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4 PANORAMA GERAL DO EMPREGO DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO

5.2 NÍVEL E PADRÃO DE ESPECIALIZAÇÃO PRODUTIVA REGIONAL

5.2.2 Índice de especialização dos estados brasileiros

A Tabela 30 traz os valores dos K-index para cada UF, considerando como unidade de referência a estrutura industrial nacional e como período de estudo 1994-2010. Por se tratar de espaços mais desagregados, adotamos um novo critério de classificação das estruturas industriais dos estados quanto ao seu nível de especialização, conforme segue.

Tabela 30 – Índice de Krugman para os estados brasileiras e a média nacional (1994-2010) Níveis de

Especialização Estado-UF

K-index Emprego

em 2010

1994 2000 2003 2007 2010

UFs com alta especialização K-index ≥1 AL – NE 1,314 1,431 1,373 1,207 1,313 105.087 RR – NO 1,270 1,040 0,997 1,057 1,053 2.646 AP – NO 1,130 1,058 1,024 0,942 1,007 3.024 UFs especializadas 0,6 <k-index<1 AM – NO 1,056 1,018 0,976 1,070 0,996 118.550 AC – NO 1,229 1,085 0,996 0,892 0,974 6.769 RO – NO 1,177 1,080 1,025 1,065 0,960 33.241 TO – NO 0,912 0,925 0,897 0,919 0,913 14.607 PA – NO 0,991 1,024 0,968 0,941 0,894 93.451 MT – CO 1,105 1,092 1,007 0,943 0,846 92.928 RN – NE 0,913 0,878 0,800 0,797 0,755 74.776 CE – NE 0,631 0,739 0,719 0,729 0,734 251.357 DF – CO 0,717 0,866 0,779 0,738 0,726 36.294 MA – NE 0,723 0,836 0,673 0,587 0,675 35.947 PI – NE 0,755 0,733 0,739 0,691 0,666 27.170 PB – PB 0,849 0,784 0,725 0,758 0,650 74.918 MS – CO 1,004 0,963 0,816 0,758 0,638 81.096 GO – CO 0,641 0,668 0,646 0,654 0,603 204.593 UFs diversificadas k-index ≤ 0,6 SE – NE 0,879 0,801 0,706 0,594 0,584 41.477 PE – NE 0,805 0,676 0,632 0,645 0,579 217.222 ES – SE 0,565 0,605 0,597 0,552 0,515 117.402 RJ – SE 0,443 0,444 0,459 0,422 0,447 432.531 RS – SUL 0,596 0,578 0,528 0,472 0,447 717.614 SC – SUL 0,569 0,488 0,469 0,436 0,443 630.596 BA – NE 0,566 0,419 0,392 0,365 0,415 224.490 PR – SUL 0,430 0,329 0,372 0,352 0,320 658.613 SP – SE 0,265 0,335 0,333 0,318 0,302 2.781.115 MG – SE 0,346 0,273 0,277 0,251 0,243 808.188 Média Nacional 0,782 0,756 0,712 0,684 0,668 7.885.702

Como podemos observar na Tabela 30, os estados estão organizadas de acordo com o grau de especialização das suas estruturas industriais, segundo critério de classificação estabelecido por Garcia, Araújo e Mascarini (2009), que tomam o K-index como referência.

Com base nesse critério, temos que as UFs com K-index igual ou superior a 1, possuem um padrão produtivo diferente do apresentado pela unidade base de comparação, caracterizadas por uma estrutura industrial altamente especializada em poucos setores. Enquadram-se neste contexto os estados de Alagoas, Roraima e Amapá. Se observarmos, veremos que todos, principalmente os dois últimos, apresentam uma baixa participação no emprego da IT brasileira e uma atividade industrial pouco expressiva, o que restringe a troca de conhecimentos entre as firmas aí existentes e a criação de vantagens competitivas.

Os estados cujos valores do K-index estão compreendidos no intervalo [0,6; 1] se caracterizam por apresentar uma estrutura produtiva especializada, dentre os quais se destacam: Amazonas, Acre, Rondônia, Tocantins, Pará, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Ceará, Distrito Federal, Maranhão, Piauí, Paraíba, Mato do Grosso do Sul e Goiás.

Todos os estados que foram classificados com uma estrutura produtiva especializada ou altamente especializada estão localizados no Norte, Nordeste ou Centro-Oeste, ratificando o que foi apontado no subtópico anterior: estas regiões, ao possuírem um K-index acima da média, sinalizam que todos ou quase todos os estados que as compõem possuem uma estrutura industrial com alto nível de especialização, uma vez que quando comparados aos que fazem parte das regiões Sul e Sudeste, possuem uma atividade industrial menos densa e com baixa participação no estoque de emprego.

Por fim, temos os estados com K-index inferior a 0,6. São os que apresentam um perfil produtivo próximo ao da unidade de referência e, no geral, possuem uma estrutura industrial relativamente diversificada. Enquadram-se nesta classificação os seis principais estados industriais (São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro) que responderam por 76,46% do emprego da IT nacional em 2010. Além destes, ainda foram inclusos na lista Espírito Santo e três do Nordeste (Bahia, Pernambuco e Sergipe).

