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6 O PERFIL DO EMPREGO NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO

6.5 DISTRIBUIÇÃO DO EMPREGO DA IT NACIONAL SEGUNDO FAIXA ETÁRIA

Analisando o estoque de emprego do ponto de vista da faixa etária, através da Tabela 41, observamos que a faixa que engloba os trabalhadores de até 17 anos sofreu forte diminuição na sua participação ao longo do período analisado, sobretudo a partir de 1994, chegando a representar, em 2010, menos de 20% da participação encontrada em 1990. Os jovens entre 18 e 24 anos, após registrar um acréscimo na participação entre 1994 e 2000, voltam a decrescer durante a década de 2000, de modo que se compararmos sua participação em 2010 com a de 2000 houve contração de 14,75% (contra uma queda de 0,88% entre 1990 e 2000). Há um retardamento na entrada dos jovens no mercado de trabalho. Isto pode ser atribuído, de um lado, à maior restrição do mercado aos trabalhadores jovens e, de outro lado à necessidade de permanência na escola para elevar a sua qualificação, ou ainda a algumas políticas governamentais tais como o Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil (PETI) e o Bolsa Família, que diminuíram a participação desses trabalhadores na renda familiar.

Quanto às demais faixas etárias, registraram comportamentos diferenciados entre as décadas. Nos anos de 1990, observaram-se incrementos nas participações das faixas entre 25 a 29 anos (crescimento de 2,41%), nas de 30 a 39 anos (8,03%) e, principalmente, na de 40 a 49 anos, que ampliou em 14,30% sua participação, tomando os anos polares de 1990 e 2000, em um momento onde a experiência e o conhecimento passaram a ser requisitos essenciais para uma melhor inserção no mercado de trabalho. Já os trabalhadores com idade entre 50 a 64 anos ou acima de 65 anos registraram contrações nas suas participações relativas.

Contudo, quando passamos a considerar a década de 2000, observamos alguns comportamentos distintos. Além da perda dos jovens de até 24 anos, conforme já descrita, outra categoria também viu retrair sua participação, a dos trabalhadores que têm de 30 a 39 anos, quando sua participação em 2010 apresentou uma contração de 3,88% em relação a 2000, embora continue a apresentar percentual maior do que o visualizado em 1990. Já a faixa etária de 40 a 49 anos, continua a incrementar sua participação, em proporções até maiores da visualizada na década anterior. Contudo, o destaque da década foi a ampliação da participação dos trabalhadores que tem de 50 a 64 anos, o maior crescimento relativo, 55,50%, o suficiente para recuperar a participação perdida nos anos de 1990. Acréscimos também foram vistos na

participação dos trabalhadores com 65 anos ou mais, que em termos relativos foi a segunda maior, 19,35%. Quanto aos trabalhadores de 25 e 29 anos estes elevaram sua participação, porém de forma tímida, 2,25%, conforme indica a Tabela 41.

Tabela 41 – Distribuição do emprego na IT nacional segundo faixa etária – Brasil - 2010 Faixa

Etária (anos)

1990 1994 2000 2007 2010

Emprego % Emprego % Emprego % Emprego % Emprego %

Até 17 302.877 5,58 190.366 3,78 89.631 1,83 75.562 1,07 87.008 1,10 18 a 24 1.355.884 24,97 1.172.554 23,28 1.208.957 24,75 1.602.626 22,63 1.663.544 21,10 25 a 29 1.014.728 18,69 972.400 19,39 934.804 19,14 1.438.966 20,32 1.542.897 19,57 30 a 39 1.556.104 28,66 1.535.413 30,48 1.512.553 30,96 2.076.818 29,32 2.346.432 29,76 40 a 49 816.253 15,03 841.768 16,71 839.441 17,18 1.320.042 18,64 1.502.975 19,06 50 a 64 361.195 6,65 306.645 6,09 284.497 5,82 545.451 7,70 713.281 9,05 65 ou mais 23.212 0,43 17.704 0,35 14.899 0,31 22.678 0,32 29.547 0,37 Total 5.430.253 100 5.036.850 100 4.884.782 100 7.082.143 100 7.885.684 100 Idade Média 31,85 - 32,00 - 32,22 - 33,07 - 33,66

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da RAIS/MTE.

A Tabela 41 ainda mostra que durante o período de 2007 a 2010 houve contração na participação dos trabalhadores com até 29 anos, sugerindo que a crise possa ter atingindo em maior grau os trabalhadores jovens.

Outro ponto importante de ser ressaltado é a relação entre faixa etária e remuneração, neste sentido, apresentamos o Gráfico 17.

Gráfico 17: Salário médio pagos na IT por faixa etária (em anos) – Brasil 2010

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da RAIS/MTE.

