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Eu Brasil: O Folclore Brasileiro Através da Representação Queer 1

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Academic year: 2021

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RESUMO

Eu Brasil: O Folclore Brasileiro Através da Representação Queer1

Douglas Raphael Costa de MELO2

Fabrício Rodrigues MACHADO3

Pedro Henrique Cruz de Oliveira SILVA4

Rafael Paulino BORGES5

Talitta Gabrielle dos Santos SILVA6

Sharmaine Caixeta7

Universidade Federal de Goiás (UFG)

Este ensaio fotográfico artístico busca no âmbito da cultura brasileira traduzir seu conceito por meio da desconstrução dos personagens do folclore nacional. As pesquisas acerca da brasilidade e representatividade de gênero resultou em uma narrativa diversificada. Para tanto utilizaremos JESUS, 2012; KELLNER, 2001; e DELBEM, 2007 na definição desta identidade estabelecendo uma relação entre os papéis folclóricos e a cultura queer, que vai de encontro com conceituação multifacetária do Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Brasilidade; Cultura brasileira; Cultura queer; Drag queen. 1 INTRODUÇÃO

Ao propor a construir uma narrativa visual que traduz a brasilidade, pensamos em diversos conceitos que nos define: a origem indígena atrelado às diversas outras culturas que compõe esta nação.

1 Trabalho apresentado no GT5 - Imagem Fotográfica do 5o CAPPA realizado nos dias 21 e 22 de maio de 2018.

2 Estudante de Graduação do 3º semestre de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da UFG, e-mail:

douglas.raphael21@hotmail.com;

3 Estudante de Graduação do 3º semestre de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da UFG, e-mail:

fabriciomachado1943@gmail.com;

4 Estudante de Graduação do 3º semestre de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da UFG, e-mail:

pedrohenrique1108@gmail.com;

5 Estudante de Graduação do 3º semestre de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da UFG, e-mail:

rafaelgyn95@gmail.com;

6 Estudante de Graduação do 3º semestre de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da UFG, e-mail:

talittagabrielle1@gmail.com;

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Nossa comida, sotaque e expressões singulares, nosso ritmo e cores; é essa diversidade que definem os brasileiros, sendo assim, optamos por representá-los por meio de suas histórias, lendas, etnias, acentuadas a íntima relação com os elementos da natureza. O folclore brasileiro traduz este aspecto em sua totalidade, sendo seus personagens construídos de maneira que muitas características da cultura brasileira estão impressas em suas histórias, principalmente a cultura indígena.

Estas representações independem de gênero ou classe social ao que pertencemos, podendo inclusive ser expressados como Drag. O transformista que assim como o Saci ou a Caipora assume formas e encantos para ser propagada sua personalidade, revela para a sociedade seu poder nas performances que realiza. O ensaio fotográfico produzido traz a intensidade do ser brasileiro através do folclore transvestido, a mistura representativa do Brasil em cores, gêneros e beleza.

2 OBJETIVO

A pesquisa propõe apresentar e analisar o processo criativo, produtivo e o ensaio fotográfico produzido com o tema “brasilidade” abordando elementos da cultura folclórica nacional e trazendo nova percepção dos personagens folclóricos selecionados, a partir da mistura dessas personas a elementos do universo LGBTT+ como forma de representa-los, reajustados a realidade contemporânea, ressaltando de forma sucinta discussões de gênero e de quebra de padrões.

A produção do ensaio teve como objetivo instigar o leitor não só a contemplar o conteúdo fotográfico, mas também fazer com que ele aguce seu conhecimento sobre a arte drag e seu discurso, buscando então relacionar o estudo a seus conceitos de gênero e de cultura queer, facilitando o reconhecimento do nosso trabalho que foi mostrar a personificação artística das lendas folclóricas bastante presente na cultura brasileira.

3 JUSTIFICATIVA

Entende-se como drag a arte de expressar no corpo humano um personagem exageradamente estereotipado tanto do sexo feminino (drag queen) quanto do sexo masculino (drag king). E apesar de estar diretamente relacionada à cultura LGBTq, não deve ser confundida com orientação sexual ou identidade de gênero. “A simples manifestação de um personagem, mesmo que do sexo oposto, não diz respeito à sexualidade do artista.” (JESUS,

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A arte drag traz originalidade devido à utilização do próprio corpo para a reprodução da arte. Todas as performances precisam ser muito bem elaboradas, visto que a mensagem deve ser compreendida facilmente. Desde a antiguidade essa prática já era utilizada para fins artísticos, porém com o passar do tempo várias modificações vieram por acontecer. O seu intuito de causar estranhamento (queer) e a intimidação demasiadamente planejada continua sendo os principais objetivos.

