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A indústria têxtil de confecção: implicações sócio-espaciais no município de Tubarão (SC)

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Academic year: 2021

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A INDÚSTRIA TÊXTIL DE CONFECÇÃO: IMPLICAÇÕES

SÓCIO-ESPACIAIS NO MUNICÍPIO DE TUBARÃO (SC)

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LEONARDO RODRIGUES INÁCIO

A INDÚSTRIA TÊXTIL DE CONFECÇÃO: IMPLICAÇÕES SÓCIO-ESPACIAIS NO MUNICÍPIO DE TUBARÃO (SC)

Orientador: Profº Dr. José Messias Bastos.

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Área de concentração: Desenvolvimento Regional e Urbano Linha de Pesquisa: Formação Sócio-Espacial: Mundo/Brasil/Regiões

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LEONARDO RODRIGUES INÁCIO

Coordenador: _________________________ Prof. Dr. Carlos José Espíndola

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Geografia, área de concentração: Desenvolvimento Regional e Urbano, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina, em cumprimento aos requisitos necessários à obtenção do grau acadêmico de Mestre em Geografia.

Presidente: _____________________________________ Prof. Dr. José Messias Bastos – Orientador (UFSC) Membro: _______________________________________ Prof. Dr. Fábio Napoleão (UDESC)

Membro: _______________________________________ Prof. Dr. Amilton Barreto de Bem (UNISUL)

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Dedico este trabalho a minha família, a qual esteve ao meu lado em todos os momentos, dando apoio e principalmente compreensão nas horas difíceis. Ofereço o mesmo, de uma forma especial, a minha esposa, Ana Maria Alves Valgas Inácio que, com seu carinho e dedicação, suavizou momentos que, de outra forma, poderiam ter sido insuportáveis.

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Por trás destas páginas, encontram-se as etapas de um processo de formação acadêmica e marca o início de uma nova fase. Desse modo, não há como deixar de lembrar das pessoas que, de diversas formas, participaram da construção de minha trajetória. Gostaria de agradecer especialmente:

A Deus, pela condição de chegar até aqui; Aos amigos, pelo tempo que passamos juntos;

Aos professores, pela importância que estes tiveram em minha formação;

Ao meu orientador, Professor José Messias Bastos, pelo empenho e dedicação para com a Geografia e seus orientandos.

A todos aqueles que não foram citados, mas, jamais esquecerei de suas participações...

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Tentar e falhar é, pelo menos, aprender. Não chegar a tentar é sofrer a inestimável perda do que poderia ter sido. (Geraldo Eustáquio).

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Pretende-se com este trabalho, após pesquisa e elaboração de dados quantitativos e qualitativos, fornecer elementos que possibilitem análise em relação à indústria de confecção de peças do vestuário e suas implicações sócio-espaciais no município de Tubarão, Santa Catarina. Para alcançarmos nossos objetivos, primeiramente retratou-se a importância que a atividade têxtil exerceu no Brasil desde sua gênese, analisando características desta indústria nem sua evolução e contexto econômico atual. Verificou-se também, a influência da indústria de confecção (mais precisamente a de confecção de peças do vestuário) no Estado de Santa Catarina, para que, a partir desta, possamos fazer correlações entre esta atividade econômica em nível estadual e regional. Em seguida, trabalhou-se a economia da região Sul e suas características presentes na atividade têxtil de confecção, principalmente a de peças do vestuário, e, como principal objetivo da elaboração deste estudo, a Indústria do Vestuário em Tubarão, sua gênese, importância econômica, e características mais relevantes da atualidade do município, procurando inserir a indústria têxtil de confecção de peças do vestuário no contexto social e econômico do município e de sua região.

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It is intended with this work, after research and elaboration of quantitative and qualitative data, to supply elements that make possible analysis in relation to the industry of making of pieces of the clothing and their partner-space implications in the city of Tubarão Santa Catarina and area. For to reach our objectives, firstly the importance was portrayed that the textile activity exercised in Brazil since its beginning, also analyzing characteristics of this industry in the current economical context. It was also verified, the influence of the industry of confection (more precisely the one of confection of pieces of the clothes) in the State of Santa Catarina, so that, starting from this, we can make correlations among this economical activity in state and regional level. After that one worked economy of the South area and their present characteristics in the textile activity of confection, mainly the one of pieces of the clothing, and, as main objective of the elaboration of this study, the Industry of the Clothing in Tubarão, its genesis, economical importance, and more relevant characteristics of the present time of the city, trying to insert the textile industry of confection of pieces of the clothing in the social and economical context of the city and of its area.

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Figura 01 – Depósito de mercadorias prontas ou matéria-prima ... 78

Figura 02 – Depósito de mercadorias prontas ou matéria-prima ... 79

Figura 03 – Corte do tecido ... 80

Figura 04 – Corte do tecido ... 81

Figura 05 – Costura ... 82

Figura 06 – Costura ... 83

Figura 07 – Costura ... 84

Figura 08 – Revisão/acabamento ... 85

Figura 09 – Expedição dos produtos ... 86

Figura 10 – Faturamento ... 87

Figura 11 – Faturamento ... 88

Figura 12 – Refeitório dos funcionários ... 89

Figura 13 – Fachada da empresa ... 90

Figura 14 – Posto de vendas ... 91

Figura 15 – Organograma ... 119

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Tabela 01 – Movimentação financeira de Tubarão (2003) ... 37 Tabela 02 – Distribuição das empresas por grupo de atividade econômica – (Tubarão, 2001) ... 38 Tabela 03 – Pessoal ocupado na indústria têxtil brasileira em 1920/1950/1969 - (1000 pessoas) ... 44 Tabela 04 – Exportações catarinenses de confeccionados de algodão entre 1990 e 1999 ... 50 Tabela 05 – Faturamento anual bruto (aproximado) das empresas de confecção de peças do vestuário de Tubarão – 2007 ... 62 Tabela 06 – Faturamento por linha/produto ... 65 Tabela 07 – Máquinas, funções e valores médios ... 77

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Gráfico 01 – Classificação das empresas junto ao sistema tributário ... 60

Gráfico 02 – Faturamento anual bruto ... 64

Gráfico 03 – Resolução da questão tecnológica ... 75

Gráfico 04 – Idade média dos equipamentos ... 75

Gráfico 05 – Disponibilidade de máquinas pela empresa ... 76

Gráfico 06 – Número de funcionários ... 92

Gráfico 07 – Capacitação dos funcionários ... 92

Gráfico 08 – Materiais disponibilizados ao subcontratado ... 100

Gráfico 09 – Estratégias utilizadas na gestão da produção ... 105

Gráfico 10 – Procedimentos de controle de qualidade ... 106

Gráfico 11 – Principais linhas de produtos ... 109

Gráfico 12 – Mercado consumidor por estado ... 111

Gráfico 13 – Estratégias de comercialização ... 116

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Mapa 01 – Fotografia aérea de Tubarão (1978) ... 33

Mapa 02 – Fotografia aérea de Tubarão (2002) ... 34

Mapa 03 – Fotografia aérea de Tubarão (2007) ... 35

Mapa 04 – Localização aproximada do município ... 36

Mapa 05 – Associação de municípios do Estado de Santa Catarina ... 55

Mapa 06 – Distribuição das empresas de confecção de peças do vestuário no Município de Tubarão ... 103

Mapa 07 – Pontos de distribuição de peças do vestuário por atacado no Sul de Santa Catarina ... 113

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES ... 09

LISTA DE TABELAS ... 10

LISTA DE GRÁFICOS ... 11

LISTA DE MAPAS ... 12

1 INTRODUÇÃO ... 16

2 GÊNESE DO MUNICÍPIO DE TUBARÃO ... 22

2.1 Os primeiros povoamentos ... 24

2.1.1 A chegada dos italianos ... 27

2.2 Evolução sócio-espacial do município de Tubarão ... 28

2.2.1 Aspectos gerais do município de Tubarão ... 36

2.3 Origem e evolução da indústria têxtil de confecção ... 39

2.3.1 Gênese, evolução e condições atuais da Indústria têxtil no Brasil ... 42

2.3.2 Gênese, evolução e condições atuais da Indústria têxtil em Santa Catarina . 48 2.3.2.1 O Caso do Sul do Estado ... 54

