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Cavalo do Sorraia, uma raça ameaçada:medidas de conservação e gestão genética

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Cavalo do Sorraia, uma raça ameaçada:

Márcia Filipa Marujo Pinheiro

MESTRADO EM BIOLOGIA DA CONSERVAÇÂO

2008

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Orientador: Professora Doutora Maria do Mar Oom

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Cavalo do Sorraia, uma raça ameaçada:

Márcia Filipa Marujo Pinheiro

MESTRADO EM BIOLOGIA DA CONSERVAÇÂO

2008

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“There is something about the outside of a horse that is good

for the inside of a man.”

Winston Churchill

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Nota Prévia

Ao longo do intervalo de tempo em que decorreu este Mestrado, diversas foram as tarefas desenvolvidas no âmbito da estratégia de conservação implementada na raça Sorraia pela mão da sua respectiva associação de criadores. Dada a diferente natureza de cada um destes trabalhos, encontra-se a presente dissertação dividida em três partes fundamentais, totalmente independentes entre si e abarcando diferentes vertentes no domínio da conservação de populações ameaçadas. Os objectivos a cumprir em cada uma destas tarefas encontram-se definidos no início de cada capítulo e os resultados apresentados de seguida, acompanhados pela respectiva discussão e conclusões. Por fim os vários resultados alcançados ao longo deste tempo são enunciados e confrontados nas “Considerações finais”, discutindo-se a sua importância relativa na preservação desta raça de tão grande valor.

Não existindo quaisquer linhas orientadoras no que se refere ao modelo de apresentação das diferentes referências bibliográficas consultadas, foi adoptada nesta dissertação a estrutura que se encontra descrita na revista indexada Journal of Animal Breeding and

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Conteúdos

Agradecimentos xi

Resumo xiii

Abstract xiv

Capítulo I. Introdução 1

1. O cavalo doméstico e o declínio da biodiversidade ...2

2. O Cavalo do Sorraia: uma raça ameaçada ...6

3. Objectivos ...13

Capítulo II. Adaptação e optimização do programa Gescab 2000 Losina para a gestão do Studbook da raça Sorraia 14 1. O Studbook como instrumento fundamental na gestão de uma raça ...15

2. Materiais e Métodos ...18

2.1. Introdução dos dados populacionais ...18

2.2. Avaliação das competências do programa ...21

2.2.1. Menus de registo ...21

2.2.2. Cálculos ...22

2.3. Pedido de alterações ...24

2.4. Introdução de dados complementares ...26

2.5. Controlo de filiação ...26

3. Resultados e Discussão ...27

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Capítulo III. Caracterização da variabilidade genética e estrutura demográfica da raça Sorraia através da análise da informação genealógica 38

1. A análise da genealogia como ferramenta de grande utilidade para a eficaz gestão de

uma raça ...39 2. Materiais e Métodos ...42 2.1. Preparação do ficheiro ...42 2.2. Parâmetros demográficos ...43 2.3. Parâmetros genéticos ...45 3. Resultados e Discussão ...48 3.1. Análises demográficas ...48 3.2. Análises genéticas ...57 4. Conclusão ...74

Capítulo IV. Acções de promoção, divulgação e avaliação da raça Sorraia 77 1. Importância da divulgação no âmbito da conservação de uma raça ameaçada ...78

2. Materiais e Métodos ...80

2.1. Reformulação da página web da AICS ...80

2.2. Feiras e eventos ...82 3. Resultados e Discussão ...83 4. Conclusão ...92 Considerações finais 94 Referências bibliográficas 97 Anexos 111 Anexo 1. Padrão da raça Sorraia ...112

Anexo 2. Certificado de Filiação ...115

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Agradecimentos

Já dizia Aristóteles na sua obra Metaphysica, publicada há mais de 2000 anos, que “o todo é maior que a soma das partes”. Tal como acontece em tantas outras situações do nosso quotidiano, também ao longo do presente Mestrado esta máxima poderia ser aplicada na perfeição, tendo sido fundamental o contributo de um vasto conjunto de pessoas a quem me cabe, desde já, agradecer:

À Professora Doutora Maria do Mar Oom, por me ter permitido realizar este trabalho e por todo o seu apoio e incentivo ao longo deste tempo, sobretudo naqueles momentos em que tudo parece mais difícil. Obrigada pela confiança!

Ao Dr. Ignacio Melgarejo, pela sua simpatia e pela paciência demonstrada em todas as reuniões.

Ao Dr. Félix Goyache, por todo o seu interesse e prontidão de resposta a todas as dúvidas solicitadas.

À Ana Isabel e à Sandra pela amizade de longa data que perdura mesmo apesar das distâncias e dos longos períodos que passamos sem nos vermos!

Ao gang da Biologia Humana e Ambiente, Mónica, Margarida, Patrícia, Inês, Fernanda, Cristina e Ana pelos momentos inesquecíveis que fomos vivendo (e vamos continuar a viver) em cada jantar, saída ou viagem!!! Obrigada por incluírem uma intrusa no núcleo!

À Teresa, pela incansável prontidão em ajudar, pela companhia nos dias intensivos de trabalho na biblioteca, pelas conversas via Messenger, por se ter tornado uma verdadeira amiga!

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Ao Tobias, a avezinha mais mimada de todas, simplesmente por existires e por me teres feito descobrir quão forte pode ser a amizade entre seres de espécies diferentes! Obrigada pela companhia nas noitadas de trabalho!

Ao Diogo. Para ti, um obrigado muito especial, por seres o meu pequenino, o meu melhor amigo, o meu “apoiador de serviço”. Obrigada pela ajuda em todas as revisões sem nunca teres reclamado… APADOPOROPO-TEPE!!!

A toda a minha família, em particular aos meus pais, por serem os meus grandes pilares e por estarem SEMPRE, SEMPRE, SEMPRE lá…

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Resumo

O Cavalo do Sorraia constitui, para além do Lusitano e do Garrano, uma das poucas raças equinas autóctones presentes a nível nacional, sendo considerado um cavalo primitivo e o mais provável ancestral das actuais raças de cavalo de sela da Península Ibérica. Com um efectivo a rondar os 200 indivíduos, integra a lista das raças raras (particularmente ameaçadas) definidas no mais recente PDR nacional e é classificada como “critical-maintained” de acordo com os critérios estabelecidos pela FAO. Inserido no programa de conservação in situ actualmente em curso sob o escrutínio da associação de criadores, pretendeu-se com este Mestrado contribuir para o aumento da eficácia das medidas de conservação e gestão genética que se revelam essenciais para a preservação desta raça equina tão peculiar. Com a realização deste trabalho, todos os dados populacionais ficaram disponíveis num software especialmente desenvolvido para a gestão do Studbook de raças autóctones ameaçadas, o qual foi adaptado e optimizado para o tornar um importante instrumento na gestão do Cavalo do Sorraia. Por outro lado, no contexto da monitorização periódica dos índices de variabilidade, importante no delineamento de planos de conservação cada vez mais adequados, foram obtidos diversos parâmetros genéticos e demográficos populacionais (alguns nunca antes calculados) a partir dos dados genealógicos disponíveis recorrendo ao programa ENDOG v.4.0, os quais vieram a revelar os baixos valores de diversidade que caracterizam a raça e que estão de acordo com os resultados que têm sido descritos ao longo dos últimos anos. O presente trabalho passou ainda pela colaboração em diversas acções de avaliação, promoção e divulgação da raça Sorraia (sobretudo através da reformulação e enriquecimento do website a ela dedicado) na tentativa de aumentar o número de interessados ao seu redor, fundamental para a sua sustentabilidade futura.

Palavras-chave: conservação de raças ameaçadas, Cavalo do Sorraia, informação genealógica, variabilidade genética, gestão genética.

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Abstract

Sorraia is, along with Lusitano and Garrano, one of the few native horse breeds in Portugal and is considered a primitive horse and the most probable ancestor of the modern southern Iberian saddle horse breeds. With roughly 200 living animals (less than 100 reproductive females) it’s considered by FAO as a critical-maintained breed and, therefore, an efficient conservation plan is essential to guarantee its future sustainability. The aim of this work was to contribute for the improvement of management measures essential to the breed’s survival, practices that have been applied by the breeders association over the last few years according to the in situ conservation program already in practice. In this way, all the available population data was gathered on a computer program designed for the management of threatened autochthonous breeds, software that was also optimized to the Sorraia Horse in order to get a useful tool for its own population management. The regular assessment of the within population genetic variability, important for the establishment of an efficient conservation strategy, was also carried out in the present work through the analysis of the pedigree information registered on the Sorraia Horse Studbook. All the genetic and demographic parameters computed using ENDOG v.4.0 (some of them for the first time) revealed low levels of diversity characterizing this breed, being consistent with results obtained from several previous studies. Finally, as an attempt to increase the interest around this horse, some additional tasks were performed during this project, particularly the enrichment of the breeders association’s webpage which represents a powerful tool to divulgate such valorous breed.

