cloaca. Esta cavidade é dividida em três porções: Coprodeum - porção inicial; Urodeum - porção média; Proctodeum - porção final, nas quais se desembocam, respectivamente, o intestino delgado, os vasos deferentes e os ureteres e, no caso dos machos, albergando o pênis quando não ereto (CUBAS et al., 2007).

Em situações de trauma como mordidas, tração durante a cópula ou interrupção forçada de cópula, pode ocorrer o prolapso peniano ou parafimose (BOYER, 1996; BARTEN, 2006; CUBAS et al., 2007). Caso a vitalidade do órgão esteja preservada, indica-se tratamento conservativo com aplicação de compressas frias, agentes higroscópicos e hipertônicos para reduzir o edema. Realiza-se limpeza, lubrificação e reposição do pênis para a cloaca, podendo ser feita sutura em bolsa de tabaco para evitar recidiva (BOYER, 1996; GOULART, 2004). Quando o tecido apresenta necrose, deve-se realizar a penectomia (BOYER, 1996; GOULART, 2004).

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DESCRIÇÃO DO CASO

Foi atendido no setor de animais silvestres da Clínica Veterinária Vetmaster, em Belo Horizonte, Minas Gerais, uma tartaruga Tigre-d’água (Trachemys scrypta

elegans), macho, de 9 anos de idade e pesando 1,85 Kg, com histórico de prolapso

peniano há 3 dias devido a uma possível cópula.

A glande estava edemaciada, com áreas de necrose e fria ao toque, indicando a inviabilidade do tecido. Por este motivo, optou-se pela cirurgia de penectomia.

O protocolo anestésico foi a associação de cetamina (40mg/Kg) e xilazina (0,5 mg/Kg), administrados por via intramuscular. O animal entrou em plano anestésico, apresentando parada do reflexo de retração de pescoço, cloaca, dígitos e córnea. O pênis foi exposto e realizado antissepsia local. Os corpos cavernosos foram ligados individualmente com ligadura em massa utilizando fio sintético absorvível nº 3-0. A sutura e a amputação foram realizados cranialmente ao tecido desvitalizado, e o coto suturado foi realocado na cloaca. Por fim, realizou-se sutura em bolsa de tabaco na cloaca para manter o coto retido, utilizando-se fio de nylon nº 2-0.

O retorno anestésico ocorreu sem complicações. O pós-operatório foi realizado com aplicações de enrofloxacino (5 mg/Kg, uma vez ao dia) e cetoprofeno (2 mg/Kg, uma vez ao dia) injetáveis, via intramuscular, por 7 e 3 dias respectivamente. Prescreveu-se curativo tópico com soro fisiológico, cloredixine 0,2% e pomada à baPrescreveu-se de nitrofurazona, uma vez ao dia. Nesse período, o macho foi mantido isolado da fêmea. A sutura externa foi retirada após duas semanas.

O animal não apresentou intercorrências durante o pós operatório, recuperando-se de forma adequada. Um mês após a cirurgia, foi realizado retorno do paciente e o proprietário relatou que seu comportamento e alimentação estavam normais, sem dificuldade para urinar e defecar.

DISCUSSÃO

A penectomia é indicada em casos de parafimose com lesões graves, infecção, necrose ou em parafimose crônica. A necrose causa toxemia, septicemia e pode levar à morte. No caso descrito optou-se pela penectomia, pois o tecido avaliado já apresentava necrose; porém, caso o tecido avaliado estivesse ainda viável,

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poderia-se optar por tentativas de redução do edema (BOYER, 1996; CUBAS et al., 2007). Nestas situações, após eficaz redução do edema, o animal deve ser sedado, e é realizada uma sutura em bolsa de tabaco na cloaca, para reter o pênis e evitar recidiva. É importante lembrar que a sutura em bolsa de tabaco deve ser adequada de forma a não permitir que haja novo prolapso, porém frouxa o suficiente para permitir a eliminação de excretas (BENNET, 1989; BOYER, 1996; CUBAS et al., 2007). O proprietário deve ser orientado a monitorar o animal diariamente, observando se a eliminação de excretas está sendo realizada de forma adequada e sem dificuldades. Nos casos em que se opta pela penectomia, a ausência do órgão não prejudica a capacidade de micção, já que em tartarugas o pênis só tem função reprodutiva (BARTEN, 2006; CUBAS et al., 2007). Acredita-se que o animal tentou copular, expôs o pênis e este não reverteu à cloaca. Isso sugere um prognóstico favorável, pois o prolapso não foi secundário a situações como hiperparatireoidismo secundário nutricional, déficits neurológicos ou traumáticos envolvendo músculos retratores do pênis ou esfíncter cloacal (BENNET, 1989; BARTEN, 2006). Havendo suspeita de causas primárias ao prolapso, é preciso que seja determinada de forma a evitar recidiva, nos casos em que não se optou pela penectomia. O procedimento cirúrgico pode ser realizado com o animal sedado e sob anestesia epidural ou sob anestesia geral. Nesse caso, optou-se por utilizar anestesia geral com associação de cetamina devido à sua ação anestésica dissociativa e xilazina, por sua ação miorrelaxante (BENNET, 1989; BOYER, 1996). O plano anestésico foi adequado, considerando-se o reflexo de retração e de córnea.

CONCLUSÃO

A realização de uma anamneses e exame clínico adequados, que permitam diagnósticos diferenciais, é essencial para que o clínico possa direcionar o paciente à melhor conduta de tratamento. O protocolo anestésico utilizado mostrou-se seguro e eficaz, assim como a realização do procedimento de penectomia demonstrou ser um método efetivo para correção do prolapso peniano. Apesar de que após o procedimento o paciente fica incapaz de copular, seu prognóstico é favorável.

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BARTEN SL. Penile prolapse. In: MADER, D. R. Reptile medicine and surgery. 2 ed. Saunders, 2006, p.862-864.

BENNET RA. Reptilian surgery, part I: basic principles, Compend Contin Edc Pract Vet 11:10, 1989.

BOYER, TH. BOYER, DM. Turtles, tortoises, and terrapins. In: MADER, DR. Reptile Medicine and Surgery. Philadelphia: W.B. Saunders, 1996. cap. 7, p. 61-78.

CUBAS ZS, SILVA JCR, CATÃO-DIAS JL. Tratado de animais selvagens. São Paulo: Roca, 2007.

GOULART, CES. Herpetologia, Herpetocultura e Medicina de Répteis. Rio de Janeiro: LF Livros de Veterinária, 2004. 329p.

ZUG, GR. 1966. The penial morphology and the relationships of cryptodiran turtles. Occasional Papers of the Museum of Zoology, University of Michigan 647, 1-24. ZWART P. Urogenital system. In: Beynon PH, Lawton MPC, Cooper JE, editors: Manual of reptiles, Gloucestershire, England, 1992, British Small Animal Veterinary Association.

Referências

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