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Perfil das internações hospitalares em idosos residentes em Belo Horizonte, MG / Profile of hospital admissions in elderly residents in Belo Horizonte, MG

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 84658-84670, nov. 2020. ISSN 2525-8761

Perfil das internações hospitalares em idosos residentes em Belo Horizonte, MG

Profile of hospital admissions in elderly residents in Belo Horizonte, MG

DOI:10.34117/bjdv6n11-034

Recebimento dos originais: 19/10/2020 Aceitação para publicação: 04/11/2020

Josenira de Freitas Rodrigues Edér Júlio Rocha de Almeida

Orientador

E-mail: enfermeiro.ederjulio@gmail.com

RESUMO

O presente artigo teve por objetivo descrever o perfil da população idosa de Belo Horizonte, MG que utilizou os serviços de internação do SUS no período de 2010 a 2019. Trata-se de um estudo descritivo que utilizou dados secundários provenientes do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), tendo como fonte as Autorizações de Internações Hospitalares (AIH). As variáveis utilizadas foram sexo, cor/raça, faixa etária (60 a 69 anos, 70 a 79 anos, 80 anos ou mais), caráter de atendimento, média de permanência das internações, valor médio das internações, óbitos, causas de internações e causas de óbitos. Os resultados mostraram que 27% das AIH correspondiam a pessoas com 60 anos ou mais, o gênero feminino, a cor parda e as pessoas na faixa etária entre 60 a 69 anos eram os mais predominantes. Os gastos com AIH corresponderam a R$838.575.951,25, com média anual de R$2.291,03 por internação. 82,63% das admissões foram de caráter emergencial, em média as internações duraram nove dias e os óbitos corresponderam a 9,50% dos registros. As principais causas de internações foram as doenças do aparelho circulatório e as neoplasias. Entre os óbitos se destacaram as doenças infecciosas e parasitarias e as neoplasias. Conclui-se que são necessárias melhorias nas ações de saúde e na atuação dos profissionais de saúde, estejam estes em instituições hospitalares ou não, visando melhorar os atendimentos às pessoas idosas.

Palavras-Chave: Idoso, Hospitalização, Sistema Único de Saúde. ABSTRACT

This article aimed to describe the profile of the elderly population in Belo Horizonte, MG who used SUS inpatient services from 2010 to 2019. This is a descriptive study that used secondary data from the Hospital Information System of the Unified Health System (SIH/SUS), based on Hospital Admissions Authorizations (AIH). The variables used were sex, color / race, age group (60 to 69 years, 70 to 79 years, 80 years or more), character of care, average length of stay, average value of hospitalizations, deaths, causes of hospitalizations and causes of death. The results showed that 27% of the AIH corresponded to people aged 60 or over, the female gender, brown skin and people in the age group between 60 and 69 years were the most prevalent. AIH expenses corresponded to R$ 838,575,951.25, with an annual average of R$ 2,291.03 per hospitalization. 82.63% of admissions were of an emergency nature, on average the hospitalizations lasted nine days and the deaths corresponded to 9.50% of the records. The main causes of hospitalizations were diseases of the circulatory system and neoplasms. Among the deaths, infectious and parasitic diseases and neoplasms stood out. It is concluded that improvements are needed in health actions and in the performance of health professionals, whether they are in hospital institutions or not, in order to improve care for the elderly.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 84658-84670, nov. 2020. ISSN 2525-8761 Keywords: Aged, Hospitalization, Unified Health System.

1 INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica como idosas as pessoas com idade a partir de 60 anos residentes em países em desenvolvimento. Nos países desenvolvidos são considerados idosos os indivíduos com idade igual ou maior que 65 anos. Em 2019, a população mundial com 65 anos de idade ou mais correspondia a 703 milhões de pessoas, sendo a expectativa de vida mundial para os homens 69,9 anos e 74,7 anos para as mulheres, com estas vivendo em média cinco anos a mais. Estimativas apontam que no ano de 2050 o número de idosos no mundo seja de 1,5 bilhões correspondendo a 16% da população. Assim, uma a cada seis pessoas terá idade igual ou maior que 65 anos.1

No Brasil, o número de pessoas com 60 anos de idade ou mais corresponde a mais de 29 milhões e espera-se que esse número aumente em 160% no ano de 2060, representando 73 milhões de idosos. Considerando tal projeção, o Brasil irá atingir o status de país envelhecido, que segundo a OMS é obtido quando 14% da população de um país tem idade superior a 65 anos. Deste modo, acredita-se que no ano 2032, quando a população brasileira for maior que 226 milhões de pessoas, 32,5 milhões desses indivíduos estarão na faixa etária acima de 65 anos de idade2.

