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Efeitos do programa "Minha casa, minha vida" sobre a demanda habitacional e o desenvolvimento da região de abrangência da Caixa Econômica Federal de Ijuí, RS

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ADRIANA DA PALMA FERRAZ

EFEITOS DO PROGRAMA "MINHA CASA, MINHA VIDA" SOBRE A DEMANDA HABITACIONAL E O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DE ABRANGÊNCIA DA

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL DE IJUÍ, RS

Ijuí (RS) 2012

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1

ADRIANA DA PALMA FERRAZ

EFEITOS DO PROGRAMA "MINHA CASA, MINHA VIDA" SOBRE A DEMANDA HABITACIONAL E O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DE ABRANGÊNCIA DA

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL DE IJUÍ, RS

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Economia, do Departamento de Ciências da Administração, Contábeis, Econômicas e da Comunicação (DACEC), da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Economia.

Orientadora: Ms. Marlene Köhler Dal Ri

Ijuí (RS) 2012

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A Banca Examinadora abaixo-assinada aprova a Monografia:

EFEITOS DO PROGRAMA "MINHA CASA, MINHA VIDA" SOBRE A DEMANDA HABITACIONAL E O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DE ABRANGÊNCIA DA

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL DE IJUÍ, RS

elaborada por

ADRIANA DA PALMA FERRAZ

requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Economia.

Ijuí (RS), 04 de julho de 2012.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________ Ms. Marlene Köhler Dal Ri

Orientadora

_______________________________________ Prof.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus, por possibilitar não somente esta, mas inúmeras conquistas em minha vida.

Aos meus pais e, especialmente, ao meu saudoso irmão, pela motivação em muitos momentos, sempre me incentivando a continuar os estudos, oferecendo ajuda, quando necessário, e ressaltando a importância do estudo, principalmente dizendo o quanto ficaria orgulhoso em dividir comigo a alegria da conquista.

À minha professora orientadora, mestre Marlene Köhler Dal Ri, que aceitou a proposta de desenvolver o tema e colaborou com o conhecimento necessário, sempre com muito otimismo e entusiasmo, incentivando e apoiando a pesquisa em todos os momentos, mesmo nos mais difíceis. Suas palavras confortantes e os méritos do conhecimento de muitos anos dedicados à docência me fizeram acreditar que realmente seria possível concluir o curso de Economia.

A todos os mestres que, ao cumprir sua função de disseminar o conhecimento, contribuíram com meu aprendizado e com a formação e a capacitação da profissional que hoje represento. Particularmente, ao professor mestre José Dalmo Silva de Souza, que num momento de muitas dúvidas, incertezas e fraquezas quando estive prestes a desistir da graduação, mostrou que seria importante continuar o curso e ter a felicidade de concluí-lo.

Aos queridos colegas de curso, muitos dos quais se tornaram amigos,

sempre presentes, compartilhando alegrias, angústias, medos,

conquistas, participando de momentos que sempre serão lembrados com muito carinho. Agradeço pelas amizades sinceras iniciadas na graduação e que permanecerão por toda a vida, e também às amizades que fiz fora do curso, que sempre me incentivaram e motivaram para hoje vivenciar este momento de tanta felicidade.

A todos que de alguma forma participaram desta jornada, o meu mais sincero agradecimento.

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RESUMO

O presente estudo analisa o aumento da demanda de imóveis por intermédio do “Programa Minha Casa, Minha Vida” na cidade de Ijuí e nos municípios vizinhos de abrangência de atendimento da agência da Caixa Econômica Federal de Ijuí, bem como investiga os fatores que condicionam este tipo de demanda. O PMCMV veio de encontro à intenção do Governo Federal de suprir o déficit habitacional, pois garantir moradia é um dever previsto na Constituição Federal de 1988. O programa busca facilitar o acesso à casa própria com juros baixos, prazo longo e subsídio ao mutuário de acordo com a renda, o município, o valor do imóvel e a modalidade em que será enquadrado. Estas questões são analisadas mediante um estudo quali-quantitativo com base nos anuários estatísticos da Caixa Econômica Federal, levando em consideração tanto o retorno gerado, quanto o risco para gerar tal retorno. O estudo ora apresentado trabalha com dois métodos, que são a pesquisa bibliográfica e a análise documental, sendo este o principal método utilizado. A pesquisa caracteriza-se como exploratória e descritiva, pois estuda e descreve os dados sobre o crescimento da demanda de contratações de financiamentos habitacionais pelo PMCMV por meio da agência da Caixa Econômica Federal de Ijuí e de seus municípios de abrangência, bem como analisa o impacto que essa demanda tem gerado na economia local. Constata-se que após a implantação do PMCMV a elevação nas contratações habitacionais foi de mais de 200%, considerando que a população local teve crescimento praticamente insignificante, apenas cerca 1,00%. A comparação destes dois dados evidencia que a população praticamente não aumentou, ao passo que o acesso à moradia, com a residência própria teve um alto crescimento, devido à possibilidade oferecida pelo PMCMV. A economia local está recebendo sucessivas injeções de moeda, pois em menos de dois anos, parte de 2009 e 2010, aproximadamente R$ 47 milhões foram originados em créditos dos financiamentos habitacionais deste Programa Governamental. Conclui-se, portanto, que houve significativo aumento nas contratações de financiamentos habitacionais em Ijuí e nos municípios de abrangência da CEF após a implantação do PMCMV, o que se refletiu na economia local e regional.

Palavras-chave: Programa Minha Casa, Minha Vida. Caixa Econômica Federal. Déficit habitacional. Casa própria. Economia.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mapa do Estado do RS com representação das mesorregiões... 38 Figura 2. Variação populacional absoluta, por municípios, no RS

(2000-2010)... 45 Figura 3. Contratações com recursos do FGTS (2000-2010), abrangência

nacional... 47 Figura 4. Contratos habitacionais efetivados em Ijuí (2005-2010)... 48 Figura 5. Valor monetário de contratações habitacionais em Ijuí

(2005-2010)... 49 Figura 6. Evolução da contratação habitacional em Ijuí... 55

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Composição do Produto Interno Bruto, a preço de mercado

(2000/2011) (em R$ milhão)... 37

Quadro 2. Dados econômicos dos municípios que compõem a região da pesquisa... 39

Quadro 3. Contratações com recursos do FGTS (2000-2010), abrangência nacional... 41

Quadro 4. Contratações com recursos do FGTS (2010) Estado do RS... 42

Quadro 5. Evolução da contratação habitacional em Ijuí, RS... 43

Quadro 6. Plano de contratações e metas físicas do FGTS (2011) (em R$ mil)... 43

Quadro 7. Plano de contratações e metas físicas do FGTS (2011)... 44

Quadro 8. Plano plurianual de contratações do FGTS (2012/2014)... 44

Quadro 9. Evolução populacional da região da pesquisa (2000/2010)... 46

Quadro 10. Evolução populacional do RS e da região da pesquisa (2000/2010)... 47

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LISTA DAS SIGLAS

BNH – Banco Nacional de Habitação

CEF – Caixa Econômica Federal

CEPAL – Comissão Econômica para América Latina e Caribe

COHAB – Companhia Estadual de Habitação

DFI – Danos Físicos do Imóvel

FAR – Fundo de Arrendamento Residencial

FDS – Fundo de Desenvolvimento Social

FEE – Fundação de Economia e Estatística

FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IGP – Índice Geral de Preços

INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor

MIP – Morte e Invalidez Permanente

OGU – Orçamento Geral da União

PAB’s – Pontos de Atendimento Bancário

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento

PIB – Produto Interno Bruto

PIS – Programa de Integração Social

PLANHAB – Plano Nacional de Habitação

PMCMV – Programa Minha Casa Minha Vida

PNB – Produto Nacional Bruto

PNH – Política Nacional de Habitação

PNHR – Programa Nacional de Habitação Rural

SBPE – Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 9

1 O DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO E O BEM-ESTAR SOCIAL ... 17

1.1 FORMAÇÃO DO ESPAÇO REGIONAL E ECONOMIA DO BEM-ESTAR SOCIAL ... 17

1.1.1 A formação do espaço regional ... 18

1.1.2 Economia do bem-estar social ... 20

1.2 A IMPORTÂNCIA DA HABITAÇÃO ... 22

1.3 ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA/ALUGUEL ... 23

1.4 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CRÉDITO, CONSUMO E INFLAÇÃO .... 26

1.4.1 Desenvolvimento econômico ... 26

1.4.2 Crédito, consumo e inflação ... 32

2 A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL ENQUANTO AGENTE DE DESENVOLVIMENTO ... 34

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (CEF) ... 34

2.1.1 Caixa Econômica Federal (CEF) ... 35

3 A ECONOMIA REGIONAL, A HABITAÇÃO E O PROGRAMA “MINHA CASA, MINHA VIDA” ... 37

3.1 CARACTERÍSTICAS DA REGIÃO DA PESQUISA ... 37

3.2 BREVE HISTÓRICO DOS FINANCIAMENTOS DA CEF (SBPE, FGTS, CONSELHO CURADOR...) ... 40

3.3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 45

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 51

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INTRODUÇÃO

A partir de 1986 passaram a ocorrer expressivas mudanças na política habitacional brasileira, desencadeadas, inicialmente, pela extinção do Banco Nacional de Habitação (BNH) e, no final daquela década, das Companhias Estaduais de Habitação (COHABs). No período anterior, compreendido entre 1964 e 1986, o BNH centralizava programas e recursos, os quais eram executados, em sua maioria, pelas COHABs. A extinção do BNH provocou a perda da capacidade de formulação de políticas em nível federal e o encolhimento dos recursos destinados às políticas urbanas. Desde então, as políticas governamentais que visavam enfrentar o problema habitacional apresentaram descontinuidade, passando a se alternar programas de governos locais, do setor empresarial e do setor cooperativado.

No final da década de 1980 presenciou-se um forte processo de municipaliza-ção das políticas habitacionais, quando os governos municipais tiveram o apoio da reforma institucional e fiscal promovida pela Constituição Federal de 1988, aliado ao novo papel dos prefeitos eleitos no processo de redemocratização do país.

Em 1986 ocorreram importantes agregações nas áreas de atuação da Caixa Econômica Federal. Mediante incorporação o Banco Nacional de Habitação (BNH) tornou-se agente operador do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), administradora de parte das contas vinculadas ao FGTS e de outros fundos do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). A partir de então a instituição tornou-se a maior potência nacional na atividade de financiamento da moradia própria, possibilitando fomentar o desenvolvimento urbano, principalmente do saneamento básico. Apenas em 1990, porém, houve a centralização da administração das contas vinculadas ao FGTS.

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O Governo brasileiro tem como meta universalizar o acesso à moradia digna para todo cidadão brasileiro. Para garantir o cumprimento deste compromisso com a população, principalmente com a camada de baixa renda, foram implantadas a Política Nacional de Habitação (PNH) e o Plano Nacional de Habitação (PLAN HAB).

Esta iniciativa foi tomada a partir da divulgação de dados do Ministério das Cidades, cujo relatório de 2007 apontou uma triste realidade: o cenário habitacional brasileiro das últimas décadas destaca o Brasil como um dos países com o maior déficit habitacional do mundo, ou seja, de 6.273 milhões de moradias. Inclui-se aí a população que vive em precárias moradias, como áreas de risco, favelas e cortiços, sem água tratada ou coleta de esgoto (IBGE/PNAD, 2007).

Até o início de 2009 a situação se manteve num patamar preocupante, uma vez que as instituições financeiras privadas não demonstravam interesse em investir em empreendimentos destinados ao público com baixa renda. Havia a preocupação de que este público não teria condições de adquirir um terreno ou mesmo de arcar com os custos de um empréstimo. Em outras palavras, o perfil do comprador de baixa renda não condizia com as exigências financeiras. Havia a necessidade, portanto, de uma interferência governamental mediante a liberação de subsídios que viabilizassem o empreendimento para ambas as partes.

Surgiu assim o Programa Minha Casa, Minha Vida, que veio de encontro à intenção do Governo Federal de suprir o déficit habitacional, pois garantir moradia é um dever previsto na Constituição Federal de 1988. O programa busca facilitar o acesso à casa própria a juros baixos, mediante longo prazo para pagamento e ainda subsidia o mutuário, de acordo com a renda, o município, o valor do imóvel e a modalidade em que será enquadrado. Obedecendo às condições propostas, o interessado que antes da existência do PMCMV não tinha recursos para adquirir o imóvel pode encontrar uma solução com o subsídio oferecido pelo Governo Federal.

O Programa Minha Casa, Minha Vida faz parte da implantação de uma política macroeconômica expansionista do Governo Federal, que operacionaliza, por meio da Caixa Econômica Federal, a melhoria das condições socioeconômicas de uma camada da sociedade que possui menor poder aquisitivo (renda familiar de até 10 salários mínimos) e, com isso, diminuir o déficit habitacional.

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No contexto de políticas governamentais intervencionistas que almejam melhoria das condições básicas para a população e, consequentemente, desenvolvimento socioeconômico, o tema do presente estudo busca analisar se houve aumento do número de financiamentos habitacionais por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida no município de Ijuí/RS e nos municípios vizinhos de abrangência da Caixa Econômica Federal, agência de Ijuí, RS, que são: Ajuricaba, Augusto Pestana, Bozano, Boa Vista do Cadeado, Catuípe, Coronel Barros e Jóia.

A carência de moradia própria e a deficiência no atendimento a esta demanda por parte do Poder Público agravam o problema do déficit habitacional, pois para a maioria das famílias a possibilidade de aquisição do imóvel está aquém da sua condição financeira, sendo, na maioria dos casos, a melhor alternativa o financiamento habitacional, com prazo longo, juro baixo e subsídio governamental.

O Programa Minha Casa, Minha Vida é um conjunto de medidas do Governo Federal desenvolvido com o intuito de proporcionar a aquisição do primeiro imóvel ou a recuperação de unidades habitacionais urbanas, beneficiando e amparando uma grande de parcela da sociedade que, sem subsídio governamental, não teria condições financeiras para transformar o sonho da casa própria em realidade, além, é claro, de sustentar a economia na criação de emprego e renda.

O subsídio concedido pela União é repassado à sociedade por intermédio da contratação de financiamentos habitacionais da Caixa Econômica Federal que utilizam recursos do FGTS. O PMCMV tem também as seguintes vantagens:

− desobriga contratar os seguros de Morte e Invalidez Permanente (MIP) e Danos Físicos do Imóvel (DFI), presentes nas demais operações habitacionais;

− incorpora ao saldo devedor das prestações em caso de perda da capacidade de pagamento;

− reduz e até isenta despesas cartorárias no registro do contrato assinado com a Caixa Econômica Federal.

A questão que se busca responder com o presente estudo define-se como: houve alteração significativa nas contratações de financiamentos habitacionais em Ijuí e nos municípios de abrangência da agência da Caixa Econômica Federal, agência de Ijuí, RS, após a implantação do PMCMV?

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Para obter desenvolvimento socioeconômico o crédito é uma ferramenta fundamental, aplicada a todos os setores de economia, tanto no âmbito nacional quanto internacional.

