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Geração de viagens

4.1 CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS EM UM INDICADOR

Como mencionado anteriormente, nem todo indicador apresenta-se como uma boa medida para a avaliação do progresso de um determinado evento. Assim, faz-se mister identificar as características desejáveis em um indicador de forma que ele se apresente relevante para a avaliação de determinado fenômeno.

Para TCU (2000) na análise ou na criação de indicadores de desempenho devem ser observados os seguintes aspectos:

 Representatividade: o indicador deve ser a expressão dos produtos essenciais de uma atividade ou função;

 Homogeneidade: na construção de indicadores devem ser consideradas apenas variáveis homogêneas;

 Praticidade: o indicador funciona na prática e permite a tomada de decisões gerenciais;

 Validade: o indicador deve refletir o fenômeno a ser monitorado;

 Independência: o indicador deve medir os resultados atribuíveis às ações que se quer monitorar, devendo ser evitados indicadores que possam ser influenciados por fatores externos.

 Confiabilidade: a fonte de dados deve ser confiável, possibilitando que diferentes avaliadores cheguem aos mesmos resultados;

 Seletividade: deve-se estabelecer um número equilibrado de indicadores que enfoquem os aspectos essenciais do que se quer monitorar;

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 Cobertura: os indicadores devem representar adequadamente a amplitude e a diversidade de características do fenômeno monitorado, resguardado o princípio da seletividade e da simplicidade.

 Economicidade: a coleta das informações necessárias ao cálculo do indicador deve ser realizada a um custo razoável.

 Acessibilidade: deve haver facilidade de acesso às informações primárias bem como de registro e manutenção para o cálculo dos indicadores.

 Estabilidade: a estabilidade conceitual das variáveis componentes e do próprio indicador bem como a estabilidade dos procedimentos para sua elaboração são condições necessárias ao emprego de indicadores para avaliar o desempenho ao longo do tempo.

Royuela (2001) destaca que os indicadores devem ser:  Relevantes em função da escala de análise;  Pertinentes frente aos objetivos de planejamento;  Compreensíveis, claros, simples e não ambíguos;

 Viáveis em razão dos custos e disponibilidade dos dados;  Limitados em quantidade;

 Representativos.

Durango et al (2006) cita ainda as seguintes características:

 Validade científica: o indicador deve estar embasado em um conhecimento bem fundamentado do sistema descrito;

 Ser sensível a mudanças: deve apontar as mudanças de tendência da descrição do fenômeno;

 Preditivo: deve ter a capacidade de prever tendências futuras, sejam elas positivas ou negativas;

 Comparável: a informação transmitida deve proporcionar a comparação com outra informação;

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 Integrada: deve ter uma resposta conjunta a diferentes fatores. 4.2 - TIPOS DE INDICADORES DE DESEMPENHO

Os indicadores de desempenho são instrumentos aplicáveis a diferentes situações e contextos, de forma que podem ser classificados em função do nível de análise a que se prestam, como também pela sua função ou dimensão de representação, conforme apresentado por Magalhães (2004) com base nos trabalhos desenvolvidos por EEA (1999) e Federation of Canadian Municipalities (2002).

Dessa forma, em relação a sua função, os indicadores podem ser classificados como (EEA, 1999 apud Magalhães, 2004):

 Descritivo: descrevem, caracterizam um determinado tópico. Refletem como está a situação, sem referência de como deveria ser;

 Desempenho ou Eficácia: comparam as condições atuais com uma série de valores de referência, a exemplo de metas ou resultados esperados;

 Eficiência: possibilitam a avaliação da eficiência das ações, refletindo qual a relação, quantitativa e qualitativa, entre meios empregados e resultados obtidos;  Global: são os mais abstratos e sintéticos dos indicadores. São, em geral, índices,

agregações de diversos indicadores transmitindo uma visão geral sobre o tópico tratado.

Com relação ao nível de análise os indicadores podem ser classificados como (Federation

of Canadian Municipalities, 2002 apud Magalhães, 2004):

 Operacionais: são em geral dados desagregados sobre determinado objeto que é usado nas decisões do dia-a-dia;

 Táticos ou Funcionais: são resultados da análise de indicadores operacionais diversos, mas relacionados, a fim de se obter uma visão geral sobre determinado tópico, utilizado em níveis intermediários de decisão;

 Estratégicos: permitem avaliações globais de objetivos e/ou ideais mais amplos, utilizados nos níveis mais altos de decisão.