3 FUNCIONAMENTO E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL DA INDÚSTRIA TÊXTIL DE CONFECÇÃO DE PEÇAS DO VESTUÁRIO EM TUBARÃO (SC) ... 58

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3.2 Capacitação tecnológica e produtiva ... 67

3.2.1 Matéria-prima utilizada ... 68

3.2.2 Máquinas e equipamentos ... 74

3.3 Capacitação organizacional ... 77

3.3.1 Quanto a questão dos recursos humanos ... 91

3.3.1.1 O papel do Sindicato dos Trabalhadores ... 94

3.3.2 Geração de emprego e Relações de trabalho ... 97

3.3.3 A terceirização de produtos e serviços: Parcerias e facções ... 99

3.3.4 Relações entre o local de trabalho e as residências dos trabalhadores ... 102

3.4 Quanto à gestão da produção e dos procedimentos produtivos ... 104

3.4.1 Relacionamento com os fornecedores ... 107

3.4.2 Os produtos oferecidos ao mercado ... 108

3.4.3 Mercado consumidor ... 111 3.4.4 Informática e logística ... 115 3.4.5 Os custos de produção ... 118 3.4.6 Organograma ... 119 3.4.7 A concorrência ... 120 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 122 REFERÊNCIAS ... 126 ANEXOS ... 129

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1 INTRODUÇÃO

Em nossa sociedade, a eficiência e a competitividade são tomadas como valores maiores, afetando também as relações de trabalho. Como conseqüência, as relações de trabalho são fortemente afetadas por essa nova conjuntura. Diante da busca de competitividade, a substituição de mão-de-obra por máquinas se torna uma tentação muitas vezes irresistível. O desemprego e a reconfiguração geográfica do trabalho provocam exclusão social. As legislações trabalhistas tendem a ser liberalizadas, eliminando proteções onerosas. Estas representam custos impeditivos à atração do capital internacional, que tem como alternativa qualquer lugar do planeta que apresente melhores condições. A terceirização da mão-de-obra e o uso de contratos temporários substituem as relações trabalhistas estáveis.

Este trabalho compreende-se em um estudo a respeito da indústria têxtil de confecção e a influência da mesma quanto às aptidões econômicas e sociais do Município de Tubarão.

Para alcançarmos nossos objetivos, foi necessário realizar uma análise nas atividades que tiveram importância no contexto histórico do município, identificando seus principais setores econômicos, e, enfatizando questões ligadas à indústria de confecção, tais como gênese, evolução e atual condição do setor têxtil de confecção de peças do vestuário no mesmo.

Destacamos a indústria de confecção do vestuário como base da economia têxtil deste município, e, para concluirmos quaisquer que sejam as situações, devemos ter claro algumas características da economia desse setor em nível estadual e nacional.

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Goularti Filho (1997) descreve a Região Sul de Santa Catarina no decorrer de sua história, conhecida como produtora do minério de carvão e, além disso, a destaca como um dos maiores pólos cerâmicos do país e do mundo, responsável por um grande percentual da produção nacional de revestimentos cerâmicos.

A partir do final dos anos 60, alguns comerciantes atacadistas de Criciúma, que vendiam, sobretudo, instrumentos de trabalho para as minas e vestuário, produtos estes, adquiridos de comerciantes de São Paulo, começaram a fabricar suas próprias etiquetas e, desta forma, diversificaram seu capital. Estes comerciantes entraram no setor da confecção, aproveitando o mercado anteriormente conquistado, o Rio Grande do Sul, e também o farto exército de reserva de mão-de-obra feminina, liberado pela mineração e pelas cerâmicas. Mesmo com a abertura comercial se dando aproximadamente na década de 90, os anos 80 registram na indústria do vestuário da região um crescimento considerável perante outras atividades.

A abertura comercial do país foi um dos resultados de grande importância na economia do Brasil durante os anos 90, resultando em grande acirramento da concorrência em âmbito nacional, e, certamente, na região em destaque.

LINS (2000) prefere chamar o sul de trinômio (carvão, cerâmica e vestuário), fazendo referência às três atividades que podem ser classificadas como principais de acordo com o período em que detém maior destaque: o carvão com importância em um contexto histórico, a cerâmica na atualidade, e, a indústria têxtil do vestuário, com grande importância em contexto atual e inúmeras possibilidades de desenvolvimento da atividade e, consequentemente da região.

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Ainda segundo este autor, não apenas no Sul do Estado, assim como em quaisquer regiões, a indústria têxtil de confecção pode absorver significativamente mais funcionários que outras indústrias. Em nosso caso, citamos esta como grande geradora de empregos, ultrapassando a indústria cerâmica em número de postos de trabalho, simplificando, a indústria têxtil, principalmente a de confecção de peças do vestuário, possui menores possibilidades de modernização em grande escala, já que ainda é necessária a presença do trabalhador em todas as etapas do processo produtivo. Mesmo sem essa possibilidade de grandes expansões tecnológicas, a produção industrial segue alguns preceitos desenvolvidos do Fordismo, Taylorismo ou Toyotismo1, e, mesmo sem conhecimento teórico (na maioria dos casos), o

just-in-time2 está presente entre as empresas.

Com relação à distribuição espacial da indústria de confecção na região, alguns autores, dentre eles LINS (2000), usam o termo cluster como definição das aglomerações industriais3. Como o vestuário é parte integrante do complexo da

industrial têxtil (última etapa do processo), podemos usar essa definição para o mesmo.

Em qualquer região, é perceptível que as fases do processo produtivo de confecção de vestuário, bem como as matérias-primas empregadas na produção podem variar de acordo com o nível da empresa, melhor dizendo, empresas com maior disponibilidade de capital, estrutura de produção e outros, podem, sem dúvida, trabalhar com produtos de melhor acabamento e com matéria-prima também de melhor qualidade (fibras sintéticas, por exemplo), diferentemente dessa situação, as

1 Formas de produção que objetivam de maneira geral, melhores resultados no processo de produção. Itens

desenvolvidos nos textos: “Toytismo” e/ou Japonização” de Stephen J. Wood. E “Reestruturação industrial,

pós fordismo e novos espaços industriais: uma crítica” de Boddy Martin.

2 Praticamente todas as empresas da região, disponibilizam de poucas quantidades de estoques, o que viabiliza

uma menor utilização de espaços para armazenamento de matéria-prima, e consequentemente menor capital de giro empregado nas mesmas.

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que possuem menor disponibilidade de capital, geralmente trabalham com produtos de menor valor agregado e matéria-prima de menor qualidade.

Tubarão é o pólo comercial de uma região formada por 18 municípios e centro universitário do Sul de Santa Catarina, sendo cortada pelo rio do mesmo nome e pela BR-101. De acordo com nossas pesquisas preliminares, percebe-se no município, assim como em toda a Região Sul do Estado, o setor têxtil de confecção divide-se em dois grupos principais: confeccionistas e faccionistas.

Os confeccionistas formam a parte mais dinâmica do setor, pois "definem" a moda, procuram o mercado consumidor, buscam a inovação tecnológica e têm maiores possibilidades de diversificação. Já os faccionistas atendem às grandes etiquetas da própria região e de outras cidades (Blumenau e São Paulo principalmente), sendo especializados na atividade de prestação de serviços, portanto, sujeitos às oscilações do mercado.

O que ocorre na atual estrutura da terceirização no vestuário é apenas uma transferência de custos (encargos trabalhistas) dos confeccionistas para os faccionistas, pois pequenos confeccionistas contratam costureiras domiciliares que não possuem qualquer vínculo com os contratantes tampouco se enquadram em regulamentação trabalhista que as segure. Estes grupos são de fundamental importância para alcançarmos nossos objetivos, pois os mesmos constituem nosso principal objeto de estudo, a indústria de confecção de peças do vestuário.