Keywords: endangered breed conservation, Sorraia Horse, genealogic information, genetic variability, genetic management.

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Capítulo I

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1. O cavalo doméstico e o declínio da biodiversidade

A biodiversidade constitui um termo chave no âmbito da Conservação e é definida como “a variabilidade entre os organismos vivos de todas as origens incluindo, entre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem parte; compreende a diversidade dentro de cada espécie, entre espécies e nos ecossistemas”. Resultado da acção conjunta dos processos naturais e da intervenção humana ao longo de 3,5 mil milhões de anos de evolução, a Biodiversidade actual forma a rede de vida da qual somos parte integrante e sobre a qual assentamos a nossa sociedade e economia de forma local, nacional ou global (United Nations Treaty Series 1993; Secretariat of the Convention on Biological Diversity 2000, 2005).

O número total de espécies existentes no planeta é desconhecido. Podendo variar entre 10 a 100 milhões, as estimativas actuais apontam para um valor na ordem dos 15 milhões, dos quais apenas uma pequena fracção é conhecida (1,7-1,8 milhões) (http://www.iucn.org/en/news/archive/2007/09/12_pr_redlist.htm1). Apesar da extinção constituir um componente natural do processo evolutivo, nas últimas décadas e principalmente devido à acção humana, as espécies têm vindo a desaparecer a um ritmo alarmante, 100 a 1000 vezes superior à taxa natural deduzida a partir dos registos fósseis (Frankham et al. 2004). Para além das que actualmente se encontram extintas, o número de espécies ameaçadas tem vindo a crescer forma de exponencial ao longo dos anos. A mais recente Lista Vermelha, editada pela IUCN em Setembro de 2007 (http://www.icn.org/en/news/archive/2007/09/12_pr_redlist.htm1) considera em risco 39% das 41 415 espécies avaliadas (representantes de diversos grupos taxonómicos), estando a sua subsistência futura em grande parte dependente da intervenção humana (Figura 1). Dada a magnitude dos factos, este é já considerado o período da sexta grande extinção da vida na Terra (Frankham et al. 2004; IUCN 2004) tendo determinado o aparecimento de uma nova área científica direccionada para a preservação da Biodiversidade em todos os seus domínios – a Biologia da Conservação.

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O aumento da preocupação da comunidade internacional face a este cenário levou à formação de um pacto entre os principais líderes mundiais durante a Conferência da Terra decorrida em 1992 no Rio de Janeiro, o qual tem sido ratificado por um crescente número de governos. A então designada Convenção sobre a Diversidade Biológica tem como divisas a conservação da Biodiversidade e o uso sustentável dos seus componentes, promovendo a partilha justa e equitativa dos benefícios resultantes da utilização dos recursos genéticos (United Nations Treaty Series 1993; Secretariat of the Convention on Biological Diversity 2000, 2005)

.

Figura 1. Evolução do número de espécies ameaçadas nos principais grupos de organismos desde 1996

até 2007 (retirado de http://www.iucn.org/en/news/archive/2007/09/12_pr_redlist.htm1)

O cavalo desempenhou desde sempre um papel de destaque na vida do Homem. Actuando numa primeira fase como fonte de alimento e de matéria-prima para vestuário ou abrigo, a sua domesticação constitui um marco na história da Humanidade já que nenhum outro animal contribuiu de forma tão peremptória na aceleração de processos sociais e desenvolvimentos políticos (Bowling & Ruvinsky 2000; Vilà et al. 2001; Edwards 2006; Oom 2006). Actualmente, acompanhando a tendência observada na generalidade dos outros taxa, a erosão da variabilidade genética nos cavalos é significativa e o facto de se dividirem em raças, espécies selvagens e nichos de produção torna mais difícil o estabelecimento de uma eficaz estratégia conservacionista, indispensável para a sua continuidade futura (Sponenberg 2000). A origem e evolução do cavalo doméstico – Equus caballus – é ainda hoje uma questão que suscita inúmeras dúvidas e sobre a qual recai um considerável número de estudos. Os indícios existentes

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elegem o Tarpan (Equus ferus) como o seu mais provável ancestral selvagem e apontam para que o processo de domesticação tenha sido iniciado há cerca de 6000 anos a partir de animais que se dispersavam pelas agrestes regiões de estepes da Eurásia, com a Península Ibérica a puder constituir um segundo centro de domesticação (Bowling & Ruvinsky 2000; FAO/UNEP 2000; Sponenberg 2000; Vilà et al. 2001; Aberle & Distl 2004; Edwards 2006; Seco-Morais 2007). Utilizado ao longo dos séculos como um meio de carga e transporte por excelência, o cavalo desempenha hoje em dia um papel essencialmente recreativo, de lazer e desporto, mas de igual forma importante na sociedade (Bowling & Ruvinsky 2000; Aberle & Distl 2004; Edwards 2006; Oom 2006).

Só muito recentemente foi reconhecida a importância dos animais domésticos como componentes chave da Biodiversidade e, desde então, vários esforços têm sido envidados no sentido da sua preservação (Sponenberg 2000). A evolução das espécies domesticadas ao longo dos milénios determinou a sua diferenciação em variadas raças que, em conjunto com as espécies que representam, bem como as respectivas espécies selvagens, constituem os designados Recursos Genéticos Animais (RGAn) importantes na alimentação e agricultura (FAO/UNEP 2000). Com o estabelecimento da Convenção sobre a Diversidade Biológica, a diversidade doméstica animal (o espectro de diferenças genéticas existentes dentro e entre todas as raças e espécies utilizadas na agricultura) foi formalmente reconhecida como um genuíno e importante componente da biodiversidade global e o conhecimento de que uma enorme percentagem dos Recursos Genéticos Animais registados estão actualmente em risco de perder-se realça a importância das medidas que assegurem a sua preservação (FAO/UNEP 2000; FAO 2007)

Figura 2. Proporção de raças registadas na base de dados da FAO por categoria de risco: (A) totalidade

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No caso do cavalo este facto é particularmente evidente uma vez que, nos últimos anos, as espécies selvagens se tornaram praticamente extintas na natureza – apenas tendo sobrevivido, em cativeiro, o cavalo de Przewalski (Equus ferus przewalskii), recentemente introduzido na Mongólia – pelo que a maior parte da variabilidade se encontra contida na forma doméstica (Sponenberg 2000). O cavalo doméstico, Equus

caballus, representa, desta forma, uma espécie de inquestionável relevância. Os cerca de

59 milhões de indivíduos que actualmente constituem a população global (http://faostat.fao.org/site/573/DesktopDefault.aspx?PageID=5732) encontram-se agrupados em diversas raças, tipos e variedades, cujo conhecimento é essencial para

uma eficaz conservação da espécie. Na base de dados da FAO encontram-se registadas cerca de 800 raças, grande parte das quais consideradas ameaçadas face aos reduzidos efectivos que apresentam (FAO/UNEP 2000; FAO 2007).

Figura 3. Distribuição por categoria de risco das raças de mamíferos registadas na base de dados da FAO

(agrupadas por espécie), em termos absolutos (tabela) e em proporção (gráfico) – dados relativos a Janeiro de 2006 (retirado de FAO 2007).

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2. O Cavalo do Sorraia: uma raça ameaçada

Dada a sua localização e características particulares, Portugal é detentor de um património natural extremamente rico, com vários endemismos e espécies relíquia do ponto de vista biogeográfico e/ou genético (ICN 1998). Engloba, também, uma grande diversidade de Recursos Genéticos Animais o que lhe confere particulares responsabilidades na gestão dos mesmos. Neste sentido, e em consonância com o estabelecido na Estratégia Global da FAO, foi constituída em Portugal uma Estratégia Nacional cujo objectivo fundamental é a manutenção da biodiversidade dos recursos genéticos animais, promovendo a sua conservação e utilização sustentável (FAO/UNEP 2000; Carolino et al. 2004; Gama et al. 2004). No que toca às espécies pecuárias, são mais de 35 as raças autóctones reconhecidas a nível nacional, a maior parte das quais em risco devido ao reduzido efectivo (ICN 1998; Gama et al. 2004; MADRP 2007).

