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TÉCNICAS DE COMBATE

No documento INCÊNDIOS FLORESTAIS 3º edição - revisada (páginas 124-129)

9 COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS

9.5 TÉCNICAS DE COMBATE

Como visto anteriormente, no item onde falamos sobre o triângulo do fogo, não existe fogo se não existir um dos lados do triângulo, ou seja, oxigênio, fonte de calor ou combustível. Portanto, o princípio básico para extinção do fogo é a retirada de um dos três elementos do triângulo do fogo, de maneira rápida e eficiente. Para retirada do material combustível, pode-se fazer um aceiro; já o oxigênio, pode ser reduzido com o uso de abafadores ou terra, e o calor pode ser reduzido com a utilização de água com ou sem produtos químicos.

Segundo Soares e Batista (2007), o ataque a um incêndio florestal pode ser realizado com uma ou mais equipes de combate e, normalmente, dependendo da intensidade do fogo, são utilizados três métodos: direto, paralelo e indireto.

Estes métodos apresentam como semelhança o fato de usarem linhas ou barreiras de contenção. É necessário esclarecer que a escolha do melhor método deve considerar as seguintes características: o caráter do incêndio; as variações no seu desenvolvimento; a topografia e o tipo de solo; as barreiras naturais existentes; o número de combatentes disponíveis; e os recursos hídricos disponíveis para o combate (CIANCIULLI, 1981).

9.5.1 Método direto de combate a incêndios florestais

Esse método é utilizado em incêndios superficiais, em locais com baixa quantidade de material combustível disponível; assim, o fogo não desenvolverá altas intensidades, permitindo a aproximação direta dos combatentes. Os principais equipamentos utilizados são abafadores, bombas costais, pás e, se possível, motobombas.

A extinção do fogo ocorre diretamente pelo abafamento, ou seja, redução do oxigênio disponível, ou pela diminuição do calor, realizada com a utilização de água e das bombas costais. Podem-se usar simultaneamente, com dois brigadistas, os dois princípios ao mesmo tempo, sendo que, o ataque pode ser realizado na parte frontal ou cabeça do incêndio, ou começar pela base e trabalhar pelos flancos até chegar à cabeça (Figura 53) (SOARES; BATISTA, 2007).

Figura 53 - Aplicação do método direto de combate a incêndios florestais

Fonte: Adaptado de Heikkilä, Grönqvist e Jurvélius(2007).

Para que o método seja eficiente, conforme Cianciulli (1981), devem ser observados os seguintes passos: limpeza de uma faixa ou aceiro, suficientemente largo, para que os combatentes possam realizar seus movimentos livremente; limpar as beiradas do fogo, em sua parte exterior, atirando o material combustível para seu interior; vigiar a linha de contenção, a fim de extinguir qualquer foco que possa se

originar; aproveitar as primeiras horas da madrugada, ou as últimas da tarde, para queimar os combustíveis que ainda estiverem disponíveis. No Quadro 17, são apresentados os principais riscos, vantagens e desvantagens desse método.

Quadro 17 - Principais riscos, vantagens e desvantagens do método direto

Principais riscos aos

combatentes* Vantagens** Desvantagens** Exposição ao calor intenso,

podendo causar queimaduras e asfixia.

Rápida redução na disponibilidade de material combustível.

Exposição dos combatentes a riscos;

Emissão de fagulhas, que podem originar focos secundários,

cercando o combatente. Evita a propagação do incêndio.

A vigilância do pessoal torna-se difícil; o patrulhamento é dificultado, normalmente por tratar-se de locais de difícil acesso. O trabalho em conjunto pode

ocasionar acidentes por falta de espaço.

Exigência de maior esforço dos combatentes, causando cansaço e

fadiga prematura. Evita a transformação

de incêndios

superficiais em incêndios de copa.

Caso um homem não cumpra bem a sua função, pode ocasionar a propagação do fogo, prejudicando o trabalho de toda a brigada. Deslocamentos perigosos de combatentes em topografias abruptas, especialmente em trabalhos noturnos. Fonte: Autores.

Legenda: * dados retirados de Ribeiro (2002) e ** dados retirados de Cianciulli (1981).

