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O MUNDO PERDIDO DE AGHARTA Alec Maclellan

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Academic year: 2021

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1 ALEC MACLELLAN

O MUNDO PERDIDO DE AGHARTA

O mistério do mundo subterrâneo e a energia do Universo

Tradução de

CIRO MORONI BARROSO

CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte

Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Maclellan, Alec

M145m O mundo perdido de Agharta: o mistério do mundo subterrâneo e a energia do Universo / Alec Maclellan; tradução de Ciro Moroni Barroso. - Rio de Janeiro: Record: Nova Era, 1999.

Tradução de: The lost world of Agharti Inclui bibliografia

ISBN 85-01-04743-0

1. Civilização subterrânea. 2. Ciências ocultas. I. Título.

CDD - 001.9

99-0737 CDU-001.9

Título original inglês

THE LOST WORLD OF AGHARTI

Copyright (c) Seventh Zenith Ltd. 1982,1996

Publicado inicialmente em 1982 por Souvenir Press Ltd. 43 Great Russell Street, Londres WC1B 3PA, e simultaneamente no Canadá.

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sem autorização prévia por escrito da editora, sejam quais forem os meios empregados.

Direitos exclusivos de publicação em língua portuguesa no Brasil adquiridos pela DISTRIBUIDORA RECORD DE SERVIÇOS DE IMPRENSA S.A.

Rua Argentina 171 -20921-380 Rio de Janeiro, RJ - Tel.: 585-2000 que se reserva a propriedade literária desta tradução

Impresso no Brasil ISBN 85-01-04743-0

PEDIDOS PELO REEMBOLSO POSTAL Caixa Postal 23.052

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2 "Posso afirmar que isso eu resgatei de uma completa escuridão para uma névoa pouco espessa, e fui mais longe do que qualquer outro antes de mim."

John Aubrey, Miscellanies

Sumário

Agradecimentos 11 Prólogo 13 Introdução à edição inglesa de 1996 15 Uma estranha experiência no subsolo 19 A lenda de Agharta 37 A busca de um mundo perdido 51 A estranha investigação de Ferdinand Ossendowski 72 A procura de Shambhala 85 O enigma do Mundo Subterrâneo de Lord Lytton 100 Adolf Hitler e a "super-raça" 119 As passagens secretas da América do Sul 137 Brasil - E a conexão com Atlântida 158 O "Mundo Subterrâneo" de Nova York 178 O mistério da energia vril 200 A descoberta de Shangri-lá! 216 O reino do "Rei do Mundo" 240 Bibliografia 269

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3 Agradecimentos

Esse livro não teria sido possível sem o trabalho dedicado de pesquisadores sobre a lenda de Agharta e seus tópicos associados, e portanto é com grande satisfação que ofereço meus agradecimentos a Dr. Raymond Bernard, Robert Ernst Dickhoff, Eric Norman, Charles A. Marcoux, Carl Huni, Prof. Henrique José de Souza, Robert Charroux e Erich von Dàniken. Em particular minha dívida é com as exaustivas investigações do falecido Harold T. Wilkins; gostaria de agradecer a seus editores, prs. Rider & Co. Ltd., pela permissão de fazer citações de seus livros, bem como a Jarrolds Ltd., pelas citações de Nicholas Roerich, e Edward Arnold Ltd. pelas de Ferdinand Ossendowski. Outras citações são reconhecidas no texto. Gostaria, ainda, de agradecer aos funcionários do Museu Britânico, Londres, da Biblioteca Nacional, Paris, e da Biblioteca Pública de Nova York por me ajudarem de maneira tão conscienciosa e minuciosa em minhas inquirições, assim como a meus muitos amigos e correspondentes na Grã-Bretanha, Europa e América que me ajudaram de muitas e variadas formas na compilação deste trabalho. Salvo quando indicado, todas as opiniões e conclusões expostas neste livro são minhas próprias.

Prólogo

"Túneis e labirintos representaram uma parte misteriosa de civilizações remotas em regiões que poderiam erroneamente ser chamadas de mundos antigos da Ásia, Europa e África. Quem poderá dizer o que os sacerdotes imperadores ancestrais do antigo Peru sabiam, ou haviam herdado, a respeito dessas civilizações desaparecidas, que nem mesmo um nome são, ou não mais que uma sombra apagada e fantasmagórica? Uma velha tradição do Hindustão bramânico fala de uma ilha de grande extensão e de uma beleza sem paralelo que em tempos muito remotos se estendia no meio de um vasto mar na Ásia Central, ao norte do que é agora o Himalaia. Uma raça de nefilim, ou homens de uma idade dourada, vivia na ilha, mas não havia nenhuma comunicação entre eles e o continente, exceto através de túneis de centenas de quilômetro de comprimento, que se irradiavam em todas as direções. Esses túneis eram conhecidos como tendo entradas ocultas em velhas cidades em ruinas na Índia - tais como os antigos remanescentes de Ellora, Elephanta e as cavernas Ajanta na serra de Chandore.

"Entre as tribos da Mongólia Interior, mesmo hoje em dia, há tradições acerca de túneis e mundos subterrâneos cujos relatos soam tão fantásticos quanto qualquer narrativa de ficção moderna. Uma lenda - se for isso mesmo! - diz que os túneis conduzem a um mundo subterrâneo de descendência antediluviana em algum lugar num recesso do Afeganistão, ou na região de Hindu Kush. Este mundo é Shangri-lá onde a ciência e as artes, que nunca são ameaçadas pelas guerras mundiais, se desenvolvem pacificamente no seio de uma raça de vasto conhecimento. Ele inclusive recebe um nome: Agharta. Diz ainda a lenda que um labirinto de túneis e passagens no subsolo se estende numa série de conexões que ligam Agharta com todos os outros mundos subterrâneos! Os lamas tibetanos asseguram que mesmo na América - não está claro se na América do Sul, do Norte ou Central - vivem em vastas cavernas de um mundo subterrâneo, onde se chega através de túneis secretos, populações de um mundo muito antigo, que desta forma teriam escapado de um enorme cataclisma há milhares de anos.

Tanto na Ásia quanto na América, essas fantásticas raças de outrora são mencionadas como sendo governadas por dirigentes benévolos, ou reis-arcones. Diz-se que o mundo subterrâneo, conforme é dito, é iluminado por uma estranha luminescência verde que favorece o crescimento de lavouras e resulta num aumento dos dias e da saúde."