Os idosos brasileiros começaram a ser reconhecidos como cidadãos de direito a partir da Constituição Federal de 1988, porém foram necessárias as promulgações da Política Nacional do Idoso (Lei nº 8.842, 1994) e do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, 2003) para que os direitos à cidadania e condições dignas de vida fossem assegurados a essas pessoas3.

No tocante da saúde, os direitos dos idosos brasileiros foram reconhecidos pela Política Nacional de Saúde do Idoso (Portaria nº 1395/1999) e mais tarde pela Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria nº 2528/2006). Essas políticas tinham como objetivo comum assegurar o envelhecimento saudável, que é entendido como a manutenção da capacidade funcional, da autonomia e da qualidade de vida da pessoa idosa, sendo ofertado a esses indivíduos assistência em todos os níveis de atenção à saúde conforme as diretrizes e preceitos do Sistema Único de Saúde (SUS)4.

Envelhecer, mesmo com saúde, se caracteriza inevitavelmente por algum tipo de perda funcional. Além disso, o envelhecimento pode apresentar diversas peculiaridades como surgimento de doenças crônicas e vulnerabilidades, escassez de recursos monetários e sociais. Com isso a atenção à saúde dos idosos se torna diferente à prestada a população jovem, contribuindo para gerar sobrecarga no sistema de saúde e na previdência social4.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 84658-84670, nov. 2020. ISSN 2525-8761 As despesas brasileiras com internações de idosos pelo SUS, no período entre 1998 e 2013 contabilizaram mais de R$ 33 bilhões de reais, correspondendo a aproximadamente 38 milhões de internações5. Na Região Sudeste entre 2011 e 2012 foram registradas 2.172.130 internações de pessoas com idade a partir de 60 anos, sendo que os Estados de São Paulo e Minas Gerais foram responsáveis por 51,0% e 30,5% dessas internações, respectivamente6.

Tendo em vista que a população idosa irá aumentar no decorrer dos anos e que a longevidade é uma realidade que impacta tanto o SUS como previdência social. Além de considerar que o envelhecimento pode ser vivido de forma direta, quando se assume que é um processo natural aos seres humanos. Ou de forma indireta, quando há participação no processo de envelhecimento de outrem, sejam estes familiares, conhecidos ou por meio de atuação profissional no campo da geriatria, faz-se necessário conhecer melhor a população idosa.

Assim, o objetivo desse trabalho é descrever o perfil da população idosa de Belo Horizonte, MG que utilizou os serviços de internação do SUS. Espera-se com isso contribuir para fortalecer o desenvolvimento de ações nos diferentes níveis de cuidado de saúde e poder nortear melhorias nas políticas públicas voltadas para população idosa.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo que utilizou dados secundários obtidos do Sistema de Informação Hospitalar do SUS (SIH/SUS) acessados pelo site do Departamento de Informática do

Sistema Único de Saúde (DATASUS - TABNET) no endereço eletrônico

http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sih/cnv/nrmg.def. No SIH/SUS são registrados os atendimentos referentes as internações hospitalares financiadas pelo SUS, tendo como documento-fonte a Autorização de Internação Hospitalar (AIH).

Para a presente pesquisa foram consideradas as AIH de pessoas com 60 anos de idade ou mais, residentes no município de Belo Horizonte, MG registradas no período de 2010 a 2019, sendo a coleta dos dados realizada nos meses de maio e junho de 2020.

As AIH foram analisadas conforme: faixa etária (subdividida em 60 a 69 anos, 70 a 79 anos e 80 anos ou mais), sexo, cor/raça, caráter de atendimento (eletivo, urgência, outros acidentes de trânsito e outras causas externas), média de permanência das internações (número total de dias de internação dividido pela quantidade de internações), valor médio das internações (valor total das internações dividido pela quantidade de internações), óbitos (quantidade de internações que tiveram desfecho o óbito)7.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 84658-84670, nov. 2020. ISSN 2525-8761 As variáveis diagnóstico primário (causa da internação) e a causa do óbito foram analisadas conforme capítulo da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde 10ª edição (CID-10) (DATASUS, 2008). No site do DATASUS estão listados 21 capítulos da CID-10, sendo considerados para a presente pesquisa os que representaram 9% do total de AIH. Os demais capítulos foram agrupados como Título com representatividade < 9%, devido ao grande número de patologias que envolvem as variáveis diagnóstico primário e causas de óbitos.