Contrair empréstimos bancários é a alternativa bastante difundida na sociedade, pois o consumidor bancário tem a sua disposição diversas linhas de crédito, de acordo com a sua condição de pessoa física ou jurídica.

É evidente que a instituição financeira exija a restituição do capital disponibilizado acrescido de juros e encargos financeiros, sendo que em algumas operações também são exigidas garantias reais, aceitando-se bens móveis ou imóveis. Exemplo disso são os financiamentos habitacionais em que o imóvel financiado é a própria garantia de alienação fiduciária. Ressalta-se que é de total responsabilidade do tomador do empréstimo honrar o seu pagamento.

Considerar o risco da operação faz parte do processo de análise dos bancos, cuja medida é cautelosa e prudente tanto para amenizar as perdas financeiras como para não ultrapassar a capacidade de endividamento dos mutuários (tomadores de empréstimos habitacionais). Da mesma forma, os clientes em potencial também devem analisar as condições da operação financeira, sendo esclarecidos quanto às de despesas e encargos momentâneos e futuros, bem como se o endividamento não causará impacto prejudicial no orçamento familiar.

O financiamento habitacional não é uma modalidade nova de crédito, está no mercado desde a década de 1930, inicialmente pela iniciativa privada e, posteriormente, com a participação do Governo.

Até a década de 1930, a totalidade da produção habitacional brasileira coube à iniciativa privada, configurando o capital rentista que, originário de atividades agropecuárias ou mercantis, buscava no mercado imobiliário investimentos que gerassem alguma renda. Este capital rentista explorava as oportunidades ligadas à falta de moradias nas cidades brasileiras que cresciam rapidamente no final do século XIX e início do século XX, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro (BOTELHO, 2007, p. 98).

A necessidade de adquirir a casa própria, o desejo de aumentar o patrimônio, a alternativa de diversificar os investimentos, seja qual for o motivo que induz a procura pelo financiamento habitacional, terá sempre como resultado o bem imóvel adquirido por meio de um empréstimo com juros baixos (normalmente menores que

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os demais empréstimos pessoais pelo objetivo principal de facilitar o acesso à moradia digna) e o prazo estendido.

No prisma de análise da natureza econômica, a justificativa para o presente estudo pode ser assim definida: o estudo é muito importante, pois permite o aporte de conhecimentos a fim de prestar esclarecimentos às pessoas que procuram pelos programas governamentais.

Munido de informações, o proponente a mutuário pode então realizar o sonho da casa própria, ter melhor qualidade de vida e equilíbrio financeiro, pois o crédito habitacional, especialmente através do PMCMV, possibilita a aquisição de um bem durável com parcelas dentro de sua capacidade de pagamento. Com o decorrer de tempo o financiado poderá se precaver, agilizando a quitação/desalienação de seu imóvel financiado por meio das condições que a Caixa Econômica Federal oferece como, por exemplo, a utilização do saldo de FGTS para amortização ou liquidação da dívida.

O estudo proporciona ainda o conhecimento da região da pesquisa, especificamente o seu problema de déficit habitacional e o reflexo da implementação das políticas governamentais intervencionistas.

O presente estudo pretende analisar se houve aumento da demanda por imóveis por intermédio do PMCMV na cidade de Ijuí e nos municípios vizinhos de abrangência de atendimento da agência da Caixa Econômica Federal de Ijuí, bem como investigar os fatores que condicionam este tipo de demanda. Para tanto, o estudo possui os seguintes objetivos específicos:

− caracterizar o ambiente de estudo e selecionar material que constitua o referencial teórico acerca do tema em estudo;

conceituar e analisar o objetivo do Programa Minha Casa, Minha Vida;

− analisar o comportamento do (possível) aumento da demanda de financiamentos habitacionais por meio do PMCMV na região de abrangência da pesquisa.

Estas questões são analisadas mediante um estudo quali-quantitativo com base nos anuários estatísticos da Caixa Econômica Federal, levando em consideração tanto o retorno gerado, quanto o risco para gerar tal retorno.

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A metodologia da pesquisa destina-se à apresentação da estrutura da pesquisa, os seus aspectos gerais, os instrumentos que foram utilizados na coleta de dados, além da maneira como estes dados foram analisados.

O estudo ora apresentado trabalha com dois métodos, que são a pesquisa bibliográfica e a análise documental, sendo este o principal método utilizado.

A pesquisa bibliográfica foi adotada com o objetivo de possibilitar a compreensão de uma série de dados de maneira mais abrangente do que na pesquisa direta, considerando a dispersão de informações distribuídas pelo espaço determinado para a pesquisa.

Segundo Gil (2007, p. 44), a pesquisa bibliográfica “é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Para o autor (2007, p. 59), portanto, a pesquisa bibliográfica pode ser entendida como um processo que envolve as seguintes etapas: escolha do tema; levantamento bibliográfico preliminar; formulação do problema; elaboração do plano provisório de assunto; busca das fontes; leitura do material; fichamento; organização lógica do assunto; e redação do texto.

Complementando o método utilizado nesta pesquisa, e obedecendo às normas técnicas, apresenta-se o conceito de análise documental formulado por Gaio, Carvalho e Simões (2008, p. 148):

Para pesquisar precisamos de métodos e técnicas que nos levem criteriosamente a resolver problemas. [...] é pertinente que a pesquisa científica esteja alicerçada pelo método, o que significa elucidar a capacidade de observar, selecionar e organizar cientificamente os caminhos que devem ser percorridos para que a investigação se concretize.

A metodologia é a exposição de métodos e técnicas utilizados para estruturar os dados já selecionados e determinar como serão colhidas novas informações. Os métodos dão o caminho, a orientação da investigação científica, pois o trabalho acadêmico-científico precisa de estruturas metodológicas que colaborem no enriquecimento de informações, de acordo com a meta de estudo estabelecida.

Minayo (2008, p. 22) complementa afirmando que “a metodologia inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a apreensão da realidade e também o potencial criativo do pesquisador”.

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A coleta de dados constitui-se na combinação de métodos e técnicas de análise de indicadores de informações. As informações utilizadas para a análise foram obtidas junto à agência de Ijuí da Caixa Econômica Federal.

Além de outros instrumentos utilizados na coleta de informações foram realizadas pesquisas nos anuários estatísticos da Instituição Financeira, agência da Caixa Econômica Federal de Ijuí, seguindo norma de sigilo bancário. E, por não ser o foco da pesquisa, foram resguardadas as características pessoais dos mutuários, limitando-se aos dados gerais de contratações de financiamentos habitacionais pelo PMCMV da unidade de Ijuí.

Os financiamentos habitacionais possuem uma longa história na sociedade brasileira e, por isso, não se constituem em nenhuma novidade ao público que pretende adquirir imóveis, seja com destinação para moradia ou para investimento. O PMCMV foi acrescentado pelo Governo Federal a este contexto de demanda por imóveis financiados a longo prazo, com juro acessível, destinado principalmente às camadas populacionais menos favorecidas da sociedade.

A pesquisa ora realizada caracteriza-se como exploratória e descritiva, pois pretende estudar e descrever os dados sobre o crescimento ou não da demanda de contratações de financiamentos habitacionais pelo PMCMV por meio da agência da Caixa Econômica Federal de Ijuí e de seus municípios de abrangência. Caso isso se confirme, pretende-se, também, analisar o impacto que essa demanda tem gerado na economia local.

A pesquisa é caracterizada, portanto, como exploratória, sendo conceituada por Vergara (2004, p. 32) da seguinte forma:

Estuda fatores que determinam a ocorrência de determinados fenômenos. Visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o “porquê” das coisas. Quando realizada nas ciências naturais, requer o uso do método experimental, e nas ciências sociais requer o uso do método observacional.

