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Acabamentos para salas limpas

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Academic year: 2021

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Acabamentos para salas limpas

Considerações Iniciais

A etapa que envolve a especificação dos materiais de acabamentos, para qualquer tipo de edificação, sempre se mostra bastante atraente, por envolver várias opções de materiais disponíveis para os mais variados usos, con-ferindo aos ambientes uma característica diferenciada e particularizada, onde transparece a preocupação muitas vezes essencialmente estética, mas outras aliando essa preocupação a aspectos funcionais de adequação ao uso, facilidade de limpeza e de manutenção, e custos compatíveis ao orçamento final da obra.

Todo o processo de projeto passa por esta etapa, para qual é de suma importância a pesquisa dos mate-riais disponíveis no mercado, comparando as diversas opções face às especificações técnicas de qualidade e de desempenho acústico e térmico, de resistência química e mecânica, dimensões, padrões, cores, novos produtos, formas e prazos para aplicação e custos.

Dentro deste conjunto de itens são considerados como acabamentos todos os materiais destinados aos revestimentos, calafetações, recobrimentos, arremates, compartimentações internas, forros e complementos em geral.

Estes acabamentos também estão presentes nas salas limpas, e neste caso devem ser especificados atendendo às rígidas premissas de utilização que estes ambientes determinam.

As salas limpas são locais restritos, nas quais as atividades nelas desenvolvidas são feitas em condições controladas em várias classificações. Essas condições são necessárias em muitas indústrias: na produção de alimentos, fármacos, componentes eletrônicos, semi-condutores, biotecnologia, na pesquisa científica e em áreas hospitalares, da saúde dentre outras.

Qualquer contaminação desses locais por poeira e

Por: Nidia Correia Pape

partículas, dificuldade de higienização, falta de resistên-cia aos agentes biocidas e saneantes, pode ocasionar comprometimento do processo produtivo e dos proce-dimentos operacionais, com queda na qualidade e na segurança dos produtos e serviços produzidos.

Por isso, é importante e mandatário manter estes am-bientes controlados com baixa concentração de poeira e de partículas. Desta forma os materiais de acabamen-tos especificados devem atender os rígidos padrões de emissão de partículas, e serem passíveis de atender as frequentes e necessárias sanitizações e higienizações o que requer elevada resistência a agentes químicos e biocidas.

Normalizações

Os projetos para qualquer finalidade de utilização, sejam novas implantações ou reformas, em geral devem ser submetidos às aprovações pelos órgãos competen-tes, que definem as condições construtivas, de higiene e de segurança. Estas aprovações são feitas consideran-do as normas, decretos e resoluções vigentes.

Para as salas limpas existem principalmente as regu-lamentações nacionais definidas pela Anvisa, e normas internacionais quando se trata de aprovações de produ-ção destinados ao mercado internacional.

Existem normas específicas que definem, entre ou-tros aspectos, a classificação dos ambientes quanto aos níveis de contaminação, técnicas construtivas adequa-das, procedimentos operacionais e procedimentos de teste para verificação de limpeza do ar interior.

Seguindo-se as orientações e premissas estabele-cidas pela Anvisa, em seus decretos portarias e reso-luções, consegue-se obter as características básicas que os materiais de acabamento para as salas limpas Autor: Nidia Correia Pape é Arquiteta – Gerente do

Departamento de Arquitetura da SPL Engenharia Contato: nidia@spl.com.br

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devem atender, como por exemplo, as definições conti-das na Resolução RDC nº210 e RDC nº50 (norma que regulamenta o planejamento físico e a inspeção de todos estabelecimentos assistenciais de saúde, inclusive ma-teriais de acabamento), conforme algumas relacionadas a seguir:

“A produção de medicamentos exige um alto nível de sanitização e higiene que deve ser observado em todos os procedimentos de fabricação. As atividades de sanitização e higiene devem abranger pessoal, instalações, equipamentos e aparelhos, materiais de produção e recipientes, produtos para limpeza e desinfecção e qualquer outro aspecto que possa constituir fonte de contaminação para o produto...”.

Devem ser escolhidos materiais de acabamento ca-pazes de resistir e permitir a constante higienização e sanitização dos ambientes.

“As instalações devem ser localizadas, projetadas, construídas, adaptadas e mantidas de forma que sejam adequadas às operações a serem executa-das. Seu projeto deve minimizar o risco de erros e possibilitar a limpeza e manutenção, de modo a evi-tar a contaminação cruzada, o acúmulo de poeira e sujeira ou qualquer efeito adverso que possa afetar a qualidade dos produtos”.

