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O uso da cartografia como indicador de risco de incêndio florestal *

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Academic year: 2021

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O uso da cartografia como indicador de risco de

incêndio florestal

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Introdução

Em Portugal Continental foi sobretudo a partir de 1975 que não só o número de fogos florestais, mas também a extensão da área anualmente percorrida pelo fogo sofreram um acréscimo considerável. Estes factos resultaram, sobretudo, do despovoamento das áreas florestais, mercê das profundas alterações verificadas na sociedade portuguesa, em particular, nas estruturas sócio-económica, profissional, etária e cultural, quer da população ainda residente nessas áreas florestais, quer daquela que as demanda nas horas de lazer.

A representação cartográfica dos pontos de início dos incêndios florestais, bem como da extensão incinerada, têm-se revelado um bom indicador de risco, na medida em que assinalam áreas com particular sensibilidade ao fogo.

Não sendo nosso objectivo desenvolver agora um trabalho completamente novo sobre esta matéria, procuraremos recordar alguns aspectos já abordados em estudos anteriores, sobretudo aqueles que por terem permanecido inéditos, se encontrarem em publicação ou terem sido divulgados de forma muito sucinta e restrita, merecem ser retomados para, através de alguns exemplos concretos, ilustrarmos a importância de que se reveste o levantamento cartográfico dos incêndios florestais. Deste modo, analisaremos os dois principais aspectos que a cartografia dos fogos permite salientar. Por um lado, a inventariação precisa das áreas ardidas e, por outra parte, a indicação de diferentes aspectos do risco de incêndio e suas tendências.

* Simpósio sobre Catástrofes Naturais - estudo, prevenção e protecção, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Lisboa, 1993, p. III - 37 a 46.

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1 Os levantamentos de campo foram efectuados sobre mapas na escala de 1/25 000, por técnicos das

Delegações Florestais da Beira Litoral e da Beira Interior.

1. Inventariação de áreas sinistradas

Alguns trabalhos por nós desenvolvidos sobre esta matéria permitiram-nos salientar, em termos comparativos, a incidência e importância do fenómeno fogo florestal nas distintas áreas do território continental(1), nomeadamente a

nível de concelhos (L. LOURENÇO, 1989; L. LOURENÇO e P. MALTA, 1993) e

também em áreas relativamente mais restritas, tais como a Região Centro (L. LOURENÇO et al., 1988), o distrito de Santarém (L. LOURENÇO, 1991a) ou o

Pinhal Interior (L. LOURENÇO, 1986).

Aspectos mais particulares desta problemática, especialmente relacionados com os efeitos dos fogos, sobretudo ecológicos, foram analisados também em áreas específicas dos concelhos de Arganil (L. LOURENÇO, 1988) e de Soure

(L. LOURENÇO, 1991b).

Por último, outros estudos que nos permitiram salientar a importância da cartografia dos fogos, pelas ilações que dela foi possível retirar em termos de origem acidental/intencional, ocorreram nos concelhos de Oliveira do Hospital (L. LOURENÇO, 1990) e de Penacova.

No primeiro destes casos, a cartografia dos incêndios florestais, além de indicar a sua exacta localização e extensão, permitiu comprovar que:

1. o maior número de focos de incêndio deflagra junto de aglomerados populacionais, o que pode indicar negligência ou intencionalidade; 2. os fogos alcançam maiores proporções onde o relevo se apresenta

mais movimentado e onde os declives são mais acentuados, o que reflecte a importância da orografia para a progressão do fogo. No concelho de Penacova, que não pode ser considerado dos mais afectados pelo fogo, pois as áreas limítrofes têm sido bem mais devastadas (fig. 1), verifica-se também uma íntima relação entre grandes fogos e relevos movimentados, o que facilmente se compreende, na medida em que o combate é dificultado, quer pelo menor número e qualidade dos acessos, quer pelos mecanismos de ventos locais que se desenvolvem em função do

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aquecimento do ar, provocado pela combustão dos materiais lenhosos, e do vigor do relevo.

Contudo, será o aspecto anteriormente referido que nos merecerá mais atenção, pois se as extensões percorridas pelas chamas não têm sido muito importantes neste concelho, já o mesmo não se poderá afirmar no que concerne ao número de fogos.

