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PEDAGOGIAS DA NATUREZA DO RINCÃO GAIA: LIÇÕES ECOSSUSTENTÁVEIS DE UM LAGO REGENERADO

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PEDAGOGIAS DA NATUREZA DO RINCÃO GAIA: LIÇÕES ECOSSUSTENTÁVEIS DE UM LAGO REGENERADO

Maria Inês Möllmann

Universidade Luterana do Brasil (ULBRA)

O presente artigo é um recorte de uma dissertação que analisa lições sobre a natureza produzidas e colocadas para circular, enquanto Pedagogias Culturais, em alguns artefatos culturais que representam o Rincão Gaia, sítio rural de 30 hectares situado no município de Pantano Grande (RS), que foi propriedade do engenheiro agrônomo e ambientalista gaúcho José Lutzenberger (1926-2002). Defensor de um ideário ecológico, ele propôs ensinar, por meio dos ambientes e espaços do terreno, de práticas de educação ambiental e outras atividades que lá ocorrem até os dias atuais, sob os auspícios da Fundação Gaia – Legado Lutzenberger, determinados modos de preservar a natureza.

Minha pesquisa analisa materialidades do que é ensinado sobre a natureza no Rincão Gaia sob a perspectiva pós-estruturalista, com base nos conceitos teóricos Pedagogias Culturais, Representação e Discurso. Para tanto, me valho de autores que discutem as pedagogias críticas, como Giroux (1995), Giroux e McLaren (1995), Steinberg (1997) e Steinberg & Kincheloe (1997-2001), entre outros, os quais deixaram uma herança para as produções brasileiras contemporâneas, agora, levadas adiante por pesquisadores como Andrade (2016a, 2017), Costa (2010-2012), Wortmann (2012) e Camozzato (2012, 2014). Desde a década de 1990, o conceito de pedagogias culturais vem sendo usado, em nosso país, como ferramenta teórica do campo da Educação, particularmente, na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), para discutir sobre aprendizagens e ensinamentos não formais que ocorrem em espaços não-escolares. Além desses autores, recorro a Watkins, Noble, Driscoll (2015) que, em pesquisas realizadas na Austrália, buscam pensar para além do conceito/expressão Pedagogias Culturais e olhar para práticas culturais contextualizadas. Um desdobramento de tais pedagogias propõe mais uma pedagogia

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adjetivada, as Pedagogias da Natureza. Nesse sentido, me amparei nos estudos produzidos no Rio Grande do Sul por Guimarães (1998, 2006), Amaral (2001, 2007) e Liegbott (2015). Por fim, me apoio em Hall (2016) para abordar os conceitos Representação e Discurso e compreendo, em síntese, que ambos os conceitos, articulados à noção de Pedagogias Culturais, sustentam a proposição de que nossas identidades e subjetividades são formadas a partir das culturas em que estamos inseridos. À luz desse referencial teórico, identifiquei lições culturais produzidas e colocadas para circular a partir do Rincão Gaia e refleti sobre elas com base em um conjunto de materiais empíricos heterogêneo, sem a pretensão de focar exaustivamente seus conteúdos específicos. Fui acionando-os, a medida em que se tornaram pertinentes para demonstrar as pedagogias culturais atuantes a partir do espaço Rincão Gaia, as quais, como afirmei, anteriormente, estão fundamentadas em um ideário ecológico defendido por Lutzenberger. Isso implica dizer, metodologicamente, que compreendo que são materiais perpassados por representações e discursos sobre a natureza. Os referidos materiais são os seguintes: 1) o artigo acadêmico “Educação ambiental no Rincão Gaia: pelas trilhas da saúde e da religiosidade numa paisagem ecológica”, de Steil, Carvalho Pastori (2010), 2) o livro “Lutzenberger e a Paisagem”, no qual Backes (2005) apresenta a obra paisagística do ambientalista, incluindo o Rincão Gaia e suas relações com Gaia e seus elementos naturais; 3) o “teaser institucional Rincão Gaia”, filme publicitário no qual uma equipe de produção audiovisual apresenta a proposta do lugar (2014); 4) o post “Fundação Gaia” do blog Foto+Grafia Etc. e Tal, no qual Pires (24/05/2018) relata a experiência com alunos em uma imersão ao Rincão Gaia e o desafio de aliar a Etnofotografia à Fotografia Miksank (Contemplativa).

