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Pelas metodologias apresentadas no item anterior, percebe-se que um aspecto fundamental a ser abordado no estudo de pólos geradores de viagem consiste na definição da área de influência do empreendimento. Esta etapa torna-se importante, uma vez que possibilita identificar as áreas com possíveis focos de congestionamento, além de permitir o estudo de viabilidade econômica do empreendimento, a partir do planejamento adequado do uso do solo e da determinação das características socioeconômicas da população residente nos diversos locais afetados pelo PGV (PORTUGAL e GOLDNER, 2003).

A área de influência de um empreendimento representa a delimitação física do alcance do atendimento da maior parte de sua demanda (SILVEIRA 1991, apud SILVA et al, 2007). Alguns outros conceitos de área de influência podem ser verificados na Tabela 2.3. Ainda que amplamente estudada em função dos shopping centers, o conceito de área de influência é perfeitamente aplicável no que concerne outros tipos de PGV.

Tabela 2.3: Conceitos de área de influência

Referência Conceito

Hirschfeldt (apud Carvalho, 1994)

É um fator que permite avaliar o potencial mercadológico da área geográfica onde residem os consumidores do empreendimento. Mussi et al. (1988)

Espaço geográfico sobre o qual o empreendimento exercerá a atração da população para fazer suas compras ou atender suas necessidades de lazer e serviços.

Marco (1994)

Região geográfica onde o poder de atração é responsável por grande parte das vendas do shopping center. Esse poder de atração é função inversa da distância necessária para alcançar o empreendimento.

Urban Land

Institute (1971) Área em que se obtém a maior proporção de clientela contínua necessária para a manutenção constante do empreendimento. Chasco Yrigoyen e

Uceta (1998) Área que possui uma forte dependência comercial sobre o local de estudo. Grando (1986) Área geográfica no qual o conjunto varejista atrai a maior parte de seus consumidores.

Fontes: CORRÊA (1998) apud ANDRADE (2005) e SILVA (2006)

Apesar das definições serem semelhantes, os critérios para a delimitação da área de influência variam de acordo com o autor. De forma geral, a área de influência divide-se em área primária, área secundária e área terciária (PORTUGAL e GOLDNER, 2003), cujos

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limites são determinados por fatores como natureza e tamanho do empreendimento, acessibilidade, densidade e características socioeconômicas da população, barreiras físicas, limitações de tempo e distância de viagem, poder de atração e competição do empreendimento, distância do centro da cidade e dos principais concorrentes. A Tabela 2.4 a seguir apresenta os parâmetros considerados em diversos estudos para a definição das subdivisões da área de influência.

Tabela 2.4: Parâmetros para a definição de área de influência.

Legenda: Fonte: Portugal e Goldner (2003)

* shopping center fora da área urbana (periférico) ** shopping center dentro da área urbana (central);

*** shopping center com torre de escritórios em bairro residencial nobre; **** shopping center com torre de escritórios em centro de comércio e serviços; ***** shopping center com centro de comércio e serviços.

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A delimitação da área de influência baseia-se no traçado de isócronas e isócotas. As isócronas são linhas de tempos iguais, traçadas de 5 em 5 minutos e as isócotas são linhas de distâncias iguais, marcadas de 1 em 1 quilômetro. Usualmente, as isócronas são traçadas até a marca de 30 minutos enquanto as isócotas podem atingir a marca de 8 km, de acordo com o tipo de empreendimento.

No contexto do traçado da área de influência, PORTUGAL e GOLDNER (2003) apresentam a metodologia desenvolvida por CORREA (1998), cuja estrutura metodológica é apresentada na Figura 2.7 abaixo.

