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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

ÍNDICE

1. PREÂMBULO ... 5

2. INTRODUÇÃO ...13

3. ENQUADRAMENTO DE POLÍTICA COMUNITÁRIA ...19

4. EMISSÕES DE GASES ACIDIFICANTES EM PORTUGAL, 2000 ...27

4.1 Emissões de ga, 2000 ...28

4.2 Impacte das emissões de GA ...32

4.2.1 Efeitos da Acidificação...35

4.2.2 Efeitos do Ozono Troposférico ...35

4.2.3 Efeitos da Eutrofização ...38

4.3 Benefícios esperados da redução das emissões de ga...38

4.3.1 Acidificação ...40

4.3.2 Ozono Troposférico...41

4.3.3 Eutrofização ...41

5. PROGRAMA PARA OS TECTOS DE EMISSÃO NACIONAL ...43

5.1 Objectivos ...44

5.2 Articulação com outros Instrumentos de Política Ambiental ...45

5.3 Metodologia ...47

6. CENÁRIO DE REFERÊNCIA ...51

6.1 Cenário “Business as Usual” ...52

6.2 Avaliação do Potencial de Eficácia Ambiental dos Instrumentos de Política em Vigor ...56

6.2.1 Instrumentos de Política em Vigor ...56

6.2.2 Potencial de Eficácia Ambiental dos Instrumentos em Vigor ...64

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6.3.2 Análise sectorial...73 7. CENÁRIO PARA O CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA ...77 7.1 Esforço adicional de redução nacional ...78 7.2 Reflexões sobre o impacte do cumprimento do PTEN na qualidade do ar ...79

7.2.1 Qualidade do Ar em Portugal continental ...81 7.2.2 Impacto esperado da redução dos poluentes do PTEN na qualidade do ar ...91 8. MONITORIZAÇÃO DO PTEN...97 9. ANEXOS... 107 9.1 Anexo a: discussão dos custos do cumprimento da directiva tectos para portugal ... 108

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Em Dezembro de 2002 foi concluído um conjunto de 3 documentos técnicos relativos aos estudos de base sobre a avaliação do cumprimento por Portugal da Directiva 2001/81/CE, designada como Directiva Tectos. Os documentos agora apresentados constituem uma actualização do trabalho realizado anteriormente, tendo-se incluído melhorias significativas resultantes: a) da compatibilização de informação de base que tem vindo a decorrer entre as equipas técnicas e a equipa de inventários do Instituto do Ambiente, b) da revisão de metodologias de estimação de emissões, e c) do aprofundamento da avaliação da eficácia de instrumentos em vigor.

Foi identificada a necessidade de um esforço adicional de redução de emissões de compostos orgânicos voláteis não metânicos (COVNM) para o cumprimento do respectivo tecto, no quadro da Directiva Tectos, tendo por isso sido desenvolvido um documento novo relativo a Medidas para o Controlo das Emissões de COVNM, que inclui:

> identificação objectiva das causas do problema do controlo de COVNM em Portugal,

> avaliação de novos instrumentos europeus como a Proposta de Directiva relativa à limitação de emissões de COVNM resultantes da utilização de solventes em determinadas tintas e vernizes e em produtos de retoque de veículos e que vem alterar a Directiva 1999/13/CE (actualmente em fase de leitura final pelo Parlamento Europeu), e

> apresentação de opções tecnológicas para redução de COVNM.

Assim, a estrutura e organização dos volumes agora apresentados seguem de muito perto os trabalhos técnicos entregues em Dezembro de 2002. Para uma identificação mais fácil entre os dois momentos no tempo, apresenta-se de seguida, de uma forma sistemática, as principais factores de diferenciação.

Oferta de Energia e Indústria O consumo de energia na indústria foi actualizado para 2 sectores: Químicas e Pasta e Papel. No sector Químico foram adicionados consumos de fuelgás e hidrogénio que embora não sejam identificados como combustíveis pela DGGE (considerados só ao nível da matéria-prima), são-no pelo Instituto do Ambiente que os obtêm directamente do sector. Do mesmo modo, no sector da Pasta e

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Papel os consumos de biomassa foram ajustados devido essencialmente aos factores de conversão (expresso em conteúdo energético por unidade de massa). Estas alterações implicaram um aumento do consumo de combustíveis na indústria entre 7 a 8% em 2010.

As hipóteses de evolução do consumo de energia no sector doméstico foram actualizadas com base nos dados do novo balanço energético disponível (2001). Esta actualização conduziu a um aumento das estimativas de consumo de energia em 2010 de +0,5% a +0,7%, nomeadamente devido ao forte crescimento do consumo de electricidade. Também as estimativas de crescimento do consumo de energia no sector terciário foram revistas em alta com base nos dados mais recentes entretanto disponibilizados pela DGGE (+2,3 a 2,7% em 2010), ao contrário das hipóteses de penetração do gás natural que se revelaram demasiadas optimistas.

A revisão das diferentes hipóteses sobre os cenários de evolução dos diferentes sectores de consumo final de energia conduziu a um ligeiro aumento das estimativas de consumo global de electricidade no Continente em 2010 (cerca de +1%). No sector da refinação foi considerada o investimento em cogeração a gás natural substituindo fuelóleo. Esta actualização permite reduzir o consumo de combustíveis em cerca de 8% em 2010.

Alguns factores de emissão de SO2 e NOx foram actualizados com base na

melhoria da informação (processo contínuo) produzida pela equipa dos inventários do IA. Para o sector da oferta de energia, as principais alterações dizem respeito ao sector de refinação, devido à introdução de novas cogerações a gás natural. No sector industrial, algumas metodologias de estimação de emissões foram alteradas passando a contabilização a ser feito com base na produção (caso dos cimentos, cerâmica e vidro) em vez de no consumo de combustível, dada a significância do processo de produção relativamente à componente combustão. Estas mudanças conduziram a alterações substanciais nos resultados obtidos.

No que se refere à avaliação da eficácia ambiental dos instrumentos em vigor, deve ser sublinhado que, ao contrário da versão anterior, não foi considerado o impacto da directiva 98/70 e DL 104/200, sobre a redução do teor de enxofre na gasolina e no gasóleo rodoviário, por se considerar que esta medida diz respeito exclusivamente ao sector dos transportes. O efeito desta medida tinha

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sido considerada anteriormente devido à de não diferenciação do produto gasóleo, sendo as características do gasóleo rodoviário condicionantes para os outros sectores, nomeadamente na indústria. Com a introdução de gasóleos específicos para a agricultura (gasóleo verde) e para aquecimento e motores estacionários (gasóleo vermelho), foi possível a discriminação do consumo sectorial dos gasóleos, tendo sido considerada para os sectores não rodoviários legislação correspondente (directiva 1999/32 e DL 281/2000).

Relativamente às medidas sobre a adopção da directiva E-FRE e maior eficiência do parque electroprodutor, as diferenças devem-se em grande parte a alterações na estrutura do parque associada à deficiente metodologia de avaliação (estimativa para um ponto, 2010, como representação da média do período 2008-2012). As alterações introduzidas em termos de entrada em funcionamento de novas unidades a GN tiveram um impacte significativo no balanço de emissões medido no ano de 2010.

Relativamente às medidas sobre a promoção da eficiência energética nos edifícios (programa P3E) e do solar (programa AQSpP), foram incorporados os atrasos na implementação dos programas, nomeadamente no P3E, que conduziram a uma redução do seu impacto medido em 2010.

No caso da PCIP, a alteração dos cenários de consumo de energia e subsequentemente alteração das emissões provenientes da combustão não implicou, para o SO2 e NOx e na maioria dos casos, alterações no impacte dos

instrumentos de política em vigor, uma vez que para a maior parte dos sectores (electroprodutor, pasta de papel, cimento e vidro) foi utilizada uma abordagem bottom-up. No entanto, para as refinarias foi utilizada uma abordagem top-down, sendo o impacte da PCIP obtido a partir de uma percentagem de redução de emissões. Desta forma, ao ser alterado o valor emitido pelo sector, foi também alterada a redução devido à PCIP.

