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Índice ou Fórmula de Monte Alegre

No documento INCÊNDIOS FLORESTAIS 3º edição - revisada (páginas 102-106)

8 ÍNDICES DE PERIGO DE INCÊNDIOS

8.1 PRINCIPAIS ÍNDICES DE PERIGO DE INCÊNDIO

8.1.3 Índice ou Fórmula de Monte Alegre

Esse índice foi determinado a partir de dados da região central do Paraná, denominada de Monte Alegre; quando comparada com outras fórmulas internacionais (Angströn, Nesterov e Telicyn), demonstra uma superioridade ao nível de 99% de probabilidade (CIANCIULLI, 1981). O valor do índice é cumulativo, sendo calculado com base na umidade relativa do ar e na precipitação das últimas 24

horas, sempre medidos às 13:00 horas. Segundo Soares e Batista (2007), a equação básica para o cálculo é a seguinte:

n i

Hi

FMA

1

100

. (15) Onde:

FMA = Fórmula de Monte Alegre;

Hi = umidade relativa do ar (%), medida às 13 horas; n = número de dias sem chuva maior ou igual a 13,0 mm

No Quadro 10, são apresentadas as restrições às quais o modelo está sujeito, conforme a quantidade de chuva no dia anterior.

Quadro 10 - Restrições à somatória da FMA, de acordo com a precipitação do dia

Chuva

do dia (mm) Modificação no cálculo

Fator de correção do valor acumulado

≤ 2,4 Nenhuma 1

2,5 a 4,9 Abater 30% na FMA calculada na véspera e somar (100/H) do

dia. 0,7

5,0 a 9,9 Abater 60% na FMA calculada na véspera e somar (100/H) do

dia. 0,4

10,0 a 12,9 Abater 80% na FMA calculada na véspera e somar (100/H) do

dia. 0,2

> 12,9 Interromper a somatória (FMA = 0) e recomeçar o cálculo no dia seguinte ou quando a chuva cessar.

Fonte: Adaptado de Soares e Batista (2007).

Com o objetivo de aperfeiçoar a Fórmula de Monte Alegre, Nunes, Soares e Batista (2006) propuseram a inclusão da variável velocidade do vento no cálculo do índice: v , n i

e

Hi

FMA

  

004 1

100

. (16) (a fórmula poderia ser escrita assim: (FMA+ = FMA . e 0,04.v) e neste caso não necessitaria descrever novamente os termos da equação, apenas v e e). Onde:

FMA+ = Fórmula de Monte Alegre Alterada;

Hi = umidade relativa do ar (%), medida às 13 horas; n = número de dias sem chuva maior ou igual a 13,0 mm; v = velocidade do vento em m s-1, medido às 13:00 horas; e = base dos logaritmos naturais (2,718282).

A inclusão da variável velocidade do vento à fórmula original proporcionou também a indicação da intensidade de propagação do fogo. Por ser acumulativo (em relação à umidade relativa), o índice está sujeito às mesmas restrições de precipitação da FMA (Quadro 10); contudo, como o efeito do vento não é cumulativo, é utilizado o valor de velocidade do vento às 13:00 horas de cada dia (SOARES; BATISTA, 2007).

Como decorrência dos valores obtidos por meio dos cálculos, estabeleceu-se um quadro de escala do grau de perigo de incêndio. Na Tabela 13 é apresentada a escala de perigo de incêndio para as Fórmulas de Monte Alegre e Monte Alegre Alterada. No Apêndice A pode-se verificar um exemplo hipotético do cálculo diário dos valores de FMA+.

Tabela 13 - Escala de perigo de incêndio para a Fórmula de Monte Alegre e para a Fórmula de Monte Alegre Alterada.

Valor do Índice (FMA) Valor do Índice (FMA+) Grau de perigo

≤ 1,0 ≤ 3,0 Nulo

1,1 a 3,0 3,1 a 8,0 Pequeno

3,1 a 8,0 8,1 a 14,0 Médio

8,1 a 20,0 14,1 a 24,0 Alto

> 20,0 > 24,0 Muito alto

Adaptado de Soares e Batista (2007).

A partir dos valores de Grau de perigo obtidos, é possível estabelecer medidas preventivas para o possível comportamento do fogo e dificuldade de supressão dele (Quadro 11).

Quadro 11 - Medidas preventivas, comportamento do fogo e dificuldade de supressão, a partir do grau de perigo

(continua)

Grau de

Perigo Medidas Preventivas

Nulo

Não existe perigo de incêndios. Deve-se usar esse período para iniciar o treinamento de pessoal e planejamento das atividades. Inicia-se a manutenção de aceiros, estradas, acesso aos pontos de captação de água e a revisão de todas as ferramentas, equipamentos de proteção individual, demais equipamentos, veículos e sistema de comunicação. A vigilância preventiva pode ser desmobilizada. As torres não precisam operar.