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4 - Extraído de uma declaração feita em Londres, em 1945, pelo explorador e historiador Harold T. Wilkins (1891-1959), uma das mais proeminentes autoridades mundiais em túneis no subsolo e passagens subterrâneas.

Introdução à edição inglesa de 1996

O interesse público pelo legendário mundo subterrâneo de Agharta cresceu consideravelmente desde que este livro foi publicado em 1982. Desde então, outras investigações sobre o sistema mundial de túneis indicado como sendo ligado a esse reino fabuloso, foram levadas a cabo em diversos países e eu recebi numerosas cartas e comunicações de pessoas da Europa, América, Austrália, Nova Zelândia e Japão fascinadas pela história. Vários jornais lançaram também suas próprias investigações acerca de Agharta e, em 1994, a TV Tyne-Tees produziu um programa inteiro sobre uma das supostas entradas para o mundo subterrâneo no nordeste da Inglaterra.

Um dos primeiros campeões das descobertas apresentadas neste livro foi Erich von Daniken, o desbravador autor de Carruagens dos deuses? (1968) e de muitos outros trabalhos igualmente importantes acerca de mistérios não-resolvidos do passado. Mas também me senti igualmente reconfortado pela reação do público em geral e pelas cartas que me foram dirigidas. Um exemplo típico foi a carta de Joan Boardman, que me escreveu de Truro, na Cornuália, em 1992:

"Meu esposo, Frank, é um clarividente muito bem-dotado e nós temos recebido ensinamentos de fontes de poder desde alguns anos.

Enquanto estávamos na Itália, em 1984, pela primeira vez entramos em contato direto com a energia de Agharta, quando meu esposo foi levado conscientemente através do espaço e do tempo para 15 anos mais adiante até o continente da América do Sul. Desde então, temos recebido visita dessa fonte de poder e nos deparado com ensinamentos acerca do que vai acontecer na década vindoura, no que diz respeito às condições do mundo inteiro. Um programa de trabalhos e uma senda espiritual estão sendo postos a nosso alcance e Agharta parece ser a força protetora, entre outras coisas."

A Sra. Boardman é uma entre diversos leitores que me relataram contatos com "seres" pertencentes ao mundo perdido. Raramente nessas comunicações os emissários deram nomes a si próprios, mas "Aga" e "Aghar" foram mencionados por fontes bastante diversas.

Um outro correspondente, que mora na cidade de Henderson, próximo a Auckland, na Nova Zelândia, e que se identificou como Petrus Augustus, ofereceu também algumas informações interessantes sobre essa parte do globo. Ele esteve aparentemente fascinado pelo inexplicado desde 1978, quando teve um encontro pessoal com um "Ovni" - um evento que foi amplamente publicado no Auckland Star e em alguns jornais pelo mundo afora, e que nunca foi provado falso.

"Tem havido bastante interesse na Nova Zelândia por seu livro", ele me escreveu em outubro de 1991, "e uma grande quantidade de pessoas, tal como eu, tem investigado os fatos sobre Agharta. Um marinheiro daqui tem feito explorações em alguns túneis que se estendem a partir da base naval em Auckland e são como aqueles que você descreve. Eles se estendem sob o ancoradouro e sobre toda a cidade."

Talvez ainda mais dramática tenha sido a notícia vinda da Coréia do Sul, em março de 1995. Isso ocorreu durante as celebrações do qüinquagésimo aniversário da libertação do país da ocupação japonesa, durante a Segunda Guerra Mundial. Reproduzo uma reportagem no Tokyo Shimbun de 25 de março que me foi enviada por um redator que trabalha para meus editores japoneses.

"Numa operação que durou uma semana, próximo a Andong, na região central da Coréia do Sul, soldados com detectores de minas faziam a busca de hastes metálicas enterradas há mais de cinqüenta anos pelo exército japonês, numa guerra de mágica

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5 intercultural que tinha por finalidade 'desmantelar as energias coreanas da terra feng-shui"', de acordo com a Agência de Notícias Yonhap. Durante o governo japonês de 1910 a 1945, os dirigentes ordenaram que milhares de hastes fossem enfiadas em certos lugares no solo. Elas eram consideradas como fontes da energia vital da nação - particularmente sítios sagrados dedicados a tradições xamânicas locais."

A reportagem acrescentava que, durante suas operações em Andong, dois soldados coreanos fizeram uma descoberta inesperada: "Enquanto davam buscas por essas hastes numa caverna, dois soldados se depararam com uma passagem que parecia não ter fim.

Fazendo uso apenas de lanternas, os homens avançaram por alguns metros antes que a intensa escuridão e o frio os forçasse a voltar sem que tivessem solucionado o mistério."

Muito embora isso possa ser uma outra peça de evidência corroborando a existência dos túneis de Agharta, o que me fascinou de modo especial foi a referência a feng-shui: um outro de meus correspondentes já postulou a teoria de que a misteriosa energia vril, que está ligada de maneira tão inextricável à lenda de Agharta, pode realmente ser uma forma dessa antiga força vital, conhecida e estudada pelos chineses por mais de 3.000 anos.

Em essência, feng-shui - que significa literalmente "vento e água" - é uma força da natureza chamada Ch'i ou "sopro de vida", que circula no ar dentro e em volta de todos os lugares de terra e de construções. De acordo com a tradição, essas linhas de energia invisíveis, que foram descritas como a "eletricidade da natureza", devem ser deixadas fluir suavemente ou terão um efeito deletério sobre todos aqueles que vivem em sua trajetória. Com o posicionamento das edificações de forma tal que Ch'i tenha fácil acesso e saída, a geração de um mau feng-shui - ou sha como é chamado o elemento - é evitada.

Graças ao desenvolvimento de um sistema de regras que encorajam Ch'i e barram a entrada do sha por meio do uso de mobiliário, esquemas de cor e artefatos cotidianos, é possível agora se adaptar qualquer edificação, casa ou mesmo um apartamento de uma tal forma a atrair a força amplificadora da vida e melhorar a vida dos ocupantes. Em anos recentes, diversos livros foram publicados no Ocidente sobre feng-shui e de como ele pode ser utilizado com um efeito notável em áreas urbanas ou rurais; a um desses, The Way of the Feng-shui por Philippa Waring (Souvenir Press, 1993), devo um agradecido reconhecimento pelo sumário acima.

Por meio da comparação do que sabemos da energia vril, conforme descrito nas páginas deste livro, com os poderes de feng-shui, certas similaridades se tornam imediatamente aparentes. Ambas têm por natureza melhorar a vida humana, criar melhores condições de saúde e gerar maior contentamento no mundo. Essa é uma área de estudo para a qual indico o leitor e a qual eu mesmo pretendo seguir.

