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A análise de dados consiste no “processo de busca e de organização sistemático de

entrevistas, de notas de campo e de outros materiais (…) com o objetivo de aumentar a sua própria compreensão desses mesmos materiais e de lhe permitir apresentar aos outros aquilo que encontrou” (Bogdan & Biklen, 1994, p.205). Tal tarefa vai exigir a

organização dos dados obtidos em unidades manipuláveis, de síntese, por forma a que se detetem padrões ou se apreendam informações passíveis de ser divulgadas (Bogdan & Biklen, 1994). Neste estudo, recorremos, para o efeito, à técnica de análise de conteúdos. Foi, então, necessário estudar as entrevistas realizadas, bem como os diários de bordo produzidos, submetendo-os a uma análise de conteúdo indireta que “procura uma

interpretação do que se encontra latente sob a linguagem expressa”(Carmo & Ferreira, 2008, p.271). Quanto à definição das suas categorias, são “rubricas significativas, em

função das quais o conteúdo será classificado” (Carmo & Ferreira, 2008, p.273), estas

foram selecionadas à posteriori porque não foram definidas antecipadamente. As categorias ou índices (como são retratados no presente trabalho) foram apresentados por consequência da análise de conteúdo, contudo, são categorizados consoante a fundamentação teórica para que a interpretação dos resultados possibilite a compreensão do estudo.

4.6.PROCEDIMENTOS

O primeiro contacto com o António e a mãe, aconteceu no dia 3 e dezembro de 2014 e teve como principal objetivo recolher informação que permitisse conhecer os motivos que levaram a criança à consulta, assim como conhecer a própria criança em profundidade. Nesse sentido, foi feita uma entrevista semiestruturada à mãe, onde foi explicado que para além dos procedimentos habituais neste tipo de intervenção gostaríamos que o António fizesse parte de um trabalho de investigação sobre a importância da intervenção educativa pela arte enquanto estratégia promotora de competências socioemocionais; enquanto a

92 criança, num espaço mais reservado do gabinete, fazia um desenho livre. Depois foi passado um questionário de exclusão social à mãe e ao António, por suspeitarmos que o António poderia estar a ser rejeitado pelo grupo de pares, no final do mesmo deveriam responder também a duas perguntas abertas. Foi, ainda, pedido à mãe que trouxesse para a próxima consulta as últimas avaliações académicas do António, bem como, outros dados relativos ao seu percurso académico, que considerasse relevantes. Por fim, foi solicitada autorização à mãe para o estabelecimento de contacto com a Diretora de Turma da criança, no sentido de recolher mais informação, ao que a mãe consentiu.

Assim, foi realizado o primeiro contacto com a Diretora de Turma no dia 5 de dezembro de 2014. Foi solicitado que respondesse ao mesmo questionário de exclusão social que havia sido passado tanto à mãe como à criança.

A partir deste momento, foi delineada e planificada uma intervenção estratégica, baseada em toda a informação recolhida. Quer a entrevista à mãe quer o questionário de exclusão social passado à mãe, à criança, e à Diretora de Turma antes da intervenção, bem como o desenho livre elaborado pelo António, permitiu perceber que esta criança apresentava problemas emocionais. Deste modo, o trabalho a realizar com o António teve em vista a implementação de medidas conduncentes a promover: suporte emocional; prevenção e redução de comportamentos disfuncionais conduncentes ao agravamento das dificuldades enunciadas; promoção da autoestima e assertividade; treino de autocontrolo e autorregulação emocional; orientação e suporte parental.

Segundo Arends (2008, p.95) “tanto a teoria como o senso comum mostram que a

planificação aplicada a qualquer tipo de atividade melhora resultados”. Por um lado,

obriga o profissional à exploração de materiais e problematização de sequências e procedimentos; por outro, permite um enquadramento e organização prévia reguladora e organizadora da intervenção.

Atendendo a estes pressupostos, a intervenção que apresentamos aconteceu em 11 momentos distintos, sendo que os dois primeiros momentos corresponderam à avaliação da situação e ao levantamento de necessidades, com essa informação foram planificados 8 momentos de trabalho a realizar com o António, de 60 minutos cada, implementados entre os meses de dezembro de 2014 e abril de 2015, que aconteceram em consulta privada no Centro Médico de Alcobaça. No final da intervenção seria feita uma

93 reavaliação do estado emocional e académico do António, que corresponderia ao 11º momento, a partir do qual se planificaria novamente a intervenção a realizar, caso esta ainda se mostrasse necessária.

Para cada um dos oito momentos de trabalho a realizar com o António foram estipulados objetivos específicos em termos de conteúdos a serem trabalhos e competências a adquirir. Procurou-se, ainda, que todas as consultas obedecessem a uma estrutura lógica similar, que permitisse que a criança aderisse às rotinas próprias deste momento, nomeadamente: 1) momento de transição e acolhimento; 2) revisão da sessão anterior; 3) apresentação de atividades e particularização de objetivos; 3) desenvolvimento concreto de tarefas; 4) avaliação da atividade.

Foram usados diversos recursos artísticos ao longo de toda a intervenção, por entendermos que há uma ligação estreita entre a arte e as manifestações de motivações profundas do ser humano, conforme defende Ruy de Carvalho (2011), como aliás já foi referido no capítulo anterior.

No último momento, o 11º momento, já depois do trabalho realizado com a criança e devidamente registado nos diários de bordo, a Técnica reuniu com a Diretora de Turma à qual fez uma entrevista semiestruturada, que foi gravada com o seu consentimento, e, posteriormente, transcrita pela entrevistadora. A Diretora de Turma também respondeu ao questionário de exclusão social e às duas perguntas abertas a que havia respondido no início da intervenção, mais uma vez, no sentido de avaliar o trabalho realizado. Por fim, foi solicitado à Diretora de Turma que passasse a toda a turma do António, inclusive a ele próprio, um questionário de nomeação de pares que pretendia avaliar a integração do António no seu grupo-turma, ao que a Diretora de Turma consentiu. No entanto, o António não deveria ter conhecimento da origem do questionário. A Diretora de Turma concordou em manter a confidencialidade do nosso encontro e ainda se disponibilizou para enviar pelo correio os questionários respondidos pelos alunos.

A planificação detalhada para cada um dos momentos da intervenção, a partir do 3º momento, tendo em linha de conta que os dois primeiros momentos aconteceram antes da planificação, com o objetivo de realizer o levantamento de todas as informações necessárias à concretização da mesma., encontra-se no Anexo I. Todos os dados recolhidos foram registados nos diários de bordo que se encontram no Anexo II.

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C

APÍTULO

5–A

NÁLISE E DISCUSSÃO DE

R

ESULTADOS