Figura 2.7: Metodologia para a análise da área de influência (Correa, 1998). Fonte (Portugal e Goldner, 2003, adaptado)

A metodologia consiste em, inicialmente, localizar o empreendimento em um mapa em escala adequada e obter as informações que caracterizam o empreendimento (área bruta locável, área total construída, área do terreno, número de vagas de estacionamento, áreas de circulação de pedestres, local de carga e descarga de mercadorias, etc.). Em seguida, deve-se identificar as principais rotas de acesso ao empreendimento e as zonas ou bairros

Análise de viabilidade de implantação do empreendimento Divisão da área de influência

Localização espacial do principal centro de comércio da cidade e definição dos principais PGVs concorrentes da região

Traçado de isócotas Traçado de isócronas

Estudo do sistema de transportes da região Divisão da região de implantação em bairros ou zonas

Definição do sistema viário principal Informações gerais sobre o empreendimento Estudo para a localização do empreendimento

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da envoltória do empreendimento. Além disso, deve-se realizar um estudo do sistema de transporte da região, identificando o sistema de transporte coletivo da região (ônibus, metrô, barca, trem), pontos de embarque e desembarque e locais de estacionamento público ao redor do PGV.

Em seguida traçam-se as isócronas de 5 em 5 minutos, até o tempo de 30 minutos, a partir das viagens realizadas por automóvel, em horário de fluxo normal, dentro dos limites de velocidade da via. Também se traçam as isócotas em linhas concêntricas a partir do empreendimento na escala de proporção de 1 em 1 quilômetro, até atingir a linha da isócrona de 30 minutos.

A próxima etapa consiste na identificação dos principais pólos geradores existentes nas zonas próximas da do empreendimento em estudo e na divisão da área de influência em suas áreas de influência: primária, em que o usuário atinge o empreendimento em um tempo que varia de 5 a 10 minutos, secundária, para o período de 10 a 20 minutos, e terciária, para o período entre 20 e 30 minutos.

Por fim, faz-se sugestões quanto a distribuição dos setores inerentes ao empreendimento e procede-se com a análise de viabilidade do empreendimento a partir do estudo de tráfego da região, analisando a viabilidade em termos de circulação, acessos e estacionamento. A metodologia de CORREA (1998) foi desenvolvida para shopping centers. Contudo, pode ser aplicada a outros tipos de PGV, fazendo os devidos ajustes. SILVA (2005) apresenta uma outra metodologia para a análise da área de influência para supermercados, conforme ilustra a Figura 2.8.

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Figura 2.8: Metodologia para delimitação da área de influência de supermercado (Fonte: SILVA, 2006, adaptado)

Essa metodologia está calcada em três fases. A primeira fase consiste no levantamento dos dados que subsidiará o restante do processo, obtendo-se os dados referentes à caracterização do empreendimento, os dados censitários e geográficos do município e as informações levantadas in loco quanto ao entorno do pólo.

Na fase seguinte, desempenha-se o tratamento da base geográfica, compondo-se o sistema de informações geográficas a ser analisado utilizando um sistema de informação georreferenciada – SIG. Em seguida, traçam-se as isócotas a partir de linhas concêntricas ao local do empreendimento, traçadas de 500 em 500 metros até a distância de 6,5 km,

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além de proceder com o levantamento do número de concorrentes que se localizam dentro da isócota de 1 km. Essa informação será importante na determinação dos limites das subdivisões da área de influência.

Na terceira fase, realiza-se a subdivisão da área de influência a partir dos modelos que determinam as dimensões máximas das isócotas que limitam as áreas de influência primária (Y1), secundária (Y2) e terciária (Y3). Na sequência, faz-se a classificação dos setores censitários como pertencentes às áreas de influência, a partir da aplicação de um questionário e realiza-se o agrupamento desses setores, definido as áreas de influência primária, secundária e terciária.

A metodologia, ainda que concebida para análise de supermercados, pode ser adotada para outros contextos, desde que a área construída do PGV estudado se enquadre dentro dos limites estabelecidos da amostra utilizada, entre 2.400 e 15.173 m2 (SILVA, 2006).