Pequeno

O perigo de incêndios é pequeno. Deve-se usar esse período para intensificar o treinamento de pessoal e planejamento das atividades. Intensifica-se a manutenção de aceiros, estradas, acesso aos pontos de captação de água e a revisão de todas as ferramentas, equipamentos de proteção individual e demais equipamentos, veículos e sistema de comunicação. A vigilância preventiva pode ser reduzida. As torres não precisam operar.

Médio

O perigo de incêndios é médio. Os meios de controle, como equipes de combate, ferramentas, equipamentos de proteção individual, demais equipamentos e veículos e sistema de comunicação devem estar em condições de serem usados. Os aceiros, estradas e acesso a pontos de captação que atuam devem estar em boas condições. Veículos e equipamentos de comunicação devem ser ligados e testados diariamente. As torres começam a operar.

Alto

O perigo de incêndios é alto. Os meios de controle como equipes de combate, ferramentas, equipamentos de proteção individual, demais equipamentos e veículos e sistema de comunicação devem estar em condições de serem usados. A vigilância preventiva deve ser intensificada, aumentando o período de operação das torres e da vigilância móvel. A passagem por áreas críticas será limitada. As operações agrícolas e florestais que usam fogo devem ser limitadas. Veículos e equipamentos de comunicação devem ser ligados e testados pelo menos duas vezes ao dia.

Muito alto

O perigo de incêndios é muito alto. Os meios de controle, como equipes de combate, ferramentas, equipamentos de proteção individual, demais equipamentos e veículos e sistema de comunicação, devem estar em condições de serem usados. A vigilância preventiva deve ser intensificada, aumentando o período de operação das torres e da vigilância móvel. A passagem por áreas críticas será limitada, não se permitindo o uso do fogo nas proximidades dessas áreas. As operações agrícolas e florestais que usam fogo devem ser suspensas. A população deve ser avisada por meios de comunicação, como rádio e televisão, para que tome medidas preventivas. Equipes de primeiro combate devem ficar de plantão para qualquer eventualidade.

Grau de

Perigo Comportamento do Fogo

Nulo A ignição é difícil. O tamanho das chamas é pequeno, podendo o fogo se extinguir por si só.

Pequeno

A ignição se inicia prontamente, mas se propaga lentamente. O comprimento das chamas em pastagens e reflorestamentos é menor que 1 m e a taxa de propagação é menor que 0,3 km h-1

Médio

A ignição é imediata, se propaga rapidamente, atingindo a camada mais baixa das árvores. O comprimento das chamas em pastagem e reflorestamento fica entre 1 e 2 m e a taxa de propagação entre 0,3 e 1,5 km h-1

Quadro 91 - Medidas preventivas, comportamento do fogo e dificuldade de supressão, a partir do grau de perigo

(conclusão)

Grau de

Perigo Comportamento do Fogo

Alto

A ignição é imediata e se propaga muito rapidamente, com incêndios de copa e

fagulhamento à curta distância. O comprimento das chamas fica entre 2 e 5 m e a taxa de propagação entre 1,5 e 2,0 km h-1.

Muito alto

A ignição é imediata e o fogo se propaga extremamente rápido, com fagulhamento à longa distância em combustíveis perigosos. O comprimento das chamas fica entre 5,0 e 15,0 m ou mais. A taxa de propagação na frente do fogo pode ser superior a 4,0 km h-1.

Grau de

Perigo Dificuldade de Supressão do Fogo

Nulo O ataque direto é viável com ferramentas básicas de combate. Qualquer fogo que possa ocorrer é facilmente combatido por ataque direto.

Pequeno O ataque direto é viável com ferramentas básicas de combate. Qualquer fogo que possa

ocorrer é facilmente combatido por ataque direto.

Médio O ataque direto geralmente não é possível. A melhor forma de combate deve combinar o método paralelo com o uso de água.

Alto O ataque direto não é viável. Não se pode aproximar do fogo. Contra fogo combinado com bombeamento de água são os únicos meios efetivos de combate.

Muito alto

Qualquer forma de combate torna-se difícil, a menos que as condições meteorológicas mudem. O uso de contra fogo é perigoso e deve ser evitado, a não ser que se tenha uma base segura.

Fonte: Adaptado de Soares e Batista (2007).

No documento INCÊNDIOS FLORESTAIS 3º edição - revisada (páginas 102-106)

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