As questões centrais que norteiam as análises são: 1) Quais lições sobre a natureza são produzidas e colocadas para circular, enquanto Pedagogias Culturais, em artefatos culturais que representam o Rincão Gaia? 2) Quais são as relações entre o que se ensina sobre preservação da natureza no Rincão Gaia e o ideário ecossustentável professado por seu criador, o engenheiro agrônomo e ambientalista José Lutzenberger, na perspectiva das Pedagogias Culturais?

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Neste ensaio trago, particularmente, lições culturais que emergem nas quatro referidas produções sobre o Lago das Estrelas, um dos pontos de observação da trilha interpretativa do Rincão Gaia que percorri, a pé, como visitante do sítio ecológico, em 2015. Estruturei as análises do corpus inspirada nessa minha experiência com a pretensão de ver como o Rincão Gaia e o ideário professado pelo sujeito ecológico1 Lutzenberger atuam enquanto Pedagogias da Natureza.

Recorro à sistematização de Pereira (2016), me valendo da sua apreensão do pensamento de Lutzenberger. Ela organizou-o em dez princípios e denominou as principais ideias do ambientalista de “Ética Lutzenbergeriana” ou “Ética do Convívio Ecossustentável”. Dos dez princípios, escolhi cinco, adotando-os como categorias analíticas, a saber: 1) A natureza é um modelo a ser imitado, pois ela sabe melhor, ela é sabia; 2) Somos todos, parte da natureza, seres humanos e não-humanos; 3) Todas as formas de vida (de natureza) merecem reverência e respeito; 4) Para sobreviver (nós, os humanos), o melhor caminho é ser sócio da natureza; 5) Devemos oferecer soluções para os problemas ambientais, e não apenas criticá-los, por meio da prática da sustentabilidade. Tais postulados fui identificando nos materiais citados a partir de alguns elementos articuladores, como a funcionalidade ecológica de ambientes aquáticos, a regeneração de espaços da propriedade rural, a beleza das águas, das flores, dos cactos, dos jardins, dos peixes e de um lagarto. Fui selecionando tais evidências e refletindo sobre elas, compreendendo-as como “lições” culturais, realizando cruzamentos entre espaço/princípio/elemento articulador/material empírico.

Ensinamentos de um lago regenerado

O princípio de que a natureza é sábia, pois ela sabe melhor, e que nós, humanos, devemos imitá-la, norteou os projetos de restauração realizados no Rincão Gaia iniciados na década de 1980 e tal postulado segue sendo observado até os dias atuais pela Fundação Gaia – Legado Lutzenberger, organização da sociedade civil sem

1 CARVALHO (2002) afirma que o “sujeito ecológico” aquele capaz de assumir uma ação educativa

comprometida como meio ambiente que surge no “campo ambiental”, espaço social de sentidos e experiências.

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fins lucrativos que mantém o projeto. Colocada na prática, basicamente, a referida ideia se traduz no pressuposto segundo o qual, para recuperar um ambiente, basta parar de exauri-lo e ajudar a própria natureza a restaurá-lo. Dito em outros termos, uma

sabedoria da natureza se revela, de forma sensível, por sua capacidade

auto-regenerativa. Um dos espaços onde o referido postulado se materializa é o principal buraco da antiga pedreira de basalto, que, com o passar dos anos, como outras crateras que existiam pela propriedade, foram alagadas devido ao acúmulo da água das chuvas. O professor de mergulho Carlos Dill, na reportagem “5 atrações: Rincão Gaia” veiculada pelo Canal Oficial do Governo do Estado do Rio Grande do Sul no Youtube (2016), descreve esse processo da seguinte maneira: “O Lago das Estrelas, nada mais é do que uma pedreira de pedra [sic] basalto que, com o tempo, após o uso, inundou”. A situação do principal buraco da pedreira existente no Rincão Gaia depois de 30 anos de extração, quando da última lavra, era de extrema degradação e estava fadado a transformar-se em um lixão a céu aberto, a depender da intenção da prefeitura local. Na imagem abaixo (Figura 1), é possível visualizar a “paisagem lunar”, como a define Alexandre de Freitas, autor do blog no qual a fotografia foi publicada antes de Lutzenberger iniciar a restauração da paisagem. Sua aposta foi “intervir pouco e de forma estratégica, transformando os buracos da pedreira em uma malha de lagos grandes e pequenos espalhados por toda a área”, relata Freitas, educador ambiental ligado à Fundação Gaia até os dias atuais. Explica ele que, dessa forma, o ambientalista pretendia “estimular o trânsito da fauna e deixar que a região se beneficiasse com a dispersão de sementes”.