A pesquisa descritiva, por outro lado, é conceituada por Alyrio (2008), que a descreve como uma atividade que busca essencialmente a enumeração e a ordenação de dados, sem o objetivo de comprovar ou negar hipóteses exploratórias.

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Ela possibilita a abertura de um espaço para uma nova pesquisa explicativa, fundamentada na experimentação.

O presente estudo é basicamente bibliográfico e documental, sendo a análise e interpretação das informações fomentadas pelas teorias econômicas, além de dados coletados junto à Instituição Financeira local – a agência da Caixa Econômica Federal – e sites fidedignos de dados de pesquisa, tais como FEE e IBGE/PNAD.

O estudo está estruturado em três capítulos. O primeiro apresenta a fundamentação teórica que embasou a presente pesquisa. Nele são desenvolvidos tópicos como o desenvolvimento socioeconômico e bem-estar social, a importância da habitação, a especulação imobiliária, o crédito, consumo e inflação.

O segundo capítulo aborda a caracterização e o papel de agente executor das políticas governamentais de desenvolvimento por parte da Caixa Econômica Federal.

O terceiro capítulo apresenta as características da região da pesquisa e um breve histórico dos financiamentos habitacionais que servirão de base para apresentação e análise dos resultados com base nos dados coletados, analisando o (possível) impacto do aumento da demanda por financiamentos habitacionais por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida na cidade de Ijuí/RS e nos municípios vizinhos de abrangência da agência da Caixa Econômica Federal de Ijuí/RS.

Seguem as considerações finais e as referências que embasaram teoricamente o estudo.

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1 O DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO E O BEM-ESTAR SOCIAL

Este capítulo traz conceitos de desenvolvimento socioeconômico, evidencian-do a necessidade de habitação digna a toevidencian-dos os cidadãos.

1.1 FORMAÇÃO DO ESPAÇO REGIONAL E ECONOMIA DO BEM-ESTAR SOCIAL

O combate à desigualdade (na sequência, da redução da pobreza) passou a ganhar espaço específico das políticas públicas. Isto ficou marcante com a criação e a expansão de diferentes programas sociais, como os de transferência de renda. É até possível que tais programas de transferência tenham contribuído para diminuir a necessária atenção para as ações públicas de caráter universal ou estruturante, como educação e saúde. O que não há como negar é a mudança da agenda e a importância da política fiscal em meio às atuais políticas públicas no continente. Diante das dúvidas e dos desafios para conciliar o financiamento responsável com o gasto social crescente, a questão fiscal tende a se tornar o principal ponto de interconexão entre as práticas e as políticas econômicas e sociais.

Bem-estar social – O bem-estar social é o bem-comum, o bem do povo em geral, expresso sob todas as formas de satisfação das necessidades comunitárias. Nele se incluem as exigências materiais e espirituais dos indivíduos coletivamente considerados; são as necessidades vitais da comunidade, dos grupos, das classes que compõem a sociedade. O bem-estar social é o escopo da justiça social a que se refere nossa Constituição (art. 170) e só pode ser alcançado através do desenvolvimento nacional. Para propiciar esse bem-estar social o Poder Público pode intervir na propriedade privada e nas atividades econômicas das empresas, nos limites da competência constitucional atribuída a cada uma das entidades estatais, através de normas legais e atos administrativos adequados aos objetivos da intervenção. O que se exige é que essa intervenção se contenha nos lindes constitucionais e legais que amparam o interesse público e garantem os direitos individuais (MEIRELLES, 2007, p. 479).

No contexto do desenvolvimento socioeconômico, há que se considerar a formação do espaço regional e a economia do bem-estar social, tópicos que serão abrangidos a seguir.

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1.1.1 A formação do espaço regional

Pensar em desenvolvimento socioeconômico é refletir de maneira complexa a respeito da forma como suprir as infinitas necessidades dos indivíduos que possuem escassos recursos.

Para entender o desenvolvimento socioeconômico é preciso saber o que se quer desenvolver, situar a localização, delimitar o espaço e a região sem restringir limites geográficos, mas sim características comuns da região, ou seja, definir a característica local e o ponto de partida do que se busca desenvolver, a origem e o objetivo que se pretende alcançar com o esperado desenvolvimento regional. Várias vertentes trabalham nesta linha de pensamento, aliando o papel de atuação e o nível de abrangência do Estado nas regiões econômicas.

De acordo com Sandroni (2011, p. 169):

O estudo do desenvolvimento econômico e social partiu da constatação da profunda desigualdade, de um lado, entre os países que se industrializaram e atingiram elevados níveis de bem-estar material, compartilhados por amplas camadas da população, e, de outro, aqueles que não se industrializaram e por isso permaneceram em situação de pobreza e com acentuados desníveis sociais.

Há uma ampla discussão para diferenciar desenvolvimento de crescimento econômico, como se este fosse causa e mensurado apenas de maneira quantitativa, enquanto desenvolver seria de maneira qualitativa. Neste estudo, portanto, será adotado o conceito de desenvolvimento estrutural.

De acordo com as ideias gerais da CEPAL, contidas em seus primeiros documentos, o desenvolvimento econômico se expressa no aumento do bem-estar material, normalmente refletido pela elevação da renda por habitante e condicionado pelo crescimento da produtividade média do trabalho. Considera-se que esse crescimento depende da adoção de métodos de produção indiretos cujo uso implica o aumento da dotação de capital por homem ocupado. A maior densidade de capital, por sua vez, vai sendo obtida à medida que se leva a efeito a acumulação, que é impulsionada pelo progresso técnico, necessária para garantir sua continuidade.

Deste modo, consideradas no nível mais alto de abstração, as ideias sobre desenvolvimento econômico coincidem com as que, em linhas gerais, estão presentes nas teorias de crescimento de origem neoclássica e keynesiana, que o concebem como o processo de acumulação de capital [...] (RODRÍGUEZ, 1981, p. 36).

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Como já mencionado anteriormente, uma região não deve se limitar ao espaço físico-geográfico, mas ser identificada por semelhanças e interesses comuns, normalmente econômicos, abrangendo a questão social e ambiental. É relevante considerar o tipo de produtividade, os hábitos/costumes, a movimentação social, as características básicas e afinidades que aproximam municípios, por exemplo.

Alcançar desenvolvimento regional implica ter uma região delimitada e preparada para tal transformação na estrutura produtiva local. Muitos estudos foram e continuam sendo realizados a respeito do tema desenvolvimento local, com alguns entraves na questão de conceituar o que é região e também o que realmente é desenvolvimento.

Se é ingênuo interpretar a sociedade fora do contexto do conflito, é ainda mais ingênuo imaginar que o conflito seja a impossibilidade de conviver. Ao contrário, é apenas uma forma mais dinâmica e criativa de convivência. A partir disso, vale sempre lembrar, que a política social do desenvolvimento tem como tarefa central romper com a pobreza política. Primeiro, a cidadania para que exista chance real de redistribuição de renda e de poder (DEMO, 2000, p. 80).

A complexidade da economia regional é fator determinante para o bom desempenho das atividades que objetivam o desenvolvimento regional. Assim, é de fundamental importância ter o conhecimento da realidade local, fazer uma leitura do que cerca o novo empreendimento ou a nova política a ser adotada na região em foco. Quanto mais complexa for a produtividade em que está inserida, maior deverá ser o nível de organização para executar o objeto de desenvolvimento.