O Cavalo do Sorraia constitui, para além do Garrano e do Puro-Sangue-Lusitano, uma das raças equinas inseridas neste grupo (MADRP 2007). Embora todas se encontrem de alguma forma ameaçadas, a Sorraia é a que suscita maior apreensão, constituída por um pequeno número de indivíduos e exibindo índices de diversidade extremamente baixos. O seu reduzido efectivo (pouco mais de 200 animais, dos quais menos de 100 são éguas de ventre) faz com esteja considerada pela FAO como em estado “crítico” quanto ao risco de extinção embora mantida através de um programa de conservação

(critical-maintained), constituindo a única raça equina classificada como rara (particularmente ameaçada) na acção 2.2.2 do recentemente editado Programa de Desenvolvimento

Rural que, destinada à protecção da biodiversidade doméstica, tem como objectivo fundamental o apoio à manutenção de raças autóctones nacionais (FAO/UNEP 2000; MADRP 2007).

Apesar do seu pequeno porte – altura média ao garrote de 1,48m para os machos e de 1,44m para as fêmeas – é considerado um verdadeiro cavalo, caracterizado por uma conformação do tipo eumétrica e mediolínea e perfil subconvexilíneo (Andrade 1945; Oom 1992; Oom et al. 2004; Oom 2006). Os caracteres particulares que apresenta, em associação aos dados históricos e arqueológicos existentes, fazem com que este seja considerado um cavalo primitivo e o descendente mais directo do ancestral selvagem da região quente meridional da Península Ibérica que terá estado na origem das actuais

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raças desta região (Puro-Sangue-Lusitano e Pura-Raza-Española) e, possivelmente, de todas as raças de cavalos do Novo Mundo (Andrade 1926, 1937, 1945; Oom 1992; Oom & Cothran 1994; Oom 2006). De facto, de pelagem baia ou rato e sempre com lista de mulo (por vezes também axial), apresentam extremidades mais escuras e zebruras nos membros, por vezes visíveis noutras áreas do corpo (Figura 4), características estas que, encontrando-se representadas em diversas pinturas da era paleolítica, são consideradas de origem remota (Andrade 1926, 1937, 1945, Oom 1992; Oom et al. 2004; Oom 2006). A corroborar o carácter primitivo desta raça está a sua rusticidade e invulgar capacidade de sobreviver em condições extremas, assim como os resultados obtidos ao nível molecular. Utilizados como cavalos de sela e para trabalhos agrícolas variados, subsistiram durante largos anos relegados ao total abandono pelos seus criadores, suportando a escassez de alimento e vivendo dia e noite ao ar livre, expostos a todo o tipo de intempéries (Andrade 1945; Oom 2006; Luís et al. 2006a; Luís et al. 2007a; Seco-Morais 2007).

C B

A

Figura 4. A – Tipos de pelagem que caracterizam a raça Sorraia: rato (à esquerda), baio (no centro), rato

escuro (à direita). B – Extremidades escuras e zebradas. C – Lista de mulo

O processo de recuperação desta raça teve início em 1920 quando o hipólogo e historiador Ruy d’Andrade descobriu, por ocasião de uma caçada na zona de Coruche, no vale do Rio Sorraia, um grupo de cerca de 30 animais de aspecto selvagem e aparência muito particular que imediatamente despertaram a sua atenção (Andrade 1926, 1937, 1945). Profundo conhecedor da história e da arqueologia da Península Ibérica e dos seus cavalos, admitia a divisão da população equina desta região em dois grupos bem distintos, de formação e desenvolvimento local. O primeiro, típico de zonas montanhosas com clima frio e húmido, é constituído por cavalos de baixa estatura, extremidades curtas, pelagem grossa e perfil côncavo ou rectilíneo. Nele se inclui actualmente o Garrano que, livre da influência de outros tipos de cavalos e de tal forma adaptado ao meio natural, subsistiu sem alterações significativas até aos dias de hoje.

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Em oposição, o grupo característico do sul da Península, mais quente, seca e plana, inclui animais de maiores dimensões, pêlo fino, extremidades compridas e cabeça de perfil subconvexo, considerados por estes motivos “verdadeiros cavalos”. Domesticados desde tempos remotos, terão sido alvo de contínua intervenção humana e de cruzamentos com cavalos de origem distinta no intuito de potenciar as suas qualidades, sobretudo como cavalos de sela, tão determinantes em tempos de guerra (Andrade 1926, 1937, 1945; Oom 1992; Oom 2006). Como criador de cavalos pura raça andaluza, Ruy d’Andrade havia já notado que muitos destes poldros apresentavam uma pelagem de coloração amarelo-palha zebrada que, em muitos casos, era perdida em fases posteriores do desenvolvimento. Tendo observado semelhantes características em diversas reproduções antigas do sul da Península, a sua presença no grupo de animais acidentalmente descoberto e, mais tarde, em muitos outros que encontrou em zonas do Alto Alentejo e dos vales do Tejo e do Guadalquivir, levou-o a considerar a hipótese de se encontrar na presença de uma reminiscência do ancestral selvagem do cavalo ibérico da região quente meridional, a partir do qual se teriam formado as actuais raças desta região (Andrade 1926, 1937, 1945).

Anos mais tarde, no intuito de averiguar a autenticidade desta teoria, Ruy d’Andrade procura adquirir alguns exemplares detentores das referidas características de forma a tentar reconstituir o que considerava ser um tipo de cavalo primitivo peninsular. Não tendo sido possível adquirir a manada inicial, como era sua intenção, um núcleo fundador constituído por 7 fêmeas e 3 machos procedentes de vários criadores da região foi instalado, a partir de 1937, na Herdade da Agolada de Baixo (Coruche) ao qual se juntou, em 1948, um reprodutor de origem argentina (Figura 5). Porque uma das éguas adquiridas (Azambuja) se encontrava já prenhe, um 12º fundador teve de ser considerado que, por nunca ter sido identificado, surge como “Desconhecido” (Andrade 1937, 1945; Oom 1992; Oom et al. 2004; Oom 2006). Sendo seu objectivo fazer ressurgir os caracteres considerados primitivos, os animais foram propositadamente mantidos por Ruy d’Andrade num regime exclusivamente manadio, de autêntica vida selvagem, num ambiente análogo ao que sempre se criaram e que permitiu a preservação do seu tipo originário. Estas seriam, portanto, as condições ideais para a sua conservação e reconstituição (Andrade 1945; Oom 2006).

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Nome Sexo Pelagem Local de Origem

Cigana F Baia Couço

Gaivota F Rato Coruche Pomba (Pintassilga) F Rato Coruche

Garrana (Tolosa) F Baia Tolosa

Azambuja F Rato Azambuja Freire F Rato Salvaterra de Magos

Anselma F Baia Coruche Cunhal M Rato Coruche Raposo M Rato Coruche

Baio M Baia Montemor-o-Novo Tata Dios Cardal M Baia Argentina

“Desconhecido” M --- ---

Figura 5. Descrição dos animais fundadores da raça Sorraia adquiridos por Ruy d’Andrade a partir de

1937.

Após várias décadas de permanência no local original, o conturbado período político que assolava o país em 1975 provocou o transvio da população que, posteriormente recuperada na zona do Alto Alentejo, foi entregue aos cuidados da Coudelaria Nacional. Pouco tempo depois, o efectivo foi restituído à família Andrade, agora na Herdade de Font’Alva (Elvas), a qual ofereceu, em gesto de agradecimento, 4 poldros (2 machos e 2 fêmeas) à referida coudelaria. Estava assim formada a primeira subpopulação da raça que se mantém sob a tutela do Estado até aos dias de hoje. Desde então e particularmente nos anos mais recentes, fruto do crescente interesse manifestado ao redor desta raça, o número de núcleos foi-se diversificando, não só em Portugal como em vários outros países. Apesar do efectivo actual se distribuir maioritariamente em coudelarias a nível nacional, um significativo e crescente número de animais pode ser encontrado na Alemanha (Figura 6). A presença do Sorraia neste país teve início no ano de 1976, altura em que 3 fêmeas (uma delas prenhe) e 2 machos foram adquiridos pelo criador alemão Michael Schäfer e instalados na sua coudelaria perto de Munique. Atingindo um total de 42 animais em 1996, esta foi, sem dúvida, uma das coudelarias de maior relevo na história da raça, tendo servido de base para a formação de muitos outros núcleos alemães. Em Portugal, o grupo mais representativo encontra-se localizado na Herdade de Font’Alva, a qual integra a maior parte dos animais que constituem o efectivo actual. (Oom 1992; Oom et al. 2004; Oom 2006; http://www.aicsorraia.fc.ul.pt/Font%27Alva_modelo.htm#3).

