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A HORTA: PORQUÊ, ONDE, COMO, QUANDO

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Academic year: 2021

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Não existe no nosso país uma cultura do cultivo da horta porque a produção de verduras foi sempre tradicionalmente considerada um apêndice da actividade agrícola. No entanto, com os anos, a exigência de utilizar alimentos de melhor qualidade, os elevados custos dos produtos em algumas épocas do ano, a evi-dente facilidade com que a natureza contribui para fazer crescer as plantas da horta levaram cada vez mais pessoas a dedicar algumas horas do seu tempo à horticultura, dela auferindo entretenimento e satisfação.

Embora bastante variáveis, as condições climatéricas portuguesas pre-meiam de facto aqueles que exercem este passatempo de forma diferente em todas as regiões. A cronologia das diversas operações do cultivo varia obviamen-te: o que no Algarve se pode fazer no início de um mês, no Minho deve muitas vezes ser adiado para o mês seguinte, mas os resultados são sempre garantidos. Ainda que em épocas diferentes, nos nossos terrenos e nos nossos climas é possível cultivar ao ar livre um número incrível de espécies vegetais comestíveis. Bastam poucos metros quadrados de terreno, algumas horas semanais de tra-balho ao longo do ano para dedicar à horta, um pouco de paciência, e, em 2 ou 3 anos, pode alcançar-se a autossuficiência e obter resultados muito satisfa-tórios.

A apresentação deste volume como um calendário visa evidenciar as diver-sas operações mensais sem passar pelas exigências de cada espécie vegetal da horta. Não se trata, pois, de um texto sobre horticultura descritiva, mas da simples exposição de uma experiência prática constante que tende a ampliar os conhecimentos técnicos e aplicativos e, de certa forma, também científicos de quem, com amor e paixão, pretende dedicar parte do seu tempo a cultivar uma horta.

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Já na antiga Roma a palavra horta (hortus) identificava o lote de terreno anexo à casa cultivado exclusivamente para fins alimentares a nível familiar e por vezes enriquecido com estátuas, fontes e canteiros com flores e plantas medicinais.

Actualmente ainda não é raro encontrar canteiros de flores misturados com áreas reservadas a hortícolas.

Na zona de acesso à casa, pode distribuir-se com alguma imaginação, árvores, arbustos e plantas ornamentais: é o jardim propriamente dito.

Habitualmente, nas zonas mais escondidas cultiva-se a horta.

Se nos nossos dias o jardim segue o estilo inglês, caracterizado pela ausên-cia de simetria e de linhas rigorosas de modo a parecer «espontâneo», a horta mantém o aspecto geométrico do jardim à italiana com os seus lados em esquadria e bem alinhados (fig. 1).

Porquê

É cada vez mais frequente o desejo de cultivar uma horta na qual se possa dispor de uma pequena superfície de terreno e de tempo livre. As motivações que levam a fazer esta escolha podem sintetizar-se da seguinte forma:

a) procura simultânea de perfumes e sabores;

b) disponibilidade em todas as alturas do ano de vegetais frescos e variados; c) segurança no tocante à proveniência e à genuinidade;

d) desejo de limitar ao máximo a ingestão de produtos químicos (que na

nossa horta distribuiremos com muita parcimónia);

e) economia considerável no orçamento familiar;

f) vontade de respirar ar livre e de executar trabalho físico salutar com

en-volvimento benéfico no ciclo das estações (quem trabalha no campo com enxada e pá nunca precisará de fazer jogging);

g) satisfação de ver crescer e amadurecer e por fim apreciar os produtos

fru-tos do nosso trabalho.

A HORTA : PORQUÊ,

ONDE, COMO, QUANDO

(3)

Fig. 1

Disposição da horta

A) Armazém das ferramentas B) Estufa fria

C) Viveiros

D) Canteiros permanentes E) Caixotes para o composto F) Bordaduras

(4)

Onde

Ainda que o coloquemos na parte mais recôndita do jardim, é bom que o lote de terreno destinado à horta não seja nem demasiado amplo nem cir-cundado por uma vegetação demasiado alta, que poderia criar zonas de som-bra às espécies hortícolas em cultivo. A posição ideal é a mais próxima pos-sível da casa, com fácil acesso e possivelmente virada a sul de modo a poder estar mais protegida e abrigada de condições meteorológicas indesejadas. Nunca é aconselhável aproveitar terrenos demasiado próximos de estradas com tráfico intenso: corre-se o perigo de comer produtos hortícolas com «chumbo».