[...] modelos de impulso e modelos de gargalo. Os modelos de impulso partem da presunção de que o crescimento carece de um forte estímulo, seja sob a forma de impulso de demanda externa (modelos neo-keynesianos de crescimento) ou de empresários dinâmicos (inovações) e/ou parques industriais dinâmicos. Os modelos de gargalo indicam como causa de déficits no crescimento uniforme, sejam fatores da produção (capacidades gerenciais, mão-de-obra qualificada, capital, progresso tecnológico) ou condições de produção (infraestrutura, vantagens aglomerativas), ou a existência de barreiras à integração (limitações de acesso ao mercado, condições em matéria de comunicações e transportes) (FÜRST; KLEMMER; ZIMMERMANN, 1983, p. 113).

Instrumento de apoio e base de todo o processo é o planejamento, feito após o diagnóstico da situação-problema. Para analisar a viabilidade do projeto a ser implementado é necessário estruturar e aplicar ações eficientes de acordo com o

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contexto apurado. Assim, dominar conhecimentos e estar preparado para mudanças e adaptações ao novo são pontos a serem trabalhados na região.

Sampaio (1996, p. 78) reforça este pensamento ao expressar que dentro do contexto do espaço local “existe um movimento de elementos – sociais, geográficos e naturais – e a preocupação não está na definição de seus limites, mas nos seus entrelaçamentos que o compõem”.

1.1.2 Economia do bem-estar social

O estudo da economia avalia as necessidades humanas que são supridas por bens e serviços. O centro da economia, portanto, é o ser humano, e estuda-se para melhorar sua condição de vida. Os produtos foram criados para suprir seus interesses, suas vontades, ou seja, suas necessidades, através de recursos escassos.

Para entender o estudo da economia do bem-estar social é necessário diferenciar economia positiva e economia normativa:

A separação entre as proposições positivas e normativas é de fácil compreensão. Quando nos encontramos no campo positivo, interessamo-nos em descrever ou, então, em teorizar determinado aspecto da realidade, preocupando-nos com os fatos, da forma como eles são ou segundo se apresentam. Quando, todavia, nos deslocamos para o campo normativo, formulamos julgamentos e propomos novas situações; estaremos situando-nos, assim, diante de um enfoque bem diferente do anterior, procurando examinar ou propor como os fatos devem ser (ROSSETTI, 1994, p. 81).

A economia positiva é constituída pela Economia Descritiva e pela Teoria Econômica. A Economia Descritiva é uma visão superficial da realidade, são constatações, observações, sem juízo de valor, é o chamado “senso comum” que acrescentando-se à sistematização de conhecimento transforma-se em Teoria Econômica. Esta, por sua vez, é a parte científica da Economia como um todo, pois baseia-se na coerência dos fatos, sem julgamento ético, apenas uma apresentação organizada e lógica da realidade. Trata-se de uma medida paliativa, postergando a real solução e até mesmo “mascarando” o desequilíbrio econômico, o que a longo prazo é uma alternativa inócua.

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Enquanto isso, a economia normativa é constituída pela Política Econômica, que se utiliza das Teorias Econômicas para compilar a apresentação dos fatos em juízo de valor, é intervencionista, através ideologias e partidarismos, por exemplo. É a parte analítica e que procura justificar os acontecimentos e ações, além de normatizá-los (por isso denomina-se Economia Normativa). Quando incluem-se juízos de valor a imparcialidade fica comprometida, o que dá margem a contestações e opiniões opositivas, pois a causa de um fenômeno é analisada e dependendo da visão/posição a interpretação e explicação poderá ser contraditória.

A economia normativa interessa-se explicitamente pelos objetivos econômicos e pelas políticas econômicas para a consecução desses objetivos. Ao contrário da economia positiva, preocupa-se com a questão de o que deve ser, e não só com o que é. As políticas econômicas do mundo real afetam algumas pessoas favoravelmente e outras desfavoravelmente (AWH, 1981, p. 402).

Para uma economia atingir a condição de bem-estar é necessário considerar o cerne do problema, pois isso culmina em desenvolvimento socioeconômico, o que provoca uma mudança estrutural do sistema, tornando-o mais homogêneo. Enquanto isso, a política normativa tende a ter mais eficiência a longo prazo:

[...] eficiência e equidade; aqui, porém, a terminologia não é firme, porque bem-estar econômico, muitas vezes, quer dizer somente eficiência. Quanto à eficiência ser ótima, como no equilíbrio geral de preços competitivos, nenhum recurso é desperdiçado, ou colocado em menos do que seus melhores usos possíveis; não pode haver mais produção de um bem sem menor produção de um outro; e uma unidade familiar não pode consumir mais, salvo de uma outra consumir menos [...] (WATSON; HOLMAN, 1979, p. 445).

O termo “economia do bem-estar social” não quer dizer que é uma parte do estudo da economia que está encarregada de criar e gerir programas sociais, não é uma vertente assistencialista, é sim uma busca constante de melhorar a condição do indivíduo. Os estudos de Tisdell (1978, p. 416) apresentam este conceito:

A economia do bem-estar, que é inseparável do estudo global da economia, preocupa-se com a desejabilidade social das alternativas econômicas possíveis. O principal problema em consideração é o de selecionar a possibilidade econômica que seja melhor do ponto de vista da sociedade. Para escolher, necessita-se de uma ordem de valores (preferências) das possibilidades econômicas e o conhecimento de quais estados econômicos são realmente possíveis. Tanto um conhecimento do mundo econômico como ele realmente é, como uma ordem de valores satisfatória são essenciais. Naturalmente, é difícil selecionar uma ordem

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aceitável, mas muitas das prescrições políticas da economia do bem-estar são falsas, porque a parte positiva do modelo (a parte preocupada com o que é, em vez do que o que é desejável) é mal fundada na prática [...].

Em resumo, a economia do bem-estar é um dos mais novos campos da economia neoclássica, que tenta proporcionar à Ciência Econômica uma avançada visão dessa filosofia da economia, introduzindo um novo método de estudar e dar soluções aos problemas econômicos da atualidade. Em verdade, a economia do bem-estar não tem por objetivo criar programas para famílias de baixa renda, mas se preocupa com a maneira como as famílias se sentem, considerando o aspecto da justiça social. Esta nova visão tem como meta fundamental explicar como identificar e atingir alocações de recursos socialmente eficientes na nação. Por isso, é preciso que se busquem na economia do bem-estar, algumas soluções que a economia neoclássica positivista não tem conseguido, nos tempos hodiernos, e que estas soluções não sejam paliativas, mas efetivas, até que sejam superadas por outras melhores e mais duradouras.

1.2 A IMPORTÂNCIA DA HABITAÇÃO

No Brasil, a moradia é mais que um sonho, um luxo, um desejo – é um direito de todo cidadão, garantido por lei e amparado pela Constituição Federal de 1988.

Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (Título II Dos Direitos e Garantias Fundamentais; Capítulo II Dos Direitos Sociais).

Estudar a questão do déficit habitacional e de seus desdobramentos é de extrema importância, pois este é um dos mais acentuados problemas sociais. E para manter uma economia em desenvolvimento, com qualidade de vida e em situação de bem-estar social o Estado tem papel fundamental na promoção de acesso à moradia.

O problema não se restringe apenas ao meio urbano, mas também assola as áreas rurais, acentuando a desigualdade social. Assim, formam-se favelas e aglomerados humanos em cidades mais desenvolvidas, em alguns casos construí-das em lugares de risco para os moradores, além de moradias precárias no campo.

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Uma medida muito difundida para minimizar os impactos do déficit habitacional é o financiamento de longo prazo, o crédito praticado a juros baixos, o prazo longo e, algumas vezes, subsidiado pelo Governo, constituindo-se na maneira como grande parte da população consegue adquirir a moradia própria.