Ainda de acordo com nossas pesquisas, constatamos algumas diversidades de atividades econômicas que são mais praticadas no município e em seu entorno. Os resultados destas pesquisas associadas aos conhecimentos teóricos obtidos em determinadas disciplinas da pós-graduação, possibilitaram respostas à questões fundamentais de nosso problema que se trata de qual a

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gênese da indústria de confecção do vestuário no Município de Tubarão, assim como suas formas, distribuição espacial atual e a influência desta na formação social do mesmo.

O presente trabalho torna-se de fundamental importância, tendo em vista a necessidade de registros para análise da atual perspectiva econômica do Município de Tubarão, Santa Catarina. Pensou-se também, durante a elaboração deste, na possibilidade da produção de um material que contemple a economia deste município, de forma a caracterizar o mesmo, quanto as suas atividades mais relevantes. Este trabalho tem, entre outras características, a função de enfatizar o setor de confecção de peças do vestuário como atividade de suma importância para a economia do município e sua região.

Seu maior objetivo caracteriza-se por entender a gênese, evolução e principalmente as condições atuais da indústria de confecção de peças do vestuário, para poder desvendar as atuais configurações espaciais desta indústria do município de Tubarão.

Para chegarmos ao objetivo maior do trabalho, desenvolvemos algumas etapas que, no conjunto, contemplam tal objetivo. São eles:

A evolução no processo de implantação da indústria de confecção no município de Tubarão;

Tecnologias presentes na evolução e atualidade destas indústrias;

Tipo e a procedência da mão-de-obra em sua gênese, evolução e atualidade;

Exigências atuais do processo produtivo e compreensão nas atuais formas de administração dessas indústrias;

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Padrões de organização espacial das indústrias de confecção, bem como a configuração espacial dessa indústria em sua gênese, evolução e atualidade.

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2 GÊNESE DO MUNICÍPIO DE TUBARÃO

Os poucos escritos sobre a gênese do município de Tubarão estão nas obras de Vettoretti e Zumblick4, estes possuem idéias semelhantes sobre a formação inicial do município e em relação á origem de seu nome. As principais teorias giram em torno de que seu nome é resultado de uma corruptela ou adaptação verbal do vocábulo tupi guarani – Tubá-Nharô - pai feroz que era o nome do rio assim conhecido pelos índios que corta a cidade.

Segundo Vettoretti (1996) por volta de 1773, a Esquadra Espanhola fecha a barra da lagoa dos Patos, tornando-se necessária a abertura de outro caminho ligando Lages a Laguna, o que deu origem a Tubarão5. A primeira denominação oficial foi Poço Grande do Rio Tubarão, tornando-se o 5º Distrito de Laguna.

O povoamento de Tubarão está acentuado sobre duas bases históricas, a primeira, citada anteriormente, trata-se da abertura do caminho entre Lages e Laguna (1773) e a segunda, uma concessão de Sesmarias (1774) a açorianos vindos da região de Laguna. Em 5 de agosto de 1774, foram doadas duas Sesmarias, situadas no atual Perímetro Urbano da cidade, uma ao Capitão João da Costa Moreira e outra ao Sargento Mor Jacinto Jaques Nicós, sogro do primeiro. Esta é a data marco de povoamento segundo Vettoretti6. A partir de 1773, desciam da região serrana, mulas carregadas de charque, queijo dentre outros produtos que paravam no Poço do Rio Tubarão, também conhecido como "Paragem do Poço

4 Principais historiadores do município.

5 Mais provável origem do município, mais informações em Zumblick 1992.

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Grande", ou "Paragem de São João". Os barcos, partindo de Laguna, subiam o rio transportando sal, tecidos, ferro e peixe seco. Atracavam no dito "Porto" do Poço Grande, onde cambiavam as cargas, completando assim a rota entre Lages e o porto de Laguna. Naquela paragem e proximidade, tornava-se necessário a construção de algumas feitorias para dar abrigo aos viajantes, mercadorias, arreios e, por lógica, a morada obrigatória de famílias para dar a devida assistência. Tanto Poço Grande, como o Poço Fundo, localizavam-se sobre a Sesmaria do Capitão João da Costa Moreira, o pioneiro fundador de Tubarão7.

Comprovadamente, o mencionado Capitão fez benfeitorias agrícolas sobre a sua sesmaria e a do sogro Sargento Mor Jacinto Jaques Nicós. Ambos requereram aquelas sesmarias, percebendo a importância estratégica da área. No ano de 1812, João Teixeira Nunes, residente em Laguna, comprou a sesmaria da herdeira do Sargento Mor Jacinto Jaques Nicós. Em 1829 doou uma área de 80 braças ao quadro à Irmandade de Nossa Senhora da Piedade, com o objetivo de construir a Igreja para servir de matriz, já que se pleiteava a criação da paróquia e, por este motivo foi confundido como fundador da cidade. O decreto número 32, do governo provincial, criou a Paróquia (Freguesia) Nossa Senhora da Piedade de Tubarão em 7 de maio de 1836. Em 27 de maio de 1870 a Assembléia Provincial decretou e o Presidente da Província sancionou a lei nº. 635, que criou o Município "do Tubarão", tornando-se território desmembrado de Laguna.

É válido destacar que, sejam italianos, açorianos, ou quaisquer etnias que estabeleceram-se no município, possuíam uma certa divisão do trabalho, nesta divisão, trabalhadores eram responsáveis pelos produtos agrícolas para a subsistência da família e (típico da pequena produção mercantil), outros

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responsabilizavam-se por trabalhos artesanais (o caso da atividade têxtil). A geração de produtos excedentes em ambos os casos contribuiu para o desenvolvimento de atividades industriais e comerciais no futuro, ou seja, estas estão diretamente ligadas a gênese da indústria têxtil de confecção de peças do vestuário em Tubarão e região.

2.1 Os primeiros povoamentos

Ainda segundo VETTORETTI (1996), podemos distinguir os principais grupos colonizadores da região em três ciclos: o vicentista, o açoriano e a imigração européia geral, com exceção a Portugal.

Os vicentistas ou paulistas, que se implantaram a partir da fundação de Laguna em l684, constituíam um grupo heterogêneo formado de portugueses nascidos no Brasil, das gerações de mamelucos e de escravos de origem africana. Forma básica do povo brasileiro: o europeu, o índio e o africano. Esta miscigenação de três etnias tão diferenciadas fez com que se fundisse também a estrutura cultural. A característica marcante desta etapa foi o espírito audaz e truculento dos bandeirantes na expansão do território português, no feroz apresamento dos índios e sua escravidão. Este espírito de conquista e busca de fortunas será a dinâmica das primeiras gerações dos pioneiros fundadores de Laguna. O gado e a riqueza do momento os atraíram para o Sul e, acima de tudo, havia o estímulo e interesse da Coroa.

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O açoriano foi a corrente homogênea e compacta que se fixou na ilha e se expandiu pelo litoral catarinense (Norte) até as proximidades de Itajaí, e, para o Sul, chegando a Porto Alegre. Constituído por grupos familiares de riquezas variadas e diferenciações sociais. Esta fase causou grande impacto cultural por ser um contingente numeroso que transmigrou em curto período de l748 a l756, ocupando uma vasta área habitada por população ainda pouco numerosa. Por um longo período manteve a hegemonia de suas tradições, estando agrupados puderam transferir e perpetuar a cultura portuguesa que havia se estendido para o arquipélago de Açores. Habituados ao cultivo em terrenos de formação vulcânica, foram forçados a se adaptar a uma forma desconhecida de plantio. As promessas do Governo português não se cumpriram, sem meios, mantiveram um sistema agrícola rudimentar e rotineiro, juntamente com a pesca. Era forçoso substituir a farinha de trigo pela de mandioca de cultura indígena, que tomou a posição de alimento básico. Por vários motivos, sua agricultura foi um pouco além da subsistência. Por sua formação cultural, somada a outros fatores também contrários, não se formou um contingente que desbravasse o interior, que fosse além de sua primitiva área de ocupação. Fixaram-se ao longo da costa, também próximos às lagoas e aos rios navegáveis.