Fonte: Blog Chaos e Cosmos, 2010.

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Fonte:Blog Chaos & Cosmos (2010)

A grande massa de água acumulada (Figura 2), um dos pontos da trilha interpretativa do Rincão, é de onde se pode olhar a vegetação do entorno, a exemplo do próprio Lutzenberger, que, em 1996, posava para uma foto junto à suculenta “orelha de elefante”, considerada um achado para jardins rochosos2 (Figura 3). Também é um lugar para nadar, como o fizeram alunos do curso “Paisagem, micropaisagem e macrofotografia” da Câmera Viajante Agência e Escola de Fotografia em 20113 (Figura 4), para atravessar de balsa, a exemplo das visitantes Maria Angélica Möllmann Portela e Angela Luise Fraya Haase, que me acompanharam em minha em visita ao Rincão Gaia em 2015 (Figura 5); para contemplar a paisagem sentando em um banco de madeira embaixo do pergolado de flores, conforme sugere a professora de escolas públicas de Venâncio Aires (RS), Rosangela Kaercher, em sua visita em 20104 (Figura 6); e para observar cardumes de peixes no ambiente aquático submerso, como o fez o instrutor de mergulho Carlos Dill, em 2016. (Figura 7).

Figura 2 - Lago das Estrelas

2A orelha-de-elefante é uma planta suculenta, que se destaca pelo formato, textura e cor exuberante de

suas folhas. Disponível em https://www.jardineiro.net/plantas/orelha-de-elefante-kalanchoe-tetraphylla.html Acesso em 10set2018.

3Disponível em http://www.cameraviajante.com.br/Rincao_Gaia_janeiro_2011/Betina_Tabajasky.html

Acesso em: 17/12/2018

4Disponível em http://rokaercher.blogspot.com/2010/10/mais-fotos-do-rincao-gaia.html Acesso em:

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Figura 3 – Lutzenberger admira suculentas no entorno do Lago

Figura 4 - Nadando no Lago das Estrelas

Figura 5 - Atravessando o Lago de balsa

Fonte: Emílio Pedroso, Zero Hora, 1996.

Fonte: Fotografia realizada pela autora, 2015. Fonte: Câmera Viajante, 2011.

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Figura 6 – Para contemplar a paisagem

Figura 7 - Observação de cardume em mergulho

Fonte: Reportagem5 atrações: Rincão Gaia, 2016.

O Lago das Estrelas possui uma funcionalidade estética e também ecológica, a qual é discutida por Steil, Carvalho, Pastori (2010) em sua pesquisa etnográfica. Afirmam que, quando foram encerradas as atividades na pedreira, havia muito lixo no ambiente, numa época em que não havia tecnologia suficiente para a reciclagem. Eles acompanharam o educador ambiental Marcos na condução da trilha no módulo “Arte e Ecologia”, que lembrou ao grupo de visitantes que, para Lutzenbeger,

era fundamental que os problemas com que nos deparamos no ambiente devem ser solucionados por nós mesmos, evitando deixá-los para as gerações futuras e, assim, o lago se apresenta como uma solução estética para um problema ético gerado pelo acúmulo de lixo deixado no local. (STEIL, CARVALHO, PASTORI, 2010, p. 58) Fonte: Rosangela Kaercher, 2010.