O Governo brasileiro tem como meta universalizar o acesso à moradia digna para todo cidadão brasileiro. Para garantir o cumprimento deste compromisso com a população, principalmente com a camada de baixa renda, existem incentivos como a Política Nacional de Habitação (PNH) e o Plano Nacional de Habitação (PLAN HAB).

Segundo dados obtidos em site eletrônico do Ministério das Cidades (BRASIL, 2011), a nova Política Nacional de Habitação é recente, tendo sido elaborada em 2004. Seu principal objetivo é retomar o processo de planejamento do setor habitacional e garantir novas condições institucionais a fim de promover o acesso à moradia digna a todos os segmentos da população.

Neste contexto, o PLAN HAB faz parte de um processo de planejamento de longo prazo para o setor habitacional. Ele pressupõe revisões periódicas e articulação com outros instrumentos de planejamento do Governo Federal, como planos plurianuais. Suas metas de produção estão associadas ao planejamento dos seus recursos orçados, sendo o ano de 2023 o período final para elaboração de estratégias e de propostas (BRASIL, 2011).

1.3 ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA/ALUGUEL

Especulação imobiliária é um assunto amplamente abordado quando se estuda habitação, principalmente se for considerada a questão do déficit habitacional, suas causas e consequências. É comum confundir o que realmente significa especulação imobiliária, normalmente a população associa o termo a investimentos no ramo habitacional, o que não está completamente errado.

Campos Filho (2001, p. 48) assim define especulação imobiliária: “[...] uma forma pela qual os proprietários de terra recebem uma renda transferida dos outros setores produtivos da economia, especialmente através de investimentos públicos na infra-estrutura e serviços urbanos [...].”

Uma pessoa ou empresa pode adquirir um ou mais imóveis com o intuito de receber renda futura, esperando sua valorização financeira por meio da venda ou de

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aluguel, e não para o devido fim que seria a moradia, impossibilitando e/ou dificultando a aquisição por indivíduos com menos recursos. Investidores em imóveis trabalham muito com o aluguel do bem, tornam a propriedade um ativo financeiro, recebendo renda sem precisar se descapitalizar.

Sachs (1998, p. 699) explica a dinâmica que envolve o mercado da especulação imobiliária:

A característica dos ativos financeiros, ou títulos, é que representam um direito contratual de receber futuros pagamentos se as condições do contrato forem cumpridas. Os bônus, por exemplo, representam um empréstimo do investidor a outro agente econômico (uma família, empresa ou governo) e prometem um pagamento do valor especificado ao portador. Os bônus são uma espécie de renda fixa, pois seu fluxo de pagamentos, geralmente é fixado quando o bônus é emitido. As ações representam um direito de propriedade sobre uma corporação e dão direito ao portador receber um fluxo de dividendos futuros que variam de acordo com a lucratividade da empresa. As ações são títulos de renda variável, pois, como dependem da lucratividade futura, os dividendos não são fixos.

A especulação imobiliária é praticada com a expectativa de melhoria do imóvel, seja edificação ou terreno. A valorização ocorre com o desenvolvimento da região onde está situada a localidade, por exemplo, facilidade ao acesso, suprimento de saneamento básico, outras construções, habitacionais ou comerciais, serviços à comunidade, etc. O que tornar o entorno atrativo comercial e também agradável e seguro para instalar residência é considerado item de valorização do imóvel, pois amplia a possibilidade de novos negócios e apresenta resultado praticamente imediato no aumento dos preços.

A espera pela melhoria não envolve gastos por parte do proprietário do imóvel. A manutenção, o pagamento de impostos e a conservação do local limpo, sem investimentos significantes, não á diretamente proporcional ao valor agregado com a qualificação da região. A maior parte do investimento é feita pelo Poder Público, principalmente o que está relacionado à infraestrutura. Assim, o praticante da especulação imobiliária usufrui de maior renda futura sem ter contribuído, sendo este um dos motivos pelos quais a provisão de bens públicos é menor do que a socialmente desejada.

O investidor, público ou privado, precisa dispor de capital para iniciar o empreendimento e, futuramente, capital de giro para manter as condições da atividade. Ele possui uma série de custos fixos e variáveis que aquecem a economia

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com geração de emprego e renda, o investimento inicial é diluído pelo tempo decorrido, assim como outras despesas que variam de acordo com o ramo de atividade. O especulante, por outro lado, não contribuiu com a economia e não possui tantos gastos para manter sua propriedade, mesmo assim consegue gerar lucro. Esta é uma prática considerada injusta por muitos setores da sociedade que não optam, e, na maioria das vezes, não dispõem de recurso para imobilizar patrimônio de forma ociosa.

A fim de regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988, que tratam da política de desenvolvimento urbano e da função social da propriedade foi criada em 2001, a lei federal n. 10.257, chamada de Estatuto da Cidade. A lei foi criada no sentido de democratizar a gestão das cidades brasileiras mediante instrumentos de gestão, dentre os quais estão o Plano Diretor, cuja implantação é exigida em cidades com mais de 20.000 habitantes.

Com base em uma nova interpretação do princípio individualista do Código Civil, o Estatuto da Cidade propõe a efetivação dos princípios constitucionais de participação popular ou gestão democrática da cidade, garantindo a função social da propriedade. Nesse sentido, cabe ao município a promoção e o controle do desenvolvimento urbano, em cumprimento da legislação urbanística e da fixação das condições e prazos de parcelamento, edificação e utilização compulsória da propriedade ou do solo.

Consultas a site eletrônico permitiram conhecer o conteúdo do Estatuto da Cidade, que em seu primeiro capítulo traz as diretrizes gerais para a execução da política urbana, com o objetivo de “ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana”. Entre elas estão a gestão democrática, a cooperação entre os governos, o planejamento das cidades e a garantia do direito sustentável às cidades. Em sua sequência o documento apresenta os instrumentos da política urbana como, por exemplo, o Plano Diretor, disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo, Zoneamento Ambiental, Plano Plurianual, Gestão Orçamentária Participativa, Diretrizes Orçamentárias, Orçamento Anual, etc. (ESTATUTO DA CIDADE, 2011).

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1.4 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CRÉDITO, CONSUMO E INFLAÇÃO

No sentido de apresentar a visão teórica do que é desenvolvimento econômico, como se constitui e quais os fatores determinantes, a seguir serão evidenciados o crédito, o consumo e a inflação. Também será analisada a necessidade do crédito para agentes superavitários e deficitários mediante concessão de crédito, a função consumo e os reflexos inflacionários.

1.4.1 Desenvolvimento econômico

Para explanar sobre as teorias de desenvolvimento econômico e suas implicações é de suma importância saber o que se quer desenvolver, para então ter o conhecimento de como pode ser mais eficiente e eficaz o processo de desenvolvimento econômico.

O Produto Interno Bruto (PIB) é o somatório de todos os valores e serviços finais produzidos em determinado espaço por determinado período de tempo, sendo um dos mais fidedignos indicadores econômicos adotados para calcular a situação econômica do espaço determinado para o estudo.

Segundo o Dicionário de Economia (SANDRONI, 2011, p. 459), este índice “representa o valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos no território econômico de um país, independente da nacionalidade dos proprietários dessas unidades produtoras”.