Tal como na edição prévia de O mundo perdido de Agharta, considero bem-vindas as cartas dos leitores com mais informações a serem acrescentadas ao desemaranhar desse fascinante mistério. Não posso prometer responder a todas elas, na medida em que minhas pesquisas freqüentemente me levam ao exterior por longos períodos de tempo. Espero, no entanto, que essa nova edição venha a alcançar um público ainda maior do que a predecessora e venha a encorajar uma nova geração a sair em busca dos traços e do legado do que pode muito bem ser a mais velha civilização da Terra.

Alec Maclellan

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6 CAPÍTULO 1

Uma estranha experiência no subsolo

O dia que haveria de me proporcionar uma das mais estranhas, enervantes, porém finalmente uma das mais fascinantes experiências de minha vida começou de maneira bastante corriqueira.

Eu estava de férias no Yorkshire do Oeste, hospedado com alguns parentes na austera, porém agradável, cidadezinha de Keighley, não muito longe da famosa Reserva Ilkley. Era um dia de verão, onde uma ampla extensão de céu azul claro e forte iluminação solar faziam as serras e os morros ao norte se destacarem num realçado relevo. Essas elevações dificilmente poderiam ser chamadas de montanhas, pois são alargadas e sem picos, e o mais alto, o Grande Whernside, tem apenas 740 metros de altitude.

Foi efetivamente na direção do Grande Whernside que me pus naquela manhã. Eu havia acordado cedo e dirigido até Grassington, de onde planejava caminhar ao longo do bucólico vale do rio Wharfe. Tendo em vista minha inclinação natural por história antiga, eu dificilmente poderia ter escolhido um lugar melhor para iniciar minhas andanças do que Grassington, pois ali em Lea Green estão os remanescentes de um povoado da Idade do Ferro, ocupado de 200 a.C. a 400 d.C. Montículos circulares e formações de pedra cobertas de relva compunham um testemunho silencioso de que essa teria sido uma das vizinhanças mais densamente povoadas nas várzeas da Idade do Ferro, e também mostravam por que o lugar é considerado um dos sítios pré-históricos mais interessantes na Inglaterra. Tal como escreveu Lettice Cooper, em Yorkshire WesíRiding (1950): Grassington sempre foi a metrópole do vale do Wharfe. Há vestígios de uma cidade pré-histórica ali antes que os romanos descobrissem as minas de chumbo que trariam para o local ocupação e importância. Grassington e Linton no vale abaixo são particularmente ricas em flores silvestres e contos e fadas. Há lendas do terrível "Barguest", o cão-fantasma dos vales, cuja aparição prenunciava desastres, e Gruta Mágica é o nome dado a uma abertura baixa na pedra de calcário.

Ao começar meu passeio no vale, tudo era paz e tranqüilidade. Contudo, estranhamente, eu não parava de pensar nas palavras de Daniel Defoe que havia lido na noite anterior, acerca de sua excursão no distrito oeste nos primeiros anos do século XVIII. Mencionando as montanhas do alto do vale do Wharfe, as quais se estendiam diante de mim na luz cálida do sol, ele havia escrito: "Elas são mais assustadoras do que quaisquer outras nos condados de Monmouth ou Derby, especialmente o Morro Pingent." Olhei ao longe à minha esquerda e pude imediatamente distinguir o topo plano do "morro Pingent", conhecido agora como Penyghent, e me perguntei por que Defoe havia ficado tão impressionado por esse cenário. Eu sabia que sua época não havia admirado a beleza inculta, mas sua hostilidade havia beirado o temor. Sem razão aparente, um estremecimento percorreu minha espinha. Eu deveria ter percebido que aquilo era um sinal...

Caminhei ao longo da Reserva Grassington e vi a primeira evidência das minas que haviam em parte me atraído para essa área.

Minhas leituras preliminares levaram-me a concluir que a mineração do chumbo havia sido empreendida ao longo do vale do rio Wharfe por séculos, as minas sendo trabalhadas por poços de elevador e andares em vez das tradicionais passagens escavadas. Isso as fez, naturalmente, de fácil acesso para os curiosos, assim como para os mistérios. Os turistas, sem dúvida, foram encorajados a visitar as minas pelo reverendo Baily Harker em seu pioneiro livro-guia, Rambles in Upper Wharfedale, publicado em 1869. "Eu recomendaria aos visitantes

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7 uma excursão subterrânea", ele escreveu, "embora o trajeto de descida possa assustar um pouco. O fundo de alguns dos poços são alcançados por meio de escadas e outros por cordas."

As minas, por certo, estão fechadas há quase um século, embora alguma alma teimosa ocasional possa ser encontrada catando pedaços de barita e minério de chumbo nos amontoados de terra utilizada pelos antigos mineiros. Meu passeio me levou através de inumeráveis amontoados desses detritos, e fui capaz de identificar a partir de minhas notas as minas de nomes pitorescos de Limo, Sara, Castor, Mina de Grama e Peru. Era possível sentir como essa paisagem já estivera viva um dia com a atividade dos mineiros produzindo chumbo, com o valor de milhares de libras a cada ano. Tudo agora estava quieto e silencioso à luz do sol matinal.

Para falar honestamente, não só as minas me atraíram para o vale do Wharfe. Meu interesse também havia sido atiçado pelas histórias de cavernas e túneis antigos que se dizia serem abundantes na área. Alguns dias antes, eu visitara o Museu do Pig Yard Club, na localidade próxima de Settle, cuja quantidade de relíquias nos permite avaliar por que essas cavernas foram mencionadas como um "vade-mécum da vida em tempos remotos". Dando uma olhada nessa notável coleção, lembrei-me do comentário de G. Bernard Wood, em seu Secret Britain (1968), de que isso "poderia levar qualquer pessoa a compreender sua cidadania de um mundo quase ilimitado que ainda está florescente de segredos, alguns dos quais ainda mal contados pela metade."

Entre os itens está o crânio de um grande urso das cavernas, vestígios de um elefante de presas retas e um rinoceronte de focinho afilado, um arpão de pesca feito com chifre de rena, assim como uma variedade de ornamentos e moedas antigas - tudo isso desencavado das cavernas locais. Minhas emoções enquanto contemplava essa exposição foram semelhantes às do Sr. Wood, que também escreveu em seu livro: "Para a gente moderna os problemas se põem logo em perspectiva ao se depararem com tais evidências de perigos de um outro tempo, de humildes tarefas caseiras, ou talvez de uma felicidade doméstica."