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Figura 6. Distribuição das principais subpopulações do Cavalo do Sorraia em Portugal e na Alemanha

(retirado de Oom 2006)

Consideradas as unidades básicas dos recursos genéticos nas espécies domesticadas, as raças são caracterizadas por um fenótipo característico, determinado por um genótipo particular, que se transmite de forma consistente de geração em geração. Assim, no âmbito de uma eficaz preservação das espécies, é fundamental a descrição e caracterização destas populações no sentido de se definirem aquelas que, dado o seu carácter ímpar, constituem alvos prioritários das estratégias conservacionistas (FAO/UNEP 2000; Sponenberg 2000; FAO 2007).

Ao longo dos últimos anos, o Cavalo do Sorraia tem sido alvo de um considerável número de estudos, não só no plano molecular como em termos morfológicos, genealógicos ou até mesmo comportamentais (Oom 1991; Oom et al. 1991; Oom 1992; Oom & Cothran 1994; Matos 1996; Luís & Oom 2000; Oom & Luís 2000; Oom & Luís 2001a,b; Jansen et al. 2002; Luís, et al. 2002a,b; Aberle & Distl 2004; Oom 2004; Cavaco-Silva et al. 2005; Kjöllerström 2005; Lopes et al. 2005; Luís et al. 2005; Royo

et al. 2005; Heitor 2006a,b; Luís 2006; Luís et al. 2006a,b; Luís et al. 2007a,b;

Seco-Morais 2007). No que concerne às análises moleculares, vários tipos de marcadores genéticos têm sido investigados, quer ao nível do DNA nuclear (microssatélites, grupos sanguíneos e polimorfismos bioquímicos) como ao nível do DNA mitocondrial (mtDNA), amplamente utilizado nos dias que correm em estudos de filogenia e de

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diversidade (FAO 2007). Todos estes trabalhos têm vindo a revelar os baixos níveis de variabilidade genética e os valores de consanguinidade e parentesco extremamente elevados que caracterizam este cavalo quando comparados com outras raças domésticas. Os resultados obtidos devem-se essencialmente ao reduzido efectivo da população e ao facto ter sido originada a partir de um pequeno número de fundadores, sem novas introduções e com uma desequilibrada utilização dos garanhões desde então, em parte consequência do regime de exploração extensiva em que sempre foram sendo criados (Oom 2006). A representação dos fundadores na população actual mostra-se muito desigual, tendo-se perdido irreversivelmente a contribuição de 2 deles (Kjöllerström 2005) e, das 7 linhas maternas iniciais, apenas 2 (Azambuja e Cigana) se mantiveram ao longo dos vários anos de reprodução, tendo sido determinadas ao nível do mtDNA e confirmadas a partir dos dados genealógicos (Jansen et al. 2002; Luís, et al. 2002a; Lopes et al. 2005). Diferenças significativas ao nível da estrutura genética foram encontradas para as 2 subpopulações da raça, portuguesa e alemã, através da análise de um conjunto de 22 microssatélites (Luís et al. 2007b). Apesar do menor número de alelos encontrado para a grande maioria dos loci na população da Alemanha, resultado do efeito fundador que naturalmente ocorreu aquando do seu estabelecimento, os níveis de heterozigotia determinados neste grupo revelaram-se superiores, não tendo ocorrido perdas de alelos fundadores em qualquer um dos loci testados. Na origem destas variações deverá estar o tipo de estratégia reprodutiva adoptada pelos criadores dos dois países: enquanto que nas coudelarias nacionais apenas um garanhão é geralmente lançado em cada época de monta, por vezes o mesmo durante anos consecutivos, na Alemanha é dada primazia à regular rotatividade dos garanhões, sendo frequente a utilização de diversos animais em cada ano de reprodução (Oom 2006; Luís et al. 2007b).

Apesar de nos últimos anos se ter assistido a um aumento do número de animais e uma melhoria nos parâmetros genéticos, a existência de um plano de gestão apropriado é fundamental para a continuidade futura desta raça (Oom et al. 2004; Kjöllerström 2005; Oom 2006). Neste sentido, foi instituída, em 1994, a Associação Internacional de Criadores do Cavalo Ibérico de Tipo Primitivo – Sorraia (AICS) objectivando tudo o que se relacione com a sua criação, preservação, promoção, divulgação, estudo e

(23)

comercialização (http://www.aicsorraia.fc.ul.pt/ojectivos_modelo.htm4). Esta associação tem ainda a seu cargo a salvaguarda e manutenção do Studbook (Livro Genealógico) da raça, sendo a responsável pela execução, junto dos criadores, das acções integradas no programa de melhoramento genético/demográfico definidas pela respectiva Direcção Técnica no âmbito do plano de conservação in situ actualmente em curso (Gama et al. 2004; Oom et al. 2004).

As inúmeras incertezas que ainda subsistem quanto ao processo de domesticação do cavalo e sua posterior evolução têm levado ao desenvolvimento de um grande número de trabalhos que visam estabelecer relações entre as diferentes raças equinas, principalmente no que a autóctones diz respeito (Jansen et al. 2002; Aberle & Distl 2004; Luís et al. 2005; Royo et al. 2005; Luís et al. 2006b; Luís et al. 2007a; Seco-Morais 2007). Baseados, na sua grande maioria, na análise de determinadas regiões do mtDNA (D-loop), o padrão de distribuição dos haplótipos por entre as raças possibilita a formação de variados “clusters” onde estas se encontram agrupadas de acordo com o maior ou menor grau de semelhança. Embora as 2 sequências encontradas na raça Sorraia se enquadrem num grupo a que pertencem muitos outros tipos de cavalos considerados primitivos, nenhum dos vários coeficientes e métodos de agrupamento utilizados permitiram inferir, até um passado muito recente, a relação de proximidade entre a raça Sorraia e as demais raças ibéricas e do Novo Mundo (Jansen et al. 2002; Aberle & Distl 2004; Lopes et al. 2005; Royo et al. 2005; Luís et al. 2006b; Oom 2006; Seco-Morais 2007). A descoberta de uma nova linha materna da raça Sorraia, já extinta neste animais mas que persiste na raça Lusitana devido à existência de uma fêmea fundadora em comum (a Pomba) (Luís et al. 2006a), e os resultados obtidos através da análise conjunta de uma vasta gama de marcadores genéticos (microssatélites e loci proteicos) (Luís et al. 2007a) permitiram finalmente corroborar esta teoria, comprovando a relação histórica entre as referidas raças.

(24)

3. Objectivos

O Cavalo do Sorraia constitui, por todas as razões previamente mencionadas, uma raça única e de valor inquestionável. A análise dos parâmetros genéticos e demográficos que caracterizam a população actual remeteram esta raça para o estatuto de “criticamente ameaçada, embora mantida com um plano de gestão”, como é classificada pela FAO (critical-maintained, FAO/UNEP 2000). Neste estatuto está implícita a necessidade de manter medidas de gestão adequadas e actualizadas para a perpetuação da raça, a reavaliar anualmente face às alterações da população. A implementação destas medidas de conservação e gestão genética é, assim, um procedimento absolutamente essencial. Neste sentido, e para que tão valorosa meta possa ser alcançada, pretendeu-se com este projecto de tese de Mestrado contribuir de forma significativa para o aumento da eficácia das medidas atrás referidas, trabalho que passou pela concretização de 3 pontos essenciais:

- Adaptar e optimizar um software desenvolvido especialmente para a gestão de

Studbooks de raças ameaçadas de forma a torná-lo perfeitamente ajustado às

características e requisitos da raça Sorraia;

- Caracterizar o estado actual da população recorrendo a um conjunto de análises genéticas e demográficas obtidas a partir dos dados genealógicos;

(25)

Capítulo II

Adaptação e optimização do

programa Gescab 2000 Losina

para a gestão do Studbook da raça

Sorraia

(26)