O PIB pode ser calculado sob três aspectos: da produção, da renda e do dispêndio. Pela ótica da produção ele corresponde à soma dos valores agregados líquidos dos setores primário, secundário e terciário da economia, acrescido dos impostos indiretos, mais a depreciação do capital, deduzidos os subsídios governamentais. Pela ótica da renda ele pode ser calculado sob a forma de salários, juros, aluguéis e lucros distribuídos, somando-se ainda os lucros não distribuídos, os impostos indiretos e a depreciação do capital, de cujo montante subtraem-se os subsídios. E, finalmente, pela ótica do dispêndio, o PIB resulta da soma do consumo das unidades familiares e do governo, acrescido das variações de estoque e das exportações, e deduzido as importações de mercadorias e serviços.

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A partir do PIB total é possível calcular o PIB per capita, ou seja, a razão do PIB pela população é apenas um cálculo médio, sem demonstrar a realidade econômica, pois não considera as desigualdades existentes, portanto, não é um demonstrativo do valor da renda pessoal.

A renda é criada pelo excedente do valor que o produtor obtém da produção que vendeu sobre o custo de uso, sendo composta por aluguéis, lucros, salários e juros. Enquanto isso, o PIB é o total das riquezas geradas no país, sendo o Produto Nacional Bruto (PNB) o índice que melhor representa a riqueza do país.

Com relação ao Produto Nacional Bruto (PNB), Sandroni (2011, p. 475) expressa que se trata do “valor agregado de todos os bens e serviços resultantes da mobilização de recursos nacionais, independente do território econômico em que esses recursos foram produzidos”. O autor esclarece que neste índice estão incluídos o valor da depreciação e o resultado da conta de rendimentos do capital da balança de pagamentos. E que o PNB é o resultado do valor bruto da produção deduzidas as transações intermediárias. Assim, para calcular o PNB deve-se partir do valor agregado bruto e deduzir esses subsídios.

Da mesma forma como o PIB, o PNB também pode ser calculado sob três óticas: da produção, da renda e do dispêndio. Pela ótica da produção, o PNB é a soma dos valores líquidos dos setores primário, secundário e terciário, acrescido dos impostos indiretos e da depreciação do capital, subtraindo-se os subsídios governamentais. Pela ótica da renda o PNB é calculado a partir das remunerações pagas às unidades familiares, como salário, juros, aluguéis e lucros, acrescido dos impostos indiretos e da depreciação do capital e deduzidos os subsídios. E, pela ótica do dispêndio, também denominado Despesa Nacional Bruta, o PNB resulta da soma dos dispêndios em consumo das unidades familiares e dos governos, acrescido dos investimentos em formação bruta de capital fixo mais as variações de estoque.

Enfim, pode-se afirmar, com base nos estudos de Sandroni (2011, p. 475), que a diferença entre o PNB e o PIB

corresponde à renda líquida enviada ou recebida do exterior. Quando o PNB é inferior ao PIB, o país em questão remete para o exterior mais renda do que recebe. Assim, quando o PNB é inferior ao PIB, seu valor pode ser obtido excluindo-se do valor deste último o montante das rendas líquidas

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enviadas ao exterior. No cálculo do PNB a preços de mercado, é incluída uma parcela — reservas para depreciação — que não apresenta nenhuma adição de riquezas à economia nacional. Sua incorporação aos custos de produção e, consequentemente, aos preços de mercado, tem como finalidade cobrir os desgastes e a obsolescência dos meios físicos de produção de capital.

Sandroni (2011, p. 338), em seu Dicionário de Economia, prossegue afirmando que a Teoria Econômica Clássica defende o conceito de “Economia Livre”, sem intervenção do Estado, de tal forma que ela caminha sozinha pelas forças de mercado, sendo este o melhor agente regulador, o pressuposto mais importante.

De acordo com esse conceito de equilíbrio econômico, a soma dos valores de todas as mercadorias produzidas seria sempre equivalente à soma dos valores de todas as mercadorias compradas. Ou, em outras palavras, ao ser criado, um produto está ao mesmo tempo abrindo um mercado para outro produto do mesmo valor. Em consequência, a economia capitalista seria perfeitamente auto-regulável, não exigindo a intervenção estatal (SANDRONI, 2011, p. 338).

O postulado econômico “A oferta cria sua própria demanda” é também conhecido como a Lei dos mercados, e foi elaborado em 1803, por Jean Baptiste Say, economista clássico francês que divulgou categoricamente o conceito de “mão-invisível”, desenvolvido por Adam Smith (1723-1790) em seu livro A Riqueza das Nações.

John Maynard Keynes (1883-1946) foi o principal contestador da Teoria Econômica Clássica, e, de forma célebre, conseguiu comprovar as falhas de aplicabilidade na economia capitalista. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, foi o seu principal livro, publicado em 1936. Este estudo deu novo entendimento para a macroeconomia, criando a Teoria Keynesiana ou Keynesianismo, assumindo importância a intervenção estatal na vida econômica.

Sandroni (2011, p. 323) relata que Keynes

criticou esse conjunto de crenças, mostrando que, a cada momento, o nível de emprego numa economia capitalista depende da demanda efetiva, ou seja, da proporção da renda que é gasta em consumo e investimento. E que, ao contrário da Lei de Say, numa economia monetária é possível receber sem imediatamente gastar o dinheiro, ou seja, é possível vender sem comprar. Qualquer quantia de dinheiro pode ser aplicada lucrativa-mente, mas em certos casos pode haver vantagem em reter o dinheiro, em entesourá-lo. Quando isso acontece, a demanda efetiva de mercadoria cai e o número de atividades também diminui, reduzindo a renda.

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Keynes concluiu, segundo Sandroni (2011), ao analisar as variações de produção e emprego, que o fator responsável pela alteração do volume de emprego é a procura da mão de obra e não a sua oferta, como pensavam os neoclássicos.

O espaço econômico é onde acontecem as relações de demanda (compra) e oferta (venda), resultando na determinação dos preços e das quantidades produzidas. A quantidade de equilíbrio nem sempre supre a necessidade de demanda, mas é a quantidade negociada por ser o equilíbrio de mercado.

Nesse sentido, Sachs e Larrian (1998, p. 699) expressam que:

Numa economia fechada, a demanda agregada é a quantidade total de bens e serviços demandados pelos residentes domésticos a um determinado nível de preços. É a soma de demandas de consumo, investimento e gastos governamentais. A curva de demanda agregada é decrescente, porque um aumento de preços reduz o valor dos saldos monetários reais (o valor real do dinheiro e, poder do público), reduzindo assim, a quantidade de bens procurados.

E, nesse mesmo rumo, Stiglitz (2003, p. 305) complementa afirmando que: “Na economia aberta temos de acrescentar à lista as exportações líquidas. Estas exercem um impacto semelhante ao das aquisições do governo, levando as empresas a expandir a produção e o emprego”.

De um modo geral, a demanda de mercado é a quantidade que os consumidores se dispõem a comprar de um determinado produto. Fatores influenciadores são, por exemplo, o poder de compra (renda) e o preço de outros produtos (concorrentes, substitutos); a oferta de mercado é tudo que se quer vender a determinado preço; fatores influenciadores são, por exemplo, a tecnologia, os insumos e o clima. A demanda agregada é o nível geral da demanda de toda a economia, considerando o nível de preços, ou seja,

DA = C +I + G + (X – M)

Onde:

DA = Demanda agregada C = Consumo

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G = Gastos do Governo

(X – M) = Exportações líquidas, diferença entre as exportações e as importações. O Sistema Econômico é a organização das instituições que fazem parte do ciclo de oferta e demanda. O Estado Nacional é a unidade básica e tem papel intervencionista na orientação do Sistema Econômico.