Eu não necessitava de mais nenhum estímulo para explorar o vale do Wharfe. Contudo, eu também sabia que embora algumas cavernas e túneis datassem dos períodos Mesolítico, Neolítico, Idade do Bronze e Idade do Ferro, havia outras ainda mais enigmáticas, ainda mais misteriosas, poucas das quais haviam sido investigadas de modo completo. E havia a extraordinária declaração de um certo Dr. Buckland, que em 1882 explorara a caverna Kirkdale e se dispusera a provar em seu livro Reliquiae Diluvianae que os vestígios encontrados por ele "diziam respeito a homens que teriam sido tragados pelo dilúvio de Noé".

Subir caminhando o vale naquele dia de verão não foi nenhuma dificuldade, e no que pareceu um piscar de olhos eu estava sob a sombra do Grande Whernside. Num instante já dispunha de ampla evidência sobre os buracos escavados pela água na pedra, que formam um grande sistema natural no subsolo do calcário e que atraem muitos curiosos a cada ano. Mas era nas cavernas que eu tinha mais interesse.

Eu estava num ponto a meio caminho entre os pequenos vilarejos de Kettlewell e Starbotton, onde espinhaços escarpados, ininterruptos de colinas cercam o vale, quando percebi num relance uma entrada de caverna na encosta de um morro. De onde eu estava, nem mesmo me parecia certo ser uma caverna, mas como me achava ansioso para explorar algo, segui naquela direção.

Ao me aproximar, descobri que não havia me enganado, embora a entrada para a caverna fosse muito pequena e estreita. Alcancei a lanterna e dirigi o feixe de luz através da diminuta abertura. Apenas a escuridão se estendia à minha frente, e o som suave, gotejante da água que escorria do teto.

Tão logo pus os pés na caverna, fui atingido por uma corrente de ar frio. Hesitei por um momento e me perguntei se realmente valeria a pena explorar algo tão pouco promissor. Mas seria essa minha verdadeira razão, eu me questionei, ou eu estava apenas me sentindo nervoso?

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8 Então tomei a decisão. Eu havia chegado até ali para olhar uma caverna, e assim o faria. Levantei a gola da blusa e abotoei a jaqueta. Em seguida, dei o primeiro passo na direção da forte luz branca da lanterna. As paredes pareciam se inclinar gradualmente para baixo, e então assumir um formato mais regular de um túnel. O solo debaixo de meus pés era duro e pedregoso, e de vez em quando eu tropeçava nas pequenas poças d'água. Apenas o som de minha própria respiração e dos meus passos quebrava o silêncio, enquanto à minha frente a luz revelava o túnel que continuava a se inclinar gradualmente, quase sem nenhuma curva. Virei-me uma vez para olhar atrás de mim, mas havia apenas uma escuridão impenetrável.

Devo ter caminhado uns dez minutos antes de parar. O túnel não deu nenhum sinal de se modificar, tanto em sua altura quanto em seu ângulo de descida, e eu me perguntei por quanto tempo exatamente iria continuar? Parecia que eu havia encontrado e explorado um dos mais estranhos túneis subterrâneos do distrito oeste.

Eu não era nenhum especialista em caldeiras ou espeleologista, assim, o que conseguiria lograr ao seguir mais adiante? Provavelmente apenas me colocar numa situação de perigo se algo desse errado - pensei, um tanto arrependido.

O bom senso e talvez um sentimento de apreensão se apossaram de meu ânimo. Virei a lanterna para o outro lado e estava prestes a retomar o caminho de volta, quando algo me deteve. No momento em que virava o feixe da lanterna para trás, vi com o canto dos olhos uma tênue luminosidade mais adiante descendo o túnel.

Evidentemente, a luz penetrante de minha lanterna havia obliterado essa luz até aquele momento. Apertei os olhos para ver melhor e ter certeza de que não havia me enganado. Não, havia claramente uma fraca luminosidade mais adiante. Hesitei por mais algum tempo. Deveria investigar ou voltar?

Enquanto me detinha ali, a luz mais embaixo no túnel parecia ganhar intensidade, embora possa ter sido apenas uma ilusão. Cautelosamente voltei a avançar, o feixe da lanterna agora dirigido aos meus pés. Caminhei cuidadosamente, quase retendo a respiração, talvez por uns cinqüenta metros. Eu era capaz agora de ver que a luz era verde na cor e parecia estar pulsando. Qual poderia ser sua fonte, eu não tinha a mais vaga idéia. Acabei por me deter mais uma vez.

Então, algo ainda mais extraordinário ocorreu. De início pensei que o som fosse minha própria respiração, mas logo pude discernir um suave ruído murmurante que gradualmente aumentava a sonoridade. Enquanto isso acontecia, eu sentia vibrar o solo sob meus pés, a princípio de maneira suave, mas com uma intensidade cada vez maior. O murmúrio se tornou um ronco e, com isso, a luz verde pareceu pulsar de maneira ainda mais forte. Senti o coração acelerar e um súbito terror tomou conta de mim ali na escuridão. Alguma coisa quase parecia estar vindo em minha direção.

O que afinal estava acontecendo? O que seria a estranha luz? E o que estaria provocando o ronco sob meus pés? Eu acreditava estar no túnel de alguma mina esquecida de Yorkshire, porém meus sentidos pareciam estar me contando que eu havia me deparado com algo bem mais extraordinário.

Nos poucos instantes que se seguiram a luz pulsante e o trepidar do solo se tornaram mais fortes ainda, até que senti que o túnel poderia desmoronar sobre mim. Esse pensamento pareceu me libertar da sensação de perplexidade que se apoderara de mim, e sem pensar duas vezes virei-me e me pus a correr de volta subindo a passagem.

Não parei de correr até conseguir me atirar, ofegante, através da entrada do túnel, para a luz do sol e para o calor daquele dia de verão. Caí exausto no chão e tentei recuperar o fôlego. Aos poucos meu pânico se desfez e me esforcei para extrair algum sentido de tudo aquilo.