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Na análise das condições de tráfego, FHWA (2007) classifica os indicadores de desempenho em dois grupos: medidas de desempenho básicas e medidas de desempenho derivadas.

As medidas de desempenho básicas são aquelas que não derivam de outras medidas de desempenho e que servem de insumo para o cômputo das medidas de desempenho derivadas. Enquadra-se como medidas de desempenho básicas, dentro da engenharia de tráfego, indicadores como capacidade, velocidade, tempo de viagem e número de paradas. Já nas medidas de desempenho derivadas destaca-se: tempo de atraso, densidade, número de veículos em fila, distância de viagem, relação volume/capacidade, nível de serviço, tempo de congestionamento, mudança modal, colisões, consumo de combustível, emissão de poluentes, entre outros.

A Tabela 4.1 a seguir apresenta alguns dos indicadores comumente utilizados na Engenharia de Tráfego e suas definições:

Tabela 4.1: Indicadores de desempenho na Engenharia de Tráfego (FHWA, 2007)

Medida de desempenho Definição

Nível de Serviço Medida de eficácia baseada nos modelos

do HCM.

Tempo de viagem Distância percorrida dividida pela

velocidade

Velocidade Distância percorrida dividida pela pelo

tempo de viagem

Incidente Interrupção no tráfego causado por uma

colisão ou outro evento não previsto. Tempo de congestionamento Período de congestionamento

Ocupação veicular Pessoas por veículo

Atraso causado por incidente Aumento do tempo de viagem

ocasionado por um incidente

Densidade Número de veículos por faixa por

período de tempo * * Difere da definição apresentada em TRB (2000)

TRB (2000) também apresenta as seguintes medidas de desempenho, conforme verificado na .

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Tabela 4.2a: Indicadores de desempenho apresentados pelo HCM-2000 (TRB, 2000)

Indicador Definição

Atraso O tempo adicional de viagem experimentado por um motorista, passageiro ou pedestre.

Capacidade

A vazão máxima sustentável esperada para que veículos e/ou pessoas atravessem um ponto ou um segmento uniforme de uma faixa de tráfego ou via durante um período específico, dada certas condições da via, da geometria, do tráfego, do ambiente e das formas de controle. É usualmente expressa em veículos/hora, pessoas/hora, etc. Densidade

O número de veículos em um segmento de via calculado sobre o espaço, usualmente expresso em veículos/km/faixa.

Densidade de Congestionamento

Densidade na qual o congestionamento interrompe todos os movimentos de pessoas ou veículos, usualmente expresso em veículos/km/ faixa ou pedestre/m2.

Fila

Alinhamento de veículos (ou pessoas) esperando para serem atendidos pelo sistema no qual a taxa de fluxo do início da fila determina a sua velocidade média. Veículos a baixa movimentação ou pessoas que ingressam no final da fila são usualmente considerados parte da fila. A dinâmica interna da fila pode envolver paradas e reinícios do movimento.

Fluxo de congestionamento Condição de fluxo de tráfego causado por um gargalo a jusante.

Intensidade de Congestionamento

Medida do número total de pessoas por hora de atraso e a velocidade média de viagem ou o atraso médio por pessoa por viagem.

Nível de Serviço

Medida qualitativa que descreve as condições operacionais de uma corrente de tráfego baseado em medidas de serviço tais como velocidade e tempo de viagem, liberdade para realização de manobras, interrupções de tráfego, conforto e conveniência.

Relação Volume/Capacidade A relação entre a taxa de fluxo e a capacidade de uma determinada facilidade de transporte.

Taxa de Fluxo

A taxa horária equivalente na qual os veículos (ou pessoas) passam por um determinado ponto de uma faixa ou via, expresso em veículo(ou pessoas)/hora.

Taxa de Fluxo de Saturação

A taxa horária equivalente na qual veículos em fila podem atravessar uma aproximação de uma interseção sob condições prevalecentes, assumindo que o sinal verde está disponível todo o tempo e não se vivencia tempos perdidos. É expresso em veículo/hora ou veículo/hora/faixa.