Apesar de todas as adversidades, os açorianos nos transmitiram um memorável legado cultural.

Especificamente na área geográfica de Tubarão, os açorianos foram se fixando através do processo migratório com deslocamentos da Ilha de Santa Catarina e comunidades do continente nas suas proximidades, e, mais ao Sul, Enseada de Brito e Vila Nova. Ocorria que o porto de Laguna continuava a receber elementos de Portugal, Santos, Rio de Janeiro; e pelos caminhos das tropas, via

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Sorocaba, que, na variante de Lages a Laguna, vinham os mineiros e paulistas do interior. Em suma, o povoamento de Laguna e conseqüentemente de Tubarão foi através de uma miscelânea de portugueses e brasileiros do mais variado caldeamento e nele se incluíam os portugueses oriundos do Arquipélago de Açores.

É nesse período que se dá a gênese da cadeia têxtil na região de Tubarão, muito modesta, mas, satisfazendo as necessidades da população, graças ao teares manuais, as rendas, os tapetes e outros adereços confeccionados manualmente, em um período artesanal de produção, inserido na região graças a presença do imigrante.

Os outros imigrantes europeus começam a se deslocar para a região a partir do ano de l877, data da vinda da primeira leva de imigrantes italianos para a colônia de Azambuja, patrocinada pelo Governo Imperial. Em l874, um pequeno grupo de alemães iniciou a colônia espontânea de Braço do Norte, os quais migraram das proximidades de São Pedro, que possuía solo pobre e impróprio, ali estabelecidos desde l860.

A imigração européia ocorreu, em sucessivas levas, entre l877 e l893, fixando-se nas três colônias: Azambuja, que se estendeu em outros núcleos como Urussanga, Treze de Maio (ex-Presidente Rocha), Cocal do Sul (ex Accioli de Vasconcellos) sob o patrocínio do Governo Imperial; Colônia Grão-Pará e Nova Veneza, ambas de iniciativa privada. (Nova Veneza não pertencia ao município de Tubarão).

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2.1.1 A chegada dos italianos

Dos imigrantes que ocuparam as colônias do sul, aproximadamente 90% eram italianos, os demais alemães, e, em escala diminuta, os poloneses. Eram camponeses forçados a imigrar por estar comprometida a sobrevivência em seus países. A pobreza e a exploração dos proprietários de terras, as extorsivas taxas e impostos haviam chegado ao extremo. Trabalhadores sem meios de sobrevivência vinham para a América, e, aqui chegados, sentiram o peso da ilusão, contudo, havia um consolo que jamais teriam em suas pátrias, aqui, estes se tornaram proprietários de terras férteis com abundância de lenha.

Empurrados ao interior, em terrenos acidentados, com lastimáveis vias de comunicação e sem capitais, obrigaram-se a adotar o sistema da agricultura rotineira e arcaica que há séculos se utilizava com instrumentos obsoletos. A dos imigrantes era um pouco mais avançada, no entanto, não puderam pôr em prática de imediato por falta de instrumentos, solo coberto de troncos e carência de mercado.

Introduziram novas culturas e nova dinâmica de trabalho; iniciaram a industrialização, utilizando em larga escala o aproveitamento da força hidráulica. Dá-se, nesse período, as primeiras produções de tecidos de forma manual. Os mesmos contribuíram na mudança da dieta alimentar e suas manifestações culturais foram mais cultivadas e preservadas nos centros homogêneos como Urussanga e núcleos adjacentes.

Em Tubarão, os imigrantes e seus filhos foram chegando aos poucos, integrando-se à cultura portuguesa, acasalando-se entre os mais abastados, assoberbando-se no mais elevado estrato social, distanciando-se dos seus

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compatriotas que permaneceram nas colônias, chamados depreciativamente de colonos, dando-se por entender como vocábulo que traduzia ignorância e rusticidade, sendo válido destacar que esta miscigenação não encontrou entraves na diferença religiosa.

2.2 Evolução sócio-espacial do município de Tubarão

SANTOS (1982) comenta que a formação econômica e social (FES), apesar de sua importância para o estudo das sociedades e para o método marxista, não mereceu, durante um longo período, estudos e discussões que levassem a renovar e aperfeiçoar o conceito, sendo que, apenas recentemente retomou-se o debate. Para SERENI (1974 apud SANTOS, 1982, p.11) esta categoria expressa a unidade e a totalidade das diversas esferas: econômica, social, política e cultural da vida de uma sociedade, daí a unidade de continuidade e descontinuidade de seu desenvolvimento histórico. A noção de formação econômica e social foi elaborada por Marx e Engels (SANTOS,1982) e a partir deste conceito, Milton Santos, pensando na importância da formação da sociedade e o papel do espaço, lançou seu paradigma de formação sócio-espacial8.

A importância de estudos desta natureza se deve à interpretação totalizadora, pois considera no estudo da realidade a relação entre elementos naturais e humanos em múltiplas escalas, possibilitando compreender uma

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determinada realidade dentro de um universo mais amplo, por isso, este trabalho teve como fundamentação teórica básica à referida categoria (F.S.E.).

Reforçando o enunciado anteriormente, para tentar entender um pouco da evolução sócio-espacial do município de Tubarão, analisamos algumas considerações acerca do magnífico texto de SANTOS, 1977: a Formação social como teoria e como método. O texto trabalha questões relacionadas ao papel do espaço em relação à sociedade que tem sido freqüentemente minimizado pela Geografia, esta disciplina considera o espaço mais como teatro das ações humanas, e o encaminhamento dos geógrafos parte em geral do solo e não da sociedade.

Pode-se dizer que a Geografia se interessou mais pela forma das coisas do que pela sua formação e a história da sociedade mundial, aliada à da sociedade local, onde pode servir como fundamento à compreensão da realidade espacial e permitir a sua transformação a serviço do homem. (SANTOS, 1982). Daí nossa preocupação em analisar a formação da indústria em estudo.

A categoria de Formação Econômica e Social (F. E. S), parece-nos a mais adequada para auxiliar a formação de uma teoria válida do espaço, a base de explicação é a produção, isto é, o trabalho do homem para transformar, trata-se da categoria do espaço Formação Econômica social. Natureza e Espaço são sinônimos, desde que se considere a Natureza como uma natureza transformada, uma Segunda Natureza, como Marx a chamou “uma concepção que ultrapasse as fronteiras do ecológico e abranja toda a problemática social”. SANTOS (1982).

Foi lembrando anteriormente do pequeno destaque dado a categoria de F. E. S., só recentemente, há menos de vinte anos, retomou-se o debate. Vários autores consideram que devemos a Sereni a reabilitação da categoria. SANTOS (1982).

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Não é a “sociedade em geral” que o conceito de F. E. S. se refere, mas a uma sociedade dada, como Lênin (1897) fez a respeito do capitalismo na Rússia. Y. Goblot assinala (junho 1967:8) que “Marx pôde fundamentar o método científico em História precisamente porque soube isolar de início os raciocínios ‘histórico-filosóficos’ sobre a ‘sociedade em geral’ e se propôs a dar somente uma análise científica de uma sociedade e de um progresso”. Não há uma ‘sociedade em geral’, mais que uma sociedade existe sempre sob um invólucro histórico determinado, aí está a distinção entre F. E. S. e sistema social, podendo este segundo conceito ser aplicado a qualquer forma de sociedade.

O interesse dos estudos sobre as formações econômicos e sociais está na possibilidade que eles oferecem de permitir o conhecimento de uma sociedade na sua totalidade e nas suas frações, mas sempre um conhecimento específico, apreendido num dado momento de sua evolução. Nenhuma sociedade tem funções permanentes, a sociedade evolui sistematicamente. SANTOS (1982).