Discutir gênero se faz muito presente na sociedade atual, evidentemente discussões sobre essa temática se tornou comum e fortemente utilizadas para desconstruir ideologias sociais. Podemos citar como exemplo a drag queen RuPaul, atuante na área desde os anos 90, e atualmente comanda o programa RuPaul’s Drag Race, que por sua vez vem sendo um dos programas com maior repercussão no Brasil. Logo, a cultura pop serviu para a propagação desse ofício, no qual homens e mulheres se vestem de forma performática (AMANAJÁS, 2014.

Optar por modificar o "sexo pré-estabelecido" dos personagens folclóricos na narrativa visual serviu para que se discutisse a questão de gênero acentuada, já que as personagens femininas foram representadas por homens e vice-versa. Não somos aquilo que fomos determinados para ser antes mesmo de nascermos; brincar com objetos ou usar cores que determinam sexo, denunciam como é importante a identidade de gênero para identificação social. Todo esse conteúdo de itens separados por sexo biológico nos é imposto obrigatório e primordialmente ainda na infância.

Essa autenticação de que somos obrigados a utilizar artefatos separados por sexo é reiterada continuamente por diversos agentes sociais. Ela começa desde a educação em casa, passando pelas instituições educacionais e é permeada pela cultura midiática, que modela opiniões políticas e comportamentos sociais, fornecendo o material para que as pessoas forjem suas identidades (KELLNER, 2001). O gênero consiste na denominação de homem e mulher em seus papéis atribuídos pela sociedade, não estando relacionado com o fator biológico determinado por macho e fêmea (JESUS, 2012)

4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADAS

O significado da palavra “folclore” pode ser entendido como um saber tradicional do povo, ou seja, algo que é passado de geração em geração e que carrega consigo uma

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identidade específica de cada região, podendo ser contos, músicas, lendas, histórias, dizeres populares etc (DELBEM, 2007).

Existe no Brasil a Comissão Nacional do Folclore, uma entidade governamental brasileira encarregada do estudo e preservação do folclore brasileiro. A Comissão já realizou diversos congressos encarregados de enriquecer o estudo sobre o assunto e promover debates, o que acabou resultando em uma Carta do Folclore:

1. Folclore é o conjunto das criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas individual ou coletivamente, representativo de sua identidade social. Constituem-se fatores de identificação da manifestação folclórica: aceitação coletiva, tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade. Ressaltamos que entendemos folclore e cultura popular como equivalentes, em sintonia com o que preconiza a UNESCO. A expressão cultura popular manter-se-á no singular, embora entendendo-se que existem tantas culturas quantos sejam os grupos que as produzem em contextos naturais e econômicos específicos. [...]

Partindo deste pressuposto, o folclore brasileiro é rico em detalhes que transmitem características e uma grande carga histórica da brasilidade. A metodologia utilizada para a realização deste projeto foi um ensaio fotográfico que trouxesse consigo as características de lendas folclóricas, como cenários e adereços que façam com que o espectador reconheça essas lendas e associe-as com a brasilidade.

Também foi realizada uma pesquisa bibliográfica em artigos científicos, sites e livros a fim de aprofundar o conceito de folclore e conhecer um pouco mais sobre algumas lendas. O conhecimento prévio dos integrantes do grupo também foi levado em consideração, visto que grande parte da população brasileira se desenvolve apropriando-se das lendas aqui abordadas, o que contribuiu com a pesquisa bibliográfica que serviu como um complemento.

5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO

Os modelos utilizados para a caracterização dos personagens foram os próprios autores deste trabalho, sendo alunos do primeiro período do curso de Comunicação social Publicidade e Propaganda da Universidade Federal de Goiás, sendo objetivo trazer uma maior proximidade com as histórias em conjunto ao processo de vivenciar essas lendas através das fotografias. A temática “drag” foi levada em consideração para a realização deste ensaio, por ser uma cultura em ascensão no Brasil e juntamente com o folclore trazer uma perspectiva contemporânea para a brasilidade.

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O ensaio fotográfico contou com a produção de 16 fotos (Conforme “Anexo A” com algumas fotografias) que transmitissem o espírito e as características do folclore brasileiro. Foram utilizadas as histórias da Mula sem Cabeça, Iara, Caipora, Saci Pererê e Vitória Régia. As fotos contêm elementos cenográficos como acessórios e maquiagem com o objetivo de evidenciar os personagens retratados.

Imagem 1: Todos os personagens retratados no ensaio fotográfico.

O cenário foi escolhido de forma que os personagens fossem inseridos no contexto de suas histórias, como lagos, florestas e o campo. Essa escolha faz com que o espectador tenha mais proximidade.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sociedade brasileira e dotada de diversidade, onde a variedade se estabelece grandemente, a limitação mostra-se inimiga da expressão. Entretanto, toda a pluralidade mantém-se segregada, havendo pouca e/ou insuficiente exploração por parte das pessoas de todo conteúdo cultural e social que está ao seu redor. Ao executar esse ensaio, visávamos justamente atar o novo ao clássico, o contemporâneo ao tradicional, unindo folclore e cultura

queer – categorias que em um primeiro momento parecem muito distantes, mas revelam-se

tão próximas quanto se pode imaginar.