Transportes As estimativas de emissões pelo sector dos transportes foram revistas. Os resultados apresentados no capítulo dos transportes, e mais especificamente na secção do modo rodoviário, resultaram da interacção entre a equipa do PTEN e o Instituto do Ambiente. No essencial, este trabalho consistiu na construção de um modelo de cálculo das emissões atmosféricas com base na metodologia

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EMEP/CORINAIR da Agência Europeia do Ambiente (EEA, 2001). Contrariamente a outras aplicações existentes como o caso do COPERT, esta aplicação "tailor-made" em EXCEL permite uma utilização e exploração dos resultados mais versátil, para além deste versão estar mais adaptada quer à realidade portuguesa quer aos formatos de informação das variáveis base necessárias para correr o modelo.

Genericamente, este modelo é constituído por vários módulos que interligados em folhas de cálculo EXCEL produzem os inventários nacionais anuais, para o sector dos transportes. De entre os vários módulos, salientam-se o módulo de estimativa da composição do parque rodoviário nacional – o KAR, e o módulo de estimativa dos factores de emissão (que depende do primeiro) – o BURNN. No que respeitam os restantes modos, não se verificaram alterações significativas, face à primeira versão deste programa.

A necessidade de alteração das estimativas realizadas prendeu-se, por um lado, com a necessidade de conformidade entre as metodologias e os resultados obtidos no presente programa nacional e a informação contida nos Relatórios Nacionais de Inventários de emissões atmosféricas (National Inventory Report - NIR); por outro, com a constatação de erros na estimativa de factores de emissão de NOx e COV para os pesados rodoviários.

Finalmente, também se procederam a actualizações dos consumos energéticos para o sector que, por sua vez, influenciaram as projecções de consumo realizadas até 2020.

Emissões de COVNM Na estimativa de emissões de COVNM da combustão foram utilizados os valores actualizados de consumos de energia, assim como os factores de emissão utilizados pelo IA no âmbito do Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas. Estas alterações resultaram na diminuição das emissões da combustão na oferta de energia e no aumento das emissões de COVNM da combustão da indústria, com excepção da pasta de papel (devido à consideração de um factor de emissão implícito que reflecte a recuperação de gases que se verifica na combustão de licores sulfíticos).

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Na versão do PTEN de 2002 as emissões de COVNM de actividades de natureza “horizontal”, ou seja, comuns a diversos sectores económicos (por ex. o desengorduramento de metais, passível de ser efectuado pelo sector da metalurgia, serviços e metalomecânica e outras) foram distribuídas por esses mesmos sectores, assumindo-se uma repartição de emissões homogénea pelos mesmos, dado não haver informação mais detalhada. Na actual versão do PTEN, optou-se por minimizar a divisão não fundamentada de emissões, tendo-se em alternativa procedido à sua consideração no tendo-sector económico onde a actividade que as origina tem maior expressão (p. ex. as emissões do desengorduramento de metais são consideradas por inteiro no sector Indústria de metalomecânica e outras indústrias transformadoras). Esta alocação das emissões ao diversos sectores teve por base o parecer de técnicos do IA e da Associação Portuguesa dos Fabricantes de Tintas e Vernizes.

Desta forma, apenas foi necessário proceder à distribuição das emissões decorrentes da aplicação de colas e adesivos, tendo-se considerado que 50% das colas e adesivos são utilizadas na indústria de papel, 20% na indústria da madeira e cortiça e 30% na construção e sector doméstico. Esta desagregação teve por base informação disponível no IA reportada a um estudo elaborado pela FCT-UNL em 1996, que por sua vez tinha por base informação do INE de 1991.

Por último, foi utilizada a versão actualizada do IA respeitante às emissões da aplicação de tintas e que diz respeito a uma alteração na metodologia de estimativa de emissões. Esta nova metodologia traduz-se num aumento das emissões em 2000 e consequentemente, em 2010.

Relativamente ao impacte das PeM em vigor, desde a conclusão da versão do PTEN de 2002 foram publicados mais BREF com VEA e/ou MTD definidos para as emissões de COVNM. Para a refinação, indústria química e de alimentação e bebidas foram tidos em conta essas fontes de informação de forma a estimar um impacte da PCIP na redução de COVNM.

Por ter sido alterado o cenário BAU foi também alterado o impacte do D.L. 242/2001 (obtido a partir de uma percentagem de redução de emissões). Para além desta alteração não foi considerada a aplicação deste D.L. às emissões do revestimento de veículos rodoviários efectuados no contexto da reparação, conservação ou decoração de veículos fora da linha de produção, uma vez que

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a proposta de Directiva relativa à limitação de emissões de COV resultantes da utilização de solventes em determinadas tintas e vernizes e em produtos de retoque de veículos deverá alterar o âmbito de aplicação deste diploma.

Emissões de NH3 O módulo de estimação das emissões de amónia inclui os mesmos sectores anteriormente considerados, ou seja, oferta de energia, indústria e construção, transportes, e outros sectores incluindo os sectores da agricultura e resíduos. Em qualquer destes sectores não houve alterações metodológicas significativas no cálculo e projecção de emissões. De salientar, no entanto, algumas modificações resultantes da harmonização, com o Instituto do Ambiente (IA), de dados ao nível de coeficientes, factores de emissão e níveis de actividade, seguidamente descritos:

> Industria e construção: foram revistos todos os factores de emissão relativamente à produção de fertilizantes azotados;

> Agricultura e Pecuária: foram alterados alguns parâmetros de cálculo, concretamente para a excreção de Azoto e volatilização de Amónia, segundo os valores definidos pelo National Inventory Report (IA, 2003);

> Resíduos: Foram consideradas novas fontes de emissão de NH3,

concretamente sobre deposição de RSU em aterros, deposição de RIB em aterros e incineração de RSU.

Devido à alteração das taxas de excreção de N e volatilização de NH3 no sector

da pecuária, as emissões de NH3 da criação de galinhas e de porcos passaram a

ter um maior peso nas emissões totais da pecuária, em detrimento das dos restantes animais. Uma vez que estes dois tipos de animais se encontram abrangidos pela PCIP (ao contrário dos restantes), a redução de emissões de NH3 devido à PCIP (calculada em função de uma percentagem de redução

idêntica à utilizada na versão de 2002 do PTEN) aumenta de 6.1 para 9.9 kt de NH3 em 2010.

Para além disso, a estimativa do impacte da PCIP é condicionada pela existência de Valores de Emissão Associados (VEA) às Melhores Técnicas

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Technique Reference Documents), tendo sido definidos mais VEA. De acordo com os VEAs definidos no Draft Reference Document on Best Available Techniques in the Large Volume Inorganic Chemicals - Ammonia, Acids and

Fertilisers de Março de 2004, foi possível estimar a redução de emissões de NH3

para a produção de NH3, de ureia e de nitrato de NH3.

Sector dos Resíduos No Sector dos Resíduos foram feitos ajustamentos, que resultou num impacte significativo no balanço final de emissões associado ao sector, salientando-se os seguintes:

> parâmetros do modelo de cálculo de COVNM da deposição de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) e Resíduos Industriais Banais (RIB), nomeadamente, ajustes nas concentrações de COV no biogás e diferenciação de situações de deposição e co-deposição;

> actualização dos factores de emissão (resultantes de monitorização directa) de SOx e NOx resultantes da incineração de RSU;

> consideração da incineração de RIB como fonte emissora de SOx, NOx e COVNM, tendo sido definidos factores de emissão diferenciados para os períodos antes e após 2005.

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A Directiva 2001/81/CE, do Parlamento e do Conselho Europeus, de 23 de Outubro estabelece para Portugal a obrigação de desenvolver um programa nacional para a redução das emissões dos poluentes dióxido de enxofre (SO2),

óxidos de azoto (NOx), compostos orgânicos voláteis não metânicos (COVNM) e

amónia (NH3), com o objectivo de atingir, o mais tardar no ano 2010, os tectos

de emissão nacional que lhe foram atribuídos por negociação e estudos (técnicos e económicos) baseados no modelo RAINS (“Regional Air Pollution INformation and Simulation”), a saber:

› 160 ktoneladas de SO2;

› 250 ktoneladas de NOx;

› 180 ktoneladas de COVNM; e › 90 ktoneladas de NH3.