Como

Seja qual for a forma e a superfície do lote de terreno a destinar à horta, convém racionalizar o mais possível o arranjo dos diversos lados de modo a poder ter uma visão ordenada do conjunto e, por consequência, uma simplifi-cação de todas as operações de cultivo. Numa horta ordenada, as próprias estruturas encontram mais facilmente uma colocação ideal. Se a superfície for limitada, poderá evitar-se a formação de bordas, cultivando em linhas, dimi-nuindo as distâncias entre as plantas, eliminando os caminhos e intensificando as sementeiras e as transplantações: deve favorecer-se o desenvolvimento na vertical, distribuindo as plantas de modo a que não façam sombra umas às outras (fig. 2).

Se o lote de terreno destinado à horta tem dimensões mais relevantes (250 m2), é melhor alinhar canteiros com uma superfície mais ou menos

equi-valente, de forma rectangular, com caminhos suficientemente largos (que per-mitam a passagem do carrinho de mão (fig. 3). A amplitude da horta também permite criar espaços ideais para pequenas estufas, caixotes envidraçados, viveiros e para a acumulação de material destinado a adubo, especialmente em locais onde é difícil encontrar adubo.

Também é necessário prever lotes maiores onde se possam colocar plantas de ciclo longo (espargos, alcachofras, aromáticas).

Na escolha do número dos canteiros é preciso ter presente a necessidade da rotação das culturas.

Onde já se cultivaram couves, é melhor não voltar a plantar estas crucíferas no ano seguinte, de modo a permitir uma alternância.

A sucessão da mesma planta no mesmo terreno comporta uma série de inconvenientes que vão desde o empobrecimento progressivo de alguns

(5)

ele-mentos nutrivivos a um crescente risco de aparecimento de doenças, de varia-ções na estrutura física do solo à acumulação de substâncias tóxicas. Esta série de fenómenos assume o nome de «cansaço do terreno» e conduz à redução da produção de ano para ano até chegar à «esterilidade» do solo. Com a rotação de espécieis ultrapassam-se estes inconvenientes e favorecem-se as produções. Existem alguns princípios fundamentais que prevêem as seguintes altera-ções:

a) fazer seguir as couves às leguminosas;

b) fazer seguir aos tomates, as abóboras e as courgettes de espécies

hortí-colas com raiz;

c) fazer seguir às batatas, as couves, depois os nabos e os alhos-porros; d) não cultivar leguminosas depois de leguminosas;

e) não fazer seguir as culturas de raiz às batatas.

Fig. 2

(6)

Fig. 3

Horta de grandes dimensões

Para simplificar: é bom não cultivar a mesma espécie hortícola dois anos sucessivos no mesmo lote de terreno.

Quando

Para dar uma resposta mais ampla a esta questão propomos a leitura do capítulo «Calendário Mensal».

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É um dos meses do ano nos quais o trabalho na horta é extremamente reduzido. De facto, durante este mês, o frio, a chuva e o gelo e até mesmo os nevões não são raros.

Estes fenómenos metereológicos desenvolvem no terreno uma constante acção benéfica: impregnam-no de água enchendo as reservas, favorecem a desagregação dos torrões enxadados e permitem o repouso necessário em bene-fício do reinício nos meses seguintes.

Nos raros dias de sol pode dar-se início a alguns trabalhos no terreno. Em particular pode dar-se continuidade à distribuição do adubo ou do estrume nas bordaduras e pode trabalhar-se com a enxada. A principal actividade de Janeiro continua em todo o caso a ser a da organização do armazém, que pode ser fecha-do e com aquecimento. Restauram-se ferramentas, preparam-se estacas e paus e fios de sustentação, pode programar-se os destinos dos canteiros tendo em conta a sucessão das culturas (rotação) e começa a preparar-se os viveiros para os cultivos antecipados da Primavera.