A noção de F. E. S. como etapas de um processo histórico, que preocupou Marx, é um dos elementos fundamentais de sua caracterização. O modo de produção seria o “gênero”, cujas formações sociais seriam as “espécies”; o modo de produção seria apenas de uma possibilidade de realização, e somente a formação econômica e social seria possibilidade realizada. Uma F. E. S. é “um objeto real” que existe independentemente de seu conhecimento, mas que não pode ser definido, a não ser por seu conhecimento.

Milton Santos fala em modo de produção, formação social, espaço. Essas três categorias são interdependentes (produção propriamente dita, circulação, distribuição, consumo) são históricas e espacialmente determinadas num movimento de conjunto, através de uma formação social.

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Segundo este autor, a localização dos homens, das atividades, e das coisas no espaço explica-se tanto pelas necessidades “externas”, aquelas do modo de produção “puro”, representadas essencialmente pela estrutura de todas as procuras e a estrutura das classes, isto é, a formação social propriamente dita.

O modo de produção se expressa pela luta e por uma interação entre o novo, que domina, e o velho. As relações entre espaço e formação social são de outra ordem, pois elas se fazem num espaço particular e não num espaço geral, tal como para os modos de produção. Os modos de produção escrevem a história no tempo, as formações sociais escrevem-na no espaço.

Cada combinação de formas espaciais e de técnicas correspondentes constitui o atributo produtivo de um espaço, sua virtualidade e sua limitação, sendo o movimento do espaço, isto é, sua evolução é ao mesmo tempo, um efeito e uma condição do movimento de uma sociedade global.

As F. E. S. constituem uma organização histórica “a totalidade da unidade da vida social”. O dado global, que é o conjunto de relações que caracterizam uma dada sociedade, tem um significado particular para cada lugar, mas este significado não pode ser aprendido senão ao nível da totalidade. O espaço construído e a distribuição da população, por exemplo, não têm um papel neutro na vida e na evolução das formas econômicas e sociais. O espaço reproduz a totalidade social, na medida em que essas transformações são determinadas por necessidades sociais, econômicas e políticas.

Os objetos geográficos aparecem nas localizações correspondentes aos objetivos da produção num dado momento e, em seguida, pelo fato de sua própria presença, influencia-lhes os momentos subseqüentes da produção.

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Indo ao encontro da teoria proposta por SANTOS, podemos descrever alguns aspectos sobre a formação social e econômica de Tubarão: A Comarca de Tubarão foi criada em 1875 e instalada no ano seguinte. Além da criação do Município e da Comarca, a década de 1870 registra dois fatos responsáveis pelo incremento e o desenvolvimento no então vasto Município: a imigração européia, predominando a italiana, seguida da alemã e outros, como também a formação da Cia. Inglesa "The Donna Thereza Cristina Railway Co. Ld." (Estrada de Ferro Dona Teresa Cristina).

Os atuais municípios de Gravatal, Treze de Maio, Jaguaruna, Pedras Grandes, Capivari de Baixo e outros pertenciam ao imenso município de Tubarão na forma de distritos.

Hoje, podemos relacionar sobre Tubarão às seguintes características, baseadas em informações do IBGE: o município localiza-se na região sul do Estado de Santa Catarina, possui uma área territorial de aproximadamente 284 km2, 92,9

mil habitantes e está a uma altitude de 9 metros acima do nível do mar, o mesmo dista 140 km da capital do Estado de Santa Catarina.

Com o objetivo de percebermos o crescimento da cidade em momentos distintos, colocou-se imagens da cidade em três períodos, as quais nos detalham a expansão urbana do mesmo, causada entre outros motivos, pela influência da atividade industrial do município.

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Mapa 01: Fotografia aérea de Tubarão.

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Mapa 02: Fotografia aérea de Tubarão.

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Mapa 03: Fotografia aérea de Tubarão. Fonte: Google Earth (2007).`

É visível o processo de expansão urbana pelo qual o município passa, entre os períodos analisados nas imagens, pode-se perceber um crescente fluxo de pessoas, sobretudo no ano de 2007, na margem esquerda do Rio Tubarão, da região central em direção aos bairros.

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2.2.1 Aspectos gerais do município de Tubarão

Inicialmente, inseriu-se um mapa para caracterizar a localização do município em questão:

Mapa 04: Localização aproximada do município.

Fonte: Site oficial da prefeitura municipal de Tubarão (acesso em 01/02/2008).

De acordo com a prefeitura do município, Tubarão possuía em 2006, 1667 estabelecimentos comerciais, 972 indústrias e 1594 prestadores de serviço. Do total de indústrias (972), que empregam mais de 25% da população economicamente ativa, aproximadamente 100 estão diretamente ligadas às atividades têxteis, destas, selecionamos as que compunham o grupo para aplicação

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do questionário. A estimativa sobre os valores totais movimentados no município, apresenta-se na tabela a seguir, disponibilizada pelo Sebrae (2004):

Tabela 01: Movimentação financeira de Tubarão (2003)

Indicadores Valor em Reais

Operações de Crédito 75.920.550,01

Depósitos à vista – governo 625.203,64

Depósitos à vista – privado 34.839.645,49

Poupança 127.078.169,38

Depósitos à prazo 31.766.294,80

Outras obrigações por recebimento 27.084,29

Instituições financeiras no município 11

Fonte: Banco Central do Brasil, Registros administrativos 2003, apud SEBRAE 2005.

Em 2000 o PIB do município era de 625 milhões de reais e em 1996 totalizava 365 milhões de reais. O aumento no período foi de 71,2%, contra um aumento no mesmo período de 32,5% no Estado de Santa Catarina e de 6,6% no Brasil. O PIB per capita subiu de R$ 4.604,00 no ano de 1996 para R$ 7.002,00 no ano de 2000. O PIB do município é inferior a média do PIB per capita do Estado de Santa Catarina e superior ao PIB per capita do Brasil.

Segundo dados do IBGE, existiam em 2001 no município 4.732 empresas formais, sendo que o comércio representava 48,6% do total das empresas do município. A tabela a seguir mostra a distribuição das empresas no município de Tubarão.

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Tabela 02: Distribuição das empresas por grupo de atividade econômica – (Tubarão, 2001)

Empre- %

Grandes grupos sas relativo

Comércio; reparação de veículos automotores, objetos

pessoais e domésticos. 2.301 48,6

Outros serviços coletivos, sociais e pessoais. 317 6,7

Indústrias de transformação. 817 17,3

Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às

empresas. 512 10,8

Alojamento e alimentação. 281 5,9

Transporte, armazenagem e comunicações. 173 3,7

Construção. 114 2,4

Saúde e serviços sociais. 93 2

Educação 60 1,3

Pesca. 0 0

Intermediação financeira. 40 0,8

Indústrias extrativistas. 11 0,2

Administração pública, defesa e seguridade social. 2 0 Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal. 11 0,2 Produção e distribuição de eletricidade, gás e água. 0 0

Total 4.732 100

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, apud SEBRAE, 2005.

A atividade econômica que mais emprega no município é o setor de serviços. Para cada dez postos de trabalho, seis eram ocupados por homens e 4 por mulheres no ano de 2002.

Ainda de acordo com os dados do SEBRAE 2005: a população economicamente Ativa (PEA) do município totalizava em 2000 cerca de 44.164 habitantes, ou seja, 49,9% da população do município. O salário médio com CTPS era de R$ 633,49 e o índice de desemprego da PEA era de 11,2%.

Em 2000 o município de Tubarão possuía 73,4% da renda dos habitantes provenientes do seu trabalho e 18,6% eram oriundas de transferências governamentais (por exemplo: aposentadoria ou pensão). A concentração de renda

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dos 10% mais ricos da população era de 40,7% do total da renda do município, número este inferior à média do Estado de Santa Catarina e do Brasil no mesmo ano.

2.3 Origem e evolução da indústria têxtil de confecção

Para entendermos as origens e evolução da indústria têxtil de confecção, é necessário entendermos também um pouco da estrutura da cadeia produtiva de todo o setor têxtil.