Estes poluentes atmosféricos, designados gases acidificantes (GA), têm como principal origem as actividades de combustão, incluindo os transportes, as actividades agrícolas (aplicação de fertilizantes e pecuária), e os processos industriais com utilização de solventes. Os GA são responsáveis por uma gama de efeitos nefastos no ambiente, nomeadamente na acidificação, eutrofização e ozono ao nível do solo.

O Programa para os Tectos de Emissão Nacional (PTEN), enquanto programa do Governo Português, tem como objectivo definir a estratégia nacional para o cumprimento dos tectos de emissões supracitados e, assim, da Directiva 2001/81/CE (Directiva Tectos).

Os estudos técnicos que lhe servem de base encontram-se organizados em 4 Documentos:

Documento 1 - CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

› Documento 2 – CENÁRIO DE REFERÊNCIA

› Documento 3 – AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE EFICÁCIA AMBIENTAL DOS

INSTRUMENTOS DE POLÍTICA EM VIGOR ATÉ 2010

› Documento 4 – MEDIDAS PARA O CONTROLO DAS EMISSÕES NACIONAIS

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O presente documento - CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC – enquadra e define o “problema” do PTEN, do ponto de vista técnico, sistematiza um conjunto de informação produzida, e faz propostas de cenários de cumprimento.

Os estudos de base que sustentam a construção de cenários de cumprimento alicerçam-se em informação que contém diferentes graus de incerteza, que importa sublinhar, por forma a que os mesmos possam ser considerados na interpretação do esforço de redução exigido ao País para o cumprimento dos tectos de emissão que lhe foram atribuídos. Para além dos factores de incerteza associados, usualmente, a este tipo de exercício, por exemplo, no que se refere à construção de cenários de projecção de consumos de energia, deve chamar-se a atenção para o chamar-seguinte:

› Informação de base, nomeadamente sobre factores de emissão utilizados (na sua maior parte, os factores de emissão são adoptados, ajustadamente, da literatura e não resultam de uma monitorização real do processo, com excepção de casos pontuais);

› Avaliação do potencial de eficácia ambiental associada à implementação de instrumentos de política ambiental, já em curso ou em planeamento. De relevância, e a título exemplificativo, podem destacar-se: (i) a Directiva PCIP (Prevenção de Controlo Integrado de Poluição), que se encontra, actualmente, em fase de implementação, e sobre a qual regista-se um elevado nível de incerteza quanto a Valores Limites de Emissão a adoptar para as instalações dos diversos sectores e (ii) a Directiva sobre o Comércio de Emissões à escala comunitária, ainda em proposta, que terá, inevitavelmente, impacto na tomada de decisão dos agentes (operadores) abrangidos no que se refere aos seus investimentos – prioridades, objecto, dimensão, cronogramas de implementação - para redução das emissões de gases com efeito de estufa, os quais podem incidir na promoção da eficiência energética (dos processos e/ou produtos), traduzindo-se, por conseguinte, na redução do consumo de energia e portanto nas emissões de gases acidificantes.

Como referido no Preâmbulo deste documento, foi desenvolvido um trabalho de actualização da informação de base (variáveis de actividade, nomeadamente consumos de energia, e factores de emissão) tendo resultado numa

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significativa redução do nível de incerteza na maior parte dos casos, pelo que a consideração dos parágrafos anteriores, embora ainda válidos, devem ser interpretados de forma optimista. A principal razão desta melhoria suporta-se no processo de compatibilização e harmonização levada a cabo pelas equipas técnicas (FCT e CEEETA) e a equipa dos inventários do Instituto do Ambiente. No entanto, para outros casos, como acontece nas emissões de COVNM em sectores específicos, foram identificados problemas significativos que não foram passíveis de solução no período de tempo em que decorreu este trabalho, por exigirem alterações de fundo, nomeadamente em termos de informação de base, por exemplo do Instituto Nacional de Estatística. A identificação das áreas para melhoria é feita no Documento 4 – MEDIDAS PARA O CONTROLO DAS EMISSÕES NACIONAIS DE COVNM.

A Directiva Tectos, sendo uma das peças da arquitectura já extensa e intricada da actual política comunitária de qualidade do ar, deve acomodar os impactes esperados, directos e indirectos, do conjunto de instrumentos de política (comunitária e nacional) que estão(irão) em vigor no ano de cumprimento, 2010. Estes instrumentos de política consubstanciam o cenário de referência, como adiante se descreverá.

O presente documento técnico configura uma aproximação do cenário de cumprimento da Directiva, antevendo-se a exigência da sua revisão a médio-prazo, que deverá incorporar a evolução da eficácia dos diversos instrumentos de redução de emissões contempladas no cenário de referência. Não obstante, é possível não só identificar as zonas críticas a acomodar para o cumprimento dos tectos de emissão nacional e propor uma arquitectura para a sua solução, como também as zonas onde, não se antevendo problemáticas, devem manter-se sob vigilância ao longo da próxima década.

Este documento começa por explicitar o enquadramento da Directiva Tectos no âmbito da política para a qualidade do ar, que a União Europeia tem vindo e continuará a prosseguir (Cap. 3). Em causa está, principalmente, a saúde humana e o funcionamento óptimo dos ecossistemas, como se verá no Capítulo 4. Importa por isso construir o Programa dos Tectos de Emissão Nacional – PTEN – que seja harmonizado com outros instrumentos de política nacionais, como se apresentará no Capítulo 5. É necessário avaliar as projecções das emissões dos poluentes em causa, bem como a eficácia de redução das medidas e dos instrumentos de política em vigor no período de cumprimento,

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ou seja, até 2010, objecto do Capítulo 6, para depois se identificar medidas adicionais que permitam atingir os tectos nacionais de emissão, que serão apresentadas no Capítulo 7. No Capítulo 8 apresenta-se um procedimento e um esquema de monitorização do PTEN, que assegure o cumprimento atempado dos objectivos de redução a que Portugal está obrigado.

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3. ENQUADRAMENTO DE POLÍTICA

COMUNITÁRIA

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A política europeia de ambiente tem dedicado muita da sua atenção e do seu esforço na melhoria da qualidade do ar nas suas diversas dimensões - global, nacional, regional e local -, com particular importância para as áreas urbanas. O princípio base adoptado para a melhoria da qualidade do ar, avaliada em concentrações de ar ambiente, de que é exemplo o ozono, os óxidos de enxofre e os óxidos de azoto, é a redução das emissões na fonte, avaliada em massa de emissões à saída de uma instalação ou à saída de um País. A directiva PCIP ou as especificações do teor de enxofre nos combustíveis ilustram o primeiro caso, enquanto a Directiva dos Tectos de Emissão Nacional e o Protocolo de Quioto são exemplos do segundo.

Assim, têm vindo a ser criados um conjunto de instrumentos que limitam a emissão de poluentes com impacte directo na qualidade do ar, essencial para a saúde humana e para os ecossistemas, os quais fazem parte integrante da Estratégia da UE para a qualidade do ar, consubstanciada no Programa CAFE (Clean Air for Europe) (COM (2001) 245)1.

Clean Air for Europe (CAFE)

O programa CAFE constitui a integração, num único e simples programa, de toda a política comunitária para a qualidade do ar, estando os seus elentos gerais definidos na comunicação sobre o Programa (COM(2001)245). O CAFE estabelece como próxima fase de actuação da Comunidade Europeia, a prioridade para as partículas e o ozono. Acomoda a necessidade de acção relativamente à acidificação e eutrofização. Refere a necessidade de manter em alerta problemas emergentes relacionados com poluentes atmosféricos, e que não estão actualmente regulados, tal como os hotspots onde a densidade de emissão é particularmente elevada. Todas as iniciativas adoptadas para a melhoria da qualidade do ar formam um conjunto compreensivo de objectivos para 2005-2010 não apenas para a Comunidade, mas para os Estados Membros e as suas autoridades regionais e locais. Estes objectivos permitirão aumentar a qualidade de vida de todos os cidadãos na Europa. Os objectivos do Programa CAFE podem sistematizar-se em 5 grupos.