1. O Studbook como instrumento fundamental na gestão de uma raça

O primeiro passo para a gestão adequada de uma raça consiste na elaboração do respectivo Livro Genealógico, ou Studbook, onde se encontrem reunidos os dados genealógicos de todos os indivíduos (pedigree), bem como diversas informações relevantes acerca da sua história e características (Frankham et al. 2004). Foi em Inglaterra, nos finais do século XVIII, que se publicou o primeiro de todos os Studbooks – “The General Studbook for Thoroughbred Horses” –, respeitante à raça equina Puro-Sangue-Inglês. No caso dos animais selvagens, este tipo de registo começou a ser efectuado apenas a partir de 1923, nomeadamente para os dados relativos às populações cativas do bisonte Europeu (Bison bonasus), tendo o respectivo livro sido oficialmente lançado quase uma década depois, em 1932 (Tudge 1992; Bastos-Silveira 1997). Desde então, e especialmente nos anos mais recentes, tem-se assistido a um rápido aumento do número de Studbooks editados para as mais diversas populações em cativeiro, tendo a IUCN reconhecido, em 1967, a sua inegável relevância para fins conservacionistas (Tudge 1992; Bastos-Silveira 1997). Ao fornecer o conhecimento detalhado das genealogias, este tipo de registos possibilita uma correcta caracterização de populações ameaçadas, tornando-se, portanto, uma ferramenta excepcional e de reconhecida importância para a eficaz gestão das mesmas (Bastos-Silveira 1997; Alzaga et al. 2000; http://www.biaza.org.uk/public/pages/conservation/studbooks.asp5).

Editado em 2004, no intuito de “assegurar a pureza étnica da raça” e, deste modo, “concorrer para a sua preservação e desenvolvimento”, o Studbook da raça Sorraia inclui todos os animais nascidos até 2002 e que são descendentes do grupo fundador inicial (Oom et al. 2004; Oom 2006). Neste arquivo são mantidos, de forma totalmente independente, 3 níveis de registo – Livro de Nascimentos, Livro de Reprodutores e Livro de Reprodutores Complementares – nos quais são aditados apenas os animais cujas características satisfazem as condições de admissão definidas no respectivo Regulamento (Oom et al. 2004). De forma a garantir a fiabilidade do registo, tão importante para o estabelecimento de eficazes estratégias conservacionistas, a inscrição de um indivíduo no Livro de Nascimentos só é efectivada após confirmação da paternidade (Oom et al. 2004; Oom 2006). Actualmente, e uma vez que a tecnologia

(27)

baseada no DNA se tem revelado mais eficaz, rápida e menos onerosa que os tradicionais métodos baseados em grupos sanguíneos e polimorfismos proteicos, a filiação é comprovada através da análise de um conjunto de marcadores moleculares, os microssatélites6 (Tirados 2001; Luís et al. 2002b). Face à reduzida variabilidade destes marcadores detectada na raça Sorraia (Luís et al. 2002b; Luís et al. 2007a,b), tornou-se necessário recorrer a um painel de microssatélites mais alargado do que os 9 utilizados por rotina no Lusitano e no Garrano, de modo a aumentar a eficácia da exclusão de falsas paternidades (Oom 2006). Os 15 microssatélites actualmente analisados nesta raça garantem um eficiente controlo de filiação dos animais já que a probabilidade de exclusão a eles associada é de 99,8% (Luís et al. 2007b).

Os avanços tecnológicos, especialmente na área da informática, permitiram o desenvolvimento de bases de dados genealógicas informatizadas que fornecem a informação num formato de fácil consulta, baixo custo, pouco volume e rapidamente actualizável (Melgarejo et al. 2000; Tirados 2001; Melgarejo, 2004; Melgarejo et al. 2004; Benavente et al. 2007). Recentemente, os dados populacionais disponíveis foram inseridos no programa SPARKS V.I.5 (Single Population Analysis and Records Keeping

System), especialmente desenvolvido para a gestão de populações em cativeiro mantidas

em múltiplas infra-estruturas (e.g. Parques Zoológicos). Para além da compilação e edição dos dados, este programa permite a análise de vários parâmetros genéticos e demográficos essenciais e a criação de relatórios sobre o estado das populações o que o torna um poderoso instrumento para sua gestão (Kjöllerström 2005).

Encontrando-se o efectivo actual da raça Sorraia distribuído em diversos núcleos de reprodução cuja gestão é da responsabilidade dos respectivos criadores, a existência de um suporte informático que tornasse possível a consulta de informações relativas aos animais num ambiente fácil e apelativo seria extremamente vantajoso para o delineamento de um plano de gestão apropriado, nomeadamente no que respeita ao

6 Repetições “em tandem” de pequenos motivos de DNA, tipicamente constituídos por 1 a 5 pares de

bases de comprimento. Os microssatélites tornaram-se o marcador molecular de eleição para estudos populacionais face às vantagens que apresentam comparativamente a outros métodos de análise ao nível do DNA: são altamente polimórficos, de transmissão mendeliana , os genótipos individuais podem ser determinados de forma directa (são co-dominantes) e é possível analisar DNA de amostras recolhidas de forma não invasiva (e.g. Frankham et al. 2004).

(28)

programa de emparelhamentos a promover em cada época de reprodução. Em meados dos anos 90, face à crescente necessidade evidenciada pelos criadores de cavalos Pura-Raza-Española de uma base de dados genealógicos informatizada, rapidamente consultável e actualizável, surge o programa Gescab®, desenvolvido pela empresa espanhola Melpi S.L (Melgarejo et al. 2000). Embora inicialmente concebido para esta raça equina, o Gescab tornou-se o primeiro software especificamente desenvolvido para a gestão de Studbooks de raças autóctones em perigo de extinção através da versão desenhada para o cavalo Losino (Melgarejo et al. 2004) que, à semelhança do que acontece com o Cavalo do Sorraia, está inserido no grupo das raças critical-maintained definidas pela FAO (FAO/UNEP 2000). Para além dos dados genealógicos tradicionalmente presentes no Studbook de uma raça e correndo num ambiente de muito fácil utilização, este programa põe à disposição dos criadores uma vasta gama de informações complementares e relevantes. Dotado de uma forte componente genética, validada pelo Departamento de Genética da Universidade de Córdoba, o Gescab2000 Losina permite o cálculo de variáveis fundamentais para populações em risco, tornando-se, desta forma, uma ferramenta muito útil na gestão das mesmas (Melgarejo, 2004; Melgarejo et al. 2000, 2004).

A possibilidade de solicitar à empresa responsável pelo desenvolvimento deste software a modificação ou adição de certos componentes é, indubitavelmente, uma das grandes inovações inerentes ao Gescab. Constituindo um dos objectivos deste Mestrado, a sua adaptação à raça Sorraia, de características e riqueza de informação muito peculiares, será, certamente, uma valiosa e apelativa ajuda rumo à sua preservação no âmbito dos programas de gestão em implementação pela Associação Internacional de Criadores do Cavalo Ibérico de Tipo Primitivo – Sorraia (AICS).

(29)

2. Materiais e Métodos

2.1. Introdução dos dados populacionais

Como previamente referido, certas particulares do Gescab poderão ser alteradas e novos componentes poderão ser adicionados de forma a tornar o programa o mais adequado possível a cada raça, em particular. Neste sentido, a empresa responsável pelo seu desenvolvimento disponibilizou à AICS uma versão de demonstração do Gescab2000 Losina, raça autóctone espanhola igualmente ameaçada, para que se pudessem explorar todas as potencialidades do programa antes da sua aquisição em definitivo.

Figura 7. Interface da versão de demonstração do software Gescab Losina cedida à Associação de

Criadores do Cavalo do Sorraia

Numa primeira fase, todos os dados populacionais disponíveis desde o início da recuperação da raça Sorraia, em 1937, até Dezembro de 2006 foram introduzidos no ficheiro. Para além dos animais inscritos no respectivo Studbook (num total de 564, nascidos até 2002) foram também inseridos, não só os que nasceram após a sua publicação, em 2004, como também todos aqueles cuja informação estava no ficheiro de trabalho da Prof. Doutora Maria do Mar Oom e que, por diversas razões (nados-mortos, abortos, entre outros), não se encontravam incluídos no registo oficial. No final da presente tarefa 622 animais foram introduzidos na referida versão de demonstração, tendo sido criado, para cada um dos exemplares, um registo individual onde figuram as seguintes informações:

(30)

Código: número de identificação do animal atribuído pelo extinto Serviço Nacional Coudélico (SNC), agora Fundação Alter Real, e que se encontra registado na Declaração de Nascimentos, anualmente comunicada pelos criadores à AICS. Sempre que este número não é conhecido, por mera questão temporal ou por morte precoce dos indivíduos, a identificação é realizada recorrendo à utilização de três dígitos precedidos pelas letras FCL (FCL***).