Como era esperado, existe uma tendência de ampliação dos salários médios auferidos com para faixas etárias mais elevadas, em virtude do acúmulo de experiência profissional e ampliação do nível de escolaridade, fatores que contribuem para tornar o trabalhador mais produtivo. Por exemplo, os trabalhadores com faixa etária até 24 anos recebiam, em 2010, em média, apenas 40% do salário pago aos empregados com idade entre 50 a 64 anos. Nota-se, entretanto, que depois dos 64 anos, o salário apresenta uma pequena redução em relação ao da

1,12 1,80 2,58 3,27 3,91 4,53 4,14 3,04 - 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00 ATE 17 18 A 24 25 A 29 30 A 39 40 A 49 50 A 64 65 OU MAIS MÉDIA

faixa imediatamente anterior, provavelmente relacionado à perda de produtividade que o indivíduo passa a apresentar quando atinge uma idade mais avançada.

Quando reduzimos a análise em âmbito das regiões, verificamos que no quesito faixa etária, o emprego na IT não apresentou, em 2010, desigualdades regionais tão evidentes. Assim como observado para o Brasil, também em todas as suas regiões a maior parte dos empregados da IT tem de 30 a 39 anos, enquanto a menor participação são os trabalhadores acima de 65 anos, como é previsível (em virtude de que muitos nesta idade estarem aposentados). Entre os jovens até 24 anos, a maior participação estava no Centro-Oeste (26,12%) e a menor no Sudeste (20,2%). Em contrapartida, foi nesta última região onde se registrou a maior participação dos trabalhadores nas duas últimas faixas etárias, enquanto a menor em ambas as faixas foi registrada no Norte (veja Tabela 42).

Tabela 42 – Distribuição dos empregados da IT de acordo com a região natural e a faixa etária

– Brasil - 2010 Faixa

Etária (anos)

Norte % Nordeste % Sudeste % Sul % Centro-

Oeste % Até 17 2.305 0,85 2.930 0,28 36.092 0,87 41.316 2,06 4.365 1,05 18 a 24 57.705 21,19 237.999 22,61 800.049 19,33 463.767 23,11 104.024 25,07 25 a 29 63.198 23,21 230.339 21,89 789.626 19,08 371.271 18,50 88.463 21,32 30 a 39 89.655 32,93 325.764 30,95 1.242.434 30,02 564.334 28,12 124.245 29,95 40 a 49 42.073 15,45 176.171 16,74 831.582 20,09 388.355 19,35 64.794 15,62 50 a 64 16.781 6,16 76.653 7,28 420.673 10,16 171.257 8,53 27.917 6,73 65 ou mais 570 0,21 2584 0,25 18.775 0,45 6516 0,32 1.102 0,27 Total 272.287 100 1.052.440 100 4.139.231 100 2.006.816 100 414.910 100 Idade Média 32,41 - 32,81 - 34,86 - 33,17 - 32,13

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da RAIS/MTE.

6.6 ESTOQUE DE EMPREGO NA IT BRASILEIRA DE ACORDO COM O TEMPO MÉDIO DE PERMANÊNCIA

A taxa de rotatividade da mão de obra na IT brasileira é bastante alta e sofreu elevação ao longo do período em foco. A maior parte dos trabalhadores permanece menos de 3 anos na ocupação, sendo que os com até 1 ano sofreu expressivo aumento tanto em termos absolutos quanto relativos. O tempo médio de permanência declinou de 4,20 anos para 3,83 anos entre 1990 e 2010 (veja Tabela 43).

Tabela 43 – Distribuição dos trabalhadores na IT nacional segundo a faixa de tempo de permanência no emprego – Brasil 1990-2010

Faixa de tempo no emprego (em anos)

1990 1994 2000 2007 2010

Emprego % Emprego % Emprego % Emprego % Emprego %

Menos de 1 1.616.905 29,62 1.596.405 31,66 1.661.279 34,01 2.511.791 35,47 2.856.486 36,23 1,0 a 2,9 1.653.596 30,29 1.227.181 24,34 1.301.290 26,64 1.951.910 27,57 2.149.460 27,27 3,0 a 4,9 874.947 16,03 725.878 14,39 691.768 14,16 927.424 13,10 1.028.535 13,05 5,0 a 9,9 684.800 12,54 942.939 18,70 702.479 14,38 963.410 13,61 1.049.178 13,31 10 ou mais 629.441 11,53 550.261 10,90 527.922 10,81 726.547 10,26 799.718 10,14 Total 5.459.689 100 5.042.664 100 4.884.738 100 7.081.082 100 7.883.377 100 Tempo médio de permanência - 4,28 - 4,24 - 3,90 - 3,83 - 3,83

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da RAIS/MTE.

Na década de 1990, a redução no tempo médio de permanência, sobretudo a partir de 1994 é explicada por uma série de fatores externos e internos (já citados) que fizeram com que a indústria continuasse a apresentar redução líquida no seu estoque de emprego, principalmente nas grandes empresas, nas quais, no geral, a preocupação com a estabilidade do emprego e investimento em treinamento e qualificação do trabalhador é mais presente do que nas pequenas e micro empresas, caracterizadas por maior rotatividade da mão de obra.