Não poderia haver nenhuma dúvida sobre a luz verde que eu havia visto ou a sensação de tremor sob meus pés. Se as minas nessa parte do país ainda estivessem em funcionamento, eu tentaria me convencer de que chegara bem próximo de alguma explosão subterrânea. Se

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9 mesmo um trem estivesse passando por um túnel subterrâneo em algum lugar nessa região do condado, eu poderia achar que havia de alguma forma alcançado uma galeria de ventilação. Mas nenhuma explicação lógica que pudesse me ocorrer chegou perto de satisfazer os fatos da experiência pela qual eu acabara de passar.*

A luz verde sobrenatural não se parecia com nada que eu houvesse visto anteriormente, e o som trepidante quase parecia como se viesse de alguma enorme peça de maquinaria. Poderia uma coisa ser uma luz subterrânea e a outra algum estranho meio de transporte subterrâneo?

Naquele exato momento, eu não sabia ao certo por que esses pensamentos me vieram à mente. E agora, uma década depois, não estou certo de serem eles a solução correta, embora, conforme esse livro se disporá a demonstrar, eles podem não estar muito longe da verdade. Devo admitir que nunca mais retornei para tentar descobrir aquele túnel, e agora tenho dúvidas se seria capaz.

De volta a Keighley, discuti naquele mesmo dia minhas experiências com meus parentes e outros amigos. O que eles me contaram ajudou a me convencer de que aquilo não havia sido um sonho ou ilusão, e de que provavelmente eu havia experimentado aquelas sensações que teriam dado origem a uma tradição de longa data no Distrito Oeste de Yorkshire - uma tradição segundo a qual em algum lugar entre as várzeas existiria a entrada para um mundo subterrâneo. De acordo com o senso comum, esse reino subterrâneo seria a morada de fadas e duendes e do povinho pequeno, mas havia também quem dissesse que ele era na verdade o lugar de morada de gente como nós, que tinha vivido escondida do alcance da visão dos homens desde tempos imemoriais. *Foi-me sugerido que a luz verde pode ter sido causada pelo estranho fenômeno conhecido como ignis fatuus (fogo-fátuo), que resulta do gás de pântano na terra apodrecida que emite pequenas chamas ao ser pisada. E que o som trepidante era apenas o movimento súbito de algumas rochas subterrâneas. Embora ambas as explicações sejam sem dúvida plausíveis, elas não me convencem inteiramente.

Embora em minhas pesquisas subseqüentes para tentar resolver o mistério de minha experiência eu tenha descoberto muitos detalhes acerca de um "Mundo Subterrâneo Encantado" (vide o reverendo John Hotten, que escreveu em seu A Tour of the Caves, 1781, que as cavernas do vale do Wharfe eram "alternativamente a habitação de gigantes e fadas, de acordo com as diferentes mitologias prevalecentes no país"), foi na obra de um homem que viveu efetivamente no vale do Wharfe que encontrei a evidência mais contundente de todas. O homem foi Charles James Cutcliffe-Hyne (1865-1944) que, apesar de hoje em dia ter caído no esquecimento, é ainda lembrado por uns poucos leitores mais idosos como o criador do aventureiro, rude e implacável capitão Kettle.

O que primeiramente me interessou acerca de Cutcliffe-Hyne foi que ele vivera em Kettlewell, a umas poucas milhas daquela estranha caverna que eu havia encontrado. Em segundo lugar, que ele adquirira uma certa reputação de corajoso aventureiro que amava explorações, e era obcecado pela lenda da Atlântida Perdida*. E, em terceiro lugar, que escrevera um livro extremamente raro, intitulado Beneath Your Very Boots (publicado em 1889), sobre um reino num mundo subterrâneo e que se comentava no vale do Wharfe que tal narrativa teria se baseado em fatos que ele realmente havia descoberto.

Quando consegui um exemplar do livro e pude lê-lo, percebi que alguns desses fatos reproduziam exatamente minhas próprias experiências. O livro narra as aventuras de um certo Anthony Haltoun num mundo subterrâneo, onde entra através de uma caverna "no vale do Wharfe próximo a seu começo". A entrada é "no flanco norte da várzea" e o moço entra, apesar de uma severa advertência escrita para "não se meter nas cavernas, caso contrário o povo que vive nelas haverá de capturá-lo".

Haltoun nos conta que a passagem definitivamente não era a de uma mina de chumbo, "pois as minas do vale do Wharfe são quase todas horizontais", enquanto aquela se estendia de maneira descendente numa inclinação gradual. Ao caminhar ao longo dela, ele é

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10 surpreendido por "uma luz brilhante que subitamente se acendeu através da penumbra e me permitiu ver um grupo de homens avançando em minha direção". Com a aproximação deles, o solo também começou a sacudir e a tremer, e o assustado Haltoun cai desmaiado.

*Cutcliffe-Hyne escreveu um excelente romance sobre o tema dos últimos dias de Atlântida intitulado O continente perdido, publicado em 1899 e, embora raramente lido hoje em dia, é ainda amplamente citado em estudos de ficção fantástica.

Quando recupera o sentido, o narrador descobre que havia caído nas mãos de uma raça subterrânea chamada os tiradas, um povo de pele clara e cabelos louros que vivia num estado de harmonia e paz desde tempos pré-históricos. Eles se opõem à guerra, e tinham "horror às ações de guerra que os levou, tão logo lhes foi possível, a buscar refúgio sob a terra que estava saturada de sacrifício humano". Haltoun indaga a seus anfitriões:

- Será que entendi bem, que há uma colônia regular nessa caverna?

- Bem, sim, parcialmente; apenas em lugar de colônia considere nação, e em lugar de caverna considere um labirinto quase interminável. Nossa habitação e os túneis que a atravessam se ramificam sob toda a área das Ilhas Britânicas e por diversos lugares sob as águas em torno!

Os nradas explicam que são governados por Radoa, "que é supremo tanto em coisas temporais quanto em coisas espirituais: ele é ao mesmo tempo governante e deidade". Radoa é descrito como uma figura majestosa, vestido numa toga dourada, que vive numa bela cidade de cavernas. O número de habitantes dessa metrópole subterrânea "é pouca coisa acima de dez mil... embora haja duas vezes mais num círculo de quinze quilômetros em torno dela".

Os nradas também contam a Haltoun de que maneira eles tiram vantagem da conformação da Terra para criar seu mundo subterrâneo. "Em primeiro lugar, a crosta da Terra é vesicular - isto é, cheia de buracos, formados ou por convulsões titânicas ou pela irresistível erosão da água; e, em segundo lugar, quase todas essas cavidades são ventiladas por passagens capilares de ar." Quanto aos túneis, muitos foram formados naturalmente, enquanto "aqui e ali um túnel com escavação mais simétrica indicava o trabalho artificial humano". (Mais adiante, Haltoun chega a acreditar que essas passagens foram perfuradas por ferramentas giratórias cravejadas com diamantes que haviam sido extraídos dos subterrâneos.) Para iluminar seu mundo, e também para propelir os veículos que os transporta através dos túneis, os nradas conseguiram drenar "a energia interna da terra, recolhida através de perfurações profundas".