Nacimiento (nascimento): data de nascimento do animal apresentada sob a forma dd/mm/aaaa. Na impossibilidade de inserir apenas o ano do nascimento, nos casos em que apenas este dado é conhecido, foi definido o dia 1 de Janeiro como data a ser introduzida por defeito (01/01/aaaa).

Sexo: identificação do sexo do animal através da letra M (machos) ou H (fêmeas).

Nombre (nome): espaço destinado ao registo do nome do animal. Sempre que existente, foi também inserido neste campo, entre parêntesis, o número de identificação atribuído por cada criador aos animais da sua coudelaria e que, na grande maioria dos casos, se encontra marcado, “a fogo”, na espádua direita ou na tábua do pescoço. Por vezes, o símbolo * pode surgir à frente do nome como forma de indicar que o respectivo animal aguarda a realização do teste para controlo de filiação.

Fecha baja (data da baixa): campo onde foi registada a data de óbito do animal, também ela de formato dd/mm/aaaa. Em muitos casos, sobretudo nos registos mais antigos, esta informação não é conhecida, tendo sido introduzida uma data estimada uma vez que se sabe que estes animais já não fazem parte do efectivo actual.

vezes esta informação não se encontra disponível, pelo que a opção desconocida foi utilizada para a quase totalidade das ocorrências.

Causa de la baja (causa da baixa): sempre que conhecida, a causa de morte do indivíduo poderá ser inserida neste campo, seleccionando uma das 3 hipóteses disponíveis: muerte accidental (morte por circunstâncias acidentais), desconocida (morte por motivos desconhecidos) ou muerte por sacrifício (nos casos em que o animal foi sacrificado). Porém, à semelhança do que acontece com a data de morte, muitas das

(31)

Padre (pai): número de identificação do SNC e nome do progenitor masculino, o qual deverá estar previamente registado no ficheiro para que possa ser reconhecido.

Madre (mãe): número de identificação do SNC e nome do progenitora minina, a qual deverá estar previamente registada no ficheiro para que possa ser fe

reconhecida.

Criador: sigla do criador seguida do respectivo nome. Sempre que é introduzida sta informação surge na ficha individual a imagem da marca do criador (ferro) que o

imal

ição de um animal está dependente da presença do respectivo riador na base de dados, a informação relativa a cada coudelaria foi inserida no sub-e

an pode apresentar na coxa direita, identificada como Nucleo. Tal como acontece com os progenitores, o criador já deverá constar do ficheiro, incluído na lista das diversas coudelarias.

Uma vez que a inscr c

menu Ganaderías (coudelarias) dos Ficheros Auxiliares. Para além do nome, cada ficha individual foi enriquecida com os seguintes elementos:

Código: corresponde à sigla do criador delimitada por parêntesis rectos.

Dirección (morada): indicação da localização da coudelaria.

oudelaria, entre as árias opções disponíveis.

Pais (país): campo onde se selecciona o país de origem da c v

Hierros (ferros): utilizada desde tempos remotos, a marcação dos animais com m símbolo distintivo é uma prática usual nas coudelarias portuguesas. Na maior parte

botão Hierros que poderá ser seleccionado dentro do sub-menu Ganaderías. u

dos casos este procedimento é efectuado por volta dos 6 meses de idade, altura em que os poldros são desmamados, onde o ferro da coudelaria é marcado a fogo na respectiva coxa direita. Apesar de nos dias que correm este tipo de identificação poder ser, em alternativa, realizado a frio (recorrendo à utilização de azoto líquido), esta é ainda uma técnica pouco corrente entre os criadores nacionais (Oom 2006). O ferro característico de cada coudelaria foi, sempre que existente, incluído no respectivo registo através do

(32)

2.2. Avaliação das competências do programa

Terminada a fase de registo dos dados populacionais, foi possível dar início à análise ó ao nível dos diferentes menus para gisto de dados como ao nível dos diversos cálculos que podem ser realizados no

Gescab é um programa que, para além dos registos genealógicos tradicionais, permite tipos de informação de grande utilidade na gestão de uma raça meaçada, nomeadamente:

dos vários componentes do Gescab Losina, não s re

referido software.

2.2.1. Menus de registo

O

a adição de muitos outros a

Valoraciones (avaliações): para a grande generalidade das raças com Studbook instituído, a utilização de um animal para fins reprodutivos está dependente da sua

resença no Livro de Reprodutores. De modo a garantir a pureza da raça, apenas os p

candidatos que apresentam as características expressas no padrão da raça (Anexo 1), aliadas a uma boa conformação e desenvolvimento, são admitidos no referido registo. Neste contexto, várias medições de carácter morfométrico são efectuadas aos animais, os quais são pontuados de acordo com uma tabela baseada na respectiva apreciação morfológica e funcional (tabela de pontuação). Através do programa Gescab, os valores resultantes deste exame podem ser facilmente armazenados recorrendo a este menu.

Otros datos (outros dados): seleccionando este ícone, presente no ecrã principal, é-nos facultada uma tabela onde a data e os resultados de alguns

rocedimentos no âmbito veterinário podem ser inseridos. p

Fotografía/Videos: o registo individual de cada exemplar poderá ser enriquecido no Gescab através da adição deste tipo de recursos.

alquer animal no Livro e Nascimentos está dependente do resultado desta análise, este software permite registar os alelos determinados para cada um dos microssatélites analisados.

Microsatélites: para as raças em que o controlo de filiação é uma prática de rotina, como é o caso da raça Sorraia, em que a admissão de qu

(33)

inadas ariáveis estatísticas e genéticas é de extrema importância para o delineamento de estão eficazes que visem a sua subsistência futura. Tendo sido esenvolvido para a gestão de uma raça com elevado estatuto de risco, o Gescab Losina

Comentarios: funciona como um bloco de notas onde podem ser armazenadas todas as informações relevantes que não podem ser incluídas na ficha individual.

2.2.2. Cálculos

Quando estamos na presença de uma raça ameaçada, o cálculo de determ v

estratégias de g d

põe à disposição dos utilizadores o menu Informes (Informar), onde é possível consultar:

Ejemplares fundadores (animais fundadores): corresponde à representação genética, em termos percentuais, de cada um dos fundadores no indivíduo em causa.

Informe de la descendencia (informação da descendência): seleccionando

or elagem, quer através das respectivas representações gráficas. Se necessário, a esta opção, informação detalhada acerca da descendência de um animal pode ser visualizada, quer através de tabelas com a frequência de descendentes por sexo e p p

identificação de cada um destes descendentes pode ser facilmente consultada premindo o botão Visualizar.

Informe de la ascendencia (informação da ascendência): grau de influência de cada ancestral no indivíduo em causa. Esta informação é apresentada sob a forma de percentagem e para os ancestrais presentes em cada uma das gerações parentais.

dicionalmente, é possível determinar os valores que seriam obtidos para um animal

informações, quer do animal considerado, como dos seus vários ascendentes.

A

resultante de um hipotético cruzamento entre 2 indivíduos.

Ainda no que toca à linha de ascendência de um determinado exemplar, o programa disponibiliza, através do botão Árbol (árvore), a visualização gráfica da respectiva árvore genealógica, na qual se encontram reunidas as principais

(34)

dmat dpat d

I

I

I

+

=

4

I

dpat

.