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Emerge da fala de Marcos acima a lição de que precisamos ser sustentáveis ao não postergar a resolução de algo que polui o meio ambiente, evitando deixar para outros resolverem o problema por nós, no futuro (Princípio da sustentabilidade). O referido ensinamento é reiterado pelo paisagista, fotógrafo e engenheiro agrônomo Paulo Backes no livro “Lutzenberger e a Paisagem” (2005). Nessa obra, ele aborda a funcionalidade ecológica dos ambientes aquáticos do Rincão Gaia, mostrando as águas sobre as quais crescem o aguapé (com flores roxas) e a alface-d´-água, entre outras espécies (Figura 8). O autor define tais espaços alagados como “ricos e diversos”, nos seguintes termos:

Diferentes profundidades e características fisico-químicas da água e da composição geológica propiciaram os mais variados ambientes para diferentes espécies de plantas e animais. Cada um dos lagos tem sua origem e função intrínseca: ora como grande reservatório e “piscina”, com suas águas límpidas, profundas e oligotróficas (pobre em nutrientes), e outro como captador e tratador dos efluentes do galinheiro e coberto por aguapés, alfaces-d´água e salvínias, com uma água mais escura e rica em nutrientes. (BACKES, 2005, p. 118)

Figura 8 – Lago com aguapé (flores roxas) e alface-d´-água

Para compreender melhor a funcionalidade ecológica da massa de água na qual vivem as espécies aquáticas referidas por Backes (2005), recorro ao próprio

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Lutzenberger (2012)5, que escreveu um texto intitulado “Em defesa do aguapé”. Nesse texto, ele afirma que as aludidas plantas purificam as águas ao contribuírem para sua oxigenação. Ressalta ser um “trabalho” que fazem “gratuitamente” e que as raízes propiciam a proliferação de toda uma comunidade viva, constituída de bactérias aeróbias, algas, protozoários ou pequenos crustáceos e larvas de insetos ou moluscos, que realizam o trabalho equivalente ao do lodo ativado das estações de tratamento de água secundárias convencionais.6

Uma da capacidade de a natureza se recuperar da devastação a qual foi submetida pela ação humana está impressa na propriedade rural, conforme Steil, Carvalho, Pastori (2010). Eles observam que o lugar frequentemente é percebido como um “exercício experimental” da hipótese Gaia, de James Lovelock, lá estando “à mão, o testemunho de um processo de regeneração de uma área degradada” e uma evidência de “que a degradação do planeta pode encontrar um destino regenerador”. Os pesquisadores identificam uma reiterada associação do Rincão com Gaia na fala da bióloga e monitora Ana Luiza durante o “Curso de Ervas Medicinais e Aromáticas”:

“interessante é vocês terem em mente que esse lugar aqui foi um local que sofreu muito com a degradação de pedreiras e, portanto, toda a paisagem que enxergamos, tudo que tem aqui hoje, de ornamentais, de medicinais, de pomares, de horta, não existia em 1987. Foi fruto de um processo que a gente chama hoje, em 2008, de restauração ambiental: ele restabeleceu a vida do Rincão.” (STEIL, CARVALHO, PASTORI, 2010, p. 56)

5O texto foi escrito originalmente em junho de 1983, conforme consta no Manual de Ecologia – do Jardim

ao Poder, volume 2, da L&PM Editores, cujos textos de Lutzenberger foram selecionados e editados por Lilian Dreyer.

6 Lodo ativado é um processo de tratamento de esgotos utilizado pelo Departamento Municipal de Água e

Esgotos (DMAE), em Porto Alegre (RS), por exemplo. Nesse processo, o ar é injetado em um tanque de aeração contendo esgoto, e a matéria orgânica é degradada por bactérias na presença do oxigênio que está dissolvido. O termo "lodo ativado" refere-se à suspensão "ativa" de microrganismos que decompõem a matéria orgânica solúvel. Os sólidos resultantes do processo são desidratados em leitos de secagem. Disponível em: http://www2.portoalegre.rs.gov.br/dmae/default.php?p_secao=188 Acesso em 07dez2018

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O processo de revitalização, conforme Steil, Carvalho, Onzi (2010), é recorrente no

teaser institucional Rincão Gaia, que o apresenta como um “local de estudo, meditação,

esporte e lazer” criado pelo “diálogo” de Lutzenberger com a natureza. Em uma fala, detalha: “Gaia era o antigo nome poético que os gregos davam à Deusa Terra, que normalmente eles chamavam de Geo”. Oferece na última participação no teaser, uma “solução” para lidar com as crises ambientais colocadas em curso pelo homem, “ensinando” uma forma de revertê-la, tomando, como exemplo, a transformação da paisagem do Rincão Gaia:

Nós precisamos, portanto, voltar, ou melhor, avançar de novo, para uma ética holística, uma ética que inclua toda a criação. E esta visão que, no fundo, é uma visão muito antiga, mas que nós perdermos, a ciência moderna nos devolve esta visão. Nós sabemos hoje que o planeta Terra não é uma nave espacial habitada por seres vivos ou que carrega vida. Não, o planeta Terra é um sistema vivo (RINCÃO GAIA, 2014).