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a) Informação: Obter e validar informação relativa a efeitos da poluição do ar, a inventários de emissões, a projecções de emissões e de qualidade do ar, a custo-eficácia e modelação integrada, a fim de monitorizar os objectivos de qualidade do ar e deposição de poluentes. A informação refere-se ainda a indicadores, que têm por objectivo identificar as medidas necessárias para reduzir emissões.

b) Enforcement:Suportar a implementação e rever a eficácia da legislação existente, em particular as Directivas filhas da Directiva Quadro do Ar, e contribuir para a revisão de protocolos internacionais e desenvolvimento de novas propostas, sempre que necessário.

c) Eficácia na implementação: Assegurar que as medidas sectoriais necessárias para atingir os objectivos de qualidade do ar e de deposição são tomadas e implementadas através de ligações às políticas sectoriais, nomeadamente energia e transportes, agricultura e indústria.

d) Continuidade: Determinar uma estratégia regular, a intervalos regulares, que defina para o futuro objectivos de qualidade do ar apropriados e medidas custo-eficazes para os atingir.

e) Disseminação: Disseminar a informação de política e informação técnica derivada da implementação do programa.

A análise técnica e o desenvolvimento de políticas resultantes do Programa CAFE conduzirão à adopção de uma estratégia temática no âmbito do Sexto Programa de Acção para o Ambiente, a apresentar pela Comissão Europeia durante o primeiro semestre de 2005, definindo os objectivos ambientais para a qualidade do ar e as medidas a implementar para o seu cumprimento.

Directiva Quadro da Qualidade do Ar Uma das peças mais importantes no âmbito da política europeia de qualidade do ar é a Directiva Quadro da Qualidade do Ar (Directiva 96/62/EC) e as suas “Directivas filhas”. Este Quadro Legal revê legislação existente, nomeadamente para o SO2, NO2, partículas, chumbo e ozono, e introduz novos standards de

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níquel e mercúrio. A Directiva Quadro estabelece como pilar para a sua implementação um procedimento comum para a UE sobre a troca de informação e dados relativos a redes e estações de monitorização de qualidade do ar. Refira-se a existência de 4 Directivas filhas:

a) Primeira Directiva filha (Directiva 1999/30/EC)

A primeira Directiva filha limita os valores para o NOx, SO2, Pb e PM10 para o ar

ambiente. Entrou em vigor em Julho de 1999 tendo os Estados Membros (EM) 2 anos para a transpor e estabelecer as respectivas estratégias de monitorização. Os EM devem apresentar programas que explicitem como os valores limite serão atingidos no calendário estabelecido, devendo tais programas ser apresentados ao público e à Comissão Europeia.

b) Segunda Directiva filha (Directiva 2000/69/EC)

A segunda Directiva filha limita os valores para o benzeno e para o CO para o ar ambiente. Entrou em vigor em Dezembro de 2000, e tal como previsto na Directiva anterior, os EM devem apresentar, ao público e à Comissão, programas que demonstrem o cumprimento no calendário explicitado.

c) Terceira Directiva filha (Directiva 2002/3/EC)

A terceira Directiva filha sobre o ozono estabelece objectivos de longo prazo equivalentes aos valores guia apontados pela Organização Mundial de saúde e objectivos intermédios para o ozono ambiente, a serem atingidos em 2010. Esta Directiva é compatível com a que estabelece os Tectos de Emissão Nacional (Directiva 2001/81/CE) e inclui requisitos e procedimentos melhorados para a monitorização do ozono. A Directiva 2002/3/EC encontra-se em vigor desde Março de 2002.

d) Quarta Directiva filha

A proposta em preparação incidirá sobre os restantes poluentes incluídos na Directiva Quadro, ou seja, hidrocarbonetos poliaromáticos, cádmio, arsénio, níquel e mercúrio.

Convenção sobre Poluição do Ar Transfronteiriça de Longa Distância A Convenção sobre Poluição do Ar Transfronteiriça de Longa Distância foi o primeiro instrumento legal internacional para lidar com os problema de poluição

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transfronteiriços, nomeadamente o da acidificação, tendo entrado em vigor em 1983. Portugal ratificou a Convenção, em 1980, através do Decreto n.º 45/80, de 12 de Julho. Foi reconhecida a natureza transfronteiriça da poluição do ar, impondo a cooperação internacional – política e científica - como forma privilegiada e essencial para resolver as questões da poluição do ar. A Convenção inclui 8 Protocolos específicos, destacando-se o de Gotemburgo, no âmbito do presente trabalho.

Protocolo de Gotemburgo O Protocolo de Gotemburgo para reduzir a Acidificação, a Eutrofização e o Ozono ao nível do solo foi adoptado em 30 de Novembro de 1999. O Protocolo estabelece tectos de emissão, para 2010, para os quatro poluentes: dióxido de enxofre (SO2), óxidos de azoto (NOx), compostos orgânicos voláteis (COVNM) e

amónia (NH3). Estes tectos foram negociados com base em avaliações técnicas

e científicas sobre os efeitos da poluição e as opções para a sua redução. Estabelece ainda valores-limite para emissões de enxofre, óxidos de azoto e COVNM em fontes estacionárias, bem como especificações para combustíveis e valores-limite para novas fontes móveis, e os respectivos prazos para o seu cumprimento. Finalmente, estabelece medidas para controlar as emissões de amónia de fontes agrícolas.

O Protocolo foi ratificado por 4 países - Noruega, Dinamarca, Luxemburgo e Suécia – sendo necessários mais 12 para a sua entrada em vigor. O trabalho técnico para a preparação da proposta de Directiva dos Tectos de Emissão Nacional foi desenvolvido em colaboração estreita com a UN-ECE/CLRTAP, que adoptou o “Gothenburg Protocol”. No entanto, os tectos acordados pelas partes do CLRTAP não corresponderam ao nível de ambição associado ao trabalho técnico em que se baseou. Por esta razão, a Comunidade declinou a ratificação do Protocolo.

Directiva dos Tectos de Emissão Nacional De acordo com a Directiva 2001/81/CE (Anexo 1.A), do Parlamento e do Conselho Europeus, de 23 de Outubro, Portugal terá de apresentar um programa nacional para a redução das emissões dióxido de enxofre (SO2),

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

amónia (NH3), com o objectivo de atingir, o mais tardar no ano 2010, os tectos

de emissões nacionais que lhe foram atribuídos por negociação e estudos (técnico-económicos) baseados no modelo RAINS (“Regional Air Pollution INformation and Simulation”). Os poluentes abrangidos por esta Directiva são responsáveis pela acidificação, eutrofização e ozono ao nível do solo, e têm como principal origem as actividades de combustão, incluindo os transportes, e as actividades agrícolas (aplicação de fertilizantes e pecuária).

Para Portugal, os tectos de emissão nacional, em 2010, foram estabelecidos em: 160 ktoneladas de SO2, 250 ktoneladas de NOx, 180 ktoneladas de COVNM

e 90 ktoneladas de NH3. A Directiva deixa aos Estados Membros a decisão sobre

as medida a tomar para atingir estes tectos (COM(1999)125-1final). As regiões da Madeira e dos Açores não se encontram abrangidas por esta Directiva.

A Directiva reconhece que não é tecnicamente exequível e economicamente viável atingir os objectivos de longo-prazo, de eliminação dos efeitos adversos da acidificação no ambiente e da exposição ao ozono pelas pessoas, para os valores estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde. Assim, assume-se que os tectos de emissão estabelecidos permitem atingir objectivos ambientais intermédios, em 2010, para a Comunidade como um todo, nomeadamente: a) Acidificação: as áreas em que são excedidas as cargas críticas serão reduzidas em 50%, em todas as células espaciais2, comparativamente à

situação em 1990.

b) Exposição ao ozono ao nível do solo e sua relação com a saúde humana: a concentração de ozono ao nível do solo acima do nível crítico para a saúde humana (AOT60=0)3 será reduzida em dois terços em todas as células

espaciais, comparativamente à situação em 1990; adicionalmente, a concentração de ozono ao nível do solo não deverá exceder o limite absoluto de 2,9 ppm.h em qualquer célula.

c) Exposição ao ozono ao nível do solo e sua relação com a vegetação: a concentração de ozono ao nível do solo acima do nível crítico para as culturas e

2 A noção de célula espacial resulta da base espacial em que se desenvolvem os estudos de

concentração e deposição que sustentam a Directiva.