Muito da história de Cutcliffe-Hyne é pura fantasia – uma agradável fantasia com certeza -, porém percorrendo toda a obra há também uma trama de marcante autenticidade, um sentimento de que alguns dos fatos são verdade e de que outros, embora não-substanciados, são baseados em velhas tradições nas quais elementos autênticos sempre podem ser encontrados.*

O que Cutcliffe-Hyne deixa de apresentar a seus leitores são detalhes mais exatos do mundo subterrâneo do que aqueles que eu registrei aqui.

Mas em sua autobiografia, My Joyful Life, publicada em 1935, ele se refere a esse romance e a uma lenda na qual ele é baseado - e assim fazendo, acrescenta uma dimensão inteiramente nova à história, lançando-me ainda, com certeza, na pesquisa na qual resultou este livro.

Em My Joyful Life, que agora é um volume difícil de ser encontrado, Cutcliffe-Hyne descreve em primeiro lugar como se tornou interessado nas minas do Distrito Oeste de Yorkshire quando ainda criança: *A crença na existência de uma entrada para um mundo subterrâneo nessa parte de Yorkshire é também expressa no sinistro romance Land Under England de Joseph 0'NeiIl (1886-1953), publicada em 1935. 0'Neill, que foi Secretário Permanente do Departamento de Educação do Estado Livre da Irlanda, de 1923 a 1944, descreve uma antiga sociedade totalitária de pessoas que vivem nos subterrâneos em cavernas e passagens e que usa a telepatia para controlar as mentes de seus habitantes. O

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11 livro foi amplamente recebido na época como um ataque alegórico à Alemanha nazista. De alguma forma imagino ser um pequeno resquício de algum antepassado habitante das cavernas, porque meus gostos sempre foram um tanto quanto trogloditas. Meu pai foi vigário de Bierley, um povoado grande, extraviado, no distrito oeste, salpicado de minas de carvão. Um de seus ajudantes leigos na Igreja, com quem eu tinha um bom relacionamento, era um inspetor das minas, e com ele eu costumava descer as galerias locais sempre que ele podia me levar. Conforme "recebi" minha primeira tarefa de carvoeiro aos dez anos, poder-se-ia dizer que entrei na mineração com pouca idade e muito cedo. As minas de Bierley eram pequenas e (numa visão retrospectiva) bastante primitivas. As velhas máquinas útemantes de ventilação, e a propulsão central, e a chaminé de exaustão teriam feito um fiscal atual do governo desmaiar. Mas eles me ensinaram a ser impenetrável peio ar carregado e pela claustrofobia, e a manter uma atenção instintiva quanto à segurança de minha própria pele.

Essa introdução ao mundo "sob nossos pés" também deu a ele um interesse nas inumeráveis lendas acerca das cavernas e minas do Distrito Oeste. Posteriormente, quando estava na Universidade de Cambridge, ele aprendeu alpinismo e foi presidente do Clube Alpino Clare, "a dignidade sendo justificada pelo salto através do desfiladeiro que dividia nossa capela do Trinity Hall, ali depositando no topo da escadaria um vidro vazio de geléia, e pelo retorno em casa intacto!" Essa escapada lhe foi útil quando sua vida ulterior de aventuras lhe fez percorrer o mundo em lugares na Europa, Escandinávia, África, México e América do Sul e "na subida de pedras à beira de precipícios, assim como na descida de minas e cavernas profundas".

A exploração de cavernas, por certo, se tornou o principal hobby de Cutcliffe-Hyne, e em sua autobiografia ele descreve a investigação de passagens subterrâneas em Yorkshire, em diversos lugares na Europa e na África, e a busca na caverna de um tesouro perdido no México. Foi quando esteve engajado nessas expedições que ele ouviu, pela primeira vez, histórias de um reino subterrâneo do qual se dizia ter ligações com todas as nações do mundo. "Na América do Sul, escutei falar que existiam enormes túneis que atravessavam o continente, sempre mantendo uma ligação final com aquele lugar proibido. Mais curioso ainda é que havia relatos similares na Europa, e mesmo algumas pessoas idosas, no Distrito Oeste, conheciam a história e acreditavam na existência de entradas nas cavernas dali. O reino era conhecido pelo nome de Agharta."

Li o livro de Cutcliffe-Hyne absolutamente fascinado. A idéia de um reino subterrâneo ligado a todos os continentes do mundo por meio de uma gigantesca rede de passagens era sem dúvida impressionante, mentalmente desconcertante. Se a lenda fosse verdadeira, então deveria existir um mundo perdido debaixo do nosso mundo, que não foi perturbado nem pelo tempo nem pelas atividades da humanidade durante várias gerações!

E foi assim que comecei minha pesquisa por esse mundo perdido chamado Agharta e sua extraordinária e antiga história, tal como descreverei nas páginas que se seguem... A idéia de que existe um mundo oculto sob a superfície de nosso planeta é sem dúvida muito antiga. Existem inumeráveis relatos de tradições populares e orais que podem ser encontrados através de vários países do mundo que falam de um povo subterrâneo, criador de um reino de harmonia e contentamento sem sofrer interferência do resto da humanidade. A literatura, também, tem sua própria coleção de obras com esse tema - Niels Klim's Journey Underground (A viagem subterrânea de Niels Klim) pelo autor dinamarquês Ludvig Baronvon Holberg (1741), sendo talvez o exemplo mais proeminente - e artistas e poetas foram também atraídos por esse tema ao longo dos anos.

A primeira vista, muitos dos relatos parecem pouco mais do que fantasias - contos maravilhosos de seres etéreos que pairam para sempre à beira da consciência humana. Mas quando as histórias são postas lado a lado e comparadas, algumas impressionantes similaridades entre elas se tornam evidentes. Não importa qual sua origem, existe uma curiosa e convincente trama de algo verdadeiro que está presente em todas as histórias. Nicholas

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12 Roerich*, o explorador, artista e sábio russo que estudaremos em maiores detalhes neste livro, deu expressão a esse fato de maneira bastante convincente em seu livro Abode of Light (1947): *0 autor publicou no Brasil, pela Nova Era/Record, o livro Shambhala: em busca da Nova Era. Entre as inumeráveis lendas e contos de fadas de diversos países podem ser encontradas as histórias de tribos perdidas ou habitantes subterrâneos. Em diferentes e longínquas direções, as pessoas falam de fatos idênticos. Mas ao fazer a correlação entre eles, pode-se notar que não são mais que capítulos de uma mesma história. De início, parece impossível que possa existir qualquer conexão entre esses rumores distorcidos; porém, a seguir, começa-se a perceber coincidências peculiares nessas múltiplas lendas por parte de pessoas que, inclusive, ignoram o nome que as outras têm.