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Tabela 4.2b: Indicadores de desempenho apresentados pelo HCM (TRB, 2000) (continuação)

Indicador Definição

Tempo de Circulação Porção do tempo de viagem durante o qual o veículo está em movimento.

Tempo de Parada Porção do tempo de atraso do controle em que os veículos estão completamente parados. Tempo de Viagem

Tempo médio gasto por veículos que percorrem um segmento de uma via, incluindo os tempos de atraso.

Tempo perdido

Tempo, em segundos, durante o qual uma interseção não é utilizada efetivamente por nenhum movimento.

Velocidade Taxa de movimento expresso como a distância percorrida pela unidade de tempo. Velocidade Média de Viagem

Comprimento do segmento de via dividido pelo tempo médio de viagem de todos os veículos percorrendo esse segmento, inclusive com todos os tempos de atraso por parada.

Velocidade Média no Espaço

A média harmônica das velocidades em uma seção da via. A velocidade média baseada no tempo médio de viagem dos veículos que atravessam um segmento de via, em km/h.

Velocidade Média no Tempo

Média aritmética das velocidades individuais dos veículos que passam por determinada seção da via, em km/h.

Volume

Número de pessoas ou veículos que passam por uma determinada seção de uma faixa ou via durante um determinado intervalo de tempo.

A utilização de simuladores visa, em última análise, a obtenção desses indicadores de desempenho de forma a propiciar uma análise comparativa entre diversas situações em estudo. Nesse sentido, TSS (2008) apresenta alguns tipos de indicadores que podem ser obtidos por meio do software Aimsun, utilizado no desenvolvimento desta dissertação, apresentados na Tabela 4.3 a seguir.

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Tabela 4.3: Indicadores de desempenho fornecidos pelo simulador Aimsun (TSS, 2008)

Indicador Definição

Fluxo Médio

Número médio de veículos por hora que passou pela rede ou por uma seção durante o período de simulação. Os veículos são computados quando deixam a rede por uma seção existente.

Densidade Número médio de veículos por quilômetro em uma seção

ou em toda a rede. Velocidade Média

Velocidade média para todos os veículos que tenham deixado a seção ou o sistema. É calculado utilizando a velocidade média de percurso para cada veículo.

Velocidade Média Harmônica Velocidade Média Harmônica para todos os veículos que deixam uma seção ou o sistema.

Tempo de Viagem

Tempo médio que um veículo precisa para percorrer uma seção ou um quilômetro dentro da rede. Consiste na média de todos os tempos de viagens individuais (tempo de saída – tempo de entrada) de cada veículo que cruza a seção ou a rede.

Tempo de Atraso

Tempo médio de atraso por veículo. Consiste na diferença entre o tempo de viagem esperado (o tempo que levaria para atravessar o sistema sob condições ideais) e o tempo de viagem efetivo. É calculado como a média de todos os veículos.

Tempo de Parada Tempo médio de paralisação por veículo ao percorrer uma seção. Número de Paradas Número médio de paradas por veículo ao percorrer uma

seção. Comprimento de Fila Média

Comprimento médio da fila formada em uma seção, expresso pelo número de veículos por faixa. É calculado como um tempo médio.

Comprimento de Fila Máximo Máximo comprimento da fila formada em uma seção, expresso pelo número de veículos por faixa.

Viagem Total Número total de quilômetros percorridos por todos os veículos que passaram por uma seção ou pela rede.

Tempo Total de Viagem Tempo total de viagem experimentado por todos os veículos que passaram por uma seção ou pela rede. Consumo de Combustível Total de litros de combustível consumido por todos os veículos que passaram por uma seção ou pela rede. Emissão de Poluentes Total de quilogramas de poluição, para cada tipo de poluente, emitido por todos os veículos que passaram por

uma seção ou pela rede. Número de Veículos Perdidos

Número total dos veículos que se perderam no percurso da viagem entre a origem e o destino, e que posteriormente não conseguiram atingir o destino correto.

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4.3 - APLICAÇÃO DOS INDICADORES NA AVALIAÇÃO DE PÓLOS