O processo inicial da cadeia produtiva do setor têxtil é a obtenção do insumo básico que é a fibra. O setor têxtil trabalha com um amplo espectro de matérias-primas que podem ser classificadas em três segmentos. O primeiro e o maior deles é composto pelas fibras naturais como o algodão, a seda, o linho, a lã e a juta. O segundo grupo é composto pelas fibras sintéticas, derivadas de subprodutos de petróleo como nylon, poliéster, lycra e polipropileno. O terceiro e último dos segmentos utiliza fibras artificiais, obtidas a partir da regeneração da celulose natural como a viscose e o acetato.

Tanto as fibras sintéticas quanto as artificiais são conhecidas como fibras químicas, e sua combinação com as naturais permite a criação de produtos com características diferenciadas. As fibras químicas buscam copiar e incrementar as características próprias das naturais e representam uma alternativa de matéria-prima que vem reduzir a dependência de fibras naturais por parte da indústria. Nenhuma fibra, de maneira isolada, tem condições de suprir toda a demanda da indústria têxtil.

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O algodão é, com ampla margem, a fibra de maior utilização, representando mais de 90% das fibras naturais consumidas no mercado brasileiro.

A última etapa do processo industrial têxtil se dá no segmento de confecção que envolve um espectro muito amplo de processos de produção e uma grande heterogeneidade das empresas envolvidas.

No segmento de confecção, mesmo com os investimentos e modernizações verificadas, a habilidade do trabalhador está diretamente ligada à qualidade do produto. A indústria de confecção oferece produtos diversos, que vão desde artigos de cama, mesa e banho até peças de vestuário. Esta diversidade é acentuada pela existência de mercados consumidores com características múltiplas e peculiares. Desta forma, as matérias-primas, os processos produtivos e mesmo as relações de trabalho apresentam diferenças significativas.

As barreiras tecnológicas do segmento de confecção são limitadas na medida em que o equipamento básico utilizado é a máquina de costura, e os investimentos exigidos não são proibidos. A tendência internacional de grande pulverização do segmento de confecção em empresas de pequeno e médio porte é conferida no Brasil.

A grande especialização necessária ao atendimento dos mais diversos tipos de demanda cria nichos de mercado desinteressantes para empresas de grande porte que não possuem a flexibilidade necessária para se adequar às mudanças. A capacidade de ajuste e a simplicidade administrativa beneficiam as unidades de menor porte.

Desta forma, convivem empresas de portes diversos dentro do mesmo segmento, como enfatiza Ely Mitie Massuda:

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Uma das características do parque têxtil brasileiro repousa na heterogeneidade das indústrias, no porte e no estágio tecnológico das mesmas. Em relação ao porte, inclui desde grandes empresas integradas (da fiação ao acabamento) até micro-malharias. (MASSUDA, 2002, p. 244).

O fato de ser uma atividade intensiva em mão-de-obra faz com que o custo de salário seja um diferencial competitivo. Isto justifica a migração desta indústria para países com mão-de-obra barata como, por exemplo, Brasil e China. A costura é a principal etapa do processo, tomando cerca de oitenta por cento do tempo despedido. O informe setorial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o segmento de confecções enfatiza a importância do custo de mão de obra.

... o custo da mão-de-obra continua sendo a principal vantagem comparativa na localização de novas indústrias, sendo responsável pela participação expressiva dos países em desenvolvimento no comércio internacional de confecções. (BNDES, 1996:5, Apud EMERY, 2007, p. 19).

Pela característica de divisão das tarefas entre as empresas do setor têxtil, é natural que as empresas se agrupem em pólos industriais visando ganhos logísticos.

O maior pólo industrial têxtil do Brasil se situa na região de Americana, nas cidades de Americana, Nova Odessa, Santa Bárbara do Oeste e Sumaré, se destacando pela tecelagem especializada em tecidos planos baseados em fibras químicas em São Paulo. O segundo maior complexo têxtil brasileiro está situado nas

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cidades de Blumenau, Joinville e Brusque, em Santa Catarina. O terceiro pólo se situa em torno da cidade de Fortaleza no Ceará.

2.3.1 Gênese, evolução e condições atuais da Indústria têxtil no Brasil

A origem do setor têxtil no Brasil se confunde com o processo de industrialização do país. No período colonial, a característica fundamental era a incipiência da indústria têxtil, além de sua descontinuidade.

Nas cidades portuárias do Nordeste, a partir de iniciativas de comerciantes locais que se dedicavam em um primeiro momento a assessórios, começam a praticar importações e exportações de diversos produtos, nesse contexto surgem diversas indústrias que se dedicam as atividades têxteis de confecção em geral.

Os primeiros industriários do país começam a praticar preços de produtos sem análise de custos reais. Nesse contexto era viável aos mesmos praticarem preços 10% inferiores aos mercados internacionais. Como não havia concorrência, a renovação tecnológica era bastante limitada, esses eram proprietários de mercados “cativos”. Ainda com relação à questão tecnológica, destaca-se o grande dinamismo inicial do Sul do país e, a pequena desenvoltura em indústrias de Minas Gerais e São Paulo que não superaram grandes expectativas.

Mamigonian (1999), faz considerações acerca da indústria têxtil no Brasil, em suas obra fica claro a importância da referida indústria em Santa Catarina, que possui desde sua gênese uma indústria bastante agressiva, Minas Gerais, São

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Paulo, Rio de Janeiro (onde Nova Friburgo continua sendo um pólo gigantesco de confecção do vestuário), e boa parte do Nordeste brasileiro. O mesmo autor afirma a importância do setor têxtil para o Brasil quando realça:

À medida que avançava, a industrialização ia gerando um centro dinâmico interno, que na década de 20 já era considerável, pois a indústria, principalmente o ramo têxtil, era o setor mais importante da economia brasileira após o café. (MAMIGONIAN, 1999 P.103).

Assim como na Inglaterra do século XVIII, no Brasil, o ramo têxtil foi o primeiro a se tornar industrial, mas sem passar pela longa fase manufatureira, saltando rapidamente da fase artesanal à industrial. Começou com estabelecimentos de pequeno porte no período 1840-1870, substituindo a produção artesanal das fazendas reinseridas na divisão internacional do trabalho (DIT), a produção industrial de tecidos de algodão iniciava sua concorrência aos produtos importados nas duas últimas décadas do século XIX. Deste modo, em 1907 já controlava 67% do mercado interno e atingia 81% em 1913, acelerando o processo. Assim sendo, na última data, não só era nitidamente o mais importante segmento industrial brasileiro, como era o 10º parque têxtil no mundo, ocupando 50 mil teares9.

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Tabela 03: Pessoal ocupado na indústria têxtil brasileira em 1920/1950/1969 - (1000 pessoas). 1920 1950 1969 Nordeste 32,1 (28,7) 80,8 (23,9) 41,3 (13,8) M. Gerais 9,5 (8,5) 29,8 (8,8) 29,4 (9,8) GB-RJ 29,7 (26,5) 51,2 (15,1) 42,8 (14,3) São Paulo 34,8 (31,0) 155,2 (45,9) 149,5 (50,0) Sul 5,3 (4,7) 19,6 (5,8) 30,0 (9,8) TOTAL 112,3 (100,0) 338,0 (100,0) 298,8 (100,0) Fonte: Mamigonian, 2004.

A indústria têxtil é um dos segmentos de maior tradição do setor industrial, contando com uma posição de destaque na economia dos países mais desenvolvidos, e, carro-chefe do desenvolvimento de muitos dos chamados países em desenvolvimento, que devem à sua produção o papel de destaque que exercem no comércio mundial de manufaturas. No Brasil, a sua importância não é menor, tendo este setor um papel de grande relevância no processo de industrialização do país, importância esta, presente desde o início de sua colonização.