Para a tabulação dos dados utilizou-se a ferramenta TabNet desenvolvida pelo DATASUS. A análise e a construção de gráficos e tabelas foram realizadas pelo programa Microsoft Office Excel 2016.

A presente pesquisa foi desenvolvida utilizando exclusivamente dados secundários de acesso público, sendo o projeto dispensado de apreciação por Comitê de Ética em Pesquisa, conforme orienta a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº 466, de 12 de dezembro de 2012.

3 RESULTADOS

Entre os anos de 2010 e 2019 foram registradas em Belo Horizonte, MG 1.357.578 AIH, sendo gastos R$ 2.260.263.478,16. As AIH referentes a pessoas com 60 anos de idade ou mais corresponderam 366.025 (27,0%) do total desses registros.

Durante o período estudado (2010- 2019) as despesas com internações para a população idosa equivaleram a quantia de R$838.575.951,25, sendo gastos por internação uma média anual de R$2.291,03 (Tabela 1).

O ano de 2019 se destacou por terem sido registrados os maiores números de internações, correspondendo 45.105 AIH (Figura 1).

As mulheres foram responsáveis por 52,05% das internações hospitalares e a faixa etária entre 60 a 69 anos de idade representou 46,01% dos registros, sendo 62,14% dos atendimentos realizados em pessoas pardas (Tabela 1).

A maioria das AIH, 82,63% ocorreram em caráter de urgência. Em média as internações duraram nove dias e os óbitos corresponderam a 9,50% do total de internações (Tabela 1).

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 84658-84670, nov. 2020. ISSN 2525-8761 Tabela 1. Características das internações hospitalares em idosos residentes em Belo Horizonte, MG no período de 2010 a 2019. ‘ Gênero Total Masculino Feminino n % n % n % Número de internações 175.492 47,94 190.533 52,05 366.025 100% Faixa etária 60 a 69 anos 86.315 23,58 82.090 22,43 168.405 46,01 70 a 79 anos 58.900 16,09 61.383 16,77 120.283 32,86 80 anos ou mais 30.277 8,27 47.060 12,86 77.337 21,13 Total 175.492 47,95 190.533 52,05 366.025 100,00 Cor/raça Branca 28.271 7,72 33.507 9,15 61.778 16,88 Preta 8.372 2,29 8.395 2,29 16.767 4,58 Parda 109.648 29,96 117.815 32,19 227.463 62,14 Amarela 5.685 1,55 5.856 1,60 11.541 3,15 Indígena 40 0,01 35 0,01 75 0,02 Sem informação 23.476 6,41 24.925 6,81 48.401 13,22 Total 175.492 47,95 190.533 52,05 366.025 100,00 Caráter de atendimento Eletivo 27.084 7,40 36.441 9,96 63.525 17,36 Urgência 148.385 40,54 154.077 42,09 302.462 82,63

Outros tipos de acid.

de transito 17 0,00 14 0,00 31 0,01

Outros tipos de lesões e enven. por agentes químicos 6 0,00 1 0,00 7 0,00 Total 175.492 47,95 190.533 52,05 366.025 100,00 Óbitos 17.432 4,76 17.348 4,73 34.780 9,50 Dias de permanênciaa 1.645.871 1.627.708 3.273.579 - Média de permanênciab 9,4 8,5 8,9 -

Valor por internação

(R$)c 436.986.389,25 401.589.562 838.575.951,25 -

Valor médio por

internaçãod 2.490,06 2.107,72 2.291,03 -

a Dado disponível pelo DATASUS referente ao total de dias de internação durante o período de 2010 a 2019.

b Dado disponível pelo DATASUS referente a razão entre o número total de dias de permanência de internação de cada gênero dividido pelo número total de internações no período 2010 a 2019.

c Dado disponível pelo DATASUS referente ao valor total gasto com internações no período de 2010 a 2019.

d Dado disponível pelo DATASUS referente a razão entre o valor total gastos com internações para cada gênero e o número total de internações registradas no período de 2010 a 2019.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 84658-84670, nov. 2020. ISSN 2525-8761 Figura 1 Número absoluto de internações hospitalares em idosos de Belo Horizonte, MG no período 2010-2019.

FONTE: Elaborado pelos autores, 2020.