Com efeito, analisando, por exemplo, a localização dos focos de incêndio ocorridos em 1990, no lugar de Cácemes, freguesia de Sazes do Lorvão, verificamos que se registaram 13 focos de incêndio em apenas 17 dias, entre 31 de Agosto e 16 de Setembro, dos quais 8 deles ocorreram em apenas dois dias, isto é, em 11 e 12 de Setembro (QUADRO I).

O mais curioso é que três desses focos se registaram quase à mesma hora, 21:25 e 21.35, do dia 11 de Setembro. Dos cinco fogos registados no dia seguinte, o primeiro deles deflagrou pelas 12:30, tendo-se registado dois novos focos cerca de quarenta minutos depois, pelas 13:10, e ainda outros dois pelas 18:00 horas. Parece-nos demasiada coincidência para que a origem destes fogos possa ter sido outra que não uma causa intencional. Nos dias seguintes, 15 e 16 de Setembro, verificaram-se novas tentativas, as quais continuaram a revelar-se infrutíferas, apesar de no dia 15 ter ardido 1 ha, num local relativamente afastado dos outros. Este facto levanta-nos algumas dúvidas sobre a relação deste foco com os anteriores, apesar da sua relativa proximidade, dúvidas que nem mesmo a investigação no local permitiu dissipar.

Com efeito, à excepção deste, todos os outros focos podem ser agrupados em dois conjuntos bem definidos. Um deles desenvolve-se a norte do lugar de Cácemes e o outro fica-lhe sensivelmente a Oeste-Sudoeste (fig. 2).

Como vimos, a localização destes focos de incêndio permite tecer algumas conjecturas sobre a eventual origem intencional, tanto mais que, no ano seguinte de 1991, sensivelmente nos mesmos locais vão ter início dois grandes incêndios florestais. O primeiro deles, que consumiu 57 ha, iniciou-se pelas 16:30 do dia 27 de Junho, sensivelmente na área correspondente à dos focos que no ano anterior se tinham verificado a norte de Cácemes.

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Fig. 1 – Representação cartográfica dos grandes incêndios florestais que afectaram o concelho de Penacova depois de 1975.

1 – Sede do concelho; 2 – Sede da freguesia; 3 – Estradas; 4 – Cursos de água; 5 – Limite do concelho; 6 – Limite das áreas ardidas; 7 – Barragens e albufeiras.

Carvalho Sazes de Lorvão Figueira de Lorvão Lorvão PENACOVA S. Pedro de Alva Oliveira do Mondego Travanca do Mondego Paradela Friúmes

S. Paio de Farinha Podre

Rio Alva I.P.-3 RioM onde go E.N. 110 Legenda - 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 Sem Sem Sem Sem Sem Sem Sem Sem Áreas Ardidas Escala Gráfica 0 1 2 3 4 Km

O outro, que atingiu maiores proporções, devastou um total de 748 ha, repartidos pelos concelhos de Penacova, Mealhada e Coimbra, respectivamente com 287, 130 e 331 ha incinerados. Este incêndio teve início pelas 16 horas e 40 minutos do dia 09 de Agosto de 1991, num local correspondente ao núcleo de focos situados a Sudoeste, no ano anterior.

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Ainda em 1991, além destes dois incêndios, observaram-se mais cinco focos, os quais, de modo geral consumiram áreas insignificantes (QUADRO I).

Também não deixa de ser curioso notar que depois do grande incêndio apenas se registaram mais dois focos, o que poderá indicar persistência da acção do(s) pirómano(s) até conseguir(em) os seus intentos, tendo abandonado posteriormente essa atitude.

Com efeito, nos anos de 1992 e de 1993, continuou a observar-se nestes locais uma acentuada diminuição do número de fogos e um maior espaçamento entre eles. Nestas circunstâncias, tudo leva a crer que a origem será de se atribuir mais à negligência do que propriamente a causas intencionais.

2. Antevisão do risco de incêndio

A representação cartográfica do número médio anual de fogo e da área média ardida anualmente em cada um dos concelhos do continente, permite ilustrar a atitude de cada um dos municípios perante a problemática dos fogos florestais, em especial, a predisposição de alguns deles para registarem um elevado número de incêndios e/ou um elevado valor da área ardida.