Pode-se reconhecer as mesmas relações no folclore do Tibete, Mongólia, China, Turquestão, Cachemira, Pérsia, Altai, Sibéria, Urais, Caucásia, estepes russas, Lituânia, Polônia, Hungria, França, Alemanha... Desde as mais altas montanhas até os mais profundos oceanos, elas contam a maneira como uma tribo sagrada foi perseguida por um tirano e como as pessoas, para não se submeterem à crueldade, se encerraram no interior subterrâneo de montanhas. Eles chegam a perguntar se você deseja ver a entrada da caverna através da qual o povo sagrado entrou...

Ao longo dos anos, esse reino para o qual refugiaram-se os exilados tem recebido vários nomes. Ele tem sido considerado um lugar maléfico, e com isso o Inferno, Hades ou Tartarus. Se - como é geralmente o caso - ele é visto como um lugar de luz e bondade, então Shangri-lá, Shambhala ou, o mais difundido, Agharta. (Eu deveria talvez mencionar que esta palavra, Agharta, pode ser soletrada segundo as variantes Asgartha, Agharta ou Agharti.)*

*No original, o autor utiliza sempre a grafia Agharti, baseando-se em Ossendowski e diversos outros autores por ele citados. Optamos por seguir a versão de René Guénon, que se baseia em Saint-Yves d'Alveydre para grafar Agharta. Segundo ele, Ossendowski obteve suas informações de fonte mongol, enquanto d'Alveydre de fonte hindu. O Rei do Mundo, Ed. 70, Lisboa, pág. 11. (N. do T.)

Tomando-se a lenda em sua forma mais básica, Agharta é tida como sendo um misterioso reino subterrâneo situado em alguma parte sob a Ásia e ligada aos outros continentes do mundo por uma gigantesca rede de túneis. Essas passagens, em parte formações naturais e em parte o trabalho artificial da raça que criou a nação subterrânea, propiciam um meio de comunicação entre todos os pontos, e assim tem sido desde tempos imemoriais. De acordo com a lenda, vastas extensões dos túneis existem ainda hoje; o resto foi destruído por cataclismas. Considera-se que a localização exata dessas passagens e os meios para se entrar são conhecidos apenas por grandes iniciados, e os detalhes são guardados de modo cuidadoso, porque esse reino é por si mesmo um vasto reservatório de conhecimentos secretos. Esses manuscritos são apontados como sendo a obra da perdida civilização atlante e de um povo ainda mais antigo, que teria sido o primeiro grupo de seres inteligentes a habitar a Terra.

De que existem passagens misteriosas sob a superfície da Terra, não há dúvida. John Michell e Robert J. M. Rickard escreveram em seu livro Phenomena (1977): Quando buscamos evidências físicas para dar apoio a esses relatos deparamo-nos com o maior e mais encoberto dos segredos arqueológicos: a existência de vastos e inexplicáveis sistemas de túneis, em parte artificiais e em parte naturais, sob a superfície de grande parte da Terra (...) O livro de Baring Gould Cliff Castles and Cave Dweüings of Europe (Castelos de penhascos e habitações em cavernas na Europa) tem registros impressionantes das extensas estruturas de cavernas e túneis sob a França e outros países. No livro de Harold Bayley Archaic England há descrições de viajantes antigos acerca de grandes túneis que se estendem sob grande parte da África, incluindo um túnel sob um rio chamado Kaoma, "tão comprido que a caravana gastou do nascer do sol até o meio-dia para atravessá-lo". No momento em que escrevemos, julho de 1976, chegam notícias de uma expedição com suporte militar na América do Sul se pondo a

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13 caminho, com a dupla finalidade de investigar o enigma das cidades de pedra "tecnologicamente impossíveis" nas altas montanhas e de explorar a vasta rede de misteriosos túneis, tidos como percorrendo toda a região da cadeia dos Andes. Se quiséssemos provar a existência de um mundo habitável sob o nosso mundo, não teríamos dificuldade em apontar as entradas para o mundo subterrâneo e nenhuma falta de evidência histórica dos contatos entre os homens e os seres que vivem nestes mundos subterrâneos.

Michell e Rickard levantam ainda a interessante questão: "Se fizermos a suposição, tal como vários homens importantes e autores sensacionaÜstas o fizeram, de que há gente vivendo num mundo subterrâneo que ocasionalmente interpenetra o nosso, muitos de nossos estranhos fenômenos parecerão mais razoáveis."

Se nos voltarmos para as doutrinas dos budistas podemos também encontrar um certo número de fatos específicos sobre Agharta. De acordo com esses ensinamentos, o reino é localizado profundamente no interior do planeta e habitado por milhões de pessoas, criaturas pacíficas. Eles são governados por um ser sábio e incrivelmente poderoso conhecido como Rigden Tyepo, "O Rei do Mundo", que vive numa magnífica habitação em Shambhala, capital de Agharta. De lá ele tem contato com representantes do "mundo de cima", sendo assim capaz de influenciar nos negócios do "homem da superfície". "O Rei do Mundo" é tido ainda como se mantendo em direta comunicação com o Dalai Lama do Tibete.

O budista norte-americano Robert Ernst Dickhoff, conhecido como Lama Vermelho Sungma, acrescenta a essa informação a seguinte passagem em seu intrigante livreto Agharta (1951): Agharta começou há cerca de 60.000 anos, quando uma tribo conduzida por um homem santo desapareceu sob a terra. Os habitantes lá são tidos como sendo numerosos, e uma ciência superior a qualquer outra encontrada na superfície da Terra dirige as atividades desses cidadãos subterrâneos nesse estranho reino.

Para falar de Agharta é preciso visualizar uma vasta cidade terminal subterrânea, sendo uma ramificação de uma rede de túneis subterrâneos, suboceânicos (...) A maior parte desses túneis antigos tem agora suas aberturas ou entradas cobertas, devido a deslizamentos de terra causados pelo dilúvio de muito tempo atrás e à submersão de continentes inteiros. As poucas que restaram abertas ao mundo da superfície estão no Tibete, Sibéria, América do Sul e do Norte, e em ilhas remotas que um dia já foram picos de montanhas da Atlântida.