Resumo da actividade do mês

• Sementeira em viveiro • Início das transplantações • Trabalhos ao ar livre

— adubar

— regular e arranjar os canteiros — retirar os resíduos da vegetação — Arejar as coberturas

• Limpeza da esparragueira • Colheita

• Organização do armazém

(8)

Sementeiras em viveiro

Não é aconselhável semear no próprio terreno. Pode haver dias com tem-peraturas muito baixas. Além disso, a temperatura baixa do terreno não permi-tiria uma permanência prolongada das sementes à espera de momentos mais favoráveis à germinação. Fig. 4 Sementeira numa caixa Fig. 5 Sementeira em vasinhos de plástico

(9)

INTRODUÇÃO ... 7

A HORTA: PORQUÊ, ONDE, COMO, QUANDO ... 9

Porquê ... 9 Onde ... 11 Como ... 11 Quando ... 13 JANEIRO ... 14 Sementeiras em viveiro ... 15

Início das transplantações ... 18

Trabalhos ao ar livre ... 19 Limpeza da esparragueira ... 20 Colheita ... 21 Organização do armazém ... 22 FEVEREIRO ... 24 Sementeira ao ar livre ... 25 Viveiros ... 28 Plantações ... 28 Trabalhos no terreno ... 32

Cuidados com as plantas ... 32

Colheita ... 33

MARÇO ... 34

Sementeiras no local definitivo ... 35

Sementeiras no viveiro ... 40 Transplantações ... 42 Plantações ... 42 Adubações ... 46 Irrigação ... 46

ÍNDICE

(10)

Trabalhos no terreno ... 48

Cuidados com as plantas ... 48

Luta ... 48

Colheita ... 48

ABRIL ... 49

Sementeira no local definitivo ... 50

Sementeiras no viveiro ... 50

Transplantações ... 50

Plantações ... 54

Trabalhos no terreno ... 56

Cuidados com as plantas ... 58

Adubações ... 59 Irrigação ... 60 Luta ... 60 Colheita ... 61 MAIO ... 62 Sementeiras ... 63 Transplantações ... 66 Regas ... 69 Adubações ... 70 Trabalhos no terreno ... 70

Cuidados com as plantas ... 70

Luta ... 71 Colheita ... 74 JUNHO ... 75 Sementeiras ... 78 Transplantações ... 78 Irrigações ... 78 Adubações ... 79 Trabalhos no terreno ... 79

Cuidados com as plantas ... 80

Preparação do novo adubo ... 82

Luta ... 82

Colheita ... 83

JULHO ... 85

Sementeiras ... 86

(11)

Irrigações ... 88

Adubações ... 89

Trabalhos no terreno ... 89

Cuidados com as plantas ... 90

Luta ... 91 Colheita ... 92 AGOSTO ... 93 Sementeiras ... 94 Transplantações ... 95 Irrigações ... 96 Trabalhos no terreno ... 96 Luta ... 96

Colheita e conservação das batatas de Inverno ... 99

Colheita e conservação das abóboras ... 100

Colheita ... 101

SETEMBRO ... 102

Sementeiras e transplantações ... 103

Trabalhos no terreno ... 105

Cuidados com as plantas ... 106

Luta ... 108

Colheita ... 109

OUTUBRO ... 110

Sementeiras e transplantações ... 111

Trabalhos no terreno ... 111

Cuidados com as plantas ... 113

Luta ... 114

Colheita ... 114

NOVEMBRO ... 115

Sementeiras e transplantações ... 116

Trabalhos no terreno ... 116

Cuidados com as plantas ... 118

Manutenção das ferramentas ... 119

Luta ... 119

Colheita ... 119

DEZEMBRO ... 120

(12)

Trabalhos no terreno ... 121

Emergência de neve ... 121

Manutenção das ferramentas ... 121

Colheita ... 122

TABELAS ... 123

AS ERVAS AROMÁTICAS PERENES ... 130

Rosmaninho ... 131 Sálvia ... 131 Orégão ... 132 Manjerona ... 132 Hortelã-pimenta ... 132 Estragão ... 132 Louro ... 132 Tomilho ... 133

BREVES REFERÊNCIAS DE CLIMATOLOGIA ... 134

O TERRENO ... 147 AS FERRAMENTAS ... 148 SEMENTES E SEMENTEIRAS ... 155 A ÁGUA E AS IRRIGAÇÕES ... 161 AS ADUBAÇÕES ... 164 AS PROTECÇÕES ... 167

A LUTA CONTRA AS DOENÇAS ... 172

TABELA DOS ALIMENTOS ... 173

Referências

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