Na década de 2000, mesmo diante do quadro de recuperação da economia e do mercado de trabalho, observou-se uma nova redução no tempo de permanência no emprego (embora em menor intensidade que no período anterior). Como podemos ver na tabela, em 2000, 34,01% dos trabalhadores existentes nos estabelecimentos industriais haviam sido empregados naquele ano; em 2010 esse percentual foi de 36,23%. Também houve aumento de participação da faixa que vai de 1,0 a 2,9 anos de serviço, enquanto todas as demais registraram quedas, fazendo com que o tempo médio de permanência no emprego industrial saísse de 3,9 anos em 2000 para 3,83 em 2010, uma redução de 1,79%.

Tendo em vista que nos anos 2000 todas as faixas apresentaram crescimento no seu estoque de emprego, sobretudo aquelas que compreendem os trabalhadores com até 2,9 anos de vínculo empregatício, acreditamos que um dos fatores responsáveis pela redução no tempo médio de permanência do trabalhador no emprego deva estar relacionado à retomada das contratações que cresceram a uma média de 6,14% a.a, incrementando a parcela daqueles com menos de 1 ano de serviços e de 1 a 2,9 anos.

Outro ponto que devemos destacar quando estudamos a variável tempo de permanência dos trabalhadores no emprego está relacionado às variações nas remunerações. Conforme indica o Gráfico 18, há uma clara tendência de ampliação dos ganhos salariais à medida que o trabalhador se torna mais antigo na empresa. O que pode estar relacionado aos

adicionais salariais adquiridos no decorrer do tempo, como também, ao fato de postos com maior estabilidade geralmente serem ocupados por operários com maior grau de instrução (como mostram os dados da RAIS), o que reflete positivamente em seus salários. A título de comparação, temos que em 2010 o salário médio pago aos trabalhadores com mais de 10 anos de vínculo empregatício era 163,64% maior do que o que foi pago ao trabalhador com menos de 1 ano de serviço.

Gráfico 18 – Salários médios por tempo de permanência no emprego – Brasil - 2010

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da RAIS/MTE.

Talvez o fato dos trabalhadores com mais tempo de serviços geralmente receberem melhores salários também seja um fator que explique o porquê de ser no Sudeste onde estão os empregados mais bem remunerados, já que, conforme evidencia a Tabela 44, esta foi a região que contabilizou, em 2010, o maior tempo de permanência no emprego (uma média de 4,22 anos, superando a nacional que foi de 3,83 anos), acompanhado de longe pela região Sul (3,65 anos). Já o Centro-Oeste, onde se observou a maior participação dos trabalhadores com até 2,9 anos (75,44%), apresentou o menor tempo médio de permanência (2,47 anos), seguido pelo Norte (2,86 anos) e posteriormente Nordeste (3,47 anos), indicando que as diferenças regionais no emprego industrial também se manifestam em termos do tempo médio de permanência dos empregados nos seus postos de trabalho44. Veja:

44

Contudo, devemos destacar que tais informações devam ser relativizadas, uma vez durante a década de 2000, a expansão do emprego industrial nas áreas em desenvolvimento se deu em proporções maiores as vistas no Sudeste e no Sul, o que pode ter influenciado o resultado.

2,22 2,68 3,22 3,68 5,86 3,04 - 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 Menos de 1 ano 1 a 2,9 anos 3,0 a 4,9 anos 5,0 a 9,9 anos 10 ou mais anos Média salários mínimos

Tabela 44 - Distribuição dos empregados da IT nacional de acordo com a região natural e a faixa de tempo médio de permanência no emprego Brasil - 2010

Faixa de tempo no emprego (em anos)

Norte % Nordeste % Sudeste % Sul % Centro –

Oeste % Menos de 1 111.052 40,80 408.207 38,80 1.398.530 33,80 753.374 37,55 185.323 44,69 1,0 a 2,9 82.444 30,29 283.703 26,97 1.114.526 26,93 541.263 26,98 127.524 30,75 3,0 a 4,9 34.423 12,65 136.487 12,97 552.986 13,36 258.333 12,88 46.306 11,17 5,0 a 9,9 29.368 10,79 138.062 13,12 577.185 13,95 265.326 13,22 39.237 9,46 10 ou mais 14.911 5,48 85.615 8,14 494.931 11,96 16.292 3,93 799.718 10,14 Total 272.198 - 1.052.074 - 4.138.158 - 2.006.265 - 414.682 - Tempo médio de permanência 2,86 - 3,47 - 4,22 - 3,65 - 2,47

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da RAIS/MTE.

6.7 DISTRIBUIÇÃO DO EMPREGO INDUSTRIAL SEGUNDO TIPOS DE CONTRATO