I

dmat

=

d i mat ou dpat

a

d

I

( )

1

= i 1

Consanguinidad (coeficiente de consanguinidade): constituindo um dos

de acordo com a metodologia roposta por Wright (1922), posteriormente modificado por Lush (1940):

specialmente relevante no delineamento dos cruzamentos mais favoráveis, o Gescab sanguinidade do produto que resultará do se poderá mentos entre indivíduos de diferentes coudelarias ados como produtores na geração seguinte.

parâmetros mais importantes para a gestão de raças ameaçadas, o coeficiente de consanguinidade de um indivíduo é definido como a probabilidade de dois alelos presentes num determinado locus serem idênticos por descendência. O valor resultante é representado sob a forma de percentagem e é calculado

p

E

permite determinar o coeficiente de con

emparelhamento entre 2 exemplares presentes no ficheiro. Este tipo de análi ser realizada em simultâneo para cruza

o que permitirá determinar os animais mais indicados a serem utiliz re

Índice de acabado (coeficiente de preenchimento): corresponde ao nível de preenchimento da genealogia de um indivíduo. Podendo variar entre 0 e 1 (resultado obtido quando são conhecidos todos os ancestrais de um determinado animal), é calculado a partir da fórmula proposta por MacCluer et al (1983):

(

)

= um Fa = consanguinidade do ante

N = número de antepassados smo antepassado comum

d = profundidade da genealogia ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ + ⎟ ⎠ ⎞ ⎜ ⎝ ⎛ = N i a n x F F 1 1 2 1 2 1

Fx = coeficiente de consanguinidade do indivíduo x

n = número de gerações que vão dos dois progenitores do indivíduo x ao antepassado com passado comum

comuns ou vias diferentes entre o me

(n.º de gerações incluídas no cálculo)

i geração na s mat ou pat linha na ( ) o antepassad de total n i geração da os antepassad n ai .º , .º =

(35)

dice

álculo do número efectivo de fundadores pr al, este

râmetro poderá constituir um indicador de grande importância na gestão de uma raça am r Alderson (1991) na tentativa de maximizar a retenção da

alculado de acordo com a seguinte fórmula:

A análise destes elem íveis no pro permitiu avaliar

a adequabilidade do mesmo à raça Sorraia, assinalando e pr lterações de modo a torná-lo mais adaptado a este cavalo em particular.

para a gestão a raça Sorraia:

de conservação genética):

Índice de conservación genética (ín baseado no

c esente no pedigree de um anim

pa

eaçada. Proposto po

variabilidade genética presente na população fundadora ao longo das gerações, é c

= 1 2 i P ICG

⎠ ⎞ ⎜ ⎝ ⎛ = n i P 2 1

Pi = proporção de genes do fundador i no pedigree do animal em estudo

n = n.º de “caminhos” existentes no pedigree desde o fundador até ao animal em estudo

entos, já dispon grama Gescab Losina,

opondo as possíveis a

2.3 Pedido de alterações

Depois de exploradas as capacidades do Gescab Losina, e antes da sua aquisição em definitivo por parte da AICS, foram solicitadas diversas alterações aos seus componentes e a adição de novos conteúdos, considerados fundamentais

d

Tabela de Pontuação: diferenças significativas foram encontradas no que diz

curso de Modelo e Andamentos, e que determina a aptidão dos animais omo possíveis reprodutores.

respeito aos caracteres morfológicos que são avaliados em cada raça bem como nos coeficientes a eles associados. Deste modo, foi pedida a inclusão da tabela de pontuação que é utilizada por rotina na avaliação de exemplares da raça Sorraia, geralmente realizada em con

c

Coeficiente de consanguinidade: este parâmetro foi determinado para cada um dos exemplares presentes no ficheiro e o resultado obtido foi comparado com o valor

(36)

que se encontra registado no Studbook. Tendo-se verificado que os valores calculados pelo Gescab para os animais mais recentes se encontravam subestimados, foi colocada a hipótese de que apenas um número limitado de gerações estariam a ser consideradas no ento. O cálculo deste parâmetro foi, então, alterado de modo a que a respectivo procedim

totalidade da informação genealógica disponível, até aos animais fundadores, pudesse ser incluída, independentemente do número de gerações que tal facto representa.

Microssatélites: a designação de cada um dos 15 microssatélites actualmente analisados para efeitos de controlo de filiação na raça Sorraia – ASB2, HMS3, HMS6, HMS7, HTG4, HTG6, HTG10, VHL20, AHT4, AHT5, LEX20, LEX23, LEX36, UCDEQ405 e UCDEQ5 – foi disponibilizada à empresa para que fossem incluídos no programa, substituindo os que são normalmente utilizados no cavalo Losino.

Certificado de filiação: a análise do painel de microssatélites atrás mencionado permite verificar a compatibilidade entre um determinado animal e os indivíduos que foram declarados como seus progenitores. O resultado deste teste – no qual o animal é dado como compatível ou incompatível – é cedido pela AICS aos criadores sob a forma de um pequeno relatório. No intuito de tornar a emissão deste documento mais simples

a, foi solicitada a sua inclusão no referido programa. e rápid

Certificado de Inscrição: neste documento encontram-se reunidas as principais características inerentes aos indivíduos e é produzido no momento em que o animal é registado no Studbook, após o cumprimento dos requisitos necessários para que tal aconteça. Tal como no caso anterior, a sua emissão automática pelo programa Gescab constituirá uma importante mais valia na gestão da raça, poupando tempo e evitando rros de edição manual, pelo que sua inserção no referido programa foi igualmente

licita

etectadas, através de testes minuciosos e morosos, foram sendo e

so da.

É importante referir que a adaptação do programa Gescab Losina às particularidades da raça Sorraia veio a revelar-se um processo muito complexo e moroso, uma vez que as modificações foram sendo enviadas para a AICS através de várias versões de actualização que, por diversas vezes, não se encontravam a funcionar correctamente. As anomalias d

(37)

constantemente anotadas e comunicadas à empresa Melpi S.L. no intuito de se obter uma versão final com a maior brevidade possível. No decurso deste trabalho, todas as dificuldades encontradas e os pontos a alterar no referido software foram também transmitidas de forma pessoal ao técnico responsável pelo seu desenvolvimento, Ignacio Melgarejo, tanto por ocasião de duas das suas viagens a Portugal, como nas próprias instalações da empresa, sedeada em Sevilha.

2.4. Introdução de dados complementares

Após a aquisição do programa pela AICS e depois de consumadas muitas das alterações solicitadas, o registo dos animais foi complementado com os seguintes elementos:

Pelagem: a cor da pelagem foi introduzida no campo Capa do registo individual,

iamente adicionadas à base de dados: baia,

rata ou rata escura, as únicas existentes na raça Sorraia.

seleccionado uma das 3 hipóteses prev

Microssatélites: sempre que disponível, a informação relativa aos alelos determinados para cada um dos microssatélites utilizados na raça Sorraia para

2.5. C

técnicas m

este trabalh ratoriais referentes ao controlo

e filiação dos animais de raça Sorraia nascidos neste período de tempo. Este realizado no Laboratório de Genética Aplicada do Centro biental / Departamento de Biologia Animal da Faculdade de Ciências da

imagens em software apropriado (RFLP-Scan). controlo de filiação foi introduzida no ficheiro.

ontrolo de filiação

Com o principal objectivo de ficar a conhecer e contactar de perto com as diversas oleculares utilizadas por rotina no âmbito de um teste de paternidade, durante

o foram ainda acompanhadas as análises labo d

procedimento é actualmente de Biologia Am

Universidade de Lisboa, mediante protocolo, e envolve a análise do conjunto de microssatélites anteriormente referido de acordo com a metodologia standard que tem vindo a ser eficazmente utilizado para este fim (Luís et al. 2007b): extracção do DNA a partir de sangue total, amplificação dos microssatélites pela técnica de PCR, separação dos fragmentos por electroforese num sequenciador automático Li-Cor e análise das

(38)

3. Resultados e Discussão

No final do presente trabalho, os dados populacionais da raça Sorraia, compilados desde a sua fundação até Dezembro de 2006, ficaram disponíveis num programa informático totalmente direccionado para a gestão de raças autóctones ameaçadas e com diversas novas aplicações que o tornam um instrumento de grande utilidade para este cavalo. O Gescab Raça Sorraia, como passou a ser designado, poderá ser adquirido ou

elos vários criadores, os quais terão acesso a todas as formações de uma forma rápida e intuitiva, quer seja de forma directa ou através da simplesmente consultado p

in

AICS que disponibilizará os elementos solicitados.

Com este software, cada um dos indivíduos registados na base de dados poderá ser facilmente localizado recorrendo ao menu Ejemplares. Depois de seleccionado o indivíduo pretendido, é possível visualizar de forma imediata um resumo das informações que o caracterizam e que foram previamente inseridas na ficha individual.