9.5.2 Método paralelo de combate a incêndios florestais

Trata-se de um método intermediário, entre o direto e o indireto. É usado quando o calor produzido pelo fogo não permite diretamente a aproximação dos combatentes para a realização de um ataque direto. Esse método consiste na rápida construção de um pequeno aceiro de 0,5 a 1,0 m de largura, disposto paralelamente à linha de fogo (Figura 54). No encontro do fogo com o aceiro, ocorre a diminuição da intensidade, possibilitando o ataque diretamente às chamas, como já mencionado no método direto de combate (SOARES; BATISTA, 2007).

Segundo Cianciulli (1981), nesse método, a linha de contenção é estabelecida a uma distância que varia de 3 a 15 m da beira do fogo, e por meio de um contra fogo, pode-se queimar a parte que vai da linha de contenção até a beira do fogo, proporcionando maior facilidade no trabalho de extinção das chamas.

Figura 54 - Aplicação do método paralelo de combate a incêndios florestais

Fonte: Adaptado de Heikkilä, Grönqvist e Jurvélius (2007).

As principais vantagem e desvantagens desse método podem ser visualizadas no Quadro 18.

Quadro 18 - Principais vantagens e desvantagens do método paralelo de combate a incêndios

Vantagens Desvantagens

É possível dominar incêndios que desenvolvem muito calor e

fumaça. Caso não sejam adotadas

as medidas de prevenção, o contra fogo pode se tornar uma faca de dois gumes e se transformar em um perigo ainda maior Torna-se possível passar aos métodos indicados

anteriormente, se a intensidade do incêndio diminuir.

Possibilita uma vigilância mais simples e reduz o perigo de que o fogo passe a linha de contenção

Possibilidade de controle do contra fogo

Fonte: Adaptado de Cianciulli (1981).

9.5.3 Método indireto de combate a incêndios florestais

Se existirem os três componentes do triângulo do fogo em abundância normalmente, e em condições climáticas favoráveis, caso ocorra a ignição, o fogo possivelmente desenvolverá grande intensidade e não permitirá a aproximação das

pessoas para realizar o combate ao incêndio. Soares e Batista (2007) recomendam, nesses casos, a abertura de um aceiro largo na frente do fogo e usar o contra fogo para ampliá-lo ainda mais (Figura 55).

Figura 55 - Aplicação do método indireto de combate a incêndios florestais

Fonte: Adaptado de Heikkilä, Grönqvist e Jurvélius (2007).

Deve ser observada uma distância segura da frente de fogo, a fim de viabilizar a conclusão do serviço antes da chegada do incêndio. Outro aspecto que deve ser observado é a aplicação do rescaldo, isto é, apagar através do ataque direto todos os vestígios de fogo dentro da área queimada. No Quadro 19, podem-se visualizar mais algumas características desse método.

Ribeiro (2002) recomenda o uso do método indireto diante das seguintes situações: o calor impede o trabalho direto no limite do fogo; o comportamento do incêndio é imprevisível, apresentando rápida propagação, alta emissão de fagulhas, com a frente do fogo aumentada; a topografia é muito acidentada, dificultando o deslocamento do pessoal; a vegetação é densa, com alta possibilidade de propagação de incêndios de copa; o setor onde ocorre o fogo não justifica a ação pelo método direto de combate.

Quadro 19 - Principais vantagens e desvantagens do método indireto de combate a incêndios

Vantagens Desvantagens

Os combatentes trabalham a uma grande distância do incêndio, não sofrendo com a ação do calor, assim podendo trabalhar com maior conforto e desenvoltura.

O trabalho deve ser rápido para permitir a correta ação do contra fogo.

O fogo de encontro é de grande magnitude, devendo ser considerado e monitorado.

Podem-se incorporar como aceiros diversas situações naturais como barreiras ao fogo, diminuindo o tamanho da linha de aceiro a ser construída.

Ocorre um aumento considerável da área florestal queimada.

Apresenta grande perigo à equipe de combate, por isso, deve ser usado somente em casos extremos.

Adaptado de Cianciulli (1981).

No documento INCÊNDIOS FLORESTAIS 3º edição - revisada (páginas 124-129)

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