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5.1. A NÁLISE DE C ONTEÚDO

5.1.4. D ESEMPENHO ACADÉMICO

De seguida, será analisado o desempenho académico do António, à luz das quatro subcategorias definidas – rendimento académico; atitudes face à escola; integração no grupo-turma e envolvimento em situações de “bullying”.

100 - Rendimento académico

No 1º Momento de intervenção foi recolhida informação no sentido de perceber qual tem sido o rendimento académico da criança. Nesse sentido, a sua Encarregada de Educação revelou que o António “nunca reprovou.” No entanto, “é de salientar os problemas de

concentração que são trazidos à atenção pelos professores desde o 1º ano.” Afirmou,

ainda, que “(…) o desempenho é fraco e o rendimento também.”

O António, neste momento da intervenção, avaliou o seu próprio rendimento académico como sendo “zero”.

No 2º Momento, foi a vez de percebermos como a Diretora de Turma classificava o rendimento académico do António, a sua resposta foi: “mediano, mas consegue fazer

melhor”.

No último momento de intervenção com o António, voltámos a indagar a Encarregada de Educação, quanto ao rendimento académico do seu educando, ao que nos revelou que “O

desempenho melhorou mas, ainda reflete falta de empenho nalgumas disciplinas.”

Também tentámos perceber a autoavaliação que o António fazia, neste momento, quanto ao seu rendimento académico, ao que respondeu: “O meu desempenho escolar está muito

melhor por ter desabafado e me ajudar.”

No 11º, e último, momento de intervenção, voltámos a questionar a Diretora de Turma quanto ao rendimento académico do António, e fomos informados de que “(…) é de

salientar o progresso ao nível do rendimento académico que tem tido desde que começou a ser acompanhado no Centro Médico de Alcobaça. No final do 1º período teve um 2 e um 4 (numa escala de 1 a 5), enquanto no final do 2º período já não teve nenhuma negativa e obteve mais um 4. E continua a apresentar melhorias, o que dá a perspetiva de poder vir a melhorar ainda mais as suas notas no 3º período.”

Agora iremos analisar se esta melhoria no rendimento académico se deu também ao nível das atitudes face à escola.

101 - Atitudes face à escola

No 1º Momento, foi-nos revelado que “em EVT fez um desenho com um menino na escola

a chorar”. A Encarregada de Educação ainda nos informou que“(…)a professora diz que ele parece cansado”; e que o António “sente-se triste com a escola e tem dores físicas. Já cheguei a ir à escola por ele se sentir mal.”

Na opinião da mãe, o seu educando “tem imensas capacidades mas está desinteressado,

por achar que não se preocupam com ele na escola (…)”

Perguntámos ao António o que ele acha da escola, a resposta foi: “Se pudesse escolher

não ia à escola.” Ainda acrescentámos “Se pudesse o que mudava na escola”, a resposta

foi: “Defendia-me … e é tudo”.

No final da intervenção voltámos a perguntar-lhe o que mudaria na sua escola a sua resposta foi: “não se ofenderem uns aos outros.”

De seguida, analisaremos a capacidade de integração do António na sua turma. - Integração no grupo-turma

O António, quando chega à consulta, tinha poucos amigos “2/3 por nome”. No 6º momento da intervenção, quando lhe foi pedido que nomeasse defeitos e qualidades da pessoa que mais o magoa, falou de um colega que tem sido “(…) da turma dele desde a

pré, só agora no 5º ano é que são de turmas diferentes, o que para si foi um alívio”.

Já no fim da intervenção com o António, tivemos oportunidade de fazer uma entrevista semiestruturada à Diretora de Turma, onde nos revelou que o António “(…) teve algum

problema de integração aqui na escola (…) queixava-se de dores de barriga, frequentemente tinha que sair das aulas, queixava-se também de sensação de desmaio (…)”; ainda acrescentou que, “ele estava sempre muito isolado não tinha nada a ver com os colegas, andava sempre com a sua mochilinha, ali encostado, não interagia com os colegas. No início era mesmo demais”.

Tentámos perceber se a professora notou algumas mudanças ao nível da sua integração, ao que nos respondeu: “talvez tenha havido alguma melhoria a esse nível, pelo menos já

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não se queixa das tais dores de barriga; parece-me até numa atitude mais saudável (…) a esse nível, penso que houve algumas melhorias.”

Por fim, a respeito do seu desempenho académico, iremos analisar a subcategoria – envolvimento em situações de “bullying”, central no nosso estudo.

- Envolvimento em situações de “bullying”

No primeiro contacto com o António ficou evidente o seu envolvimento em situações de “bullying”, sobretudo quando confessa que alunos “mais velhos, do 6º ano, o ofendem”, quando questionado como era ofendido “escreveu os nomes que lhe chamam: «paneleiro,

cona, merda e guei»”.

Já no 3º momento da intervenção revelou que “às vezes também magoam fisicamente.

Esta semana fizeram-lhe uma rasteira, caiu, magoou-se e chorou e uma prima (afastada) disse-lhe que era um bebé, chorava logo (não se defendeu).”

No 4º momento, falámos sobre “bullying”, ele mostrou-se informado e esclarecido, por uma ação que houve sobre o tema na escola, e é quando“ele assume que está a ser vítima

de «bullying»”.

No 6º momento ele ainda “(…) conta episódios em que o ofenderam”, revelando que“(…)

se vê os agressores no bar, por exemplo, dá uma volta à escola, para evitar confrontar- se com eles.”

Começam a notar-se algumas mudanças no 7º momento da intervenção, já que “falou da

escola, diz que não tem sido tão magoado”. No 8º momento também confessa que “não têm havido episódios de agressão, ele diz que mudou de atitude, que se defende (de modo mais firme), outras vezes ignora.”