O Dr. Dickhoff sustenta que a civilização antediluviana que criou Agharta floresceu em ambos os lados do Atlântico, e acrescenta: Os lamas tibetanos são da opinião de que na América vivem em cavernas de vastas proporções os sobreviventes de uma catástrofe que atingiu a Atlântida, e de que essas cavernas são conectadas por meio de túneis que dão livre acesso a ambos os lados dos dois continentes, Ásia e América; também que essas cavernas são iluminadas por uma luminescência verde que anima a vida vegetal subterrânea de lá e dá maior duração à vida humana.

Um outro norte-americano, Dr. Raymond Bernard, pesquisador destacado sobre as lendas de reinos subterrâneos, fez também comentários sobre as ligações budistas com Agharta em seu livro The Subterranean World (1960): Ao longo de todo o mundo budista do Extremo Oriente, a crença na existência de um mundo subterrâneo, que recebe o nome de Agharta, é universal e é parte integral da fé budista. Uma outra palavra sagrada entre os budistas é Shambhala, o nome da capital do mundo subterrâneo.

As tradições budistas afirmam que Agharta foi inicialmente colonizada há muitos milhares de anos quando um homem santo conduziu uma tribo que desapareceu sob a terra. Isso nos fez lembrar de Noé, que realmente foi um atlante, que salvou um grupo merecedor antes da chegada do dilúvio que submergiu a Atlântida. À atual população desse reino subterrâneo é creditada a posse de uma ciência superior a qualquer outra encontrada sobre a superfície da Terra, e por meio desta eles obtêm forças da natureza sobre as quais nada sabemos. A civilização deles se acredita representar uma continuação da civilização atlante e

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14 tem uma idade de muitos milhares de anos (a Atlântida afundou há cerca de 11.500 anos) enquanto a nossa é muito recente, com apenas alguns poucos séculos de idade.

O Dr. Bernard acredita que existe um túnel debaixo da capital tibetana de Lhasa que conduz a Shambhala e é constantemente guardado por lamas. Ele também assegura que o budismo é na verdade "uma filosofia aghartiana trazida à humanidade da superfície por instrutores provenientes do Mundo Subterrâneo". Segundo o Dr. Bernard, as diversas estátuas gigantes de Buda não representam o Gautama humano, mas sim esses super-homens subterrâneos que vieram para ensinar e ajudar a humanidade em tempos remotos no passado. Esses Budas os ensinaram a mesma religião universal, científica, como emissários de Agharta, o Paraíso Subterrâneo, a meta que todo verdadeiro budista deve alcançar.

Talvez a afirmação mais marcante sustentada por esse homem incomum - a respeito do qual trataremos mais adiante neste livro - seja a teoria de que o povo subterrâneo viaja através dos túneis em estranhos veículos que ocasionalmente emergem e aparecem em nossos céus - o fenômeno conhecido como Ovnis ou "discos voadores"! Ele diz que eles são propelidos por aquelas misteriosas "forças da natureza" de posse do povo subterrâneo!

A partir das observações específicas do Dr. Bernard e do budista Robert Dickhoff, assim como das tradições mais genéricas que apresento, o leitor logo perceberá por que existe uma tal fascinação pela lenda de Agharta. Porém, discernir quais detalhes são fato e quais são ficção é o que me proponho neste livro.

Não seria necessário dizer que este não é mais um livro sobre a "Terra Oca". Nos anos recentes alguns novos livros surgiram - assim como reedições de velhos títulos clássicos como ThePhantom of the Poles de William Reed (1906); The Smoky God ou A Voyage to the Inner World por Willis George Emerson (1908) e A fourney to the Earth's Interior de Marshall B. Gardner (1920) - todos os quais tentam provar que a parte interna de nosso mundo é oca e que pessoas vivem por lá. Essa não é uma teoria que eu subscrevo, e não faz parte de meus argumentos neste livro que o planeta Terra seja outra coisa senão um sólido esferoidal oblato até o centro.* O que acredito realmente é na possibilidade de que cavidades naturais no solo tenham sido utilizadas junto com a construção de túneis para a formação de um mundo secreto logo abaixo de nossos pés. O quanto disso ainda existe, se é povoado ou não, e qual é a verdade sobre suas origens é o que me esforcei por descobrir. Esta é uma investigação que levará o leitor de volta através das páginas da história e até aos mais escuros recessos na superfície da Terra. Os resultados dessa investigação levaram-me a uma surpreendente conclusão acerca da extensão e dos trajetos da rede de túneis e da localização da própria Agharta - que agora é tida por algumas autoridades como sendo a fabulosa Shangri-lá pela qual os homens buscaram desde os primórdios do tempo.

Casando-se perfeitamente com a história de Agharta, segue-se uma questão talvez ainda mais misteriosa - a questão daquela estranha força conhecida como energia vril, que desde longa data tem sido associada com o mundo subterrâneo. Diz-se que essa incrível força é capaz de conferir poder quase ilimitado a quem a possua - e muitos almejaram possuí-la, incluindo a mais sinistra e maléfica figura do século XX, Adolf Hitler. Estaremos examinando seu papel no esforço de descoberta da energia vril, assim como estudando a origem dessa força nas páginas que se seguem. *De acordo com o que é mais comumente aceito, a Terra - que tem uma circunferência no Equador de cerca de quarenta mil quilômetros e uma área de superfície de cerca de 510 milhões de quilômetros quadrados - consiste em um pequeno núcleo central de ferro e níquel derretido (com cerca de 1.300 quilômetros de espessura), uma camada externa do núcleo de ferro e níquel, um manto de rocha sólida (grossura de 2.900 quilômetros), e no topo disto uma crosta externa de cobertura de cinco a oito quilômetros. Os defensores da idéia da Terra Oca acreditam que dentro dessa crosta não há matéria sólida, mas um mundo de oceanos e massas de terra no qual se pode entrar através do Pólo Sul ou do Pólo Norte, ou através de falhas profundas na superfície do planeta.

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15 Porém, em primeiro lugar, antes de tentar estabelecer onde é Agharta, se existem as passagens no subsolo, ou mesmo o que a misteriosa energia vril possa ser, precisamos observar a história desse extraordinário reino subterrâneo e do mistério que o cerca. E um relato que nos conduz de volta através dos séculos e através dos registros e livros de história de muitas e variadas nações...

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