Figura 8. Ecrã inicial do Gescab Raça Sorraia onde se observam todos os menus que se encontram

(39)

Figura 9. Dados de Uhipi apresentados no menu ue

poderá ser consultada mediante pesquisa por anim (B): número de identificação (código); data de nascimento (nacimiento); sexo; cor da pelagem (cap estado do animal para fins reprodutivos (estado):

reprodutor, não reprodutor ou castrado; data de mudança de estado (fecha cambio estado); nome

(nombre); data de morte (fecha baja); causa de morte (causa de la baja); progenitor masculino (padre); progenitor feminino (madre); criador; proprietário e ferro (núcleo). É também possível consultar o histórico dos estados apresentados pelo indivíduo dur e a sua vida (Histórico de Estados) bem como o histórico dos seus proprietários (Histórico d r etarios). Sempre que disponíveis, as datas de

raciones) (Figura 10).

Ejemplares (A) e respectiva ficha individual q

al

a);

ant

e P opi

inclusão/exclusão dos animais no Livro de Nascimento e no Livro de Adultos poderão ser facilmente adicionadas ao registo individual através do botão Registro de Libros.

Como previamente referido, o Gescab é um programa que possibilita a inclusão de uma vasta gama de conteúdos para além dos dados que geralmente se encontram registados no Studbook de uma raça. Em termos morfológicos, o registo de um animal poderá ser complementado não só através da adição de fotografias e vídeos como também através do registo das pontuações atribuídas aos caracteres que são por rotina avaliados nos animais candidatos a integrar o Livro de Reprodutores (Valo

Figura 10. Tabela de pontuações de apreciação morfológica e funcional utilizada na raça Sorraia que

etermina a aptidão dos animais como possíveis reprodutores (A) e fotografias de Uhipi depositadas no menu com o mesmo nome dos Ficheros Auxiliares

d

(B).

A B

(40)

Constituindo uma das principais particularidades do Gescab face aos demais programas ara registos genealógicos, é possível incluir, para cada animal, os dados moleculares ue resultam do teste de paternidade que é efectuado para controlo de filiação. Assim, ada um dos alelos determinados para o conjunto de microssatélites analisado poderá r inserido na respectiva tabela (Microsa ), e a compatibilidade entre o indivíduo

igura 11. Alelos determinados no controlo de filiação de Vialonga (A) e Zizi (46) (B). Para cada um dos

icrossatélites, a compatibilidade entre o animal (ejemplar) e os progenitores declarados pelos criadores (pai) e madre (mãe)) pode ser visualizada através das cores apresentadas nas colunas à direita

mpatibilidad): cor verde significa concordância entre os alelos enquanto que a cor vermelha indica

ue nenhum dos alelos encontrados no filho está presente no presumível progenitor, determinando compatibilidade. A B p q c se télites

e os presumíveis progenitores pode ser examinada através da simples comparação entre os resultados obtidos para cada um dos casos. Com a realização deste trabalho, a tabela dos 15 microssatélites actualmente analisados no controlo de filiação da raça Sorraia ficou disponível para preenchimento e os dados dos vários testes realizados até ao momento foram inseridos no registo individual de cada animal. No entanto, uma vez que até muito recentemente este procedimento era efectuado recorrendo à análise de um painel de microssatélites mais reduzido, os campos correspondentes aos marcadores mais recentes não se encontram preenchidos para a grande maioria dos animais.

F m (padre (co q in

(41)

Sempre que disponíveis, também os resultados de diversos procedimentos no âmbito veterinário poderão ser armazenados na base de dados do programa através do menu Otros datos.

Figura 12. Informações que podem ser incluídas no menu Otros datos, presente no ecrã principal: data

a colocação do microc hip (microchip); data da

esparatisação (fecha de desparasitación); data da determinação do hemótipo (análise genética para ntrolo de filiação) (fecha de hemotipo); resultado do controlo de filiação (filiación): incompatible con

adre (incompatível com o pai), incompatible con madre (incompatível com a mãe), incompatible con adre o madre (incompatível com o pai ou com a mãe), pendiente de extracción (aguarda o resultado da

álise) ou filiación compatible (filiação compatível); data de vacinação (fecha de vacunación).

registo ue dizem respeito a cada um destes casos em particular (Figura 14) e onde podem ser

d hip (fecha de microchipado); número do microc

d co

p p

an

Refira-se, ainda, a existência neste programa do menu Altas/Bajas, presente no ecrã principal, a partir do qual é possível aceder a dois novos sub-menus: Nacimientos e Bajas. Seleccionando a primeira destas opções, surgem no ecrã diversos campos de registo relativos a um novo nascimento na população (Figura 13), indivíduo este que passará a fazer parte integrante da lista dos exemplares da raça. Já no caso do sub-menu Bajas, será possível escolher entre Sacrificio e Muerte para aceder às fichas de

q

incluídas as informações referentes à morte do indivíduo em causa.

Figura 13. Campos de registo presentes da ficha Nuevo Nacimiento, obtida a partir do sub menu

acimientos: data de nascimento (nacimiento), sexo, progenitor masculino (padre), progenito

N r

(42)

Figura 14. (A) Campos de registo presentes na ficha Datos del Sacrificio, obtida a partir da opção acrificio do sub-menu Bajas: nome (nombre), núm

), progenitor masculino (padre), progenitor feminino (madre), data do sacrifício (f. ), responsável pelo sacrifício e respectivo número do Documento Nacional de Identidade

o e D.N.I.). Sempre que a documentação necessária é entregue, tal facto deve ser assinalado no

mpo Documentación Entregada. (B) Campos de registo presentes na ficha Muertes, obtida a partir da pção Muerte do sub-menu Bajas: nome (nombre), número de identificação (código), progenitor

ulino (padre), progenitor feminino (madre), data de scimento (nacimiento), data da morte (fecha

de rma simples e apelativa, a representação gráfica da respectiva árvore genealógica

A B

S ero de identificação (código), data de nascimento

(nacimiento sacrificio (matader ca o masc na

baja) e causa de morte: morte natural (muerte natural) ou morte acidental (muerte accidental).

Com a totalidade dos animais inseridos na base de dados, a optimização do Gescab Raça Sorraia possibilita, pela primeira vez, aos seus utilizadores a consulta de variados aspectos relacionados com a ascendência e descendência dos indivíduos, assim como o cálculo rápido e interactivo de parâmetros genéticos e demográficos que adquirem particular relevância em raças consideradas em perigo de extinção. De forma a conhecer a linha de ascendência de um determinado animal, o programa permite visualizar, fo

(Árbol). Para além da identificação dos ancestrais, também a data de nascimento, cor da pelagem e ferro do criador podem ser observados de forma imediata (Figura 15A). Uma análise mais detalhada da contribuição destes animais no indivíduo em causa poderá ser realizada com base nos valores do grau de influência determinado para os vários ancestrais presentes em cada geração parental (Informe de la ascendencia) (Figura 15B).

(43)

e forma análoga, a contribuição genética de cada fundador para o indivíduo em análise ferido software (Ejemplares dadores) (Figura 16).

o que diz respeito à descendência de um exemplar, informação detalhada sobre o sex-tio dos produtos e respectivas pelagens pode ser observada sempre que solicitada. stes resultados são disponibolizados quer em termos de tabelas de frequências quer través de gráficos de percentagens (Informe de la descendencia) (Figura 17).

D

poderá ser facilmente consultada recorrendo ao re Fun

N ra E a

Figura 15. (A) Árvore genealógica de Uhipi onde podem ser observados todos os ancestrais até à 4ª

eração (secções de círculo indicam as respectivas pelagens) e (B) tabela de ascendência onde se ntra representado o grau de influência dos ancestrais em cada geração parental.

g enco

Figura 16. Representação genética dos exemplares fundadores no Uhipi (em percentagem) obtido a partir

o sub menu Ejemplares Fundadores.

A B

Imagem

Figura 2. Proporção de raças registadas na base de dados da FAO por categoria de risco: (A) totalidade  das raças; (B) raças de mamíferos – dados relativos a Janeiro de 2006 (retirado de FAO 2007)
Figura 3. Distribuição por categoria de risco das raças de mamíferos registadas na base de dados da FAO  (agrupadas por espécie), em termos absolutos (tabela) e em proporção (gráfico) – dados relativos a  Janeiro de 2006 (retirado de FAO 2007)
Figura 4. A – Tipos de pelagem que caracterizam a raça Sorraia: rato (à esquerda), baio (no centro), rato  escuro (à direita)
Figura 6. Distribuição das principais subpopulações do Cavalo do Sorraia em Portugal e na Alemanha (retirado de Oom 2006)
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Referências

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