Nesta lista, destaca-se Minas Gerais que, ao absorver parte dos investimentos perdidos por São Paulo e Rio de Janeiro, apresentou redução no seu K-index, tornando-se já em 2000 o estado cuja estrutura industrial mais se assemelha à nacional. Posição antes ocupada por São Paulo que, dada a desconcentração do emprego para outras UFs, apresentou acréscimos no seu K-index sugerindo um distanciamento entre sua estrutura industrial e aquela do país.

Outro ponto que destacamos é que as divergências entre as estruturas produtivas não se dão apenas no âmbito inter-regional, mas também no intraregional. Sendo o caso mais visível no Nordeste, onde está inserida a UF brasileira com o maior grau de especialização, Alagoas, e ao mesmo tempo a que possui o quarto menor nível de especialização, Bahia, sendo este o estado nordestino cuja estrutura industrial mais se assemelhou à nacional, o que pode ser um indício de uma relativa diversificação de sua estrutura produtiva frente às demais UFs do Nordeste. Já no Sul parece ser onde existe uma menor diferença entre as estruturas produtivas regionais, conforme sugerem os K-index dos seus estados.

Com base no que foi discutido podemos apontar que, como observado para as regiões, também para os estados com atividade industrial mais intensa, um estoque de emprego relativamente alto e boas instituições de ensino e pesquisa tendem a apresentar um baixo nível de especialização produtiva, sugerindo uma convergência com a teoria de Jacobs (1969). Segundo a qual, a concentração industrial cria condições para diversificação da estrutura produtiva regional, uma vez que a transmissão do conhecimento se dá de forma mais eficiente entre firmas que atuam em diferentes setores, possibilitando a criação de um ambiente dinâmico, capaz de estimular a capacidade competitiva das empresas, através do estabelecimento de novas atividades produtivas e de parcerias com instituições de pesquisa.

Outra informação contida na Tabela 30 está relacionada às alterações na estrutura industrial dos estados brasileiros. Como podemos perceber, houve uma redução na média dos K-index estaduais, sugerindo uma aproximação das estruturas produtivas regionais frente à nacional, ao se tornarem, em geral, menos especializadas.

Esta tendência pode ser verificada quando analisamos as transformações no padrão de especialização de cada estado. Apenas quatro das vinte e sete UFs elevaram o grau de especialização industrial. Dentre os quais se destacam São Paulo e Rio de Janeiro que aumentaram seus K-index, indicando perda de representatividade destes em relação à estrutura industrial do país, em decorrência da desconcentração observada no período, que resultou em redução de participação de ambos no volume de emprego. Também para o Ceará, mesmo diante do aumento na participação no emprego nacional, visualizou-se elevação na especialização da sua estrutura industrial, isso porque a maioria dos investimentos aí realizados se concentrou nos setores de calçados e confecções. O Distrito Federal viu seu K- index crescer, tornando-se cada vez mais especializado nos setores de edição, impressão e reprodução de gravações e no de reciclagem. Alagoas e Tocantins não variaram o nível de especialização de suas estruturas industriais, considerando os anos de 1994 e 2010.

Já dentre os estados cujo K-index decresceu merecem destaque Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Paraná e Minas Gerais, cujas estruturas se tornaram mais diversificadas e próximas a do país. Referências devem ser feitas a Sergipe, cujo índice variou de 0,876 em 1994 para 0,584 em 2010, mostrando uma transformação qualitativa na sua estrutura produtiva, ao passar de especializada para relativamente diversificada. Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul também apresentaram variações negativas no seu K-index, indicando uma redução no grau de especialização das suas estruturas produtivas – em 1994 classificadas como altamente especializadas, passaram a categoria de especializadas em 2010. Tais alterações podem estar relacionadas ao aumento na participação destes no emprego da IT nacional, quando passaram a receber investimentos em determinados setores industriais. Os demais tiveram seus K-index reduzidos, porém, não o suficiente para alterar a classificação de suas estruturas produtivas.

Conhecidos os estados que apresentaram uma estrutura industrial especializada em 2010, torna-se interessante destacar os setores responsáveis por esta especialização, objeto de análise da Tabela 31, localizada na próxima página.

Como era previsto a maioria dos estados nordestinos tem se especializado em ramos do segmento intensivo em trabalho, resultado dos maciços investimentos recebidos pela região neste segmento. Também se destacaram alguns gêneros do intensivo em recursos naturais, como o de fabricação de produtos alimentícios e bebidas (em Alagoas) e fabricação de produtos minerais não metálicos (Piauí e Maranhão) e outros intensivos em capital, fabricação de produtos têxteis (Rio Grande do Norte e Paraíba), refino de petróleo (Rio Grande do Norte), Metalurgia Básica (Maranhão) e fabricação de outros equipamentos de transporte (Piauí).

