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DETECÇÃO DOS INCÊNDIOS

No documento INCÊNDIOS FLORESTAIS 3º edição - revisada (páginas 109-113)

9 COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS

9.1 DETECÇÃO DOS INCÊNDIOS

A detecção é o tempo decorrido entre a ignição ou início do fogo e o momento em que ele é visto por alguém. A eficiência na visualização, ou seja, uma rápida detecção possibilita o controle do fogo antes que ele tenha se propagado ou que se desenvolva a altas intensidades (Figura 47). Quanto menor o intervalo de tempo entre o início do fogo e o começo do ataque, mais fácil será seu controle (RIBEIRO, 2002).

Figura 47 - Relação entre os sistemas de detecção, comunicação e mobilização orientados ao combate de incêndios

Fone: Adaptado de Heikkilä, Grönqvist e Jurvélius(2007).

Conforme Soares e Batista (2007), os dois principais objetivos que devem nortear os sistemas de detecção são: a) descobrir e comunicar ao responsável pelo combate todos os focos de fogo em no máximo 15 minutos após seu início; b)

precisão na localização do fogo para permitir uma rota eficiente ao pessoal que realizará o combate (é recomendado não cometer erros superiores a 500 m).

A detecção pode ser feita por meio de vigilância terrestre, por observação de torres ou locais de boa visibilidade e com o auxílio de aeronaves ou equipamentos automatizados, como sensores, satélites, etc.. Soares e Batista (2007) classificam os sistemas de detecção em móveis (patrulhamento aéreo ou terrestre) ou fixos (pontos fixos de observação ou rastreamento).

Cabe aqui salientar que, normalmente, os meios fixos de detecção necessitam de maior investimento na sua implantação e, relativamente, baixo custo de manutenção. Ao contrário, os meios de detecção móveis possuem baixo custo de implantação e elevados custos de manutenção, tendo seu uso recomendado nos períodos reconhecidamente críticos.

9.1.1 Torres de observação

A torre de observação é o meio mais prático e eficiente de detecção e localização de incêndios florestais. Geralmente são constituídas de ferro ou madeira (Figura 48), tendo uma cabine fechada, com visibilidade para todos os lados, onde permanece o operador ou vigilante.

Figura 48 - Torre de observação

As principais vantagens na utilização de torres são: maior durabilidade, menor custo de manutenção (porém com um considerável custo de implantação) e a facilidade de realocação quando necessário (SOARES; BATISTA, 2007).

Em locais onde o relevo permita, é possível optar-se pela instalação de abrigos, que são de custo menor. Esses abrigos podem ser alocados em topos de morros, por exemplo, possibilitando uma grande economia de recursos e maior facilidade de operacionalização.

Conforme Goldammer (1982), a rede de pontos de observação deve cobrir toda a área florestal. Segundo Ribeiro (2002), a altura da torre vai depender da topografia e da vegetação; quanto mais plana a área, mais alta será a torre, podendo alcançar 40 m de altura.

Cada ponto de observação ou torre deve estar equipado com diversos aparelhos como: rádio de comunicação, binóculos, livro de ocorrências e aparelhos para determinação da localização do incêndio. A localização pode ser realizada com goniômetros, que são de baixo custo e servem para determinação do azimute ou ângulo horizontal. Outro aparelho é o goniômetro tipo Osborne, mais preciso e mais caro; no entanto, permite a localização sem a necessidade de triangulação de mais de uma torre, isto é, permite a localização a partir de apenas um ponto de observação. Na Figura 49, é possível verificar um exemplo de triangulação realizado a partir de duas torres de observação.

Fatores como as características físicas da área e as condições de visibilidade são determinantes na distribuição dos pontos de observação. A distância visual máxima de um ponto de observação situa-se entre 8 a 15 km. Considerando-se uma capacidade visual média, cada torre pode cobrir eficientemente uma área de 8.000 a 20.000 ha, dependendo principalmente do relevo. Quanto mais acidentado, maior será o número de torres; estima-se que uma cobertura de 70 a 80% da área seja suficiente, já que seria difícil cobrir 100% da área (SOARES; BATISTA, 2007).

O goniômetro consiste em um simples medidor de ângulos horizontais, composto de um visor, ao qual está acoplado um indicador, ambos dotados de movimento circular e montados sobre um círculo graduado fixo. Esse aparelho deve ser instalado com o zero do círculo graduado orientado para o norte magnético. Como mencionado anteriormente, o goniômetro tipo “Osborne”, além de determinar o azimute, estima a distância da torre até o incêndio.

Figura 49 - Localização de incêndios pela triangulação, a partir de torres de observação

Fonte: Adaptado de Heikkilä, Grönqvist e Jurvélius (2007).

9.1.2 Detecção por satélites

Diversas são as formas de detecção de incêndios florestais que podem ser utilizadas. Dependendo das características do local, principalmente da extensão da área a ser monitorada, pode-se optar por outros meios de detecção.

Para grandes extensões territoriais, o monitoramento dos incêndios florestais através de imagens de satélites é o meio mais eficiente e de menor custo, quando comparado com os demais meios de detecção. O planejamento nacional das atividades de controle de incêndios florestais, o disciplinamento das atividades de uso do fogo controlado, bem como a avaliação dos efeitos do fogo sobre a atmosfera só são viáveis através do monitoramento por satélite. Portanto, as informações obtidas devem ser de qualidade e confiáveis (BATISTA, 2004).

O lançamento em 1972 do primeiro satélite Landsat possibilitou detectar alterações nas áreas florestais através do espaço. Desde então, as imagens termais

e do infravermelho médio têm sido usadas na detecção de incêndios e estudos de mapeamento, permitindo que áreas queimadas e não queimadas sejam detectadas através do contraste entre os gradientes térmicos (REMMEL; PERERA, 2001 apud BATISTA, 2004). Segundo Pantoja e Brown (2007), atualmente, há vários sensores orbitais e aéreos que podem ser usados para a detecção de queimadas.

Outros equipamentos utilizados, denominados Sistemas Auxiliares de Detecção, são compostos por equipamentos sensíveis, que captam o calor através de sensores infravermelhos, ultrassons, células fotoelétricas e a partir de gases liberados pelo fogo. Normalmente são utilizados em áreas com grandes extensões e pouco relevo, população reduzida e áreas de grande importância. Como vantagens apresentam: detecção automática, monitoramento contínuo e controle remoto dos sistemas. Em Portugal, por exemplo, são utilizados aviões elétricos não tripulados, que têm processamento computacional a bordo, enviando um sinal de alerta para a estação base quando detectam um foco de incêndio. Eles têm a capacidade de detectar focos de incêndio com menos de 2 m².

No documento INCÊNDIOS FLORESTAIS 3º edição - revisada (páginas 109-113)

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