Contudo, dada a existência de grande diversidade na dimensão dos concelhos, em vez de valores absolutos, torna-se preferível comparar variáveis de igual ordem de grandeza, tais como o valor médio anual do número de fogos por 100 km2 de

superfície ou a percentagem de área ardida em relação à superfície do concelho. Nestas condições é flagrante o contraste entre os concelhos situados a Norte e a Sul do rio Tejo (L. LOURENÇO, e P. MALTA, 1993).

No que respeita ao número de incêndios, verificamos a existência de um leque de municípios em redor do Porto, com elevado número de fogos, alguns dos quais registaram em média, por ano, 1 ou mais focos de incêndio por km2.

Em contrapartida, a maior parte dos municípios não chega a registar um foco de incêndio por cada 10 km2 de superfície. É óbvio que a cartografia destes valores

constitui um óptimo indicador da tendência média do risco de incêndio em cada um dos concelhos e, como tal, das medidas de prevenção que devem ser aplicadas, em particular nas regiões onde a densidade de fogos é maior, com vista à sua redução.

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QUADRO I – Identificação dos fogos deflagrados nos arredores de Cácemes

Fonte: Delegação Florestal da Beira Litoral

Data 1990: 31.08 02.09 11.09 11.09 11.09 12.09 12.09 12.09 12.09 12.09 15.09 16.09 16.09 27.06 1991: 08.07 19.07 20.07 09.08 19.08 24.08 17.04 1992: 17.05 24.07 06.08 31.07 1993: 18.09 Hora de início 20:00 10:00 21:25 21:35 21:35 12:30 13:10 13:10 18:00 18:00 20:30 18:00 21:35 16:30 17:20 00:30 01:30 16:10 21:00 20:30 16:00 19:45 23:30 15:30 20:45 20:00 Área 200 m2 1 200 m2 50 m2 180 m2 950 m2 1 800 m2 25 m2 150 m2 170 m2 800 m2 10 000 m2 350 m2 200 m2 100 m2 200 m2 750 m2 748 ha 1 500 m2 13 000 m2 350 m2 750 m2 750 m2 1 000 m2 120 m2 250 m2 Ref.ª A B C D E F G H I J K L M N O Coimbra - 331 Mealhada - 130 Penacova - 287 57 ha

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Fig. 2 - Esboço de localização dos focos de incêndio (A a O) registados em 1990 junto a Cácemes e dos grandes incêndios ocorridos em 1991.

1 - Estradas e caminhos florestais; 2 - Linhas de água; 3 - Localidades; 4 - Serra do Buçaco; 5 - Grandes incêndios de 1991; 6 - Maior fogo de 1990.

C D E F G M L J B H I N A O DATAS 31/08/90 02/09/90 11/09/90 12/09/90 15/09/90 16/09/90 27/06/91 09/08/91 K Legenda 1 2 3 4 5 6 Louredo Cácemes Palheiros S ER R A D O B U Ç A C O 0 100 m

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Em contraponto com a distribuição do número de fogos, as maiores percentagens de área média ardida anualmente em cada concelho localizam-se no Centro do país, em especial naqueles que se situam nas áreas serranas da Cordilheira Central e da Gralheira. O conhecimento desta situação deverá ser também tido em linha de conta, não só na planificação das acções de prevenção e combate a desenvolver todos os anos, mas também nos projectos de rearborização das áreas ardidas, a fim de, na medida do possível, se reduzir o risco de incêndio nessas áreas, por exemplo através da compartimentação das plantações, com faixas divisórias constituídas por espécies menos sensíveis ao fogo.

Em termos de prevenção e combate, além das condições médias de risco em cada região, importa conhecer também as condições locais, dependentes sobretudo do tipo e das características do combustível, e ainda a evolução das condições meteorológicas diárias ao longo do período estival.

Sabemos que as condições para deflagração de incêndios florestais dependem, sobretudo, dos valores da temperatura e da humidade relativa do ar e que, para a rápida progressão, é fundamental a existência de vento. Ora, conhecendo esse conjunto de condições, num dado momento e local, e estimando a sua provável evolução nos próximos dias, é possível determinar com alguma antecedência, para esse ponto, a tendência do risco de incêndio para o(s) dia(s) seguinte(s).