3 AOT significa Accumulated Ozone Threshold. O conceito AOT60 traduz a exposição acumulada ao

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

vegetação semi-natural (AOT404=3 ppm.h) será reduzida em um terço em

todas as células espaciais, comparativamente à situação em 1990; adicionalmente, a concentração de ozono ao nível do solo não deverá exceder o limite absoluto de 10 ppm.h, , em qualquer célula.

O programa de implementação da Directiva Tectos encontra-se sistematizado na Figura seguinte.

Fonte: Amann et al (1999)

Figura 3.1 Programa de implementação da Directiva Tectos

4 Este parâmetro é calculado como a exposição acumulada ao ozono durante as horas do dia acima

de um limiar de 40 ppb (» 80 mg/m3, 1-h). O excesso é expresso como o nº de ppm.h acima do limiar. Um An AOT40 de 3 ppm.h, calculado para as horas do dia durante os meses de Maio a Julho, constitui o actual valor guia para culturas agrícolas, enquanto um AOT40 de 10 ppm.h, calculado para o período de Abril a Setembro é o valor guia para as florestas. (WHO, 1996b Update and

2001 2002 2006 2004 2009 2010 Aprovação da Directiva Tectos (2001/81/CE) Desenvolvimento dos Programas Nacionais para cumprimento da Directiva Actualização e Revisão dos Programas Nacionais Pleno Cumprimento dos Programas Nacionais Emissões nacionais cumprem tectos de emissão nacionais estabelecidos na Directiva Comissão reporta ao Conselho e Parlamento, permitindo eventuais revisões

(26)
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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

4. EMISSÕES DE GASES ACIDIFICANTES EM

PORTUGAL, 2000

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

4.1 EMISSÕES DE GA, 2000

De acordo com a informação disponível, todos os gases abrangidos pela Directiva Tectos (excepto o NH3) apresentavam, no ano 2000, valores bastante

superiores aos tectos nacionais de emissões estabelecidos para 2010, conforme pode observar-se na Figura 4.1. Para cumprir com os valores estipulados para 2010 será necessário reduzir, face às emissões de 2000:

› 51,1% das emissões de SO2;

› 16,5% das emissões de NOx; e

› 27,8% das emissões de COVNM.

Pelo contrário, as emissões de NH3 encontravam-se, em 2000, cerca de 0,8 kt

abaixo do tecto nacional de emissão.

32 7 16 0 29 9 250 249 18 0 89 90 0 50 100 150 200 250 300 350 Em is sõ e s ( k to n )

SO2 NOx COVNM NH3

Poluente

Total em 2000 Tectos

Figura 4.1 Emissões de SO2, NOx, COVNM e NH3, em 2000, e respectivos Tectos Nacionais de Emissões, em 2010

A contribuição dos diversos sectores de actividade económica para as emissões, em 2000, é sumariamente apresentada na Tabela 4.1 e nas Figuras Figura 4.2 a Figura 4.5.

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

Tabela 4.1 Contribuição percentual dos diversos sectores de actividade para as emissões de SO2, NOx, COVNM e NH3, em 2000

Sectores SO2 NOx COVNM NH3

1. Oferta de energia 65,8% 27,2% 13,0% 0,0%

1.1 Geração de electricidade 49,0% 24,9% 0,2% 0,0%

1.2 Refinação, armazenamento e distribuição de produtos

petrolíferos 16,5% 2,2% 12,7% 0,0%

1.3 Outros sub-sectores da indústria de energia 0,2% 0,0% 0,1% 0,0% 2. Indústria e Construção 28,9% 18,8% 43,0% 3,9% 2.1 Indústria extractiva 0,1% 0,3% 0,1% 0,0% 2.2 Metalurgia (inclui SN) 1,6% 0,4% 0,9% 0,0% 2.3 Química 5,7% 2,5% 17,0% 3,8% 2.4 Têxteis 4,0% 0,9% 0,2% 0,0% 2.5 Pasta e papel 7,0% 3,2% 5,3% 0,0% 2.6 Madeira e Cortiça 1,0% 0,3% 0,9% 0,0% 2.7 Cimento 0,8% 5,2% 1,0% 0,0% 2.8 Cerâmica 3,7% 1,0% 0,9% 0,0% 2.9 Vidro 0,7% 1,2% 0,0% 0,1% 2.10 Alimentação e bebidas 3,3% 1,0% 5,2% 0,0% 2.11 Metalomecânica e outras 0,3% 0,2% 1,0% 0,0%

2.12 Construção e obras públicas 0,7% 2,9% 10,4% 0,0%

3. Transportes (s/ bancas internacionais) 1,8% 37,0% 24,2% 1,8%

4. Outros Sectores 3,5% 17,0% 19,8% 94,3%

4.1 Terciário 2,3% 5,4% 2,0% 0,0%

4.2 Doméstico 0,0% 1,9% 15,0% 0,0%

4.3 Agricultura, floresta, pecuária e pesca 1,1% 9,4% 1,8% 86,4%

4.4 Resíduos (1) 0,0% 0,3% 1,0% 7,9%

(30)

PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 140,0 160,0 180,0 E le ctr o p ro d u to r Ref in a ção Ou tr os (e n e rg ia ) Ex tr a ct iv a M e ta lu rg ia Q u ím ic a Tê x te is Pa st a e p a p e l Ma d e ir a e Cor ti ça Ci me n to Ce râm ic a Vi d ro Al im en ta çã o Me ta lo m e câ n ic a e ou tr as C.O. P. Tr a n sp o rt e s T e rci á ri o Do m é st ic o Ag ro -p ec u á ri a, flo re st a , p e sc a Resí d u os Sector Em is sõe s S O 2 (k t) Figura 4.2 Contribuição sectorial para as emissões de SO2, em 2000

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 E le ctr o p ro d u to r Re fi n a çã o Ou tr os (e n e rg ia ) E x tr a cti v a M e ta lur g ia Q u ím ic a Tê x te is P a st a e pa pe l Ma d e ir a e Cort iç a Ci me n to Ce râ mi ca Vi d ro A lim e n ta çã o M e ta lo m e câ n ica e ou tr as C.O .P . Tra n sp o rt e s Te rc iá ri o Do m é st ic o Ag ro -p ec u á ri a , fl o re st a , pe sc a Re sí d u os Sector E m issõ e s NO x ( k t) Figura 4.3 Contribuição sectorial para as emissões de NOx, em 2000

(31)

PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 E le ctr o p ro d u to r Re fi n a çã o Ou tr os (e n e rg ia ) E x tr a cti v a M e ta lur g ia Q u ím ic a Tê x te is P a st a e pa pe l Ma d e ir a e Cort iç a Ci me n to Ce râ mi ca Vi d ro A lim e n ta çã o M e ta lo m e câ n ica e ou tr as C.O .P . Tra n sp o rt e s Te rc iá ri o Do m é st ic o Ag ro -p ec u á ri a , fl o re st a , pe sc a Re sí d u os Sector Em is e s C O VN M ( k t) Figura 4.4 Contribuição sectorial para as emissões de COVNM, em 2000

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 E le ctr o p ro d u to r Re fi n a çã o Ou tr os (e ne rg ia ) Ex tr a ct iv a M e ta lur g ia Q u ím ic a Tê x te is P a st a e pa pe l Ma d e ir a e Cort iç a Ci me n to Ce râ m ica Vi d ro A lim e n ta çã o M e ta lo me câ n ica e o u tr as C.O. P. Tra n sp or te s Te rc iá ri o Do m é st ic o Ag ro -p e cu á ri a , fl o re st a , p e sca Res íd u os Sector E m is e s NH3 (k t) Figura 4.5 Contribuição sectorial para as emissões de NH , em 2000

(32)

PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

A partir da análise da Tabela e das Figuras anteriores, podem identificar-se as principais responsabilidades sectoriais de emissão para cada poluente, em 2000:

› As emissões de SO2 são sobretudo devidas à combustão na oferta de

energia (65,8%das emissões totais), e ainda no sector da indústria e construção (28,9%das emissões totais);

› O transporte rodoviário contribui com mais de 37,0%das emissões totais de NOx, seguido pela combustão na oferta de energia (27,2%);

› As emissões de COVNM são, na sua maioria (cerca de 43,0%) da responsabilidade da indústria e construção, seguidos pelos transportes (24,2% das emissões) e o sector doméstico (15,0%);

› A agricultura e pecuária são responsáveis por cerca de 86,4% das emissões de NH3.