Materiais de acabamento que ofereçam superfícies li-sas, para facilidade de limpeza e não acúmulo de pó.

“As instalações devem ser mantidas em bom estado

de conservação, higiene e limpeza. Deve ser asse-gurado que as operações de manutenção e reparo não representem qualquer risco à qualidade dos pro-dutos”.

Materiais de acabamento que além das qualidades anteriores citadas sejam duráveis, necessitando de pouca manutenção, ou que em caso desta manu-tenção ser necessária a mesma possa ser feita com rapidez.

“As instalações devem ser projetadas e equipadas de forma a permitirem a máxima proteção contra a entrada de insetos e outros animais”.

Prever elementos de acabamento próprios para perfeita vedação e estanqueidade das áreas limpas, para impedir a entrada de animais.

“Todas as instalações, sempre que possível, devem ser projetadas de modo a evitar a entrada desne-cessária do pessoal de supervisão e de controle. As áreas de grau B devem ser projetadas de forma tal que todas as operações possam ser observadas do lado de fora”.

Prever elementos complementares e essenciais à

Montagem de forro metálico, caminhável, com luminárias já instaladas e furação para os difusores e retornos do ar condicionado

Sala onde foram utilizados painéis e arremates totalmente em aço inox. Piso em grelhas removíveis para assepsia, área molhada

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visão do interior das salas, transparência através de visores com sistema construtivo e de acabamento próprios para as áreas limpas.

“Nas áreas limpas, todas as superfícies expostas devem ser lisas, impermeáveis, a fim de minimizar o acúmulo ou a liberação de partículas ou micro-orga-nismos, permitindo a aplicação repetida de agentes de limpeza e desinfetantes, quando for o caso”.

Materiais de acabamento não porosos, de superfície uniforme, lisa, selada.

“Para reduzir o acúmulo de poeira e facilitar a limpe-za, nas áreas limpas não devem existir superfícies que não possam ser limpas. As instalações devem ter o mínimo de saliências, prateleiras, armários e equipamentos. As portas devem ser construídas, de forma a evitarem superfícies que não possam ser limpas...”.

“As tubulações e dutos devem ser instalados de for-ma que não criem espaços de difícil limpeza”.

Nos detalhes de aplicação dos vários elementos de acabamento devem-se eliminar todos os locais de difícil acesso, vazios não acessíveis, continuidade de formas e superfícies deve ser alcançada nas solu-ções de projeto e de execução.

“Os forros devem ser selados de forma que seja evi-tada a contaminação proveniente do espaço acima dos mesmos”.

Materiais de acabamento para forros devem ser total-mente selados em todas as suas bordas e juntas, nas aberturas para luminárias, nos elementos do sistema de ar condicionado e nas passagens de utilidades.

“As superfícies internas (paredes, piso e teto) devem ser lisas sem rachaduras; não devem soltar materiais e devem ser de fácil limpeza e desinfecção.”

Materiais de acabamento que ofereçam superfícies lisas, mantidas sempre perfeitamente conservadas. Oferecer resistência a impactos, para evitar o apare-cimento de rachaduras, ponto de alta contaminação e de infiltrações.

Também é utilizada a ISO 14644 - Cleanrooms and

Associated Controlled Environments, principalmente na

parte 4, NBRISO14644-4 , a qual oferece diretrizes para o projeto e construção de instalações de salas limpas, que conforme a própria orientação da ABNT é um “guia de construção, incluindo requisitos para partida e

quali-ficação. Os elementos básicos de projeto e construção, necessários para assegurar uma operação satisfatória contínua, são identificados levando-se em consideração os aspectos relevantes de operação e manutenção”.

Desta forma, quando se utilizam as orientações e premissas definidas pelas legislações aplicáveis, conse-gue-se escolher os materiais de acabamento que melhor respondem aos quesitos necessários para as salas lim-pas, dentro da vasta gama de especificações existentes atualmente nos mercados nacionais e internacionais.

Acabamentos

Como todo ambiente, nas salas limpas os principais materiais de acabamento são os destinados ao piso, pa-redes e forros, além das esquadrias e elementos com-plementares para arremates em geral.

Pisos

Os pisos das salas limpas estão sujeitos a grande solicitação, e devem conter um elevado cuidado na sua execução, para que não ocorram, rachaduras, fissuras e imperfeições, sejam resistentes à abrasão devido à circulação de pessoas e de carrinhos, e resistentes às constantes sanitizações e limpezas.

Qualquer material de acabamento para piso deverá ser aplicado sobre base executada criteriosamente, considerando a perfeita planicidade, estruturação, e eliminação de todos e quaisquer tipos de infiltrações e umidades ascendentes.

O acabamento de piso poderá ser executado no lo-cal, como a aplicação de argamassa à base de resina epóxi, poliuretano ou outras. Para todos estes tipos o controle de umidade do substrato é de vital importância, para evitar o aparecimento de bolhas, imperfeições e descascamento das superfícies, o que poderia acarretar frequentes e indesejáveis manutenções nas áreas lim-pas.

A utilização de acabamento de piso à base de resi-nas de alto desempenho, como as de base epóxi princi-palmente, se apresenta implantada na maioria das salas limpas das indústrias farmacêuticas.

Existe no mercado uma grande variedade de resinas e também um grande número de aplicadores deste tipo de acabamento. No entanto para sua aplicação deve ser

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levada em conta a técnica e a experiência do aplicador e sua preocupação com a qualidade do serviço ofereci-do. Muitas aplicações de resina epóxi deixam a desejar quanto à qualidade da execução, comprometendo a apa-rência e o desempenho do material.

Devido também ao grande número de ofertas de ma-teriais e aplicadores, o custo deste material apresenta-se mais acessível em comparação ao que era praticado no passado, também fator determinante na crescente utilização desta especificação de acabamento.

A escolha do tipo de resina, a espessura e o sistema de aplicação são determinados pela solicitação mecâni-ca e químimecâni-ca da área onde será aplimecâni-cado:

espessura: em função da solicitação mecânica, ocorrência de impactos, resistência à abrasão defini-da pelo tráfego de pessoas e materiais e condições

da base onde será aplicado o acabamento (quanto mais irregular maior deve ser a espessura da resina, para cobrir estas irregularidades);

textura da superfície: definida pela condição de sanitização e limpeza. Texturas mais lisas facilitam a limpeza, mas podem apresentar-se mais escorrega-dias, situação não aceitável em áreas molhadas, nas quais as superfícies devem ser mais antiderrapan-tes.

resistência química: de acordo com a base da re-sina empregada atende-se à diferentes substancias químicas, sempre objetivando a maior resistência possível em caso de contato com estes materiais. resistência à abrasão: com adição de alguns

ma-teriais minerais pode-se aumentar a resistência da resina, conferindo-lhe melhor resposta às abrasões da superfície. Situação a ser atendida em salas para Detalhe de esquadria padrão sala limpa, em chapa metálica pré-pintada, com miolo de isolamento, visor

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grande circulação de equipamentos e de materiais. estética: muitas opções de cores e padrões, o que

fornece muitas possibilidades de composição na am-bientação geral das salas.

Pelos métodos de execução as resinas podem ser aplicadas de forma autonivelante, espatulada/argamas-sada ou através de pintura da superfície.

autonivelante: revestimento muito utilizado em sa-las limpas e em áreas onde se deseja uma superfície extremamente lisa e fácil de limpar. Aplicado em úni-ca úni-camada, de alta densidade de material, se obtém revestimento liso, contínuo, uniforme e sem poros. Oferece rápida execução, com perfeito nivelamento. Requer constante manutenção para manter seu as-pecto uniforme. Devido ao alto brilho possui facilida-de facilida-de riscar, e é pouco resistente a impactos. revestimento espatulado: possui maior espessura,

é executado através da aplicação da argamassa epó-xi e posterior pintura de base também epóepó-xi, de alta espessura, que sela a superfície eliminando a porosi-dade, e por isso recomendada para ser utilizada nas salas limpas. Possui maior resistência à abrasão e a impactos.

pintura de alta espessura: com utilização de resina à base de epóxi, é própria para áreas com pouca so-licitação mecânica, e pode ser aplicada apenas se a base estiver totalmente regular e nivelada.

dissipação estática: sistema de revestimento à base de resina epóxi onde são adicionadas cargas de carbono e agregados isentos de sílica, objetivan-do promover a dissipação estática. O sistema torna-se condutivo e antifaísca por todo o revestimento. O resultado final é de um revestimento com excelente resistência à abrasão, e devido à suas proprieda-des antiestáticas e eletricamente condutivas sua aplicação é indicada para áreas onde a eletricidade estática deve ser controlada. Utilizado em áreas de produção química e farmacêutica, com manuseio de produtos inflamáveis ou explosivos, salas cirúrgicas, laboratórios ou áreas em geral onde possam ocorrer acúmulo de eletricidade estática ou produção de fa-íscas.

Outra opção para pisos é o revestimento executado

em “multicamadas - multilayer” com acabamentos varia-dos, com a vantagem de possuir alta resistência a impac-tos e riscos, planicidade alta, uniformidade de aparência e de espessura, variedade de cores e texturas, facilidade de manutenção. Alia as vantagens do revestimento es-patulado com os do autonivelante. Esta especificação atende plenamente os requisitos da Anvisa para os pisos das salas limpas.

A aplicação de material pré-fabricado também pode ser adotada, e neste caso o material mais representativo é a manta vinílica.

Para as mantas vinílicas existe atualmente no mer-cado uma ampla oferta de produtos, com várias especi-ficações de padrões, cores, capazes de atender rígidas requisições de resistência química e de abrasão.

Este material apresenta-se vantajoso com relação à facilidade de aplicação, pois não requer técnica especial com rápida execução e facilidade de manutenção quan-do necessário. Suas juntas são termo-soldadas, o que propicia perfeita vedação e acabamento entre mantas.

Por essas razões, atualmente o uso de manta vinílica como acabamento de piso ocorre mais frequentemente. Solução que alia técnica e resultado estético diferencia-do.

Paredes / compartimentações

Para o revestimento das paredes das salas limpas, os requisitos para os acabamentos são basicamente os mesmos utilizados para o piso:

superfícies lisas, não porosas e vedadas;

fácil limpeza, com cantos arredondados e mínimas saliências;

resistência à higienização e a impactos.

Paredes de alvenarias devem ser revestidas com argamassas lisas e desempenadas próprias para rece-berem o acabamento final em pintura usualmente execu-tada com resina epóxi de base aquosa. Neste caso, os cantos verticais arredondados são formados na própria argamassa.

Paredes de gesso acartonado estão em crescente utilização também para as salas limpas e existe inclusive a opção de painéis que resistem à umidade. Oferecem rapidez na execução e flexibilidade nos lay-outs nos ca-sos de reformas e alterações de uso, eliminando-se os

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inconvenientes de demolições. Em custo equipara-se às alvenarias, senão mais reduzido. Ele substitui com van-tagens as alvenarias, e recebe também o acabamento final em pintura epóxi de base aquosa sobre adequado preparo da superfície, apresentando-se monolítico e sem ranhuras ou perfis estruturais aparentes.

Atualmente as compartimentações das salas limpas em sua maioria estão sendo executadas adotando-se painéis divisórios pré-fabricados, os denominados pai-néis termo-acústicos, fabricados em chapas duplas de aço pré-pintado ou em aço inoxidável escovado, com núcleo isolante térmico. Estes painéis apresentam as su-perfícies lisas que atendem a condição de acabamento higiênico sanitário e satisfazem as normas vigentes.

Existem vários fornecedores destes sistemas de di-visórias para salas limpas e as especificações básicas são as seguintes:

Isolamento Interno

Núcleo isolante em espuma rígida de PUR (Poliu-retano) ou PIR (Poliisocianurato) injetada em prensas. Massa específica aparente entre 38 e 42 kg/m³. Material com retardante à chama, classe R1, conforme norma NBR 7358 da ABNT. Espessuras que podem variar de 50 a 200 mm. Vãos autoportantes relacionados com a espessura total do painel.

Núcleo isolante em EPS (Poliestireno expandido) livre

de CFC com densidade média aparente de 15 Kg/m³. Material com retardante à chama, conforme norma NBR 11948 da ABNT. Espessuras que podem variar de 50 a 250 mm.

Núcleo isolante em LDR (lã de rocha) com densida-de média aparente densida-de 25/30 Kg/m3. Material

incombus-tível, classe R1. Espessuras que podem variar de 50 a 250 mm.

Próprias para grandes vãos interna geral de sala limpa, executada integralmente com painéis divisórios pré-pintados, arremates de cantos em perfis arredondados de alumínio, e visores em vidro duplo e porta com visores. Piso acabamento epóxi, e forro caminhável Detalhe de piso executado com acabamento em resina

epóxi, com rodapé arredondado em argamassa com acabamento em pintura epóxi. Instalação de esquadria, sem ressaltos ou frestas

Vista interna de sala, onde foi utilizada esquadria em aço inox, proteção contra impactos em chapa de aço inox aplicada sobre a superfície da parede. Piso em resina epóxi

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Revestimento Externo

Painel liso com revestimento em chapas de aço zincado, com espessura de 0,5 mm ou 0,65 mm, pré-pintados.

Chapas de aço inoxidável AISI 304, acabamento es-covado ou polido.

Painéis em vidro temperado ou laminado, quando se deseja panos com maior transparência possível. Espes-suras de acordo com as dimensões dos painéis.

Painéis com revestimento em laminados melamíni-cos de alta-pressão, acabamento liso, texturizado, com várias opções de cores.

Sistema de Junção entre Painéis

Os painéis são autoportantes, com junções através de sistema de encaixe macho e fêmea, com ou sem per-fil de recobrimento metálico da junta, garantindo perfeita união a estanqueidade dos painéis.

Os painéis podem ser entremeados de montantes de alumínio, com acabamento final igual ao dos painéis, os quais são fixados com encaixe clicado com a utilização de presilhas internas. Este sistema oferece efeito esté-tico diferenciado e possibilita remoção dos painéis sem alterações de layout.

Dimensões Padrão

Largura típica de 1150 mm. Comprimento variável, de acordo com a necessidade de cada projeto.

Para a definição da especificação das divisórias, não há uma determinante ou característica única pre-ponderante. Ela depende de fatores como classificação da área, tipo de produto a ser manipulado, temperatura, pressão da sala, além do custo do investimento entre outros fatores, mas todos os tipos possuem as mesmas características de isolamento, facilidade na limpeza, superfície uniforme, versátil para alterações de layouts, rapidez na montagem.

Esquadrias

Nas salas limpas as portas e visores também devem atender as condições de sanitização, não ocorrência de saliências, frestas, além de facilitar a limpeza e manu-tenção.

As portas, simples ou duplas, são executadas em estrutura tubular de alumínio ou de aço pré-pintadas eletrostáticamente, ou em perfis de aço inox.

As folhas das portas possuem as mesmas especifi-cações dos painéis quanto ao acabamento e isolamento interno. Normalmente apresentam a espessura de 50 mm, e borrachas de vedação encaixadas nos batentes. Podem ser instaladas nos painéis divisórios, nas alve-narias ou nos painéis de gesso. É recomendável que quando possível possuam visores com vidros simples ou duplos, neste caso, com atmosfera interna protegida por gás inerte.

Alguns elementos e controles adicionais podem ser associados às portas para garantir a redução de riscos de contaminações, como a aplicação de um sistema de vedação nas laterais e na parte inferior, e sistemas de intertravamentos ou de fechadura digital, e controle de acesso. Em casos onde se faz necessária a bioconten-ção podem ser necessárias portas com juntas ativas pressurizadas.

As ferragens podem ser em alumínio ou em aço inox, com preferência para esta especificação quando se tra-tar de dobradiças.

Forros

Igualmente aos acabamentos de paredes e pisos, os forros para as salas limpas devem atender as con-dições de estanqueidade, continuidade, uniformidade, não liberação de partículas, entre as outras já citadas anteriormente.

Como opções para forros de salas limpas têm-se: Forro autoportante

Forro autoportante, também conhecido por caminhá-vel, o qual permite que se caminhe sobre ele para fazer a manutenção das luminárias por cima da sala, sem ter de acessá-la, diminuindo o risco de contaminação, aces-sar sistemas de dutos e controles do ar condicionado, determinando as áreas técnicas. Este tipo de forro isola a área.

Construído no mesmo sistema e materiais utilizados nos painéis divisórios. Estrutura em perfis de alumínio ou de aço, com chapa inferior em aço prépintado ele-trostaticamente, e chapa superior em aço galvanizado ou acabamento galvalume, com enchimento interno em PUR, PIR, LDR ou EPS. A fixação de forro é feita através de perfil “T” tubular, próprios para grandes vãos, fixa-dos por barras roscadas em estrutura existente ou em estrutura metálica a ser prevista, dependendo do local

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de instalação. Para vãos menores podem ser adotadas fixações embutidas nas juntas entre placas, que as tor-nam invisíveis.

As espessuras dos painéis de forros estão entre 50 e 150 mm, sendo que para áreas com temperaturas baixas recomenda-se a utilização de espessuras superiores a 150 mm.