No Norte, a maior incidência dos setores responsáveis pela especialização produtiva de seus estados, excetuando-se Amazonas, está nos setores que fazem parte do segmento intensivo em recursos naturais, sobretudo no de fabricação de alimentos e bebidas, fabricação de produtos de madeira e fabricação de produtos minerais não metálicos. Quanto ao Amazonas, os maiores destaque foram encontrados em alguns ramos intensivos em capital, em virtude das atividades exercidas na ZFM. Ainda se destacam o de metalurgia básica no Pará e o de edição, impressão e reprodução de gravações no Amapá.

Assim como no Norte, também no Centro-Oeste os maiores níveis de especialização de seus estados foram encontrados em gêneros do segmento intensivo em recursos naturais (notadamente o de fabricação de produtos de madeira e fabricação de alimentos e bebidas), corroborando o que afirmado ao longo desses dois últimos capítulos. Ainda se destacam os

ramos de reciclagem (Goiás e Distrito Federal) e fabricação de produtos químicos (Mato Grosso do Sul e Goiás) e edição, impressão e reproduções de gravações (no Distrito Federal). Tabela 31 – Atividade responsável pela especialização produtiva das UFs brasileiras em 2010

Região

Especializada K-index QL

Setor responsável

pela especialização Indústria mais importante

AL – NE 1,313 4,29 Div 15 Fabricação de alimentos e bebidas

RR – NO 1,053 8,29

2,97

Div 20 Div 26

Fabricação de produtos de madeira Fabricação de produtos minerais não metálicos

AP – NO 1,007 5,72 3,03 3,96 Div 20 Div 22 Div 26

Fabricação de produtos de madeira Edição, impressão e reprodução de gravações Fabricação de produtos minerais não metálicos

AM – NO 0,996 6,84 2,04 20,45 3,05 11,06 Div 30 Div 31 Div 32 Div 33 Div 35

Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática

Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos

Fabricação de material eletrônico e aparelhos de comunicação

Fabricação de equipamentos de instrumentação para uso médico-hospitalar

Fabricação de outros equipamentos de transporte

AC – NO 0,974 8,16

2,84

Div 20 Div 26

Fabricação de produtos de madeira Fabricação de produtos minerais não metálicos

RO – NO 0,960 2,23

8,45

Div 15 Div 20

Fabricação de alimentos e bebidas Fabricação de produtos de madeira

TO – NO 0,913 2,38

3,60

Div 15 Div 26

Fabricação de alimentos e bebidas Fabricação de produtos minerais não metálicos

PA – NO 0,894 10,03

2,37

Div 20 Div 27

Fabricação de produtos de madeira Metalurgia básica

MT – CO 0,846 2,30

6,09

Div 15 Div 20

Fabricação de produtos alimentícios e bebidas Fabricação de produtos de madeira

RN – NE 0,755 2,06 3,51 4,22 Div 17 Div 18 Div 23

Fabricação de produtos têxteis Confecções e artigos do vestuário Fabricação de coque, refino de petróleo e

elaboração de combustíveis nucleares

CE – NE 0,734 2,40

4,93

Div 18 Div 19

Confecções e artigos do vestuário Couro e calçados

DF – CO 0,726 4,16

19,12

Div 22 Div 37

Edição, impressão e reprodução de gravações Reciclagem MA – NE 0,675 2,11 4,04 2,99 Div 24 Div 26 Div 27

Fabricação de produtos químicos Fabricação de produtos minerais não metálicos

Metalurgia básica

PI – NE 0,666 3,25

2,37

Div 26 Div 35

Fabricação de produtos minerais não metálicos Fabricação de outros equipamentos de transporte

PB – PB 0,650 2,72

3,55

Div 17 Div 19

Fabricação de produtos têxteis Couro e calçados

MS – CO 0,638 2,21

2,31

Div 15 Div 24

Fabricação de produtos alimentícios e bebidas Fabricação de produtos químicos

GO – CO 0,603 2,0 2,57 2,0 Div 15 Div 24 Div 37

Fabricação de produtos alimentícios e bebidas Fabricação de produtos químicos

Reciclagem Fonte: Elaboração própria com base nos dados da RAIS/MTE.

Com base nessas informações, verificamos que quando estudamos unidades mais desagregadas, obtemos informações mais detalhadas sobre os níveis e padrões de

especialização regional. Os dados ainda mostraram que os estados que possuem uma atividade industrial mais densa tendem a apresentar uma estrutura industrial relativamente diversificada frente à média; e para aquelas cuja estrutura industrial é pouco densa, no geral, apresentam uma atividade produtiva especializada em um ou poucos setores industriais.

Adicionalmente, verificou-se que apesar de uma redução na média dos K-index das microrregiões, ao longo do período 1995-2010, ainda persistem as diferenças entre as estruturas produtivas regionais, com algumas poucas áreas destacando-se como diversificadas e maioria como especializadas ou altamente especializadas, havendo a necessidade da atuação de políticas públicas no sentido de melhor homogeneizar os padrões produtivos regionais e, consequentemente dar mais competitividade às unidades analisadas.

No próximo capítulo discutiremos como as transformações pelas quais passou a economia brasileira têm alterado o perfil do emprego industrial.

6 O PERFIL DO EMPREGO NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO