• Nenhum resultado encontrado

Uma abordagem metodologica para o projeto de produtos inclusivos

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Uma abordagem metodologica para o projeto de produtos inclusivos"

Copied!
237
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Uma Abordagem Metodológica para o Projeto de

Produtos Inclusivos

Autora: Flávia Bonilha Alvarenga

Orientador: Prof. Dr. Franco Giuseppe Dedini

(2)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

DEPARTAMENTO DE PROJETO MECÂNICO

Uma Abordagem Metodológica para o Projeto de

Produtos Inclusivos

Autora: Flávia Bonilha Alvarenga

Orientador: Prof. Dr.Franco Giuseppe Dedini

Curso: Engenharia Mecânica

Área de Concentração: Mecânica dos Sólidos

Tese de doutorado acadêmico apresentada à comissão de Pós Graduação da Faculdade de Engenharia Mecânica, como requisito para a obtenção do título de Doutor em Engenharia Mecânica.

Campinas, 2006 S.P. – Brasil

(3)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

DEPARTAMENTO DE PROJETO MECÂNICO

TESE DE DOUTORADO ACADÊMICO

Uma Abordagem Metodológica para o Projeto de

Produtos Inclusivos

Autora: Flávia Bonilha Alvarenga

Orientador: Prof. Dr. Franco Giuseppe Dedini

_________________________________________________ Prof. Dr. Franco Giuseppe Dedini

Faculdade de Engenharia Mecânica - UNICAMP

____________________________________________________

Prof. Dr. Acires Dias

Departamento de Engenharia Mecânica- UFSC

____________________________________________________

Prof. Dr. Luis Gonzaga Trabasso

Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA

__________________________________________________ Prof. Dr. Euclides de Mesquita Neto

Faculdade de Engenharia Mecânica – UNICAMP

__________________________________________________ Prof. Dr. Milton Dias Júnior

Faculdade de Engenharia Mecânica – UNICAMP

(4)

Dedicatória

(5)

Agradecimentos

Este trabalho não poderia ser terminado sem a ajuda de diversas pessoas às quais presto minha homenagem:

À Deus por me dar força nos momentos difíceis e por me iluminar nos momentos de dúvida.

Aos meus pais e minha família pelo incentivo em todos os momentos da minha vida e pela compreensão da minha ausência.

Ao meu orientador Franco Giuseppe Dedini, que se tornou um grande amigo e o qual eu tenho enorme admiração e carinho, agradeço pelos conselhos, pelo exemplo ético e pelas sugestões criativas.

À Profa. Kátia Lucchesi Cavalca pelo apoio e incentivo, pelos trabalhos que confiou a mim e pela sua amizade.

A todos os professores e colegas dos departamentos DPM e DMC, pelos momentos de apoio e descontração.

À Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e aos Professores Nelson Back, Fernando Antônio Forcellini, Acires Dias, André Ogliari pelo apoio e orientação durante o doutorado sanduíche em Florianópolis. Aos colegas do Nedip e do GEPP.

À Profa. Marta Dischinger (UFSC) pela orientação e atenção considerável para comigo e para o meu trabalho.

À Profa. Maria Teresa Égler Mantoan (UNICAMP) pelo incentivo e pelos momentos de motivação.

Aos colegas do Projeto Proesp que sempre estiveram com materiais disponíveis e dos quais tive um convívio excelente e engrandecedor.

(6)

Não se pode ensinar alguma coisa a um homem,

apenas ajudá-lo a encontrá-la dentro de si mesmo

(7)

Resumo

ALVARENGA, Flávia Bonilha, Uma Abordagem Metodológica para o Projeto de Produtos Inclusivos, Campinas: Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, 2006. 218 p. Tese (Doutorado).

A população mundial está envelhecendo e o número de pessoas com necessidades especiais está aumentando. Atualmente novas tecnologias e novos produtos estão sendo desenvolvidos para melhorar a qualidade de vida. A maioria dos produtos não são acessíveis à toda a população, sendo geralmente projetados para um público alvo, excluindo pessoas com deficiência e idosos. A busca pela inclusão de pessoas com deficiência na sociedade gerou um grande número de leis e uma abordagem de projeto denominada Universal Design. O princípio do Universal Design é obter produtos que possam ser usados pelo maior número de pessoas possível. Esta tese tem o objetivo de propor uma metodologia de projeto para prover a inclusão dessas pessoas em relação ao uso de produtos. Para isso foi necessário um estudo aprofundado sobre os princípios do Universal Design, sua importância e suas principais abordagens. Através de estudos sobre metodologias de projeto e suas principais ferramentas foi possível propor uma metodologia de projeto onde se aplicam os conhecimentos do processo de projeto do produto norteados pelos princípios do Universal Design. O processo metodológico de projeto utilizado nesta tese foi baseado no estado da arte dos processos de desenvolvimento de produtos mais conhecidos, identificando e combinando ferramentas de projeto tradicionais de forma a conceber uma metodologia dedicada a encontrar o mais alto grau de inclusividade possível entre os processos em estudo. A metodologia proposta consiste no desdobramento das duas fases iniciais do projeto do produto denominadas estudo da viabilidade e projeto preliminar, em etapas e em tarefas que orientam o projetista na execução do desenvolvimento de um produto. Como forma de validação da metodologia proposta, um protótipo de um módulo de locomoção foi desenvolvido como estudo de caso que foi testado e o mesmo demonstrou desempenho satisfatório e com uma ampla gama de funções alternativas.

Palavras Chave:

Metodologia de Projeto, Projeto Inclusivo, Projeto Universal, Projeto para Todos, Desenvolvimento de Produto, Cadeira de Rodas.

(8)

Abstract

ALVARENGA, Flávia Bonilha, A Methodological Approach for Inclusive Product Design, Campinas: Faculty of Mechanical Engineering, State University of Campinas, 2006. 218 p. Ph.D. Thesis.

The world population is aging and the number of people with special needs is also increasing. Nowadays, new technology and products have been developed to improve quality of life. Most of the products are not accessible to all the population, being generally designed for a target public, excluding disabled and elderly people. In order to include disabled people in the society, large numbers of laws have been elaborated and a new approach of projects called Universal Design has been created. The principle of Universal Design is to obtain products that can to be used by the largest possible number of people. This thesis has the objective of proposing a design methodology for including this category of people with respect to use of products. Therefore, it was necessary to conduct a study about the main principles of Universal Design, its importance and its main approaches. Through studies on design methodologies and its main tools, it was possible to propose a new design methodology using the principles of Universal Design. The design methodology proposed in this thesis was based on the state-of-the-art of well-known design methodologies, identifying and combining traditional design tools in order to obtain an inclusive design methodology. The proposed methodology consists in two initial phases of product design: the viability study and the preliminary design. For the evaluation of the proposed methodology, a locomotion module prototype has been developed as a case study. The prototype was tested and demonstrated a satisfactory performance with great extent of alternative functions. Key Words

Design methodology, Inclusive Design, Universal Design, Design for All, Product Development, Wheelchair.

(9)

Índice

Capítulo 1 ...1

Introdução e Estrutura do Trabalho...1

1.1 Introdução ...1 1.2 Motivação ...3 1.3 Apresentação do Problema...4 1.4 Justificativa do trabalho...6 1.5 Relevância do trabalho ...7 1.6 Objetivos do trabalho ...8

1.7 Abrangência e limitações do trabalho...10

1.8 Contribuições ...11

1.9 Estrutura do trabalho...11

Capítulo 2 ...13

Projeto Inclusivo - Revisão da Literatura ...13

2.1 Projeto Inclusivo - Definição...13

2.1.1 Definição de inclusão...14

2.2 Evolução e motivação para o projeto inclusivo...15

2.3 Discussão sobre a adoção do projeto inclusivo nas indústrias ...17

2.4 Exemplos de projeto inclusivo...20

2.5 Terminologia e classificação das deficiências ...24

2.5.1 Dados Estatísticos ...27

2.6 Abordagens para o projeto inclusivo...33

2.7 Exclusão de projeto...39

2.7.1 Populações ...42

2.7.2 Mérito de inclusividade ...43

(10)

2.10 Sumário ...57

Capítulo 3 ...59

Processo de Projeto de Produtos e Metodologias de Projeto: Aspectos Gerais, Análise Crítica e Discussões...59

3.1 Processo de desenvolvimento de produtos (PDP) ...59

3.2 Metodologias de projeto...62

3.2.1 Metodologias para o processo de desenvolvimento de produtos ...63

3.3 Comparativo entre as metodologias ...65

3.4 Estudo sobre abordagens inclusivas ...72

3.5 Sumário ...80

Capítulo 4 ...81

Proposta de uma Abordagem Metodológica para o Projeto Inclusivo. ...81

4.1 O Modelo...81

4.2 Metodologia proposta...83

4.3 Diretrizes para o desenvolvimento de metodologias de projeto ...83

4.4 Fase do estudo da viabilidade do projeto inclusivo ...87

4.5 Início do projeto...91

4.6 Fase 1- Estudo da viabilidade do projeto inclusivo...91

4.6.1 Etapa 1.1: Pesquisar informações sobre o tema de projeto ...92

4.6.2 Etapa 1.2: Definir o problema de projeto...92

4.6.3 Etapa 1.3: Identificar os desejos e necessidades dos clientes do projeto inclusivo ...93

4.6.4 Etapa 1.4:Coletar os desejos e necessidades de usuários, clientes e especialistas...94

4.6.5 Etapa 1.5: Estabelecer requisitos dos clientes do produto inclusivo ...97

4.6.6 Etapa 1.6: Definir os requisitos de projeto do produto inclusivo ...98

4.6.7 Etapa 1.7: Analisar, se houver, produtos concorrentes ...99

4.6.8 Etapa 1.8: Estabelecer as especificações de projeto do projeto inclusivo...100

4.6.9 Etapa 1.9: Modelar funcionalmente o produto inclusivo...100

4.6.10 Etapa 1.10: Desenvolver princípios de solução ...102

4.6.11 Etapa 1.11: Desenvolver as alternativas de solução para o produto...104

4.6.12 Etapa 1.12: Definir a arquitetura...104

4.6.13 Etapa 1.13: Realizar a viabilidade econômica ...107

4.7 Fase do projeto preliminar do projeto inclusivo ...110

4.7.1 Etapa 2.1: Selecionar a melhor solução...113

4.7.2 Etapa 2.2: Identificar DFX’s...115

(11)

4.7.4 Etapa 2.4: Análise da sensibilidade e compatibilidade das variáveis ...117

4.7.5 Etapa 2.5: Tornar o produto ergonômico...118

4.7.6 Etapa 2.6: Prover segurança...121

4.7.7 Etapa 2.7: Otimizar parâmetros...121

4.7.8 Etapa 2.8: Prever o comportamento do sistema ...122

4.7.9 Etapa 2.9: Verficar a percepção do usuário ...124

4.7.10 Etapa 2.10: Desenvolver interação com usuário...126

4.7.11 Etapa 2.11: Prover inclusividade ...127

4.7.12 Etapa 2.12: Avaliar a aceitabilidade do produto...128

4.8 Sumário ...129

Capítulo 5 ... 131

Estudo de Caso - Aplicação da metodologia no desenvolvimento de cadeiras de rodas... 131

5.1 Fase do Estudo da Viabilidade ...132

5.1.1 Etapa 1.1 Pesquisar informações sobre o tema do projeto ...132

5.1.2 Etapa 1.2: Definir o problema de projeto...136

5.1.3 Etapa 1.3 Definição dos clientes do produto inclusivo ...138

5.1.4 Etapa 1.4: Coletar os desejos e necessidades de usuários, clientes e especialistas...138

5.1.5 Etapa 1.5: Estabelecer requisitos dos clientes do produto inclusivo ...141

5.1.6 Etapa 1.6: Definir os requisitos de projeto do produto inclusivo ...145

5.1.7 Etapa 1.7: Analisar, se houver, produtos concorrentes ...148

5.1.8 Etapa 1.8: Estabelecer as especificações de projeto do projeto inclusivo...150

5.1.9 Etapa 1.9: Modelar funcionalmente o produto inclusivo...152

5.1.10 Etapa 1.10: Desenvolver princípios de solução ...154

5.1.11 Etapa 1.11: Desenvolver as alternativas de solução para o produto...156

5.1.12 Etapa 1.12 Definir a arquitetura...157

5.1.13 Etapa 1.13: Realizar a viabilidade econômica ...160

5.2 Fase do Projeto Preliminar...165

5.2.1 Etapa 2.1: Selecionar a melhor solução...165

5.2.2 Etapa 2.2: Identificar DFX’s...167

5.2.3 Etapa 2.3: Formular o modelo ...167

5.2.4 Etapa 2.4: Análise da sensibilidade e compatibilidade das variáveis ...168

5.2.5 Etapa 2.5: Tornar o produto ergonômico...168

5.2.6 Etapa 2.6: Prover segurança...170

(12)

5.2.9 Etapa 2.9: Verficar a percepção do usuário ...174

5.2.10 Etapa 2.10: Desenvolver interação com usuário...175

5.2.11 Etapa 2.11: Avaliar a inclusividade do produto ...176

5.2.12 Etapa 2.12: Avaliar a aceitabilidade do produto...176

5.3 Sumário ...176

Capítulo 6 ... 179

Conclusões e Perspectivas Futuras ... 179

6.1 Finalização do Trabalho...181

6.2 Sugestões para pesquisas futuras...182

6.3 Trabalhos publicados ...182

6.3.1 Periódicos nacionais e internacionais ...182

6.3.2 Anais de congressos nacionais e internacionais...183

Apêndice A... 199

Projeto Inclusivo: Glossário de Termos (traduzido de Colleman, 2003) ... 199

Apêndice B... 205

Os Sete Princípios do Universal Design... 205

Apêndice C... 211

(13)

Lista de Figuras

Figura 1.1 Objetivos na sistematização da metodologia inclusiva... 10

Figura 2.1 Site da rede de supermercados, complexo e interação difícil. ... 21

Figura 2.2 Mínimo uso de figuras e interação com o usuário simplificada. ... 21

Figura 2.3 Site atual do grupo Todos Nós, tela normal e tela com alto contrate e texto ampliado. ... 22

Figura 2.4 Painel modificado para se tornar mais acessível e melhor utilizável para todas as pessoas. .. 23

Figura 2.5 Máquina de lavar roupa acessível para todas as pessoas (Toshiba, 2005) ... 23

Figura 2.6 Exemplos de projetos inclusivos. ... 24

Figura 2.7 Proporção de pessoas com mais de 60 anos em países selecionados nos anos de 1990 a 1999... 28

Figura 2.8 Modelo de terminologia para deficiência (Keates e Clarkson, 2003). ... 29

Figura 2.9 Perda de capacidade individual e múltipla da população do Reino Unido com 16+ e 75+ respectivamente (Coleman et al., 2004) ... 32

Figura 2.10 Membros da equipe de projeto simulando dificuldades na operação de seus produtos (fonte Toshiba)... 35

Figura 2.11 Abordagem User Pyramid (Bentzon, 1993) ... 36

Figura 2.12 Através da abordagem bi-dimensional User Pyramid para um mapa tri-dimensional de abordagens de projeto – Inclusive Design Cube (IDC) (Keates e Clarkson, 1999)... 38

Figura 2.13 Estrutura para a avaliação do produto... 41

Figura 2.14 Telefone britânico de botões grandes (Keates e Clarkson, 2003)... 43

Figura 2.15 As populações WINIT (Keates e Clarkson, 2003). ... 43

Figura 2.16 Método do Cubo Inclusivo (CI) (Keates e Clarkson, 1999). ... 45

Figura 2.17 Expansão do mercado em potencial no desenvolvimento de um esquentador de água (adaptado de Clarkson et al., 2000). ... 47

Figura 2.18 Desenvolvimento de nova metodologia baseado no desenvolvimento de produto (Keates et al., 2002)... 51

Figura 2.19 Metodologia dos 7 níveis (Keates et al., 2002)... 53

Figura 2.20 O método do IC combinado com a metodologia dos 7 níveis Clarkson e Keates, 2001). ... 55

(14)

Figura 3.1 Influência percentual sobre o custo do produto, devido às decisões tomadas, referentes ao

projeto, material, mão-de-obra e instalações (Smith e Reinertsen, 1991)... 60

Figura 3.2 Custos de mudanças nas diversas fases de desenvolvimento do produto (Smith e Reinertsen, 1991)... 61

Figura 3.3 Macrofases e Fases do Processo de Desenvolvimento de Produtos (Rozenfeld et al., 2006) modificado e a localização das fases estudo da viabilidade e projeto preliminar... 63

Figura 3.4 Fluxograma da fase do estudo da viabilidade (Dedini e Cavalca, 2001). ... 69

Figura 3.5 Representação da fase do projeto preliminar (Pahl e Beitz, 1996). ... 71

Figura 3.6 - Modelo gap de necessidades dos usuários... 74

Figura 3.7- Projeto de fases genéricas (Stanton, 1998). ... 74

Figura 3.8- Processo de projeto baseado na avaliação iterativa(Dong et al., 2002). ... 75

Figura 3.9- Abordagens bottom-up(A) e top down (B) para o projeto inclusivo... 76

Figura 3.10 Sinopse do kit de ferramentas (Dong et al., 2005). ... 78

Figura 3.11 Kit de ferramentas (Toolkit) (Dong et al., 2005)... 78

Figura 3.12- Estrutura de cogumelo para a ferramenta do projeto inclusivo. ... 79

Figura 4.1 Macrofases e fases do processo de desenvolvimento de produtos. ... 82

Figura 4.2 Convenção básica de simbologia para a apresentação da metodologia (Maribondo, 2000).... 85

Figura 4.3 Modelo geral da metodologia de projeto para produtos inclusivos... 87

Figura 4.4 Fase do estudo da viabilidade da metodologia proposta. ... 89

Figura 4.5 Detalhamento do início do projeto para o desenvolvimento do produto inclusivo... 91

Figura 4.6 Processo de pesquisa de informações sobre o tema do projeto... 92

Figura 4.7 Atividades necessárias para a definição do problema de projeto. ... 93

Figura 4.8 Tarefas necessárias para a definição dos clientes do projeto inclusivo... 94

Figura 4.9 Atividades necessárias para a coleta de desejos e necessidades dos usuários, clientes e especialistas ... 95

Figura 4.10 Atividades básicas ao estabelecimento dos requisitos dos clientes do projeto. ... 97

Figura 4.11 Atividades básicas ao estabelecimento de requisitos de projeto. ... 99

Figura 4.12 Atividade básica para análise dos sistemas concorrentes. ... 100

Figura 4.13 Atividade básica para estabelecer as especificações de projeto do projeto inclusivo ... 100

Figura 4.14 Atividades necessárias para estabelecer as estruturas funcionais. ... 101

Figura 4.15 Atividades necessárias para o desenvolvimento de princípios de solução... 103

Figura 4.16 Atividades para a determinação de alternativas de projeto para o produto. ... 104

Figura 4.17 Atividades para a determinação da arquitetura do produto... 105

Figura 4.18 Exemplo da aplicação de MIM ... 105

Figura 4.19 Ferramentas de auxílio para a execução do projeto modular (Ferreira, 2002). ... 107

Figura 4.20 Atividades para realizar a viabilidade econômica do produto... 108

Figura 4.21 Exemplo de construção de matriz de consumo de recursos ... 108

(15)

Figura 4.23 Fase do projeto preliminar do produto inclusivo ... 111

Figura 4.24 Seleção da melhor solução de projeto... 114

Figura 4.25 Ferramentas de métodos de seleção de alternativas de projeto... 114

Figura 4.26 Identificação das DFX’s a serem utilizadas no projeto. ... 115

Figura 4.27 Modelagem do sistema. ... 117

Figura 4.28 Atividades para a realização da análise de sensibilidade e compatibilidade das variáveis. . 118

Figura 4.29 Atividades para tornar o produto ergonômico... 120

Figura 4.30 Atividades para tornar o produto seguro... 121

Figura 4.31 Atividades para executar a otimização do projeto. ... 122

Figura 4.32 Atividades para prever o comportamento do sistema. ... 124

Figura 4.33 Atividades para verificar a percepção do usuário em relação ao produto... 125

Figura 4.34 Atividades para desenvolver a interação do usuário com o produto... 126

Figura 4.35 Atividades para prover a inclusividade do produto. ... 127

Figura 4.36 Atividades para avaliar a aceitabilidade do produto. ... 128

Figura 4.37 Avaliação dos produtos feita por pessoas com deficiência visual e por idosos. ... 129

Figura 5.1 Pessoas com deficiência no Brasil, fonte IBGE censo demográfico 2000. ... 132

Figura 5.2 Definição da população que irá utilizar o produto em desenvolvimento... 133

Figura 5.3 Casa da Qualidade – cadeira de rodas (parte 1)... 146

Figura 5.4 Diagrama FAST de um sistema de motorização para cadeiras de rodas. ... 153

Figura 5.5 Arquitetura do produto, configurações possíveis do arranjo das baterias e motores, (a) baterias na parte traseira do módulo e (b) baterias localizadas na parte central ... 158

Figura 5.6 Possíveis configurações do módulo utilizando baterias menores, localizadas entre os motores, na parte central e na parte traseira do módulo,respectivamente... 158

Figura 5.7 Aplicação da Matriz Indicadora de Módulos (MIM)... 160

Figura 5.8 Diagrama de Mudge para o módulo de locomoção... 162

Figura 5.9 Gráfico Compare... 163

Figura 5.10 Matriz de Pugh para seleção de alternativa de projeto. ... 166

Figura 5.11 Máximo alcance do usuário no plano sagital (a) e máximo alcance no plano transversal(b) (Jarosz ,1996)... 169

Figura 5.12 Modelo da cadeira de rodas com o módulo acoplado na parte frontal da cadeira... 171

Figura 5.13 Simulação da cadeira de rodas com o módulo acoplado na parte frontal da cadeira... 171

Figura 5.14 Gráfico da posição (a), velocidade (b), aceleração (c) e força (d) do modelo da cadeira de rodas com o módulo a frente... 172

Figura 5.15 Modelo da cadeira de rodas com o módulo acoplado embaixo da cadeira. ... 172

Figura 5.16 Simulação da cadeira de rodas com o módulo localizado embaixo da cadeira. ... 173 Figura 5.17 Gráfico da posição (a), velocidade (b), aceleração (c) e força (d) do modelo da cadeira de

(16)

Figura 5.18 Configuração definindo a forma da estrutura do módulo com o arranjo dos motores e baterias. 174

Figura 5.19 Foto da primeira versão do protótipo do módulo de locomoção para cadeiras de rodas... 175

Figura 5.20 Foto da segunda versão do protótipo do módulo de locomoção para cadeiras de rodas... 175

Figura B.1 Portas automáticas são convenientes para todos, especialmente quando as mãos estão ocupadas. ... 205

Figura B.2 Exemplo: Tesouras com empunhadura grande que podem ser seguradas tanto pela mão esquerda, quanto pela mão direita... 207

Figura B.3 Manual de montagem de uma cadeira, as instruções ilustram a montagem auxiliando o entendimento do procedimento... 207

Figura B.4 Exemplo: Uma pessoa com baixa visão opera um termostato com números grandes, indicadores tácteis e sinais audíveis. ... 208

Figura B.5 Exemplo: O menu do computador mostra a seta do mouse para a função “Undo”... 209

Figura B.6 Exemplo: A mão fechada opera a alavanca da porta, empurrando para baixo. ... 209

(17)

Lista de Tabelas

Tabela 2.1 Diferenças nas perspectivas de implantação do projeto inclusivo entre indústrias do Reino

Unido e dos EUA (Donga et al., 2003). ... 18

Tabela 2.2 População com mais de 60 anos de idade segundo continentes e países nos anos de 1990 a 1999 ... 28

Tabela 2.3 Notas de incapacidade e severidade de perda de capacidade (capability loss) (Keates e Clarkson, 2003) ... 30

Tabela 2.4 Perda de capacidade individual e múltipla da população do Reino Unido ... 31

Tabela 2.5 Perda de capacidade individual e múltipla (total) da população do Reino Unido... 31

Tabela 2.6 Os sete princípios do Universal Design (Story et al., 1998) ... 35

Tabela 2.7 Melhoria de usabilidade e inclusividade em chaleiras (adaptado de Clarkson et al., 2000). ... 49

Tabela 3.1 Comparativo entre as principais metodologias de projeto no processo de desenvolvimento de produtos... 66

Tabela 3.2 Lista de requisitos (Dong e Clarkson, 2004). ... 77

Tabela 4.1 Funções de inclusividade ... 102

Tabela 4.2 Métodos de criatividade (Rozenfeld, et al., 2006)... 103

Tabela 4.3 Diretrizes de modularização segundo Erixon et al. (1996). ... 106

Tabela 5.1 Pesquisa de modelos e informações técnicas de cadeiras de rodas encontradas no mercado atual. ... 134

Tabela 5.2 Necessidades dos usuários coletadas durante as entrevistas e valoração dos requisitos feita pelos usuários ... 141

Tabela 5.3 Requisitos dos clientes agrupados por categorias e subcategorias... 144

Tabela 5.4 Comparação dos modelos de equipamentos encontrados no mercado atual... 149

Tabela 5.5 Especificações de projeto para o desenvolvimento de um sistema de motorização para cadeiras de rodas, ordenadas segundo a classificação obtida pelo QFD. ... 150

Tabela 5.6 Princípios de soluções levantados para motorização de cadeiras de rodas convencionais. . 155

Tabela 5.7 Alternativas de projeto para motorização de cadeiras de rodas manuais. ... 157

Tabela 5.8 Matriz de consumo de recursos para o módulo de locomoção para cadeiras de rodas manuais. ... 161

(18)

Nomenclatura

Abreviações

ADA – American with Disabilities ADL – Activities of Daily Living AV- Análise do Valor

CAD- Computer Aided Design CAE – Computer Aided Engineering CAM – Computer Aided Manufacturing

EPSRC - Engineering and Physical Sciences Research Council EQUAL- Extending Quality Life

FAST- Function Analysis System Technique HCI - Human Computer Interfaces

ID – Inclusive Design IDC- Inclusive Design Cube

IDEA- Individuals with Disabilities Education Act MIM- Matriz Indicadora de Módulos

PDP - Processo de Desenvolvimento de Produtos PR- Prototipagem Rápida

QFD – Quality Function Deployment UD – Universal Design

(19)

Siglas

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ANSI- American National Standards Association

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CI- Método do Cubo Inclusivo’

DASDA – Dissemination Activities Supporting Design for All DBA- Design Challenge

DFS- Disability Follow-up DFX- Design for X

EUA – Estados Unidos da América HHRC - Helen Hamlyn Research Centre

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas

ICD - International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems ICF- International Classification of Functioning, Disability and Health

ICIDIH- Intenational Classification of Impairment, Disabilities and Handicaps LAB – Laboratório de Acessibilidade

NBR- Norma Brasileira

OMS – Organização Mundial da Saúde RCA- Royal College of Art

SIPP - Survey of Income and Program Participation TRIZ- Teoria da Solução Inventiva de Problemas UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas WHO- World Health Organization

(20)

Capítulo 1

Introdução e Estrutura do Trabalho

1.1 Introdução

O projeto inclusivo constitui uma nova abordagem para obter produtos utilizáveis pelo maior número de pessoas possível. Essa abordagem provém de uma filosofia de projeto que possui várias terminologias, tais como, Universal Design, Design for all e Inclusive Design e que visa à criação de produtos e ambientes que possam ser usados por um grande número de pessoas sem a necessidade de adaptação ou projeto especializado.

O projeto inclusivo consiste basicamente em identificar as necessidades e desejos dos usuários, identificar os requisitos de projeto, expandí-los, avaliá-los e finalmente propor uma concepção de produto mais inclusiva. Este conceito irá aumentar o mercado em potencial do produto trazendo, consequentemente, benefícios para a indústria. O projeto inclusivo não deve ser entendido como uma atividade separada que será aplicada no final do processo. O desenvolvimento de um produto inclusivo deve ser planejado desde o início, passando por todas as fases do processo de projeto. E finalmente, o projeto inclusivo não deve ser visto como um desenvolvimento de produtos para pessoas com deficiência e idosos.

O projeto inclusivo é uma abordagem que expande as fronteiras do processo de projeto. É um projeto para alcançar a menor exclusão de usuários para um produto em desenvolvimento, incluindo crianças, jovens, idosos, pessoas com deficiência, pessoas com necessidades especiais, etc. Ou seja, o processo de projeto inclusivo é importante porque

(21)

estimula a criação de novos produtos mais competitivos, conquista novos mercados de consumidores que antes eram excluídos e aumenta significativamente as vendas na indústria. O projeto inclusivo não é uma opção, é um processo de negócio que está se tornando crítico para a concorrência na indústria. Países do mundo todo têm inserido legislações em relação a assegurar os direitos das pessoas com deficiências e pessoas idosas. Portanto as indústrias precisam se adequar à essas exigências, inovar e atender à constante evolução do mercado competitivo, produzindo produtos inclusivos que seja acessíveis e usáveis pelo maior número possível de consumidores.

Os produtos industriais estão cada vez mais complexos e sofisticados e na maioria das vezes não atendem às reais necessidades do público alvo. Com o aumento da competitividade, a complexidade e o grande número de informações agregadas aos produtos, surge a necessidade da sistematização de metodologias que auxiliem o processo de desenvolvimento de produtos. Sistematizar, neste contexto, é fazer o ordenamento e sequenciamento metódico, lógico com determinada linha de pensamento, levando em conta técnicas, métodos e ferramentas disponíveis e a serem desenvolvidas.

Vários pesquisadores vêm sugerindo metodologias que abordam o processo de projeto para os diferentes ramos industriais, bem como ferramentas e métodos que podem ser aplicados no andamento do projeto tais como, Asimow (1968); Back (1983); Blanchard e Fabricky (1990), Clark e Fujimoto (1991), Ullman (1992), Ulrich e Eppinger (1995), Pahl e Beitz (1996), Ertas e Jones (1996), Dedini e Cavalca (2001), entre outros. Segundo Pahl e Beitz (1996), uma metodologia de projeto que integre os diferentes aspectos do projeto é um meio pelo qual o processo se torna lógico e compreensível. A utilização de metodologias proporciona alguns benefícios como: redução do tempo de projeto, auxílio na formalização do processo de projeto e na produção de soluções bem definidas e precisas, facilidade de implementação computacional, organização de atividades, entre outras.

É nesse sentido que o presente estudo se direciona, concentrando-se mais especificamente nas fases iniciais do processo de projeto, denominadas, fase do estudo da viabilidade e fase do projeto preliminar. Dessa forma, busca-se o entendimento e o detalhamento dessas fases, a fim de contribuir com o processo de desenvolvimento de

(22)

1.2 Motivação

O Laboratório de Projeto Mecânico do Departamento de Projeto Mecânico da Faculdade de Engenharia Mecânica da UNICAMP tem tradição e capacitação no desenvolvimento e construção de protótipos. O histórico de atuação em cadeiras motorizadas também é antigo para este departamento sendo a 1ª cadeira construída em 1982. Já nesta época ficou claro que o problema não era apenas de técnica de engenharia, mas de estudos de informação das necessidades dos usuários, interação com o usuário, estética, custo e condições de operação. Desta época até os dias atuais o departamento tem atuado em problemas relacionados com a dinâmica dos veículos, metodologias de projeto, ergonomia, confiabilidade e processos de otimização. Em várias outras ocasiões o departamento e particularmente a autora desta tese e o professor orientador têm estado envolvidos em projetos de cadeiras de rodas. Entre o período de 2000 a 2005 defendidas duas dissertações de mestrado e duas teses de doutorado orientadas pelo professor.

Pesquisas realizadas no laboratório constataram que no Brasil a maioria das cadeiras de rodas é do tipo convencional manual devido ao fato de que as cadeiras motorizadas possuem um custo muito alto. As cadeiras de rodas manuais são efetivas e possuem um custo baixo em relação às motorizadas, porém a grande limitação desse tipo de cadeira é a dificuldade do usuário durante uma subida e ou descida de rampa e/ou em percorrer longas distâncias. Para solucionar o problema aplicou-se metodologia de projeto e obtiveram-se várias soluções de projeto que atenderiam às necessidades dos usuários. Através de um projeto específico pode-se resolver um problema de acessibilidade e inclusão de mais pessoas na participação da vida social. Essa solução motivou a utilização da filosofia e princípios do Universal Design com os métodos e ferramentas de metodologias de projeto para propor uma metodologia de projeto que desenvolva produtos que possam ser utilizados pelo maior número de pessoas possíveis. Ou seja, a partir de um projeto feito para solucionar um problema específico, pode-se expandir o conceito e chegar a uma metodologia de projeto inclusivo que visa desenvolver produtos que atende pessoas com deficiência e pessoas com necessidades especiais e também pessoas sem deficiência.

(23)

Em 2002 foi criado o Laboratório de Acessibilidade (LAB) na Biblioteca Central da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para adequar a Universidade à uma configuração mais inclusiva no atendimento de alunos com deficiência. O objetivo do LAB é estimular a autonomia e a independência acadêmica dos usuários, por meio de material adaptado e softwares.

Em 2003 foi aprovado o Proesp pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) o projeto intitulado: Acesso, Permanência e Prosseguimento da Escolaridade de Nível Superior de Pessoas com Deficiência: Ambientes Inclusivos. Esse projeto tem como amplo objetivo, garantir aos alunos com deficiência o direito de realizar seus estudos de nível superior em ambientes inclusivos de ensino e aprendizagem. Trata-se de um projeto de natureza interdisciplinar, cuja amplitude e complexidade exigem a integração de áreas de conhecimento da educação, da computação, da engenharia mecânica, da engenharia elétrica, da medicina e atendimento educacional especializado. A equipe do projeto é formada por pesquisadores, professores, alunos de graduação e de pós-graduação da Unicamp. E com a colaboração de profissionais nas áreas de pedagogia, engenharia, artes visuais e jornalismo. A equipe do projeto construiu um site:

http://www.todosnos.unicamp.br, onde divulga as ações do projeto, artigos, legislações,

notícias e links de referência associados à ambientes inclusivos.

A participação no projeto gerou um convívio com pessoas com deficiência, melhorando o entendimento das necessidades dessas pessoas. E a experiência de grandes mestres do assunto gerou uma visão crítica do tratamento atual e legislações. Essa experiência também motivou a pesquisa para o projeto inclusivo.

1.3 Apresentação do Problema

Atualmente estão surgindo novas tecnologias e novos produtos visando melhorar a qualidade de vida das pessoas. No entanto, quase todos os produtos excluem alguns usuários desnecessariamente, e o projeto inclusivo visa destacar e reduzir essa exclusão.

(24)

custo e tempo de desenvolvimento dessa nova concepção de produto. O projeto inclusivo somente será aplicado ou encorajado quando os profissionais (empresários e projetistas) puderem entender com clareza o impacto que suas decisões no projeto do produto irão causar na usabilidade do produto (Keates e Clarkson, 2003).

Outro problema é a diversidade de pessoas que irão utilizar o produto, ou seja, a diversidade de informações que devem ser colocadas na fase inicial do projeto. As pessoas com deficiências ou sem deficiência não formam um grupo homogêneo, cada indivíduo é único. Existem pessoas com deficiências mentais, visuais, auditivas, física e também a combinação de algumas delas ou todas. E como fazer um produto que atenda a todas as pessoas? É improvável que uma simples solução de um produto seja acessível a todos, devido a enorme diversidade de pessoas e suas capacidades.

É importante saber diferenciar “acessibilidade” de “inclusividade”. Um ambiente pode ser acessível, mas não inclusivo. Por exemplo, o cinema é um local acessível, pois existe rampas e local apropriado para pessoas com cadeiras de rodas, no entanto não é um ambiente inclusivo, pois a pessoa não tem a liberdade de escolher o lugar que quer assistir ao filme. Outro exemplo é o projeto de um site. Um site pode ser projetado para cegos e para pessoas não cegas, nesse aspecto as pessoas cegas estão tendo uma visão diferente das pessoas que não são cegas, elas não vêem a mesma coisa. Neste caso o site é acessível, mas não é inclusivo. O site deve ser flexível de modo que todos os tipos de pessoas possam acessá-lo.

A grande dificuldade é de como fazer um projeto de produto inclusivo, pois existe uma carência metodológica nessa área e isso se torna um desafio. Atualmente o que existem são ferramentas para avaliação do produto, mas não existe nenhum processo de projeto, de modo sistemático que possa resolver o problema.

Portanto, para resolver este problema, esta tese sugere uma metodologia de projeto, onde se aplicam os conhecimentos do processo de projeto do produto norteados pelos princípios do Universal Design.

(25)

1.4 Justificativa do trabalho

A população mundial está envelhecendo e o número de pessoas com deficiência está aumentando (Keates e Clarkson, 2003). Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 10% da população mundial possui algum tipo de deficiência. Na Europa é estimado que 24% do total da população terá idade acima de 65 anos em 2030 (Kinsella e Velkoff, 2001). No Brasil, segundo o IBGE (2000) existiam aproximadamente nove milhões de pessoas com deficiência física e/ou alguma deficiência motora (ter alguma ou grande dificuldade permanente de caminhar ou subir escadas), 2,4 milhões com grande dificuldade de enxergar, entre outras.

Estimando-se a população com algum tipo de deficiência em 14,5% da população total, ou seja, aproximadamente 24,5 milhões de pessoas teriam algum tipo de deficiência no país. Com a mudança demográfica global, não só mercado brasileiro, mas também o mundial está necessitando do desenvolvimento de produtos e serviços que permitam a inclusão e participação de todas as pessoas na sociedade, pois os produtos atuais, desenvolvidos especificamente para o público com necessidades especiais possuem custo alto. Essas pessoas formam um grande e potencial mercado consumidor que quer adquirir produtos, ir para o lazer, participar de eventos, participar do mercado, e que ficam em suas casas porque o sistema atual não está preparado para recebê-las. É possível que o motivo seja a falta de conhecimento do assunto ou a falta de uma sistematização estruturada para direcionar o processo de projeto.

Desde que surgiram os primeiros princípios sobre o Universal Design (Story et al., 1998), foi observado o grande crescimento de textos e informações em sites internacionais e a divulgação em revistas internacionais. No entanto tal conhecimento está se espalhando de modo desorganizado, encontrando-se as informações repetitivas e inviáveis de se consultar. Outro problema é a inexistência de métodos e ferramentas para apoiar os profissionais nessa área. Portanto torna-se imprescindível a organização destes dados, juntamente com o desenvolvimento de uma estrutura sistemática que auxilie os projetistas no desenvolvimento de produtos inclusivos para consolidar esta atividade na indústria. É

(26)

preciso direcionar o processo de projeto inclusivo, disponibilizar ferramentas e métodos e exemplificar o momento correto de utilizá-los (Coy, 2003).

Com base no estado da arte, verificou-se que existe uma preocupação em incluir pessoas com necessidades especiais no mercado de consumo, porém não existe ainda uma metodologia de projeto para atingir o objetivo de fazer essa inclusão. Geralmente os produtos são projetados para uma média de um grupo de uma população (Iida, 1990), no entanto esse grupo não existe. Pirkl (1994) acredita que é possível criar produtos que possam ser usados por qualquer pessoa, não importando a idade ou a habilidade do indivíduo. Neste sentido, para haver uma inclusão das pessoas com necessidades especiais, é necessário desenvolver uma metodologia inclusiva com métodos e ferramentas que possa ser aplicada no processo de projeto utilizado nas indústrias. Essa atitude irá alertar o projetista, durante o desenvolvimento de produto, a se preocupar com questões inclusivas e assim desenvolver um produto inclusivo.

1.5 Relevância do trabalho

O desenvolvimento de uma metodologia para projetar produtos inclusivos, além de estratégico para inovação de produtos e tornar os produtos mais competitivos na indústria, também possui um grande aspecto social a ser considerado. A inclusão das pessoas com necessidades especiais na sociedade (Mantoan, 1997, Ely et al., 2001, Dischinger et al., 2004, Fávero et al., 2004, Mantoan, 2005, Hood et al., 2005) exige um trabalho de equipes multidisciplinares em várias áreas, por exemplo, na área da educação, da engenharia civil, engenharia mecânica, engenharia elétrica e da arquitetura. No âmbito social, têm-se as leis e normas que estão cada vez mais se importando com essa inclusão. Atualmente as leis estão ganhando força no Brasil e as normas estão sendo revisadas para melhor atender a essas pessoas. Dischinger et al. (2004) diz que “para que haja inclusão e a participação de pessoas na sociedade de forma eqüitativa é necessário garantir total acesso aos mais diversos locais e atividades. As barreiras que comprometem a participação das pessoas em atividades desejadas são de ordem diversa, compreendendo fatores sócio-culturais, econômicos e espaciais. Quando as pessoas possuem algum tipo de deficiência, estas barreiras se agravam afetando suas condições de acesso aos lugares, à obtenção de

(27)

informações e o próprio desempenho das atividades. Compreender a natureza das restrições para a participação de todas as pessoas é fundamental para buscar soluções que permitam sua superação e possibilitem a inclusão”.

Devido às dimensões dos problemas e a urgência em buscar soluções para produtos, é necessário que os projetistas adquiram conhecimento sobre as diferentes habilidades e limitações de usuários com necessidades especiais, para que os produtos sejam acessíveis a mais abrangente população possível. É fundamental também que estes profissionais possam compreender a complexidade do problema para uma correta aplicação do método. Finalmente é importante que se desenvolvam atitudes e métodos de projeto que permitam desde a fase inicial do projeto, incorporar as diferentes necessidades dos usuários (Ely et al., 2001).

A proposição de uma metodologia inclusiva sistematizada através de atividades, etapas, tarefas, ferramentas e métodos irá direcionar e dar apoio ao projetista no desenvolvimento dessa nova abordagem de produtos inclusivos. A importância do tema do trabalho está em solucionar o problema de desenvolver um produto que seja inclusivo baseado na filosofia nos princípios do Universal Design, através da linha de pesquisa de desenvolvimento de metodologias de projeto.

Apesar da importância do tema, relativamente poucos trabalhos têm sido publicados. Assim, foi necessária uma intensa pesquisa bibliográfica para levantar o estado da arte sobre este assunto.

1.6 Objetivos do trabalho

O objetivo geral desta tese consiste em propor uma metodologia de projeto inclusivo em suas fases iniciais para o desenvolvimento de produtos inclusivos, levando-se em conta a multidiciplinaridade e a interdisciplinaridade das informações provenientes do conhecimento do Universal Design, de especialistas em Universal Design, de grupos de pessoas com deficiência e da experiência do grupo com excelência em metodologia de projeto da UFSC.

(28)

O domínio de estudo desta tese refere-se às fases de projeto estudo da viabilidade e projeto preliminar e envolve a proposição e sistematização do processo de projeto através da identificação de ferramentas de projeto para integrar o conhecimento (informações) proveniente das distintas áreas envolvidas nesta atividade. A sistematização compreende a prescrição, de maneira ordenada e coerente, do que fazer, quando fazer, como fazer e com que fazer o projeto para tais fases do processo. Assim, pode-se subdividir o objetivo principal em objetivos mais específicos, como:

• Realizar uma revisão bibliográfica sobre Universal Design e as principais abordagens e métodos utilizados até o momento para a implementação do projeto inclusivo.

• Elaborar uma metodologia de projeto inclusiva que integre as informações vindas do Universal Design com as fases do processo de projeto.

• Propor meios para auxiliar nas atividades de projeto, em níveis de definições, decisões e avaliações.

• Identificar métodos e ferramentas para dar suporte ao projetista desde o início do projeto inclusivo.

• Aplicar a metodologia proposta no desenvolvimento de um sistema para motorizar cadeiras de rodas convencionais, durante as fases iniciais do projeto, estudo da viabilidade e projeto preliminar.

A Figura 1.1 apresenta a abordagem referente aos objetivos deste trabalho, relacionando o estudo das metodologias para as fases iniciais do projeto e o Universal Design.

(29)

S is te m a tiz ão Metodologia de Projeto Inclusiva

Início do Desenvolvimento do Produto Inclusivo

FASE 1 Estudo da Viabilidade do Produto Inclusivo

Pesquisar novas informações,rever estágios anteriores e refazer o estágio em desenvolvimento

Tarefa 1.3.1Revisar a ordem de início e asinformações pesquisadas D1, D2, D3, D4

Etapa 1.2Definir o problema de projeto

Tarefa 1.3.2 Identificar oportunidades de inovação Tarefa 1.3.3 Definir a meta principal do objeto doprojeto

Etapa 1.3Idenficar desejos e necessidadesdos clientes do produto inclusivo

Tarefa 1.1.1 Estabelecer o ciclo de vida do produto Tarefa 1.1.2 Pesquisar informações técnicas Tarefa 1.1.3 Pesquisar mercado

D2, D3

Etapa 1.1Pesquisar informaçõessobre o tema do projeto

Tarefa 1.3.1Definir os clientes e usuários doproduto F1,F2,F3, Tarefa 1.3.2Ampliar a faixa de usuários que possam

usar o produto Tarefa 1.3.3 Definir os especialistas envolvidos como produto

Etapa 1.4Coletar os desejos e necessidades dos usuários, clientes e especialistas

Tarefa 1.3.4Estabelecer a forma de coletar osdesejos e necessidades dos clientes, usuários e especialistas Observar as interações que o usuário tem com o produto Observar os usuário usando produtos, em sua rotina. Marcar entrevistas com usuários, especiialistas e clientes

F1,F2,F4 Tarefa 1.4.6Selecionar usuários para fazer um passeioacompanhado Tarefa 1.4.7 Fotografar usuários em espaços públicos

Etapa 1.5Estabelecer os requisitos dosclientes do produto inclusivo

Tarefa 1.4.8 Tarefa 1.4.9 Tarefa 1.4.4Entrevistar usuários, especialistas eclientes Tarefa 1.4.5Enviar questionários estruturados viaemail, skype, msn, orkut, para usuários,especialistas e clientes Tarefa 1.4.1Identificar locais onde possíveis usuáriosdo produto possam ser encontrados Tarefa 1.4.2Entrar em contato com usuários, clientes eespecialistas explicando a pesquisa Tarefa 1.4.3

F1,F6, F7, F8 Tarefa 1.5.1 Agrupar as necessidades dos clientes Tarefa 1.5.2Classificar as necessidades dos

clientes Tarefa 1.5.3 Definir os requisitos dos clientes

Etapa 1.6Definir os requisitos de projeto doproduto inclusivo

Tarefa 1.5.4 Valorar os requisitos dos clientes F6, F7, F8, F9 Tarefa 1.6.1Traduzir requisitos de clientes emexpressões mensuráveis Tarefa 1.6.2Agrupar e classificar os requisitos de

projeto Tarefa 1.6.3 Analisar os requisitos de projeto Tarefa 1.6.4 Hierarquizar os requisitos de projeto

Informações sobre o produto Metas do projeto Público alvo Necessidadeclientess dos Requisitos dos clientesvalorados Requisitos de projeto Estudo da Viabilidade Projeto Preliminar Universal Design Ferramentas de Projeto

Figura 1.1 Objetivos na sistematização da metodologia inclusiva

1.7 Abrangência e limitações do trabalho

Abordar um assunto tão diversificado como o Universal Design é um trabalho para várias teses. Uma das dificuldades neste trabalho foi limitar o assunto, pois ele é muito abrangente, multidisciplinar e pode ser aplicado em várias áreas, como por exemplo, na educação, na computação, na engenharia civil, na engenharia mecânica, arquitetura, medicina, entre outras. O grande desafio é desenvolver um produto ou local que possa acomodar uma ampla faixa de usuários, incluindo crianças, idosos, pessoas com deficiência e pessoas com tamanho ou formas atípicas.

Muito se pensou nessa questão e como a tese é uma pequena contribuição nesta área tão vasta, e a contribuição é na área de engenharia mecânica, inicialmente optou-se por limitar o trabalho a incluir na sociedade pessoas com deficiências físicas e idosos, já que essas pessoas podem formar um grupo homogêneo. O fato é que se o produto for acessível a esse grupo, ele será acessível e aceito pelas outras pessoas com maior facilidade, tanto no uso quanto no entendimento do produto.

Outra dificuldade foi descobrir como seria a contribuição na área da engenharia mecânica, devido à diversidade de pessoas, de deficiências e de produtos. Através da revisão bibliográfica notou-se que falta uma ligação entre a abordagem de projeto Universal Design e o desenvolvimento de produtos, ou seja, falta uma estrutura

(30)

ser desenvolvido como aplicação foi devida à experiência no estudo de cadeiras de rodas motorizadas do Laboratório de Projeto Mecânico da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp (Becker, 2000, Alvarenga, 2002, Lombardi, 2002). Portanto, optou-se por aplicar a metodologia inclusiva com o objetivo de incluir pessoas com mobilidade reduzida na sociedade. Essa aplicação resultou no desenvolvimento de um sistema universal que converte quase todos os tipos de cadeira de rodas manual em motorizada. Essa conversão se dá pelo próprio usuário tornando-o independente.

1.8 Contribuições

Como contribuição, pode-se destacar que este trabalho disponibiliza informações e conhecimento explícito, de maneira ampla e organizada, para a realização das fases iniciais do processo de projeto para o desenvolvimento de produtos inclusivos. Alguns aspectos mais específicos podem ser destacados, como:

• Melhor entendimento das fases iniciais do processo de projeto, suas interfaces e interações com áreas e domínios de conhecimento no desenvolvimento de produtos.

Agregação de conhecimento de conceitos de Universal Design ao acervo de pesquisas na área de metodologia de projeto.

• Identificação e detalhamento de técnicas, métodos, ferramentas e outros pertinentes às fases que estão sendo tratadas.

• Formalização do processo de projeto, de maneira a possibilitar uma sistematização que seja útil e coerente com as características de produtos inclusivos.

1.9 Estrutura do trabalho

No Capítulo 1 são apresentados itens contendo introdução, objetivos, justificativas, relevância do trabalho, finalizando com a apresentação da estrutura do trabalho.

(31)

Apesar da importância desse tema, relativamente poucos trabalhos têm sido publicados. Assim foi necessária uma intensa pesquisa bibliográfica para efetuar o levantamento do estado da arte do assunto. Esta revisão da literatura é apresentada no Capítulo 2.

O Capítulo 2 aborda alguns conceitos e definições, sobre Universal Design, fundamentais para o perfeito entendimento do assunto, resultando em subsídios conceituais para as proposições deste trabalho.