Em relação ao diagnóstico primário seis capítulos da CID -10 se destacaram por representaram 9% do total de AIH, sendo Doenças do aparelho circulatório a principal causa de internações entre as pessoas idosas no período de 2010 a 2019 com 22,34%, seguido por Neoplasias como a segunda causa mais prevalente com 15,33% (Tabela 2).

Quanto as causas de óbitos entre os idosos quatro títulos da CID-10 se sobressaíram, sendo o principal com 25,26% o que se refere a Algumas doenças infecciosas e parasitárias, seguido por Neoplasias com 19,54% (Tabela 3).

Tabela 2. Distribuição dos diagnósticos primários segundo capítulos da CID-10 das internações hospitalares de idosos residentes em Belo Horizonte, MG no período de 2010 a 2019.

Gênero

Títulos da CID - 10 Masc. Fem. Total

n % n % n %

09. Doenças do aparelho circulatório 38.515 10,52 43.264 11,82 81.779 22,34

02 Neoplasias (tumores) 28.892 7,89 26.501 7,24 55.393 15,13

11. Doenças do aparelho digestivo 19.844 5,42 18.345 5,01 38.189 10,43 10. Doenças do aparelho respiratório 17.280 4,72 19.924 5,44 37.204 10,16 14. Doenças do aparelho geniturinário 16.366 4,47 18.086 4,94 34.452 9,41 19. Lesões envenenamento. e algumas

outras consequência causas externas 14.767 4,03 19.542 5,34 34.309 9,37 Títulos com representatividade

< 9% 39.828 10,88 44.871 12,26 84.699 23,14

Total 175.492 47,95 190.533 52,05 366.025 100,00

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 84658-84670, nov. 2020. ISSN 2525-8761 Tabela 3. Distribuição de causas de óbitos segundo títulos da CID-10 das internações hospitalares em idosos residentes em Belo Horizonte, MG no período de 2010 a 2019.

FONTE: Elaborado pelos autores, 2020.

4 DISCUSSÃO

O envelhecimento da população é uma grande conquista da humanidade, alcançada devido a melhorias na medicina, na saúde pública, no desenvolvimento econômico e social. As ações no controle de doenças, prevenções de lesões e redução de óbitos prematuros também contribuíram para o ser humano atingir idades mais longevas. Assim a longevidade e a redução nos coeficientes de fertilidade têm levado a transição demográfica, onde há maior número de pessoas idosas em detrimento das mais jovens1.

Em decorrência ao envelhecimento da população há maior utilização dos serviços de saúde, com gastos relativamente mais caros devido as necessidades se tornarem mais específicas nos idosos8. Na população idosa as mulheres representam a maior parcela gerando um fenômeno nomeado feminização do envelhecimento9. Esse fenômeno pode ser confirmado em diversos estudos, uma vez que o público feminino foi o que mais utilizou os serviços de internações hospitalares10,11.12. Em consonância com esse movimento a presente investigação demonstra maior representatividade feminina nos registros de AIH nos anos estudados. As mulheres, diferente dos homens, tendem ao longo da vida a ser mais atentas com a própria saúde e devido a isso buscam mais os serviços de saúde para realização de tratamentos, além de participarem mais de ações de prevenção e autocuidado11.

Em relação a cor e raça, segundo o último censo demográfico, Belo Horizonte, MG conta com uma população predominantemente de cor branca seguida por pardos, pretos, amarelos e indígenas13. No entanto, os dados obtidos na capital mineira mostram que os pardos foram os que mais utilizaram os serviços de internações hospitalares do SUS no período entre anos de 2010 e 2019. Dissonante ao exposto, pesquisa realizada em um hospital público de Petrópolis, RJ mostrou que pessoas brancas

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 84658-84670, nov. 2020. ISSN 2525-8761 eram maioria entre os internados14. Já em estudo de base nacional as internações hospitalares prevaleceram entre negros e pardos15.

Quanto a idade, o grupo de pessoas com 60 a 69 anos representaram a maioria das AIH registradas em Belo Horizonte, MG. Todavia, convém ressaltar que esse dado se refere ao percentual de internações registradas por faixa etária não tendo sido realizado cálculo com base populacional. Corroborando com o resultado apresentado, no Estado do Paraná o maior percentual de internações entre idosos ocorreu entre as pessoas com 60 a 69 anos16.

