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A DECADÊNCIA DO PERÍPATO

No documento Filosofia Antiga. Filosofia Antiga 1 (páginas 44-46)

Depois do exílio de Aristóteles para a Ásia Menor, assume o Liceu seu sucessor, Teofrasto; a escola peripatética assumiu uma orientação principalmente científica e se afastou dos temas mais propriamente metafísicos, também pelo fato de que as obras de escola do fundador, por uma série de circunstâncias, acabaram na Ásia Menor e, por decênios, foram subtraídas ao conhecimento e meditação públicas.

BIBLIOGRAFIA

REALE, G.; ANTISERI, D. História da filosofia: filosofia pagã antiga. São Paulo: Paulus, 2007. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução Mário de Gama Kury. 3. ed. Brasília: UnB, 1992. DURANT, W. A História da filosofia. Tradução Luiz Carlos do Nascimento Silva. São Paulo: Nova Cultural, 2000.

ROGUE, C. Compreender Platão. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.

PLATÃO. A República. Tradução Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova Cultural, 1997. SARAMAGO, J. A caverna. São Paulo: Cia das Letras, 2000.

A PASSAGEM DA ERA CLA SSICA PARA A ERA HELENI STICA UMA FILOSOFIA ÉTICA

Defende Reale (2007, p. 249) a tese de que as revoluções operadas por Alexandre Magno trouxeram consequências para a elaboração da Filosofia grega; sua grande expedição para o Oriente e as sucessivas conquistas territoriais, com a formação de um vastíssimo império, tiveram como primeiro impacto a crise na polis, crise política que acarreta outras crises: culturais e espirituais.

Percebemos que os grandes filósofos da Filosofia Nascente se estabeleceram e pensaram a partir da vida da polis; com a decadência desta e o surgimento de um outro ideal (o cidadão cosmopolita), o homem- citadino é substituído pelo homem-indivíduo e a contraposição grego vs. bárbaro é substituída pela dimensão do igualitarismo universal.

Assim, todas as filosofias elaboradas antes desse período macedônico (com exceção do pensamento socrático) se mostrarão desatualizadas; era necessário um novo pensar filosófico, de modo específico que abordasse o como comportar-se diante desse novo mundo que se apresenta. Os problemas helenísticos, então, se concentraram, sobretudo, nos problemas morais, que se impunham sobre todos os homens; os filósofos criam, assim, escolas de condutas morais, entre elas: Cinismo, Epicurismo, Estoicismo e Ceticismo.

CINISMO

O fundador do Cinismo foi Antístenes; entretanto, a corrente cínica encontrou uma espécie de refundação com Diógenes de Sínope; levou às últimas consequências as teses elaboradas por Antístenes e soube torná-las regra de vida. Diógenes é aquele que rompe com a imagem clássica do homem grego. Sua proposta de pensamento possui uma clara postura anticulturalista, no sentido de que declarou como inútil a pesquisa filosófica abstrata e teórica com a finalidade de alcançar a felicidade; concentrou-se num ideal de vida vivida fora de qualquer convenção e reduzindo as necessidades ao essencial.

O termo cínico possui duas versões para sua explicação: a primeira afirma que era o local onde Antístenes fundou sua escola e a segunda defende a tese de que o termo provém do grego kynós, cujo significado é cachorro. Muitos compreendem que era esse o objetivo de vida dos cínicos: uma vida de cachorro, simples, serena, em harmonia com a natureza e os instintos humanos, livres das convenções humanas e instituições sociais, desprezando os prazeres e promulgando a autarquia (o bastar-se a si mesmo). Uma vez que questionavam a validade das normas morais, e também religiosas, bem como as leis civis e todas as convenções, os cínicos foram considerados uma espécie de precursores do anarquismo.

Bastando-se a si mesmo, Teofrasto narra que Diógenes “viu, uma vez, um rato correr daqui para lá, sem objetivo (não buscava lugar para dormir, nem tinha medo das trevas, nem desejava algo daquilo que

comumente se considera desejável) e assim cogitou um remédio para suas dificuldades” (apud REALE, 2007, p. 254). E eis como Diógenes, segundo testemunhos antigos, pôs em prática suas teorias:

Diógenes foi o primeiro a dobrar o manto por necessidade também de dormir dentro dele e levava em bornal no qual recolhia comidas; servia-se indiferentemente de qualquer lugar para todos os usos, para fazer refeições, para dormir ou para conversar. E costumava dizer que também os atenienses haviam providenciado para ele um lugar onde pudesse morar; indicava o pórtico de Zeus e a sala das procissões [...]. Uma vez ordenou a alguém que lhe providenciasse uma casinha; e como este demorava,

Diógenes escolheu como habitação um barril que estava na rua, como ele próprio o atesta [...] (REALE, 2007, p. 254).

Depois de Diógenes, o Cinismo manteve a linha anticultural e antissocial que o mestre lhe havia imposto. De modo particular, Crates, discípulo de Diógenes, procurou realizar uma vida matrimonial de tipo cínico, fora de qualquer convenção, demonstrando uma total ruptura com a sociedade de então. Em termos literários, o Cinismo encontrou sua expressão na diatribe: breve diálogo de caráter popular com conteúdo ético, escrita, frequentemente, com linguagem mordaz; no fundo, trata-se do diálogo socrático de maneira cinicizada.

EPICURISMO

A primeira das grandes Escolas helenísticas, em ordem cronológica, foi a de Epicuro de Samos, que fundou sua Escola em Atenas em 307/306 a.C.; retomou as ideias dos Atomistas, trouxe para a discussão filosófica o conceito socrático de Filosofia como arte de viver e associou a relação entre felicidade e prazer.

Os epicuristas (ou epicureus) são chamados também de “Filósofos do Jardim”, visto que, realizam suas reflexões e debates filosóficos no jardim da escola fundada por Epicuro. Enquanto os cínicos e os estóicos defendiam a possibilidade de suportar a dor e o sofrimento, os epicuristas procuravam um caminho para evitá-los. Assim, para eles, o maior bem a ser buscado pelo humano era o prazer. Para tanto, Epicuro dividiu sua filosofia em três partes: a) Lógica; b) Física; c) Ética.

No documento Filosofia Antiga. Filosofia Antiga 1 (páginas 44-46)

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