O Capítulo 3 apresenta um levantamento do estado da arte das várias abordagens de metodologia de projeto bem como a identificação das as principais ferramentas utilizadas nas fases iniciais da metodologia.

O Capítulo 4 aborda o modelo de referência utilizado, o desenvolvimento da metodologia inclusiva proposta, a sistematização das fases iniciais da metodologia, estudo da viabilidade e projeto preliminar, bem como os métodos e ferramentas utilizados nas mesmas.

O Capítulo 5 apresenta aplicação desta metodologia através de um estudo de caso, a validação do projeto através de testes do produto desenvolvido e seus resultados. Finalizando o trabalho, no Capítulo 6 é apresentada numa avaliação final, uma avaliação dos resultados obtidos em relação aos objetivos iniciais do projeto e as conclusões. Também são feitas algumas considerações para trabalhos futuros, envolvendo a sistemática, métodos, ferramentas e o projeto inclusivo.

(32)

Capítulo 2

Projeto Inclusivo - Revisão da Literatura

Este capítulo aborda o tema projeto inclusivo, onde são apresentadas algumas definições e terminologias necessárias para a compreensão do tema. São também discutidos aspectos relacionados com a implantação na indústria. Na seqüência é apresentada a revisão da literatura sobre as principais abordagens relacionadas com o projeto inclusivo, sendo analisadas suas vantagens e desvantagens. E finalmente é mostrada uma seqüência de passos para atender as necessidades do projeto inclusivo, com exemplos de aplicação.

2.1 Projeto Inclusivo - Definição

Universal Design é um termo que foi inicialmente usado nos Estados Unidos pelo arquiteto Ron Mace em 1985 (Story et al. ,1998). Conceitos similares surgiram no mundo todo, como por exemplo, Design for all (DASDA, 2004), Inclusive Design (Keates et al., 2002), Trangenerational Design (Pirkl, 1994), Design for Disability, Design for a Broader Average entre outros. A interpretação mais recente do Universal Design é: o projeto de produtos e ambientes que possam ser usados por todas as pessoas, na maior extensão possível, sem a necessidade de adaptação ou projeto especializado (Center of Universal Design). A seguir são apresentadas as principais definições encontradas de Universal Design, Design for All e Inclusive Design.

Story et al. (1998) definem que Universal Design é o projeto de produtos e ambientes que possam ser usados pela maior extensão possível de pessoas de todas as idades e habilidades, respeitando a diversidade humana e promovendo a inclusão de todas as pessoas em todas as atividades de sua vida. Segundo Story et al. (1998) é possível desenvolver um produto ou local

(33)

que possa acomodar uma ampla faixa de usuários, incluindo crianças, idosos, pessoas com deficiência e pessoas com tamanho ou formas atípicas.

O Design for All é definido pela comissão de projeto européia (Dissemination Activities Supporting Design for All, DASDA, 2005), como a criação de produtos, serviços e sistemas para prover o mais abrangente possível das habilidades dos usuários e das circunstâncias de uso. É um princípio para evitar a exclusão de pessoas, assegurando que as pessoas com habilidades que diferem do normal tenham total acesso aos produtos e serviços. Segundo Dong (2003) o “Design for All” tem sido cada vez mais usado na Europa desde 1967, como uma abordagem que tem como objetivo melhorar a vida de todas as pessoas através do projeto.

O Inclusive Design é definido pelo Governo do Reino Unido como um processo onde os projetistas, fabricantes e fornecedores de serviços asseguram que seus produtos e serviços se dirigem às necessidades da mais ampla e possível população, independentemente da idade ou habilidade (Keates et al., 1998).

Essas abordagens de projeto têm o mesmo objetivo e significado, ou seja, todas discutem o projeto de produtos e ambientes que possam ser usados por toda a população e estão particularmente concentradas na inclusão de idosos e pessoas com deficiências que geralmente são desconsideradas nos projetos atuais.

Para fins de terminologia, neste trabalho será utilizado o termo “projeto inclusivo” como um projeto de produto que seja acessível e usável pelo maior número de pessoas possíveis. O adjetivo inclusivo (Werneck, 2003) é usado na busca da qualidade de vida para todas as pessoas, com ou sem deficiência.

2.1.1 Definição de inclusão

Cabe aqui uma discussão sobre o que é inclusão. Segundo Mantoan (2005), “a inclusão tem a ver com reconhecimento, valorização e questionamento constante da produção social da diferença. É a capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes. Inclusão é estar com, é interagir com o outro. E ainda a inclusão remete à consideração da diferença, como um valor universal, que é disponível a todos –

(34)

A maioria dos profissionais que desenvolvem produtos desconhece que seus produtos, se forem concebidos com considerações de inclusividade, serão utilizados por um potencial mercado de pessoas que atualmente são excluídas (Keates e Clarkson, 2003). Muitos acreditam que o produto adaptado e especializado é o mais adequado para as necessidades das pessoas com deficiências. Essa adaptação além de gerar altos custos, torna o usuário dependente e limitado reduzindo a oportunidade de desenvolver suas capacidades de interação com os produtos. É necessária uma mudança de paradigma no processo de desenvolvimento de produto que gera uma reorganização no processo de projeto: estudo de viabilidade, projeto preliminar e projeto detalhado.

A inclusão não é de interesse apenas para as pessoas com deficiência, mas igualmente para toda a população. Ao incluir pessoas com deficiência na utilização de produtos exigem-se dos profissionais novos posicionamentos no processo de desenvolvimento de produtos através da criatividade e novas práticas de projeto. A inclusão é um motivo para que haja inovação de produtos, e sendo assim torna-se uma conseqüência natural de grande esforço de atualização e de reestruturação das condições atuais do processo de projeto. (Mantoan, 1997). Um glossário de termos (Coleman, 2003) no Apêndice A esclarece conceitos e expressões que são utilizados neste trabalho. Segundo Werneck (2003), quando se tem a certeza de que todos são diferentes não existem “os especiais”, “os normais”, os “os excepcionais”, o que existe são pessoas com deficiência.

2.2 Evolução e motivação para o projeto inclusivo

Um dos primeiros movimentos sobre a importância do meio ambiente físico para a inclusão das pessoas foi o Barrier-free, surgido nos Estados Unidos nos anos de 1950, onde se iniciou um processo de mudança nas políticas públicas e práticas de projeto. O movimento foi estabelecido em resposta às pessoas com deficiências para criar oportunidades na educação e empregos ao invés de instituições de saúde e manutenção. As barreiras físicas no ambiente foram reconhecidas como um significante impedimento para pessoas com deficiência física.

Em 1961, a associação de norma, American National Standards Association (ANSI), publicou o primeiro padrão para acessibilidade intitulado como: “A 117.1- Fazendo Construções Acessíveis e Usáveis para Deficientes Físicos”. Essas normas não eram seguidas, embora, até

(35)

adotadas pelos estados ou entidades legislativas locais. A legislação federal dos Estados Unidos começou a ser significativo no final dos anos de 1960, como se pode ver a seguir:

O ato Architectural Barriers Act de 1968, exigiu que as construções fossem alteradas para se tornarem acessíveis aos deficientes físicos. A Sessão 504 do Rehabilitation Act de 1973, foi a primeira lei dos direitos civis para pessoas com deficiências.

O ato de 1975, Education for Handicapped Children Act, atualmente denominado Individuals with Disabilities Education Act (IDEA), garantiu educação apropriada para todas as crianças com deficiência. Esse ato teve um efeito de progresso nos programas educacionais.

O ato Fair Housing Amendments Act de 1988, uma expansão do ato de 1968, estabeleceu que todas as casas a serem construídas fossem acessíveis. O departamento US Department of Housing and Urban Development criou, em 1991, guias de acessibilidade para facilitar a implementação.

O ato Americans with Disabilities Act (ADA) de 1990, conscientizou e difundiu para o público os direitos civis das pessoas com deficiências. Esse foi um importante ato que proibia a discriminação das pessoas com deficiência no emprego, no acesso aos lugares públicos, nos serviços, no transporte público e na telecomunicação. O ato implicava também na remoção das barreiras físicas que impediriam o acesso.

O ato de 1996, Telecommunications Act, notificava que os serviços e equipamentos de telecomunicações deveriam ser projetados, desenvolvidos e fabricados para serem acessíveis e usáveis pelos indivíduos com deficiências. Esse ato se aplicava à todos os tipos de equipamentos de telecomunicações, desde telefone, programação de televisão até computadores.

A Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, realizada na Guatemala em 28 de maio de 1999, teve por objetivo prevenir e eliminar todas as formas de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência e propiciar a sua plena integração à sociedade. O Brasil é signatário desse documento, que foi aprovado pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo no. 198, de 13 de junho de 2001, e promulgado pelo Decreto no. 3.956, de 8 de outubro de 2001, da Presidência da

(36)

A norma brasileira NBR 9050 (2004), visa proporcionar a acessibilidade e a utilização de maneira autônoma e segura de ambientes, edificações, mobiliário e equipamentos urbanos à maior quantidade de pessoas possível, considerando as condições de mobilidade e de percepção do ambiente do indivíduo. Recentemente revisada, a NBR 9050 (2004) teve profundas mudanças em todo seu contexto, na redefinição e inclusão de termos, na riqueza de conteúdo e até abrangendo o atual conceito de desenho universal, como é designado por ela ao se referenciar ao Universal Design.

Essas legislações citadas acima possuíam o mínimo de requerimentos de acessibilidade e, no entanto foi um grande avanço para prover o acesso para as pessoas com deficiência, e contribuiu para despertar o interesse em projetar equipamentos que permitissem a acessibilidade. No momento que os profissionais da área, engenheiros civis e arquitetos se engajaram profundamente com a real implementação das normas, tornou-se claro que características acessíveis isoladas eram especiais, mais caras e geralmente não tinham boa aparência. Consequentemente notou-se que as mudanças necessárias para atender as normas, ou seja, para acomodar as pessoas com deficiência, beneficiariam a todas as pessoas. Houve um reconhecimento de que muitas dessas características acessíveis poderiam ser providas comumente e, portanto sairiam menos caras, mais atrativas e não seriam “rotuláveis”. Isso levou à fundação para o movimento do Universal Design.

2.3 Discussão sobre a adoção do projeto inclusivo nas

indústrias

A indústria tem respondido vagarosamente para as necessidades de adotar um projeto inclusivo. Pesquisas mostram que apesar das empresas concordarem com os princípios de projetar inclusivamente, elas também consideram impraticáveis adotar tais práticas (Donga et al., 2003). As razões mais comuns citadas nessas pesquisas são a falta de recursos financeiros, o tempo de implementação, o difícil acesso aos usuários, a inexperiência em trabalhar diretamente com usuários e principalmente a falta de demanda de projetistas qualificados e informados sobre o assunto. Entre as companhias que são receptivas à idéia do projeto inclusivo, a maioria gostaria de ter um banco de dados de informação sobre os usuários finais para obter a perspectiva do usuário. Existe também um grande número de empresas que não se preocupam em atender as

(37)

necessidades de toda a população. Essa atitude tende a excluir pessoas com deficiência e idosos que desejam interagir com o complexo desenvolvimento da tecnologia.

Donga et al., 2003 compararam indústrias nos EUA com indústrias no Reino Unido em relação às perspectivas de implementação do projeto inclusivo e identificaram algumas similaridades entre essas indústrias, como as que podem ser citadas: a) a percepção da adoção e implementação do projeto inclusivo difere entre as grandes e pequenas empresas, b) o tempo e custo são as maiores restrições na adoção do projeto inclusivo, c) a maioria das empresas, tanto as pequenas quanto as grandes, preferem obter consultoria com especialistas para suporte e informação e ainda, d) após a pesquisa, os projetistas se motivaram a procurar exemplos de projetos inclusivos satisfatórios. A Tabela 2.1 mostra as diferenças nas perspectivas das indústria em relação à implantação do projeto inclusivo. Donga et al., 2003 sugere como trabalhos futuros, o desenvolvimento de uma estrutura sistematizada contendo métodos e ferramentas para dar suporte ao desenvolvimento de produtos inclusivos.

Tabela 2.1 Diferenças nas perspectivas de implantação do projeto inclusivo entre indústrias

do Reino Unido e dos EUA (Donga et al., 2003).

Baseado nas Indústrias do Reino Unido

Baseado nas indústrias dos EUA

ID pode se tornar uma "norma" no futuro, porém até o momento é um "conceito especial"

UD é uma tendência emergente.

Os projetistas terão um papel importante na implementação do inclusive design

Os Ergonomistas terão um papel importante para dar suporte ao UD ID é fortemente associado com pessoas

com deficiência. A inclusividade do produto não é necessariamente de custo alto, mas o envolvimento do usuário custa tempo e dinheiro.

UD é percebido pela maioria das companhias com uma área de interesse especial, por exemplo pessoas com deficiência. Adotando isso o tempo para para entrar no mercado será maior e aumentará os custos do produto. A Legislação é o requerimento básico.

Incorporar Inclusive Design é necessário mudar as atitudes em relação as pessoas com deficiência. A ação da lei é maior motivador para adotar ID.

As regulamentações do governo são os fatores mais efetivos. O segundo fator é o lucro elevado.

Onde ID e UD são abreviações de Inclusive Design e Universal Design respectivamente

Algumas entrevistas foram realizadas com indústrias em 1999 (Dong et al., 2003) através do grupo “inclusive design” da Universidade de Cambridge, Inglaterra, para saber as atitudes que

(38)

(categoria 1) “nós já fazemos projeto inclusivo, nós permitimos o acesso do cadeirante”; (categoria 2) “Nós faríamos se o preço do produto final fosse maior”; (categoria 3) “nós faríamos se pudéssemos contratar um consultor para fazer para nós”; (categoria 4) “nós não necessitamos adotar práticas inclusivas de projeto porque nossos projetistas já sabem projetar”; (categoria 5) “não há demanda de clientes”; (categoria 6) “Esse não é o nosso mercado alvo”.

A categoria 1 entende o projeto inclusivo como sendo um projeto para deficientes e mais especificamente, para o acesso do cadeirante, já a categoria 2 quer aumentar o preço pela vantagem do produto, essa categoria (2) não entendeu que o que aumentará é o mercado em potencial. A categoria 3 quer investir no projeto inclusivo, mas querem um consultor externo, uma saída para essa categoria, seria a parceria da pesquisa na universidade com a indústria, implantando os conceitos de projeto inclusivo e desenvolvendo as ferramentas e os métodos para aplicar na indústria. Outra solução são as empresas de base tecnológica que podem ser formadas por pesquisadores especialistas em assuntos que envolvam o projeto inclusivo e que fornecerão toda a estrutura para a aplicação e validação do projeto inclusivo nas indústrias.

Na categoria 4 preserva-se a idéia de que se os projetistas são bons, os produtos serão automaticamente inclusivos. Existem ótimos produtos que são desenvolvidos, porém ainda excluem muitas pessoas. Essa categoria (4) não reconheceu o objetivo da inclusividade no processo de projeto. A categoria 5 admite que não existe mercado para produtos inclusivos. A usabilidade e acessibilidade dos produtos mostram claramente a expansão do mercado e adiciona-se a isso os dados estatísticos que mostram que a população está vivendo mais e quer qualidade de vida. Similarmente a categoria 6 não apresenta entendimento do mercado em potencial que existe na inclusividade de produtos.

Dados de pesquisas recentes com indústrias (Dong et al., 2004) mostram que existem barreiras negativas para a implementação do projeto inclusivo, estas foram agrupadas em três categorias: a) barreiras de percepção, por exemplo, a percepção de que o projeto de um produto inclusivo é mais caro; b) barreiras técnicas, por exemplo, a falta de tempo para aprender sobre projeto inclusivo, a complexidade de um produto inclusivo, a falta de ferramentas e métodos para aplicação; e c) barreiras organizacionais, por exemplo, a dificuldade de mudar a política de negócios da empresa, o risco de investimento. No entanto a pesquisa também aponta a percepção da indústria em relação às vantagens de se ter um produto inclusivo, são elas: mercado em

Referências

Documentos relacionados

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

FODA: “Instrumento de avaliação de Fortalezas-Oportunidades (FO) e Debilidades-Ameaças (DA)” é uma estratégia empresarial de medição da competência, utilizada

Ela está relacionada à uma tendência no campo da saúde, contemporâneamente, com ecos na discussão acerca da produção de imagens narrativas e singularidades: diz

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

Local de realização da avaliação: Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação - EAPE , endereço : SGAS 907 - Brasília/DF. Estamos à disposição

De seguida, vamos adaptar a nossa demonstrac¸ ˜ao da f ´ormula de M ¨untz, partindo de outras transformadas aritm ´eticas diferentes da transformada de M ¨obius, para dedu-

Promovido pelo Sindifisco Nacio- nal em parceria com o Mosap (Mo- vimento Nacional de Aposentados e Pensionistas), o Encontro ocorreu no dia 20 de março, data em que também