O Governo constrói o futuro tomando decisões sobre as Políticas Macroeconômicas, que são: Fiscal (arrecadações e gastos do Governo); Monetária (administra o valor da moeda e o valor de compra, cuida dos estoques de moeda e da sua liquidez; o aumento da liquidez provoca aumento da inflação, pois há mais moeda do que produto, ou precisa de mais moeda para comprar a mesma quantidade de produto, ou seja, a elevação constante e generalizada de preços, ou também, a perda do poder aquisitivo, em que o dinheiro passa a valer menos); Cambial (regula a taxa de câmbio, o valor da moeda nacional medido em moeda estrangeira, a administração do valor da taxa de câmbio, segundo a conveniência do Governo); e Comercial (administra o comércio com volume e valor, trabalha com tarifas, preços, subsídios, uma boa política comercial é o equilíbrio exportação/ importação, com o objetivo do superávit). O Governo, portanto, usa as políticas macroeconômicas para reger o Sistema Econômico (visão intervencionista).

Guareschi et al. (2004, p. 180) afirmam neste contexto que:

O conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um compromisso público que visa dar conta de determinada demanda, em diversas áreas. Expressa a transformação daquilo que é do âmbito privado em ações coletivas no espaço público.

Existem, pelo menos, três abordagens para estudar o desenvolvimento econômico, todas elas sistêmicas:

1. Contínuo: adeptos desta abordagem consideram que a melhor maneira é deixar o mercado livre, com pequenas intervenções e ajustes para que a economia comece em um patamar e, de forma contínua e gradativa alcance crescimento e desenvolvimento. Adota escalas de classificação (ranking). O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um exemplo de classificação das nações. Esta abordagem desmembra o econômico do social, do ambiental, do cultural, fazendo diferenciação entre crescimento e desenvolvimento.

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2. Segmentado: estudiosos acreditam que o desenvolvimento é obtido por meio de etapas de modernização, em que as partes subdesenvolvidas precisam superar estruturas arcaicas e primitivas para que a economia consiga atingir níveis superiores. Um dos problemas encontrados é a mão de obra, embora abundante não é especializada.

3. Global/Estrutural: também conhecido como Estrutural Cepalino. A Teoria do Desenvolvimento da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL) adota o Sistema Centro-Periferia, necessitando de uma visão global. Precisa entender o lugar onde está situado o país e relacioná-lo à trajetória, ao tempo de cada um. O espaço é a estrutura, a forma, a organização das partes do todo e o tempo são as características mais marcantes, influenciadores da trajetória. Não é um sistema espacial, não é uma visão geográfica, a qualificação de países de centro ou de periferia é determinada pelas características comuns. Algumas características da economia dos países centrais:

Demanda interna: define a oferta pela economia doméstica;

Progresso técnico homogêneo: dotação de capital (no âmbito de

maquinários e equipamentos, não se refere ao mercado financeiro, extensiva aos parques produtivos);

Produção mais diversificada: a oferta tem que suprir a demanda interna. Algumas características da economia dos países periféricos:

Demanda externa: produz para suprir a demanda dos países centrais;

Produção especializada: de acordo com o que a demanda externa impõe;

Progresso técnico não homogêneo: sistemas e setores altamente

desenvolvidos e outros precários.

A diferenciação de desenvolvimento e crescimento não é meramente uma relação entre o que é qualitativo e o que é quantitativo. A renda interfere em todas as economias, as Centrais e as Periféricas têm problemas, mas o que as Periféricas precisam é melhorar a dependência da dinâmica global, da demanda externa, ou seja, para aumentar a demanda interna é preciso modificar a estrutura.

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à medida que uma economia entra na fase de crescimento econômico moderno, o processo desencadeia uma evolução importante na estrutura econômica. Nas economias em crescimento foi detectado um “padrão de desenvolvimento” geral. A primeira característica das economias em crescimento é a tendência de diminuição da importância do setor agrícola na economia, isto é, da sua participação na produção e no emprego.

Segundo os autores supracitados, percebe-se que a abundância (ou a ausência) de recursos naturais não se constitui fator indispensável para o crescimento econômico. Há muitos exemplos de países pobres de recursos que tiveram um crescimento bastante grande. Essas nações geralmente importam as matérias-primas necessárias e exportam manufaturados. O Japão e os chamados “Tigres Asiáticos” (Hong-Kong, Coréia, Taiwan e Cingapura) são os principais exemplos deste padrão. A falta de importância relativa das matérias primas para o crescimento contracena com o fator humano para o desenvolvimento econômico (SACHS; LARRIAN, 1998).

1.4.2 Crédito, consumo e inflação

A facilidade do acesso ao crédito, chamado crédito fácil e descomplicado, faz com que as famílias e as empresas elevem os seus índices de consumo. O aumento da propensão a consumir estimula o desenvolvimento da economia.

Neste contexto podem ocorrer situações como as descritas por Stiglitz e Walsch (2003, p. 305), segundo os quais:

Se a demanda por empréstimos supera a oferta, os bancos podem aumentar as taxas de juros cobradas, mas eles podem recear que, ao fazê-lo, aquelas pessoas e empresas e empresas que são os melhores riscos – os que mais certamente liquidarão sua dívida – vão procurar outros bancos ou se desinteressar do crédito a esse custo. Se as taxas de juros – como os demais preços – permanecem constantes, um deslocamento na curva de oferta de empréstimos terá um impacto ainda maior do que no caso em que a taxa de juros se ajusta.

A decisão dos bancos de emprestar recursos e fornecer crédito leva em conta fatores exógenos, em que analisam o impacto da ação no mercado. O aumento da moeda circulante alavanca a economia, as famílias e as empresas passam a ter maior poder de compra, possibilitando suprir uma necessidade imediata mediante pagamento em um espaço de tempo maior atrelado aos juros da operação.

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A coerente concessão de crédito só é possível com qualificada análise precedente da operação. O motivo é buscar reduzir riscos, avaliar a capacidade de pagamento, ou seja, a capacidade de retorno, pois ao proporcionar crédito o consumo de bens e serviços aumenta. Em caso de inadimplência o sistema financeiro fica comprometido porque houve provisionamento de valores e estes não foram recompostos. Isso impossibilita o mercado de expandir créditos com novas operações, reduzindo bruscamente os novos empréstimos e, em alguns casos, dependendo da solidez da instituição financeira, pode levá-la à falência devido à falta de lastro para assegurar as perdas.

Segundo Schrickel (1995, p. 27), a análise de crédito

envolve a habilidade de fazer uma decisão de crédito, dentro de um cenário de incertezas e constantes mutações e informações incompletas. Esta habilidade depende da capacidade de analisar logicamente situações, não raro, complexas, e chegar a uma conclusão clara, prática e factível de ser implementada.

Ao aumentar a demanda agregada ocorre o estímulo à produção, que se não corresponder ocasionará aumento no nível de preços, gerando a inflação (excesso de consumo, aumento demasiado da DA sobre a OA que não tem tempo suficiente para suprir a procura excessiva).

Segundo Sachs e Larrian (1998, p. 365), “a inflação é definida como a alteração percentual no nível de preços”. No Brasil há índices básicos de inflação:

− IPC (medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo – a Fipe);

− INPC (do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);

− IGP (Índice Geral de Preços, calculado pela Fundação Getúlio Vargas).

Finalmente, conclui-se que não há crescimento sem inflação. O crescimento se dá com a maior utilização dos recursos, sendo que o Governo utiliza as Políticas Fiscal e Monetária para controlar os índices de inflação, o que é extremamente necessário para que a economia não fique desequilibrada e possa apresentar melhor desempenho macroeconômico, atingindo o desenvolvimento almejado. Manter a inflação sob controle, reduzir os níveis de desemprego, gerando aumento de renda e emprego, fazem parte do planejamento para evitar ou reduzir a máximo possível, a falta de crescimento.

Referências

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