Essas tendências podem também ser representadas cartograficamente, por exemplo, sobre um mapa com as divisões administrativas correspondentes aos concelhos. Deste modo, as diferentes entidades responsáveis pela prevenção e combate podem conhecer atempadamente o risco de incêndio para o dia seguinte em cada um desses concelhos e, em função disso, podem planificar e tomar as medidas que entenderem adequadas ao grau de risco previsto.

As vantagens deste conhecimento atempado da tendência do risco meteorológico de incêndio parecem-nos inquestionáveis, tanto em matéria de prevenção, como sobretudo em termos de combate, pelo que dispensam grandes comentários.

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integrar o conjunto dos diferentes elementos meteorológicos intervenientes tanto na deflagração como na progressão do fogo florestal. Com efeito, um sistema de informação geográfica desta natureza, permitirá estabelecer um índice de risco de incêndio que integre o maior número possível das variáveis intervenientes no fogo florestal.

Quando tivermos conseguido determinar o peso relativo de cada uma dessas variáveis na deflagração e na progressão do fogo, teremos chegado ao índice integrado. No entanto, mesmo neste índice, o risco meteorológico será sempre o de maior peso, pois não há dúvidas de que os incêndios só ocorrem e só têm condições para se desenvolver em determinadas situações meteorológicas.

Conclusão

A representação cartográfica dos fogos florestais permite indicar, com maior ou menor precisão, consoante a escala utilizada, as áreas com maior sensibilidade ao fogo. Como sequência, dá a conhecer os locais que devem ser alvo de medidas especiais, quer em termos de prevenção, quer no que respeita ao combate.

Deste modo, durante as “épocas de fogos”, estas áreas deverão ser afectadas de suficientes meios técnicos e humanos, de modo a efectuar uma prevenção e um combate dos fogos florestais ainda mais eficazes. De igual modo, os projectos de arborização de qualquer área devem ser elaborados de acordo com o respectivo grau de risco de incêndio, de modo a adequar-lhes as estruturas e as espécies vegetais apropriadas.

Agradecimento

O autor deseja manifestar o seu reconhecido agradecimento à Comissão Nacional Especializada de Fogos Florestais, ao Serviço Nacional de Bombeiros, ao Instituto Florestal e às respectivas Delegações Regionais e Locais, pelos apoios dados, sem os quais não teria sido possível realizar este trabalho.

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Do mesmo modo, está grato às alunas Cristina Madeira e Sandra Alves que colaboraram na investigação do risco de incêndio no concelho de Penacova e, ainda, ao Victor Hugo que desenhou as figuras.

Referências bibliográficas

LOURENÇO, L. (1986) – “Consequências geográficas dos incêndios florestais

nas Serras de Xisto do Centro de Portugal”. Actas, IV Colóquio Ibérico de Geografia, Coimbra, p. 943-57;

LOURENÇO, L. (1988) – “Efeitos do temporal de 23 de Junho de 1988 na

intensificação da erosão das vertentes afectadas pelo incêndio florestal de Arganil/Oliveira do Hospital”. Comunicações e Conclusões, Seminário Técnico sobre Parques e Conservação da Natureza nos Países do Sul da Europa, Faro, p. 43-77;

LOURENÇO, L. (1989) – “Representação cartográfica dos incêndios florestais

ocorridos em Portugal Continental”. Biblos, Coimbra, LXV, p. 91-133; LOURENÇO, L. (1990) – “Distribuição dos incêndios florestais no concelho de

Oliveira do Hospital”. Floresta e Ambiente, Parede, 11, p. 40-2; LOURENÇO, L. (1991a) – “Uma década de Incêndios Florestais no Distrito de

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desequilíbrio ecológico do concelho de Soure”. Cadernos de Geografia, Coimbra, 10, p. 551-60;

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Continental na década de 80 e anos seguintes”, Finisterra, Lisboa, XXVIII, 55-56, p. 261-277.

LOURENÇO, L., GONÇALVES, A. BENTO & SOARES, HERNÂNI (1988) –

“Distribuição espacial dos incêndios florestais no Centro de Portugal no período de 1983 a 1987. Contribuição para um mapa de risco de incêndios florestais”. Comunicações, Jornadas Científicas sobre Incêndios Florestais, Coimbra, vol. II, p. 4.5.-1 a 26.

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