Em análise geral das AIH registradas em Belo Horizonte, MG no período estudado (2010- 2019), considerando todas as faixas etárias os registros que correspondiam à indivíduos idosos equivaleram a 27,0%. Esse resultado assemelha-se ao encontrado em pesquisa nacional que comparou pessoas economicamente ativas e idosos em que o percentual de internações hospitalares em pessoas com 60 anos ou mais foi de 27,85%. Na pesquisa mencionada, apesar da população econômica ativa (20-50 anos) utilizar mais os serviços de saúde os gastos com as internações entre os idosos se mostraram mais onerosos11.

Vale destacar que na investigação realizada na capital mineira também houve crescimento gradativo no número de AIH ao longo dos anos analisados, sendo o último ano com o maior número de registros. Em estudo realizado com idosos brasileiros, entre os anos de 2005 e 2015, foi identificada progressão no número de internações hospitalares, sendo que no primeiro ano o percentual de hospitalizações entre pessoas com 60 anos ou mais foi de 19,4% e no último ano foi de 24,5%17. O crescimento linear no número de internações entre os idosos analisadas pode ser entendido como fator preocupante para aumento de gastos hospitalares na saúde pública da Belo Horizonte, MG. Uma vez que projeção realizada para o Estado do Sergipe apontou que até o ano 2025 o crescimento no número de internações entre as pessoas acima de 60 anos contribuirá para o aumento dos gastos com esses atendimentos18. Todavia, o gradativo aumento dos registros de AIH entre idosos residentes em Belo Horizonte, MG ao longo dos anos pode ser entendido como uma melhoria ao acesso aos serviços de saúde mais complexos. Porém, também traz à luz a necessidade de maiores investimentos em ações voltadas a promoção e prevenção em saúde, visto que a complexificação dos atendimentos hospitalares os tornam mais caros5.

No que se refere à média de gastos com internações hospitalares, estudos realizados nas capitais Porto Alegre, RS e Aracaju, SE mostraram que os gastos com saúde são mais elevados, pois estas cidades contam com rede de assistência hospitalar de média e alta complexidade18,19. Isso pode predispor para maior utilização desses tipos de serviços, visto que há maior disponibilidade de serviços

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 84658-84670, nov. 2020. ISSN 2525-8761 e tecnologias em saúde19. Belo Horizonte, MG, como grande metrópole que é, conta uma diversa rede de assistência em saúde com instituições hospitalares mantidas pelas esferas municipais, estaduais e federais, sendo referência para diversos tratamentos o que pode contribuir para maior utilização dos recursos hospitalares mais complexos ocasionado maiores gastos. Além disso, é importante destacar que a capital mineira se localiza na Região Sudeste do país, tendo esta apresentado gastos médios e tempo médio de permanência das internações hospitalares de idosos como os maiores quando comparados as outras Regiões brasileiras11.

Outro ponto que merece destaque sobre as AIH da capital mineira é que foram registradas em sua maioria como admissões de urgência em detrimento às eletivas. Cordeiro & Martins6 ao analisarem a mortalidade hospitalar de idosos na Região Sudeste também identificaram que a maioria das admissões ocorreram como urgências. O grande volume de atendimentos de urgência na população idosa leva a gastos mais elevados, maior exposição a iatrogenias e aumento das hospitalizações20.

As doenças do aparelho circulatório e as neoplasias são apontadas como as principais causas de internações hospitalares entre os idosos em diversos estudos, fenômeno também identificado na presente pesquisa14,16,18,19,20.

A prevalência das doenças do aparelho circulatório como causa de internação da população idosa nos conduz a refletir sobre a atuação e eficácia dos programas de saúde pública, uma vez que estes têm dentre suas metas o controle da hipertensão arterial, do diabetes mellitus, da dislipidemia e das síndromes metabólicas que se caracterizam como fatores de riscos cardiovasculares20.

Na Região Sudeste, das internações hospitalares em idosos registradas, 13% evoluíram para óbito6. Enquanto que na presente pesquisa 9,5% das AIH analisada tiveram como desfecho a morte.