Além da riqueza mineral exportada pelo Brasil em ouro e diamante, o açúcar e o algodão constituíram o grosso dos carregamentos dos navios que zarpavam da colônia. As exportações de algodão cresceram rapidamente com o desenvolvimento da indústria têxtil na Inglaterra, a partir de 1770. (STEIN; BENCHIMOL, 1979, p. 20).

A excelência do algodão do norte do Brasil e a importância da produção de tecidos de forma doméstica levaram a Metrópole a fomentar e organizar bases mais amplas para a expansão desta atividade. Segundo STEIN e BENCHIMOL (1979), em 1750, Portugal providenciou a vinda ao Pará, de tecelões e pintores com

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o fim de estabelecer manufaturas de chitas. A escassez de tecidos durante esse século e o próximo era tamanha, que os religiosos se vestiam com os farrapos das velas rôtas dos navios, e, obtidas por esmola, dos navegantes que aportavam no litoral de São Vicente.

Os séculos seguintes marcam o início das primeiras indústrias têxteis em várias partes do país. A título de exemplo, podemos reforçar o caso da indústria de Santa Catarina (principalmente a do Vale do Itajaí) e a do Rio de Janeiro, que surgem com um contexto de bastante competitividade.

Somente no início da I Guerra Mundial, o Brasil dispunha de um importante parque têxtil e esta Guerra pode ser considerada como fator decisivo na consolidação da indústria têxtil brasileira. A limitação da capacidade do País de importar propiciou a oportunidade de crescimento da produção interna no vácuo deixado pelo não-suprimento externo de tecidos. Assim, a interrupção do fluxo de entrada de artigos oriundos do exterior, pela concentração dos Países europeus e Estados Unidos no esforço da guerra, funcionou como elemento de estímulo para o crescimento da indústria brasileira. Ainda de acordo com STEIN; BENCHIMOL (1979), em 1919, a indústria têxtil contava com mais de 100.000 trabalhadores, o que representava quase 49% do contingente empregado nas indústrias de transformação10.

Em 1929, a grande crise que se abateu sobre a economia mundial propiciou nova oportunidade de crescimento da indústria brasileira, a exemplo do que havia ocorrido durante a I Guerra. A capacidade de importação foi drasticamente reduzida, levando praticamente todos os países a adotarem políticas de substituição

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dos produtos importados pela produção interna das mercadorias necessárias a seu abastecimento, política esta, fortemente adotada no Brasil.

O “movimento progressivo” da indústria foi constante graças ao tipo de tecido produzido pelas primeiras fábricas têxteis. Com efeito, elas aprovisionavam o maior mercado disponível na economia de um país subdesenvolvido do século XIX: roupas para os trabalhadores, escravos e livres, da cidade e do campo; panos para ensacar açúcar e, particularmente, o café exportado em quantidades cada vez maiores. (STEIN; BENCHIMOL, 1979, p. 38).

Nos últimos anos, mais precisamente a partir da segunda metade dos anos 50, marca-se o início da fase industrial brasileira em processo acelerado, com ênfase para os setores mais dinâmicos e não-tradicionais. Nessa fase, o setor têxtil, por influência do desenvolvimento industrial da época, também começou a passar por grandes transformações. É assim que, a partir de 1970, incentivos fiscais e financeiros, administrados pelo Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI), órgão do Ministério da Indústria e Comércio, possibilitou um movimento de fortes investimentos em modernização e ampliação da indústria têxtil, com vista, principalmente, ao aumento das exportações brasileiras de produtos têxteis.

A partir da década de 80 e 90, mais precisamente desta última, as vendas externas novamente regrediram, agora por conta das novas e profundas transformações ocorridas na economia e na política brasileira, tais como: a abertura do mercado interno aos fornecedores externos, iniciada em 1990; a eliminação de entraves burocráticos às importações; a redução das tarifas aduaneiras; valorização do câmbio; políticas de juros elevados; entre outras, as quais ocasionaram o fechamento de muitas empresas e obrigaram o setor a investir fortemente na sua

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modernização para reduzir custos e poder competir com os produtos importados. Hoje, considera-se essa “abertura” fato positivo para a economia, pois as empresas tiveram que investir para se tornarem mais competitivas, apesar de não estarmos levando em consideração o custo social, caracterizado como catastrófico por alguns críticos. Para uma idéia geral das atuais condições desse setor no país, colocou-se como anexo11 uma tabela com as exportações de produtos têxteis e confeccionados

no Brasil entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005. Desde o fim da Segunda Grande Guerra, tem se procurado opções de integração internacional por meio da formação de blocos de livre comércio, visando o incremento das transações comerciais como forma de alcançar o desenvolvimento econômico sustentável, sendo o Mercosul o melhor exemplo de prática dessa política.

A importância da produção têxtil e sua responsabilidade econômica e social são mensuráveis em diversas dimensões. Dois enfoques podem ser utilizados para enfatizar a relevância de setor: A força de trabalho absoluta alocada no setor e a força relativa a outros setores da indústria manufatureira.

O primeiro enfoque é o número absoluto de trabalhadores envolvidos na produção. Mesmo com o impacto sofrido pelo setor têxtil durante a década de 1990 ele continua sendo de grande importância econômica e social. De acordo com o Censo Demográfico de 2000, o setor contava com quase dois milhões de trabalhadores.

Este número contempla apenas os empregos diretos da indústria têxtil, não levando em conta os empregos indiretos gerados nos demais elos da cadeia produtiva, pelos fornecedores de insumos e prestadores de serviços apoiando a indústria. Neste universo, não foram contados os produtores de fibras (sejam

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naturais, produzidas por agricultores, sejam químicas por tal indústria), os fabricantes de máquinas e equipamentos, embalagens entre outros.

O segundo enfoque é comparativo com outros segmentos da indústria. Considerando que, conforme dados do Censo Demográfico do IBGE, a indústria de transformação brasileira empregava aproximadamente 8,8 milhões de trabalhadores, o setor têxtil representava aproximadamente 21% da força de trabalho da indústria de transformação, sendo o maior setor da indústria de transformação, em número de trabalhadores.

2.3.2 Gênese, evolução e condições atuais da Indústria têxtil em Santa Catarina

Com 293 municípios e ocupando 1,2% do território nacional, Santa Catarina é o menor e menos populoso Estado da Região Sul, possuindo um poderoso setor industrial e, apesar de não receber grandes investimentos estrangeiros, está entre os Estados que dispõem de maior potencial para os negócios, situando-se no Vale do Itajaí um dos mais importantes parques têxteis do país (e maior do Estado). Depois da abertura comercial no início dos anos 9012,

quando o segmento têxtil entrou em crise, foram as pequenas indústrias que reagiram primeiro, permitindo às grandes enxugar estruturas, melhorar a qualidade da produção e investir em marketing e em tendências da moda para retomar o crescimento.

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A economia do Estado de Santa Catarina baseia-se na atividade industrial, no extrativismo de minérios e na agropecuária, sendo bem distribuída a participação de todos os setores na economia. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2005), analisando o Produto Interno Bruto (PIB) de 2000, a distribuição percentual da participação de cada setor da economia do Estado correspondeu a 17,93% para o setor primário, 42,90% para o secundário e 39,18% para o terciário, caracterizando a grande influência da indústria no Estado. No Brasil, a população ativa por setores de atividades era de 18,82%, 22,21% e 58,97% respectivamente no mesmo ano. O setor industrial caracteriza-se pela diversificação e nenhuma área da indústria participa com mais de 20% do produto interno bruto do Estado, o que propicia certa regularidade no crescimento econômico, evitando períodos de alternância entre crescimento e estagnação.

As indústrias de maior expressão encontram-se no setor agroindustrial, metal mecânico, têxtil, de cerâmica, de máquinas, equipamentos e eletroeletrônico. No entanto, é significativa, também, a produção de artigos de plástico, e, móveis em madeira de pinho.

Com relação à indústria têxtil no Estado, seu principal pólo têxtil se localiza na região do Vale do Itajaí, abrange os municípios de Blumenau, Brusque, Gaspar, Indaial, Pomerode e Timbó. Trata-se de regiões colonizadas por imigrantes alemães na segunda metade do século XIX.

