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Localizado no extremo norte do Brasil, o Estado do Amapá é um dos 9 estados que compõe a Amazônia Legal. Com uma superfície de 142.828 km², constitui-se no menor dos estados da região Norte e da Amazônia Legal (Figura 14). Representando 3,71% da área total da região Norte, possui uma população estimada em 766.679 habitantes distribuída em 16 municípios, porém fortemente concentrada na capital Macapá e Santana (75%), a densidade demográfica é baixa, o equivalente a 5,37 habitantes por km2 (23°colocado entre os estados da federação) (IBGE, 2016).

Figura 14: Localização do Estado do Amapá e a sede municipal de seus 16 municípios.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Segundo Lima e Porto (2008), no século XX ocorreram várias estruturações territoriais no espaço amapaense decorrentes de diversas preocupações, tais como: geopolítica, devido à fronteira com a Guiana Francesa; atração de companhias de mineração; grandes fazendas de gado e silvicultura; exploração aurífera; construção da Hidrelétrica de Coaracy Nunes e de

reivindicações de poder local. Dentre estas destaca-se a criação do Território Federal do Amapá em 1943, por meio do desmembramento do vizinho estado do Pará, e a transformação do Território em Estado em 1988.

Ainda de acordo com Porto (2007) depois da criação do Território Federal, três períodos econômicos surgiram a partir das ações dos atores privados e públicos sobre a organização territorial do estado, os quais são descritos como: gênesis, estruturação produtiva e organização do espaço (1943-1974); planejamento estatal e diversificação produtiva (1975-1987); transformação em Estado e sustentabilidade econômica (pós 1988). Destaca-se ainda que as ações destes atores resultaram no aumento da imigração e do crescimento urbano.

Além da instalação do empreendimento minerário Indústria e Comércio de Minérios (ICOMI) no município de Serra do Navio (as obras de infraestrutura do empreendimento se iniciaram em 1954), são apontados como fatores que contribuíram para o desenvolvimento do Estado a instalação do Projeto do Jarí em 1967, época caracterizada pelos grandes empreendimentos na Região Amazônica, a transformação de Território para Estado pela Constituição de 1988 e a instalação da Área de Livre Comércio nos municípios de Macapá e Santana (GOVERNO DO ESTADO DO AMAPÁ- GEA e FUNDAÇÃO DE AMPARO A PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO- FAPUR, 2014).

Quanto a economia, o PIB do Estado do Amapá em 2013 soma um total de R$10,46 bilhões de reais correspondentes a 0,23% do PIB nacional e um PIB per capita de R$16.400. O setor terciário tem uma elevada participação na composição do PIB estadual, chegando superar 87% do total. Deste montante, em torno a 40% de toda a movimentação é atribuída aos recursos gerados pela administração pública (GEA e FAPUR, 2014).

Os principais produtos de exportação do Amapá são os minérios e dentre estes o ouro é se destaca sendo responsável por 50,7% do total das exportações, seguido por minério de ferro, com 34,6%. Cerca de 99% do ferro, caulim, ouro e cromita produzidos no Estado foram destinados para os mercados externos (nacionais e internacionais), e as indústrias do setor empregaram cerca de 1.190 pessoas em 2009 (VIANA et al., 2014).

O setor florestal também merece destaque na economia amapaense, a participação de madeira e produtos de madeira nas exportações do Amapá foi de 4,5% em 2012 aumentando para 11,2% em 2013. A área de floresta plantada no estado do Amapá em 2012 foi de 49.951 ha que geraram 1.762.169 m³ de madeira em tora. Neste mesmo ano, foram retiradas legalmente

531.491 m³ de madeira em tora e 320.862 m³ de lenha nas florestas nativas (VIANA et al., 2014).

Desde 2009, a balança comercial do Amapá registra crescimentos importantes nos saldos devido a diversificação dos produtos principalmente do suco de frutas, açaí, carnes bovinas, gado vivo, feijão, palmito, barcos e embarcações de recreio, frutas frescas ou secas. Os saldos comerciais, calculados em 182.839 mil U$ FOB11 em 2009, passaram a 352.978 mil U$ FOB em 2010 e, 602.792 mil FOB em 2011.

Desde 1991, o Índice de Desenvolvimento Humano vem melhorando, o Amapá tem ganhado posições entre os estados brasileiros e atualmente ocupa a 12ª posição contendo um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,708 sendo considerado alto, no entanto o estado ainda está abaixo da média brasileira que é de 0,755 (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO - PNUD, 2013).

Segundo Lima e Porto (2008), três eixos viários são de fundamental importância para a ocupação das terras amapaenses: A Ferrovia Santana-Serra do Navio; a BR-156 e a Perimetral Norte. A ferrovia, com 194 km de extensão e que conecta o litoral ao interior do espaço amapaense (Santana-Serra do Navio), foi construída para acessar os recursos manganesíferos pela empresa ICOMI. Sua construção foi prevista desde o primeiro contrato desta empresa com o então Território Federal do Amapá (1947) e foi de fundamental importância para a primeira exportação de manganês amapaense (1957).

A Rodovia BR-156 foi construída com nítidos objetivos geopolíticos que apontavam para uma integração sul-norte, ou seja, do rio Jarí (passando por Macapá) ao rio Oiapoque, na fronteira norte de Brasil. A interligação do território ao mesmo tempo que tentava dinamizar o transporte entre Macapá e Oiapoque, visava conter a influência dos países limítrofes. Neste sentido a BR-156 foi a linha central da ocupação do território, com as estradas substituindo os rios como vias de transporte das rotas regionais.

A rodovia Perimetral Norte BR-210 foi projetada para estabelecer uma proteção da fronteira norte de Brasil e intensificar o comércio interamericano. Iniciada em 1973, um de seus trechos começou no município de Porto Grande, a 112 km de Macapá, que tornou-se a estrada mais cara do Amazônia brasileira, o trecho amapaense da Perimetral Norte (BR-210) não supera os 270 km e os trabalhos foram suspenso em 1977 (LIMA e PORTO, 2008).