4.2 IMPACTE DAS EMISSÕES DE GA

Conforme referido no capítulo anterior, os poluentes considerados pela Directiva Tectos são responsáveis por uma gama de efeitos nefastos (Tabela 4.2) que podem ser agrupados nas seguintes categorias:

a) Impactes na saúde humana.

b) Impactes nos ecossistemas (devido à sua contribuição para a acidificação, a concentração de ozono troposférico e a eutrofização). c) Impactes em materiais e construções (devido à sua contribuição para a

acidificação e a concentração de ozono troposférico)5.

A informação disponível quanto aos danos causados na Europa e, particularmente, em Portugal, pela emissão dos gases acidificantes é limitada, em especial no que diz respeito aos efeitos nos ecossistemas naturais e no

5 A minimização de danos em edifícios e materiais não constitui um objectivo explícito da Directiva

Tectos, embora a redução das emissões dos poluentes considerados vá contribuir para essa minimização.

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

património cultural edificado 6 7 8. A Tabela 4.2 apresenta uma sistematização

dos principais efeitos dos GA naquelas componentes.

Tabela 4.2 Principais efeitos das emissões de SO2, NOx, COVNM e NH3

SO2

Saúde humana Obstrução das vias respiratórias, especialmente em doentes de asma ou com doenças pulmonares crónicas

VLE(1): 350µg/m3 (horário) ou 125µg/m3 (diário)(2)

0.79 admissões hospitalares devido a problemas respiratórios e 4.8 mortes (mortalidade crónica) por cada 1000 t SO2 (valores médios para a UE)(3) Ecossistemas Poluente acidificante – não se encontram quantificados os danos nos

ecossistemas naturais portugueses devido exclusivamente às emissões de SO2

VLE para protecção dos ecossistemas 20µg/m3 (ano civil e período de Inverno)(2)

Materiais e construções

Estimam-se, para Portugal, danos no valor de 110 €/t de SO2 emitido (preços de 2000)(3), exceptuando os danos em património cultural edificado.

NOx

Saúde humana Inflamação das vias respiratórias a concentrações elevadas (> 1 ppm) e alterações na função pulmonar devido a exposição prolongada ao NO2, assim como agravamento de reacções alérgicas de indivíduos sensíveis

VLE: 200µg/m3 NO2 (horário) ou 40µg/m3 NO2 (diário)(2)

0.33 admissões hospitalares devido a problemas respiratórios e 6.5 mortes (mortalidade crónica) por cada 1000 t NOx (valores médios para a UE)(3) Ecossistemas Poluente acidificante e precursor da formação de ozono. Contribui para a

acumulação de azoto em excesso nos ecossistemas naturais (eutrofização). Não se encontram quantificados os danos nos ecossistemas naturais portugueses devido exclusivamente às emissões de NOx

VLE para protecção dos ecossistemas 30µg/m3 NOx (ano civil e período de Inverno)(2)

Estimam-se, para Portugal, danos em culturas agrícolas, devido à formação de ozono troposférico, no valor de 230 €/t de NOx emitido (preços de 2000)(3)

Materiais e construções

Efeitos da acidificação - não se encontra disponível informação detalhada quanto à contribuição do NOx. Os danos são expressos em função das emissões de SO2. Não se encontra disponível informação detalhada quanto aos danos devido à formação de ozono troposférico

6 Holland, M., Watkiss, P. (2002). BeTa, Benefits Table database: Estimates of the marginal

external costs of air pollution in Europe. Criado para a Comissão Europeia - DG Ambiente pelo Netcen. Disponível em: http://europa.eu.int/comm/environment/enveco/studies2.htm.

7 Banfi, S., Doll, C., Maibach, M., Rothengatter, W., Schenkel, P., Sieber, N., Zuber, J. (2000).

External Costs of Transport – Accident Environment and Congestion in Western Europe. International Union of Railways: Paris, Março 2000.

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

Tabela 3.2 (cont.) Principais efeitos das emissões de SO2, NOx, COVNM e NH3

COVNM

Saúde humana Estão incluídos neste grupo uma grande variedade de poluentes orgânicos, com efeitos que vão desde problemas respiratórios ligeiros a cancro

0.98 admissões hospitalares devido a problemas respiratórios e 1.6 mortes (mortalidade aguda) por cada 1000 t COVNM (valores médios para a UE)(3)

VLE: 5 µg/m3 benzeno (horário)(2)

Ecossistemas Poluente precursor da formação de ozono. Não se encontram quantificados os danos nos ecossistemas naturais portugueses devido exclusivamente às emissões de COVNM

Estimam-se, para Portugal, danos em culturas agrícolas, devido à formação de ozono troposférico, no valor de 337 €/t de COVNM (preços de 2000)(3)

Materiais e construções

Não se encontra disponível informação detalhada quanto aos danos devido à formação de ozono troposférico

NH3

Saúde humana A Organização Mundial de Saúde não estabelece limiares para a exposição a emissões gasosas de amónia(4)

Ecossistemas Poluente acidificante. Contribui para a acumulação de azoto em excesso nos ecossistemas naturais – eutrofização

Efeitos da acidificação e eutrofização– não se encontra disponível informação detalhada quanto à contribuição do NH3

Materiais e construções

Efeitos da acidificação – não se encontra disponível informação detalhada quanto à contribuição do NH3

Notas:

(1) Valor Limite de Emissão;

(2) Decreto-Lei n.º. 111/2002, de 16 de Abril, que estabelece os valores limite de concentrações no ar ambiente de dióxido de enxofre, dióxido de azoto e óxidos de azoto, entre outros. VLE para a saúde humana aplicáveis a partir de 2005 (SO2) e 2010 (NOx e benzeno). O VLE para ecossistemas encontra-se em vigor;

(3) Holland, M., Watkiss, P. (2002). BeTa, Benefits Table database: Estimates of the marginal external costs of air pollution in Europe. Criado para a Comissão Europeia - DG Ambiente pelo Netcen. Disponível em: http://europa.eu.int/comm/environment/enveco/studies2.htm;

(4) Organização Mundial de Saúde (1999). Air Quality Guidelines. Disponível em: http://www.who.int/peh/air/Airqualitygd.htm.

A avaliação dos impactes associados a estes poluentes deve considerar os problemas ambientais para o qual contribuem: acidificação, concentração de ozono troposférico e eutrofização.

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

Para além destes três problemas em particular, as emissões de partículas serão ainda reduzidas como uma consequência da limitação às emissões de SO2, NOx,

COVNM e NH3, embora esta redução não esteja quantificada.

4.2.1 Efeitos da Acidificação

A deposição de poluentes acidificantes (SO2, NOx e NH3) tem um conjunto de

efeitos negativos, nomeadamente sobre: a) Ecossistemas

› Aumento da acidez da água doce, que conduz à perda de peixes e outros organismos em muitos rios e lagos;

› Aumento da acidez dos solos, que altera a química do solo e que pode tornar as florestas e outros ecossistemas terrestres mais vulneráveis a secas, doenças e pragas.

b) Materiais e construções

› Estragos em edifícios e monumentos;

› Acidificação de recursos aquíferos com impacte negativo nas infra-estruturas de abastecimento de água e aumento dos níveis de metais perigosos na água para consumo humano.

4.2.2 Efeitos do Ozono Troposférico

O ozono troposférico não é emitido em quantidades significativas pelas actividades humanas, resultando antes de mais da interacção entre a radiação solar e poluentes percursores, como o NOx e os COVNM. Os valores mais

elevados ocorrem usualmente no Verão. O ozono, bem como os seus percursores, podem ser transportados até longas distâncias e, consequentemente, os episódios de poluição podem ocorrer a centenas de quilómetros das fontes poluidoras.