A produção têxtil do Estado de Santa Catarina apresenta características muito diversas das encontradas no pólo de Americana. A indústria catarinense possui duas especializações distintas: a produção de peças de vestuário baseadas em malhas de algodão e a confecção de itens de cama mesa e banho.

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O Estado de Santa Catarina já era portador destes itens por volta do final dos anos de 1800, característica esta que induzia as empresas a se manterem relativamente atualizadas do ponto de vista tecnológico e administrativo. A tabela 04 mostra a evolução das exportações catarinenses de itens de cama, mesa e banho assim como de malhas e de algodão na década de 1980.

Tabela 04: Exportações Catarinenses de confeccionados de algodão entre 1990 e 1999 (em dólares)

ANO CAMA, MESA E BANHO PEÇAS DE VESTUÁRIO

1990 139.232.490,00 87.335.687,00 1991 154.561.857,00 119.479.540,00 1992 169.061.434,00 135.351.241,00 1993 197.334.555,00 147.958.056,00 1994 178.497.446,00 114.742.810,00 1995 187.252.555,00 94.444.734,00 1996 186.524.834,00 70.056.394,00 1997 188.317.408,00 57.890.844,00 1998 153.310.114,00 51.078.874,00 1999 153.908.791,00 52.223.409,00 Fonte: EMERY, 2007.

Dos dados apresentados na tabela 04, pôde-se perceber que o segmento de cama, mesa e banho apresentou um bom desempenho até o ano de 1997. No ano de 1998 foi verificado um decréscimo significativo e, em movimento semelhante, mas com maior intensidade, as exportações de peças do vestuário sofreram uma redução na segunda metade da década. A acirrada concorrência internacional pode ser creditada como um dos fatores para esta desaceleração no ritmo das exportações.

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Complementando os dados da tabela 04, após análise da tabela inserida em anexo (Exportações brasileiras de produtos têxteis e condeccionados por estados – Anexo 04), elaborada pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil, obtêm-se os números correspondentes às referidas exportações no Estado que em 2003 chega aos US$ 307.276.994,00, em 2004 US$ 354.136.293,00 e em 2005 US$ 350.813.298,00.

A exposição ao comércio exterior já existia para este segmento e a abertura comercial não foi traumática. Trata-se de um segmento eficiente, confeccionando produtos de reconhecida qualidade, de forma competitiva.

A posição de destaque no mercado internacional foi conquistada e mantida durante a década de 1990 por um processo de constante atualização tecnológica. A pressão da concorrência internacional forçava o aumento de produtividade.

Em Santa Catarina, a indústria têxtil, mais precisamente a de confecção de peças do vestuário, não pode ser considerada muito diferente da indústria que conhecemos na maior parte dos países. Esta é composta por um grande número de empresas, as quais possuem as mais variadas escalas de produção, desde as menores (fundo de quintal), até as de produção mais significativa.

Lago (2000), faz referência sobre o início da industrialização no Estado, bem como suas carências:

Até os meados dos anos 60, as insuficiências de energia em Santa Catarina não eram apenas relativas ao apetite mais voraz das fábricas que teimavam em surgir, e crescer, para atingir escala competitiva, principalmente as do ramo têxtil da bacia do Itajaí e do ramo metal-mecânico da região de Joinville. (LAGO, 2000, p. 341).

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Para se estabelecer uma indústria de confecção, não são necessários grandes investimentos tecnológicos, escala de produção ou especialização da mão-de-obra, cujas características resultam em poucos obstáculos para o aparecimento de novas fábricas no setor.

Reforça-se a idéia de poucos investimentos, citando como exemplo uma camiseta que é produzida por uma grande indústria, com alta capacidade tecnológica, pode, da mesma forma, e com o mesmo material (tecido), ser fabricada por uma empresa muito pequena e com seu volume de produção infinitamente menor que a anterior.

De acordo com Goularti Filho e Jenoveva Neto (1997), a indústria de confecção do vestuário é a principal produtora de bens finais do complexo têxtil, sendo as roupas produzidas neste setor a partir de tecidos naturais ou artificiais, bem como a mistura de ambos.

As facções domiciliares e industriais são muito comuns no Estado, sobretudo no Sul catarinense. A ampla contratação sempre esteve presente na indústria de confecção, justamente por se tratar de uma indústria em que se utiliza grande quantidade de mão-de-obra. Sendo assim, algumas empresas subcontratam trabalhadores para lhes prestarem serviços em suas próprias residências (facção domiciliar) ou este trabalho pode ser desenvolvido por uma outra indústria (facção industrial) que, resumidamente, trata-se da terceirização de serviços.

No decorrer da década de 80, em função do crescimento do setor do vestuário no Estado, os confeccionistas deste passaram a utilizar dessa estratégia de produção (a subcontratação de trabalhadores), que já era praticada em outras regiões de Santa Catarina, principalmente as empresas proprietárias de grandes marcas do Vale do Itajaí.

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Analisando algumas características da indústria de confecção, não só em Santa Catarina, como também em outras regiões do país e do mundo, constatamos peculiaridades, tais como: o baixo impacto das inovações tecnológicas, estrutura industrial bastante heterogênea; processo de confecção bem divisível e ciclos de vida dos produtos bem definidos quanto à moda, podendo esta influenciar no período de vida do produto. (GOULARTI FILHO; JENOVEVA NETO, 1997) destacam que, para melhor compreender a classificação dos clientes industriais e entender os motivos que levam as empresas a escolher determinada tecnologia, tanto em termos de equipamentos quanto da organização da empresa e da produção, faz-se necessário explicitar melhor os quatro segmentos principais da indústria de confecção do vestuário.

Quanto aos segmentos principais de confecção do vestuário, os mesmos autores citam o vestuário padrão, o qual não é muito influenciado pela moda. O vestuário da moda, que é totalmente influenciado pela tendência em suas cores, formas, detalhes etc. O segmento artigos para o lar está relacionado a produtos para cama, mesa e banho, e, por último, os artigos técnicos industriais que serviram de base a outras indústrias e geralmente são elaborados a partir de inúmeras exigências e controles de qualidade.

Resumindo, seja qual for o segmento da indústria de confecção, Santa Catarina está entre os poucos Estados que dispõem de um parque industrial suficientemente preparado para abrigá-los.

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2.3.2.1 O Caso do Sul do Estado

Pode-se iniciar a discussão sobre a indústria têxtil de confecção de peças do vestuário no Sul do Estado de Santa Catarina, com o enunciado por Armen Mamigonian:

Mas foi graças ao carvão que o Sul catarinense se destacou pela presença da maior concentração de indústria de cerâmica e azulejo e pelo florescimento da indústria de confecção que em 1997 empregava 7,5 mil trabalhadores, sobretudo mulheres de ex-mineiros. Além disto ocorreram outras diversificações: 1) produção de copos plásticos descartáveis (80% da produção brasileira), com filiais se instalando recentemente em Minas Gerais, 2) produção de tubos de PVC, 3) produção metal-mecânica. (MAMIGONIAN, 1999, p.73).

Outros autores contribuíram para nossa revisão teórica a respeito da indústria do Sul do Estado, e merece destaque o exposto por Goularti Filho e Jenoveva Neto:

No Sul catarinense, o setor se caracteriza pela fabricação de grandes diversidades de itens, desde camisetas até ternos e roupas femininas sofisticadas. Cada um desses itens pode ser produzido por firmas de diferentes portes, o que, mesmo entre produtos semelhantes, propicia a convivência de técnicas produtivas distintas. (GOULARTI FILHO; JENOVEVA NETO, 1997, p. 55).

O Sul do Estado de Santa Catarina ocupa uma área de 9.049 km² (9,8% da área total do Estado). Compreende 39 municípios com uma população estimada em 800 mil habitantes, com cerca de 500 mil em áreas urbanas. Divide-se em três

Referências

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