No que se refere às causas de óbitos referentes às AIH registradas em Belo Horizonte, MG a principal foi a pertencente ao título da CID-10, Algumas doenças infecciosas e parasitárias. Esse dado chama atenção, visto que esse título não se destacou entre as principais causas de internações entre idosos. Diferente ao identificado, no Estado do Paraná as doenças infecciosas e parasitárias estavam entre as cinco principais causas de internação entre os idosos do citado Estado16. Os autores desse estudo destacaram que, apesar dos programas e campanhas governamentais terem evoluído em relação ao controle de doenças crônicas não transmissíveis o mesmo não ocorreu para as doenças infecciosas e parasitárias, sendo que a ocorrência dessas estão relacionadas a falta de saneamento básico, realidade vivenciada em diversos municípios brasileiros16. No entanto, Belo Horizonte, MG difere dessa realidade, já que apresenta 96,2% de domicílios com esgotamento sanitário adequado13. Apesar de não ser o foco da presente pesquisa discorrer sobre os diagnósticos pontuais listados como causas de

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 84658-84670, nov. 2020. ISSN 2525-8761 internações ou óbitos entre os idosos de Belo Horizonte, MG, segundo dados obtidos pelo DATASUS o diagnóstico Sepse, pertencente ao título Algumas doenças infecciosas e parasitárias, foi identificado como a principal causa de morte entre os idosos da capital mineira entre os anos de 2010 a 201921. Em estudo brasileiro realizado com diversos hospitais públicos e privados, mostrou que entre 2010 e 2016 houve aumento no número de casos de Sepse, porém a mortalidade em consequência desse diagnóstico, diminuiu, tendo a maioria dos óbitos ocorrido em instituições públicas22. Isso leva a reflexão sobre a necessidade de preparar melhor os profissionais de saúde que atuam nas instituições de saúde financiadas pelo SUS a atuar diante de casos de sepse, uma vez que esta é uma doença grave que requer resposta rápida para ter um desfecho favorável. Em relação as neoplasias estas se enquadraram como a segunda causa de internação e óbito entre os idosos nos registros analisados. Em pesquisa realizada entre os anos de 1996 a 2013 as neoplasias estiveram entre a segunda causa de morte entre os idosos brasileiros23. Segundo Conte et. al23, há necessidade de maior atenção em relação ao diagnóstico pertencente ao grupo dessas patologias, uma vez que as neoplasias são mais incidentes entre os idosos mais jovens.

Por se tratar de uma pesquisa que tem como fonte dados secundários provenientes do SIH/SUS devem ser considerar algumas limitações como os dados serem referentes somente as internações hospitalares financiadas pelo SUS, as verbas serem distribuídas considerando a lógica financeira e não a epidemiológica e a qualidade do preenchimento das AIH. No entanto, vale destacar que a utilização dos dados do SIH/SUS também apresenta vantagens como representatividade da real situação das morbidades no Brasil, além de oferecer cobertura sobre um grande volume de informações em saúde16. Outro fator que se configura como limitação no presente estudo é o fato deste não trabalhar com testes estatísticos que dariam mais robustez aos achados, porém as informações apresentadas podem contribuir para melhorar as ações de saúde voltadas para a população idosa de Belo Horizonte, MG.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa trouxe a luz o perfil dos atendimentos hospitalares entre os idosos de Belo Horizonte, MG mostrando que as pessoas pardas e as mulheres são as que mais utilizam os serviços de internação hospitalar. Essa representatividade feminina confirma uma tendência mundial em há a feminização do envelhecimento.

A maior ocorrência dos atendimentos entre os idosos mais jovens reflete a necessidade de melhorias dos programas e ações de saúde que atendam pessoas de faixa etária economicamente ativas, uma vez que hábitos saudáveis corroboram para uma saúde melhor.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 84658-84670, nov. 2020. ISSN 2525-8761 No que se refere a principal causa de internações entre os idosos da capital mineira, as doenças do aparelho circulatório englobam patologias que muitas vezes tem causas preveníveis e que por vezes ocorrem em decorrência de maus hábitos e estilos de vida sedentários.

Outro fator que chama a atenção é a maior causa de óbitos na população idosa de Belo Horizonte, MG pertencer ao grupo de doenças infecciosas e parasitárias, mostrando a necessidade de se preparar melhor as instituições de saúde, sejam estas hospitalares ou não, para atender de forma mais eficiente os idosos.

Espera-se que o presente estudo possa contribuir para subsidiar melhorias nas políticas voltadas para os idosos promovendo mudanças positivas para que processo de envelhecimento possa vivido de forma digna.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 84658-84670, nov. 2020. ISSN 2525-8761 REFERÊNCIAS

1. United Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division (2020).

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Tabela 1. Características das internações hospitalares em idosos residentes em Belo Horizonte, MG no período de 2010 a  2019
Figura 1 Número absoluto de internações hospitalares em idosos de Belo Horizonte, MG no período 2010-2019
Tabela 3. Distribuição de causas de óbitos segundo títulos da CID-10 das internações hospitalares em idosos residentes em  Belo Horizonte, MG no período de 2010 a 2019

Referências

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