O ozono tem efeitos negativos importantes na saúde humana causando desde tosse, dor de cabeça, náuseas, dores peitorais e falta de ar até danos na função

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

pulmonar (para concentrações superiores a 360 µg/m3 durante uma hora). O

limiar nacional de protecção da saúde para o ozono troposférico é de 110 µg/m3

(octo-horário)9. Em Portugal, não existem estatísticas de saúde pública

relativas a episódios de exposição ao ozono, mas a título indicativo, poderá ser referido que no Reino Unido, o estudo Quantification of the Health Effects of Air Pollution in the UK for the Review of the National Air Quality Strategy (Stedman, Lineham e King, 1999) estimou que, em 1995, a morte de 12240 pessoas vulneráveis pode ter sido precipitada pela exposição a episódios de elevadas concentrações de ozono, e que se estima que, para o mesmo ano, 10455 admissões em hospitais foram associadas a exposição ao ozono10.

Para além do impacte na saúde humana, o ozono tem ainda efeitos negativos ao nível dos:

a) Ecossistemas

Redução da produção agrícola e florestal, assim como da redução do crescimento da vegetação natural e semi-natural. O limiar nacional de protecção da vegetação para o ozono troposférico é de 200 µg/m3 (horário) ou

65 µg/m3 (diário)9;

b) Materiais e construções

O ozono é muito reactivo quimicamente causando fragilidade, fendas e outras alterações químicas nos diversos materiais (diminuição da elasticidade da borracha, corrosão de metais e redução da resistência dos tecidos e dos plásticos, entre outros).

Portugal não dispõe, para já, de informação que permita identificar a extensão da área florestal, agrícola e de vegetação natural e semi-natural em que os níveis críticos de ozono são excedidos anualmente. O nível crítico para a floresta é definido em termos de exposição acumulada num período de seis meses, enquanto para a agricultura é definida em termos de exposição acumulada num período de três meses.

9 Portaria n.º 623/96 de 31 de Outubro relativa ao Ozono no ar ambiente.

10 Stedman, J., Lineham, E., King, K. (1999). Quantification of the Health Effects of Air Pollution in the UK for the Review of the National Air Quality Strategy. Relatório produzido para o Department of the Environment, Transport and the Regions - UK. Disponível em: http://www.aeat.co.uk/netcen/airqual/reports/health/health.html

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

Podem referir-se, no entanto, os resultados de duas campanhas realizadas em Portugal, no Verão de 2000 e na Primavera de 2001. A Figura 4.6 mostra os resultados relativos ao máximo das duas campanhas, considerando o período de integração de uma semana11, estimados a partir de um método de

interpolação geoestatístico (kriging) (Ferreira et al, 2000)12. As regiões do

interior (Norte e Sul) surgem como as regiões com valores mais elevados de ozono troposférico.

Fonte: Ferreira et al (2000)

Figura 4.6 Interpolação dos valores máximos de duas campanhas de monitorização do ozono troposférico (Verão de 2000 e na Primavera de 2001)

11 Uma vez que o período de amostragem do estudo é diferente do definido na legislação em vigor,

os resultados não podem ser sujeitos a comparação directa e apenas podem ser encarados como valores indicativos.

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

4.2.3 Efeitos da Eutrofização

A eutrofização pode resultar da deposição de poluentes atmosféricos contendo azoto, como o NOx e NH3. O processo de eutrofização pode conduzir a

alterações na composição de comunidades de plantas, reduzindo a biodiversidade nos ecossistemas. Em Portugal, a área de ecossistemas com deposição de azoto acima da carga crítica para a eutrofização era de 913 mil ha em 1990, de acordo com IIASA (Novembro, 1999).

4.3 BENEFÍCIOS ESPERADOS DA REDUÇÃO DAS EMISSÕES

DE GA

De acordo com a análise de benefícios elaborada pelo IIASA e AEA (Novembro, 1999)13, para a Comissão Europeia, os principais benefícios que resultarão da

aplicação de tectos de emissões irão fazer sentir-se, sobretudo, ao nível da saúde humana e na agricultura. Em princípio, os efeitos benéficos nos materiais serão desprezáveis. No entanto, dada a escassez de informação disponível não foi possível avaliar os benefícios ao nível dos ecossistemas naturais.

No estudo em questão foram considerados diversos cenários de redução das emissões de SO2, NOx, COVNM e NH3, todos eles mais exigentes do que os

tectos de emissões actualmente estabelecidos para Portugal. No entanto, a título indicativo, apresentam-se os benefícios previstos por esse estudo, para Portugal, em 2010, segundo o cenário de referência menos exigente14:

a) Saúde humana

Redução na mortalidade avaliada até 55 milhões de euros (consoante o tipo de exposição e abordagem de atribuição de valor). Os benefícios ao nível da saúde humana apresentam diversas limitações associadas às incertezas no

13 IIASA, AEA Technology. (1999). Economic Evaluation of a Directive on National Emission Ceilings

for Certain Atmospheric Pollutants – Part B: Benefit Analysis. Comissão Europeia, DG Ambiente. Disponível em: http://europa.eu.int/comm/environment/air/background.htm#ceilings.

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

estabelecimento de relações causais entre os poluentes e efeitos na saúde humana e atribuição de um valor à vida humana;

b) Materiais e construções

Ganhos devido à minimização dos danos em materiais e edifícios avaliados em 1 milhão de euros (não considera o valor cultural dos edifícios, efeitos em aço e betão armado, os efeitos do ozono em tintas e polímeros, assim como os efeitos económicos indirectos);

c) Agricultura

Ganhos devido à minimização dos danos na agricultura avaliados em 13 milhões de euros (não considera as interacções entre os diferentes poluentes, pragas, patogénicos, pesticidas, geada e outros factores de stress, assim como os efeitos económicos indirectos);

d) Florestas

Ganhos devido à minimização dos danos na produção florestal avaliados em 1 milhão de euros (apenas para ozono, sem considerar a produção de madeira). Ainda a título indicativo, Banfi et al (Março, 2000)7 avaliaram o custo associado

à poluição atmosférica causada pelos transportes em Portugal em 1743 milhões de euros por ano. Este valor reporta-se ao ano de 1995, prevendo-se um acréscimo de 8% até 2010.

De acordo com um estudo mais recente, preparado também para a DG Ambiente (Holland e Watkiss, 2002)6, estabelecem, para Portugal, custos

marginais para um conjunto de externalidades associadas às emissões de SO2,

NOx e COVNM (Tabela 4.3). Essas externalidades incluem apenas os efeitos

agudos do SO2, ozono e PM10 na mortalidade, os efeitos crónicos das PM10 na

mortalidade, os efeitos do SO2/acidificação em materiais e construções, e os

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

Tabela 4.3 Custos marginais, para Portugal, das externalidades associadas às emissões de SO2, NOx e COVNM

SO2 zonas rurais: €3000/ton

zonas urbanas €6000 a €45000/ton (dependendo do número de habitantes) (cerca de 0.24 a 4% destes custos dizem respeito a danos em materiais devido à acidificação)

NOx €4100/ton (cerca de 6% destes custos dizem respeito à agricultura devido à formação de ozono troposférico)

COVNM €1500/ton (cerca de 22.5% destes custos dizem respeito à agricultura devido à formação de ozono troposférico)

Nota: Os valor apresentados encontram-se a preços de 2000. Fonte: Holland e Watkiss (2002).

Devido à escassez de informação, não foi possível quantificar monetariamente os benefícios associados à protecção dos ecossistemas naturais. No entanto, de acordo com IIASA (1999)15 é possível avaliar os benefícios em termos de

cargas críticas, segundo o modelo RAINS e considerando os valores de emissão presentes no Protocolo de Gotemburgo.

4.3.1 Acidificação

A deposição ácida na Europa, medida em equivalentes/ha/ano, situava-se, maioritariamente, na região centro e Norte (Figura 4.7). Em Portugal, a área de ecossistemas com deposição ácida acima da carga crítica é estimada em 1000 ha, tanto em 1990 como em 2010.

15 Report prepared by IIASA for the Netherlands Ministry of Housing, Spatial Planning and the

Environment, documenting the main scenarios used during the negotiations and the resulting Protocol, 1999.