O acabamento entre junções de placas é através de aplicação de silicone fungicida branco que deve suportar a dilatação e retração dos painéis. Esta vedação permite que o ambiente mantenha a pressão interna das salas e isola a parte considerada “mais suja” de todo o sistema da sala limpa, localizada sobre o forro. Sistema de encai-xe macho – fêmea.

Forro leve

Forro leve construído no mesmo sistema do forro autoportante, porém sem suportar cargas e permitir o caminhamento sobre o mesmo, ou em placas modula-res. Indicado para locais onde o pé direito disponível é pequeno e não existe área entre o forro e a estrutura superior.

A instalação e manutenção das luminárias e do siste-ma de ar condicionado são feitas por baixo, e neste caso as placas são removíveis, porém vedadas.

Forro de gesso

O forro em placas de gesso acartonado pode ser utilizado sem problemas porque fornece as condições de uniformidade, continuidade e estanqueidade. A ins-talação de luminárias e difusores e retornos do ar con-dicionado podem ser facilmente embutidos nas placas e vedados com perfis próprios e arremates em silicone.

O acabamento final do forro de gesso é feito através de pintura a base de resina acrílica ou epóxi de base aquosa.

Arremates

Todos os elementos que conformam as salas limpas devem ser perfeitamente arrematados, com detalhes de acabamento específicos, os quais objetivam uniformida-de, eliminação de frestas e vedação entre os diversos elementos.

Para tanto dispomos de vários itens que cumprem

estas funções, devendo, no entanto, o projeto prever e especificar tais detalhes.

Roda-Forro: Peça em alumínio anodizado ou pinta-do, com efeito visual final igual ao canto arredondapinta-do, com raio de 50 mm, produzido em barras lineares. Utilizado para sustentação e arremates de cantos do forro junto às paredes/divisórias.

Perfil “T”: Peça em alumínio anodizado ou pintado. Utilizado para fazer a junção e sustentação das pla-cas de forro com abas de 25 mm, e também usado no requadramento de luminárias.

Perfís Diversos:“U”, “L” em alumínio anodizado ou pintado, utilizados nas fixações das estruturas. Conchas: Peças moldadas em alumínio, anodizado

ou pintado, formatos côncavos, que conformam os cantos arredondados entre si, (junção de três pontas de cantos arredondados), unificando as peças em um único elemento arrematado com silicone.

Shaft: Elementos feitos sob medida utilizados com a finalidade de acomodações e fechamentos diversos: Vista interna de sala, onde foi utilizada esquadria em aço inox, proteção contra impactos em chapa de aço inox aplicada sobre a superfície da parede. Piso em resina epóxi

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dutos de ventilação, tubulações, colunas, máquinas, equipamentos, etc. São normalmente executados com os mesmos materiais dos painéis divisórios. Rodapés Arredondados: Podem ser executados

com a utilização de perfis de alumínio anodizados ou pintados, ou podem ser conformados em argamassa para receber acabamento em resina epóxi. Este arre-dondamento em argamassa é de difícil execução, e apresenta problemas nas obras. Requer profissional criterioso e com muita experiência para sua execu-ção. A preocupação com a perfeita execução do ro-dapé foi abordada inclusive em resolução da Anvisa, a qual na RDC 50/2002, orienta o seguinte:

“A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado. Rodapés com arredondamento acen-tuado, além de serem de difícil execução, em nada facilitam o processo de limpeza do local, quer seja ele feito por enceradeiras ou mesmo por rodos ou vassouras envolvidos por panos. Especial atenção deve ser dada a união do rodapé com a parede de modo que os dois estejam alinhados, evitando-se o tradicional ressalto do rodapé que permite o acúmulo de pó e é de difícil limpeza.”

Considerações finais

A implantação de salas limpas engloba cuidados especiais tanto em relação à criteriosa definição dos sistemas de ar condicionado, exaustões, filtragens e utilidades, como também em relação à conformação física e espacial destes ambientes, o que influencia di-retamente a escolha dos materiais de acabamentos. Es-colhas adequadas se transmitem à perfeita operaciona-lidade das salas, e refletem custo benefício satisfatório. Escolhas erradas são de difícil convivência no cotidiano das operações desenvolvidas nas áreas limpas e cer-tamente serão de modificação e alteração trabalhosa e indesejável, caso se faça necessária.

A definição dos materiais de acabamento muitas vezes se apresenta como difícil escolha. São muitas as determinantes e os materiais devem atendê-las satisfatoriamente, conciliando durabilidade, bom de-sempenho, fácil execução e manutenção e custos não excessivos.

Referências

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