A construção plástica das imagens surgiu a partir das aulas da disciplina de Comunicação Visual, dos vários elementos discutidos em sala de aula, o da semiótica foi o

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que mais se adequou para o planejamento e execução deste ensaio a fim de tornar a reflexão sobre o tema evidente nos leitores. Semiótica é a ciência dos signos, que estuda todas as formas de linguagem e consequentemente as formas de se comunicar. A semiótica ajuda a observar e compreender o mundo. Signo é uma representação de cada coisa, é tudo aquilo que nos faz lembrar de algo, seja no som, na escrita, em imagens etc. Portanto utilizamos alguns desses conceitos para produzir o ensaio, através de signos tanto da cultura queer quanto das características visuais das lendas folclóricas.

A escolha de colocar as figuras folclóricas adaptadas ao mundo queer, especialmente à categoria drag, como o foco deste ensaio fotográfico se deu a partir das próprias referências que caracterizam esta cultura, que através de roupas, adereços e maquiagem, criam um personagem a fim de se expressar e muitas vezes transmitir uma ideia específica. A arte drag desenvolve-se a partir de uma montagem que busca representar o corpo feminino ou masculino de forma exagerada. Os “transformistas” demonstram a identidade como algo não fixo, misturando características dos dois gêneros, tanto física quanto psicologicamente. Sendo assim, usamos esse embasamento para criação desta narrativa visual, na intenção de colocar em pauta essa categoria do mundo queer comumente desmerecida.

Estudar sobre a teoria queer nos proporcionou conhecimento de forma abrangente para composição das fotografias. As mesmas misturam vários elementos referentes a esta temática, como a mudança do gênero original dos personagens folclóricos e a inserção do conceito de

drag na esfera tradicional, caracterizando a principal pois essência do sujeito queer: ser

diferente e/ou estranho, tendo a liberdade para se firmar como quiser.

Propomos, por fim, uma forma de representar a brasilidade através de suas lendas folclóricas, fazendo uma releitura com base na cultura LGBTT+ e as inserindo em um contexto atual. Nossa intenção é colocar em dúvida a fixidez da representação identitária de um indivíduo e questionar o limiar do “tradicional”, quebrando paradigmas de gênero e fazendo com que novas percepções sejam criadas.

A partir de toda essa reflexão, é evidente a necessidade da desconstrução dos parâmetros que restringem as formas de pensamento que são diferentes da grande massa. O que é diferente não está ligado ao que é, inquestionavelmente, errado. Desvirtuar o corpo do pensamento único e maçante está cada vez mais importante para que a identidade de gênero seja feita de forma ampla, ao passo que as pessoas tenham o livre direito de se identificarem

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mas sim visando atingir pessoas que não se identificam facilmente. Levantar a percepção de que a cultura queer faz parte de todo o meio LGBTT+, e que drag queen vai muito além de sexualidade, observando então que essa forma de arte não necessariamente está ligada à gênero.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação – uma perspectiva pós- estruturalista. Petrópolis, RJ, Vozes, 1997. p. 14-36

FILHO, Flavi Ferreira Lisboa. SILVA, Thomas Josue. Cultura e Identidade – subjetividades e minorias sociais. Santa Maria, RS. UFSM, 2018.

KELLNER, Douglas. A cultura da mídia - estudos culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno. Bauru, SP. EDUSC, 2001.

JESUS, Jaqueline Gomes de. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Brasília: Publicação online, abr. 2012. Disponível em: https://goo.gl/yKYpqw Acesso em 03 de julho 2017.

AMANAJÁS, Igor. Drag Queen: Um percurso histórico pela arte dos atores

transformistas. Campinas, SP. Unicamp, 2014.

FERNANDES, Júlia Facure et al. Avesso da publicidade: Deusxs – uma proposta fotográfica e crítica de desnaturalização dos discursos relacionados ao gênero. Brasília, DF, 2015. Trabalho acadêmico submetido ao XXIII Prêmio Expocom 2016. Universidadede de Brasília. DELBEM, Danielle Conte. Folclore, identidade e cultura. Araras, SP. UNAR, 2007.

BRANDÃO, Carlos Henrique. O que é folclore?. São Paulo: Brasiliense, 1984. Comissão Nacional do Folclore. Carta do Folclore Brasileiro. Salvador, BA. 1995. SANTAELLA, Lucia. O que é Semiótica?. São Paulo, SP: Brasiliense, 1983.

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Anexo A

Imagem 1.

Imagem 1: Fotografia com o modelo representando a personagem Iara.

Imagem 2

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Imagem 3

Imagem 3: Fotografia com o modelo representando a personagem Mula-Sem-Cabeça.

Imagem 4:

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Imagem 5

Referências

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