(41)

PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

Fonte: IIASA (1999)

Figura 4.7 Deposição ácida (potencial) (equivalentes/ha/ano)

4.3.2 Ozono Troposférico

Segundo o modelo RAINS, em Portugal, o valor cumulativo do índice de exposição da vegetação acima do nível crítico (AOT40= 3 ppm.h) era em 1990 de 383 000 km2.ppm excesso.h, prevendo-se uma ligeira melhoria sob os

valores de emissão do Protocolo de Gotemburgo (290 000 km2.ppm excesso.h).

Prevê-se que o índice de exposição da vegetação diminua cerca de 27% e que o índice de exposição da população diminua cerca de 44% (IIASA, 1999).

4.3.3 Eutrofização

A deposição de azoto, medida em equivalentes/ha/ano, situava-se, maioritariamente, na região centro (Figura 4.8), de acordo com IIASA

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

carga crítica para a eutrofização era de 913 mil ha em 1990 prevendo-se um aumento para 1221 mil ha em 2010, de acordo com os valores estabelecidos no Protocolo. Este aumento deve-se ao facto de, para Portugal, o tecto para NH3

do Protocolo de Gotemburgo ser superior ao valor emitido em 1990, ao contrário do tecto de emissão nacional definido no âmbito da Directiva Tectos. Desta forma, com a implementação da Directiva deverá verificar-se uma redução na área de ecossistemas acima da carga crítica.

Fonte: IIASA (1999)

Figura 4.8 Deposição total de azoto (equivalentes/ha/ano)

Finalmente, deverá ser reiterada a insuficiência de informação disponível que permita a quantificação dos danos associados às emissões de SO2, NOx, COVNM

e NH3 em Portugal. Os valores apresentados deverão ser considerados com

algumas reservas devendo ser revistos em função de informação nacional que venha a ser produzida. É desejável que seja produzida informação para a totalidade do território nacional e que explore de que forma é que os diversos factores ambientais afectam os danos causados pelas emissões destes quatro poluentes.

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

5. PROGRAMA PARA OS TECTOS DE EMISSÃO

NACIONAL

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

5.1 OBJECTIVOS

O Programa para os Tectos de Emissão Nacional (PTEN), da responsabilidade do Governo Português, deverá ter como objectivo a definição da estratégia nacional para o cumprimento dos tectos de emissões estabelecidos na Directiva 2001/81/CE, para os poluentes transfronteiriços dióxido de enxofre (SO2),

óxidos de azoto (NOx), compostos orgânicos voláteis não metânicos (COVNM) e

amónia (NH3), no ano 2010.

O presente documento técnico, cujo objectivo é informar a redacção do PTEN, tem como objectivos específicos:

i) Definir o cenário de referência para o ano 2010 e quantificar as emissões dos gases acidificantes (GA) supramencionados;

ii) Definir o cenário de cumprimento da Directiva Tectos, i.e.,

a. Quantificar o esforço de redução adicional para o cumprimento dos tectos de emissão nacional estabelecidos na letra da Directiva; e b. Identificar um conjunto de medidas e instrumentos (adicionais) para

controlo e redução das emissões de GA, atendendo aos critérios de eficácia ambiental, eficiência económica (melhor relação custo-eficácia), incentivo à inovação tecnológica, integração com outras políticas sectoriais, exequibilidade política e administrativa no horizonte de cumprimento da Directiva, e aceitação por parte dos agentes envolvidos;

iii) Definir o sistema de monitorização do PTEN.

São estes objectivos que orientam e enformam a estrutura e conteúdo do presente relatório técnico.

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

5.2 ARTICULAÇÃO COM OUTROS INSTRUMENTOS DE

POLÍTICA AMBIENTAL

O Programa para os Tectos de Emissão Nacional é um instrumento abrangente de política ambiental que, na sua definição, integra um conjunto de instrumentos específicos, nomeadamente os que têm um impacte (in)directo na redução das emissões de gases acidificantes. Como se demonstrou anteriormente (3. enquadramento de política comunitária), a política de ambiente, e em particular a da qualidade do ar, é complexa e tem diversas e profundas implicações nos diversos domínios em que actua. A grande maioria dos instrumentos de qualidade do ar têm origem comunitária, sendo transpostos, posteriormente, para o direito português, enquanto outros têm origem marcadamente nacional.

Assim, na elaboração do PTEN, e tendo particular atenção à definição do seu cenário de referência, que integra todo o conjunto de instrumentos de política em vigor até ao ano 2010 (inclusive os que se encontram, actualmente, em fase de implementação ou concepção), é crucial ter sistematizado esse lato conjunto de instrumentos que vertem o seu conteúdo e impacto no PTEN. Da mesma forma, deve articular-se o resultado do PTEN noutros instrumentos de política, por exemplo, no Programa Nacional para as Alterações Climáticas, dada a sua transversalidade nos sectores da economia portuguesa.

A Figura 5.1 sistematiza a articulação dos instrumentos de política de ambiente no PTEN, bem como o seu impacte, enquanto a Figura 5.2 ilustra a calendarização de alguns dos instrumentos mais importantes.

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

Figura 5.1 Articulação do PTEN com outros instrumentos de política (comunitária e nacional)

Instrumentos de Política Comunitária

Instrumentos Nacionais de Política

Directivas Comunitárias

› Directiva PCIP (96/61/CE) › Directiva GIC (2001/80/CE) › Directiva E-FRE (2001/77/CE) › Directivas Teor S Comb; Especif Amb

Combustível (2000/71/CE e 98/70/CE) › Directiva COVNM Solventes (99/13/CE) › Directiva Teor S Fuel (1999/32/CE) › Directiva COVNM Gasolinas (94/63/CE) › (...)

Outros Instrumentos

› Acordo ACEA (Redução emissões específicas de CO2 automóveis) › Acordo de Partilha de

Responsabilidades_Protocolo Quioto; Programa Europeu para Alterações Climáticas (PEAC) e Comércio Europeu de Emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE)

› (...)

em implementação

Instrumentos Regulamentares

› Portaria 646/97 (COVNM Gasolinas) › Decreto-Lei 194/2000 (PCIP) › Decreto-Lei 242/2001 (COVNM

Solventes) › (...)

Outros Instrumentos de Política

› POE_Rev. MAPE (Port. 383/2002) › Programa E4 (Res. CM 154/2001) › Programa 3E

› Programa Água Quente Solar Portugal › Plano Expansão Sistema

Electroprodutor

› Plano da Rede Nacional das Plataformas Logísticas › ( )

em concepção

Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC)

em implementação e/ou fase final de concepção

PTEN

› (Ë) Emissões NOx, SO2, Ozono, Directiva da Qualidade do Ar

› (Ë) Emissões de GEE, Acordo Partilha Responsabilidades UE_Protocolo Quioto › (...)

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PTEN: CENÁRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC

Figura 5.2 Articulação do PTEN com outros instrumentos de política, no tempo

5.3 METODOLOGIA

A metodologia adoptada nos trabalhos técnicos que darão suporte à redacção do Programa para os Tectos de Emissão Nacional assenta nas seguintes tarefas fundamentais:

› Cenarização da procura de energia no médio-longo prazo (2010), nos diversos sectores da economia portuguesa, que se suporta de cenários demográficos, macroeconómicos, sectoriais e de evolução do preço do petróleo (cenário “business as usual”).

› Cenarização das emissões de gases acidificantes associados aos cenários de consumo de energia, bem como a processos de produção (cenário “business as usual”). 2002 (...) 2006 2005 2010 2012 Jan. 2005: Pleno cumprimento Directiva 94/63/CEE (Port. 646/97) Cumprimento Directiva Tectos

(impl. plena PTEN) Jan. 2008: Pleno

cumprimento Directivas GIC e 1999/32/CE Jan. 2007: Pleno cumprimento Directiva 2000/71/CE 2007 2008 2009 Nov. 2007: Pleno cumprimento Directivas PCIP (DL 194/2000) e 1999/13/CE (DL 242/2001) (...) Cumprimento Acordo Partilha Responsabilidades UE_Protocolo Quioto (implementação plena PEAC e PNAC)

Pleno cumprimento Directiva E-FRE (implementação plena Prog. E4)

Referências

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