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A ÉTICA EPICURISTA

No documento Filosofia Antiga. Filosofia Antiga 1 (páginas 47-49)

O critério das escolhas epicuristas se fundamentava no fato de que o maior bem a ser buscado pelo ser humano é o prazer. Antes de optar por uma ação, deve-se ponderar racionalmente as dores ou prazeres decorrentes dela, bem como, a intensidade, a duração e os possíveis efeitos colaterais. O homem, no ato da escolha, sempre deve escolher os prazeres mais duradouros e que não tragam consequências dolorosas no futuro.

Percebe-se que Epicuro, com sua ética, defende o hedonismo, doutrina que, segundo Reale (2007, p. 269) encontra no prazer o sumo bem e na busca do prazer o fim da vida do homem. Epicuro julga de modo positivo somente os prazeres naturais e necessários, experimentados com grande medida. O prazer supremo, para Epicuro, consiste na ausência de dor, que ele designa como aponía, quando se trata de ausência física, e ataraxia, quando se trata de ausência de dor espiritual. Para alcançar a ataraxia, Epicuro estabelece uma hierarquia de prazeres: os naturais e necessários, os naturais e não necessários, os não naturais e não necessários. Segundo o pensador grego, apenas os primeiros devem ser buscados.

Outro aspecto de sua filosofia se observa na crença de que a alma e o corpo, formados por átomos, eram dissolvidos com a morte. Para tanto, ele prescrevia alguns “remédios” (pharmacom) para aliviar as inquietações da alma:

 Não há razão para temer os deuses e o além.  Não há porque ter medo da morte.

 O mal é suportável ou dura pouco.

ESTOICISMO

O termo estoico deriva da palavra grega stoá (portão, pórtico). Essa corrente de pensamento foi fundada por Zenão de Cicio que, por ser estrangeiro, não podia adquirir imóveis em Atenas e reunia seus discípulos sob o pórtico da cidade.

Para o estoicismo, a Filosofia deve ser vislumbrada a partir da via contemplativa, distante das paixões, pautada pela ataraxia e pela autarquia. Para os estoicos, há processos naturais que regem nossa existência e nada há que o homem possa fazer; diante de situações assim (por exemplo: doenças, sofrimentos, morte) somente há uma saída: aceitar o destino. A indiferença, então, marca profundamente a ética dos estoicos.

CETICISMO

Segundo a etimologia, a palavra ceticismo provém do grego (skeptomai), traduzido para o latim por examino e vem a demonstrar a doutrina segundo a qual o espírito humano nada pode conhecer com certeza; conclui pela suspensão do juízo e da dúvida permanente e está em profunda oposição à corrente do dogmatismo.

A fortiori o ceticismo não deveria tomar terreno no campo filosófico no âmbito do debate sobre a possibilidade do conhecimento, isto é, sobre a teoria do conhecimento, visto que o mesmo, pela posição que sustenta, adotando a epochè, elimina-se do terreno da disputa. É, assim, uma espécie de intruso nos problemas críticos da verdade, da certeza científica e da objetividade do conhecimento.

Segundo Nicola Abbagnano, a epochè trata de uma suspensão do juízo, que caracteriza a atitude dos céticos antigos, particularmente de Pirro; consiste em não aceitar nem refutar, em não afirmar nem negar. O contrário dessa atitude, segundo Abbagnano, seria o dogmatismo, em que se dá assentimento a alguma coisa obscura, que constitui objeto de pesquisa científica. Segundo o ceticismo, essa atitude – a epochè - era a única possível para se atingir a imperturbabilidade. Com efeito, segundo a escola cética grega, quem duvida de que algo seja bom ou mau por natureza, não evita nem persegue coisa alguma com desejo: por isso é imperturbável (ABBAGNANO, 2000, verbete Epochè).

O fundador do ceticismo grego foi Pirro (fim do IV séc. a.C.). Ele não deixou nenhum escrito filosófico. Nasceu em Élis, pequena cidade do Peloponeso, onde viveu inicialmente como pintor, depois interessou-se pela filosofia, principalmente sob a influência de Anaxarco de Abdera, em companhia de quem seguiu Alexandre, o Grande, por ocasião da campanha da Ásia. Retornando a Élis, fundou uma escola filosófica que lhe valeu uma enorme reputação junto a seus concidadãos. Ele vivia pobre e simplesmente em companhia de sua irmã, Filista, que exercia a ocupação de parteira. Seu historiógrafo

posterior, Antígone de Caristo, expressou em linguagem anedótica a indiferença de alma, a impassibilidade e o domínio de si que ele tinha. Ele teve, por discípulo, Tímon, autor de várias obras em versos e em prosa: as Sátiras (ou Considerações Suspeitas); sendo que o verbo “satirizar” passou a significar a partir de então, “lançar-se a uma crítica acerba”, as Imagens; um diálogo, o Python (talvez um jogo de palavras sobre Pirro); dois tratados em prosa Sobre as sensações e Contra os físicos. Porém, sua obra nos é apenas conhecida de modo muito fragmentário.

A escola cética conhece um eclipse que equivale a um desaparecimento. Uma certa forma de ceticismo é, então, praticada pelos neoacadêmicos: Arcesilau (primeira metade do séc. III e início do séc. II a.C.), chefe da nova academia.

Em seguida, a escola renasce graças à atividade de Enesidemo, de quem a obra é bastante conhecida, mas de quem a vida é de tal modo pouco conhecida que hesitamos sobre a época em que viveu (ele foi contemporâneo de Cícero ou viveu um século mais tarde?). Depois dele, a figura mais marcante é a de Agripa, mas de sua vida nada conhecemos, a não ser, os cinco argumentos que Diógenes Laércio lhe atribui. Aparece em seguida Sexto Empírico, o grande historiador do ceticismo, de quem também não sabemos quando e onde viveu (entre o início do séc. II e a segunda metade do séc. III d.C., sem dúvida na Grécia, posto que ele parece conhecer muito bem, além de Atenas, Alexandria e Roma.) Ele pertencia à escola empírica, na qual o termo “empírico” tinha quase sinônimo de médico. Esta escola foi erguida em honra ao médico Menodoto de Nicomédia, discípulo de Antíoco de Laodicéia. A história do ceticismo antigo termina no século III.

No documento Filosofia Antiga. Filosofia Antiga 1 (páginas 47-49)

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