O professor universitário e adepto ao budismo tibetano Fernando Pires, por meio da linguagem da fotografia, criou imagens de alguns desses “seres vivos” mencionados por Lutzenberger. Num relato em seu blog sobre uma saída de campo ao Rincão Gaia com seus alunos de Fotografia Ambiental da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), campus Canoas, Pires (2018) refere o exercício realizado pelo grupo, que consistiu em “tentar mesclar a Etnofotografia com a Fotografia Miksang (ou Fotografia Contemplativa)”, objeto de suas pesquisas atuais. Seleciono duas de suas capturas no ambiente do Lago das Estrelas no post “Fundação Gaia” (24 de maio de 2018), pois as classifico como representações que permitem perceber o princípio da reverência e

respeito por todas as formas de vida. A imagem de um reflexo da torre do cata-vento

sobre a superfície da água (Figura 9) pode ser lida como uma meditação sobre a (in) permanência da vida, conforme relato de Pires7. “Eu poderia ter fotografado aquela cena inúmeras vezes e elas nunca seriam iguais”, expõe ele, pois as ondas mudam conforme

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incidem os ventos. Outra imagem foi a da movimentação de um lagarto que o fotógrafo encontrou em pedras na margem do lago (Figura 10), um lugar para aquecer a temperatura do corpo.8 Na expedição “sem pressa” por um recanto do Rincão Gaia, Pires deu-se o tempo para a “contemplação estética” da natureza, algo que, segundo Lutzenberger (1990), é um comportamento reservado apenas aos “naturalistas” que praticam a “veneração” da natureza, que é “algo divino”. (idem, p. 94)

8 No curso de sua atividade diária, esse animal depende de um amplo conjunto de fatores do ambiente, tais como o calor da radiação direta do sol para manter sua temperatura corporal, expõem ROCHA, C.F.D. et al. (2009) em “Comportamento de termorregulação em lagartos”, pois é um réptil de sangue frio. Disponível em: <file:///D:/Usu%C3%A1rio/Downloads/Dialnet-ComportamentoDeTermorregulacaoEmLagartosBrasileiro-2883615%20(2).pdf>. Acesso em: 02 dez. 2018.

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Figura 9 - Reflexo da torre do cata-vento sobre a água

Fonte: Blog Fernando Pires Foto+Grafia Etc. e Tal, 2018. Figura 10 - Lagarto ao sol

Finalizando

Os principais achados das análises indicam que a lição central circulante nos quatro artefatos culturais produzidos sobre o Lago das Estrelas do Rincão Gaia admitem que a natureza é sábia (Princípio da imitação da natureza), sendo esse princípio regulador/orientador de outros postulados, quais sejam os de que 1) A natureza é um modelo a ser imitado, pois ela sabe melhor, ela é sabia; 2) Somos todos, parte da natureza, seres humanos e não-humanos; 3) Todas as formas de vida (de natureza) merecem reverência e respeito; 4) Para sobreviver (nós, os humanos), o melhor caminho

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é ser sócio da natureza; 5) Devemos oferecer soluções para os problemas ambientais, e não apenas criticá-los, por meio da prática da sustentabilidade (Princípio da sustentabilidade). Tais ensinamentos emergem em alguns elementos pinçados dos materiais selecionados, como a regeneração pela qual o ambiente aquático passou a partir dos anos 1980, exibindo atualmente águas límpidas, belas, que devolveram a vida ao lugar, a exemplo das diferentes espécies de peixes que ali vivem e de pequenos animais que circulam no seu entorno, pelas flores que crescem às suas margens e pela sua função no equilíbrio ecológico do sítio. Os elementos em questão, articulados aos modos como Lutzenberger defendia/professava a relação homem-natureza constituem determinados modos de ensinar sobre ela em uma grande sala de aula a céu aberto, como pode ser compreendido, no ponto de vista deste ensaio, o Rincão Gaia.

REFERÊNCIAS

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