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2.4 FATORES CONDICIONANTES DA DRAGAGEM

2.4.8 Índice de Shannon-Wiener (H’)

Organismos de vida pelágica ou bentônica formam as comunidades da região marinha dos estuários, sendo considerado para esse estudo somente a comunidade bentônica. Essas espécies são formas que dependem das interações com o ambiente e são importantes porque: i) muitas espécies têm valor econômico; ii) fazem parte da cadeia alimentar de peixes demersais; iii) causam aeração e remobilização do fundo, contribuindo para a aceleração de processos de remineralização de nutrientes (LANA et al., 1996). A maior parte dos bentos

ocorre na camada oxidada, que pode ser muito delgada em fundos lodosos, cujas variações físico-químicas alteram grandemente a distribuição dos organismos. Pesquisas com bentos são úteis para avaliar impactos in situ, pois esses organismos ocupam diferentes nichos ecológicos e têm diferentes tolerâncias à contaminação química (CHOUERI et al., 2009). As comunidades podem viver em substrato consolidado ou não e variam conforme a exposição das marés e são agrupados em fito e zoobentos. O primeiro grupo é representados pelos moluscos, gastrópodes, anelídeos e crustáceos, enquanto o segundo é composto pelas macroalgas rodófitas, feofíceas e clorófitas (HAZTEC GAIA, 2014).

Alguns índices para contagem de espécies podem ser usados, como o Índice de Shannon-Wiener que é um meio de comparação da diversidade de espécies (ODUM, 2007). Para o autor, uma diversidade mais alta indica uma teia alimentar complexa e com interações equilibradas, auxiliando a detectar e avaliar a poluição em determinado local. Leva em conta tanto a riqueza (número de espécies) como a abundância ou equitabilidade da amostra (número de indivíduos por espécie), ou seja, se há espécies dominantes ou não (Ocean Biogeograhic Information System (OBIS), 2015). Um mapa representativo de espécies marinhas do H‟, produzido pela (CBD - Convention on Biological Diversity, 1993) comprova a vulnerabilidade e importância do ambiente costeiro, em especial, o deste estudo. Segundo Simboura et al. (2014), o índice de diversidade pode detectar mudanças nas comunidades bentônicas ao longo de um período de tempo. Essa afirmação foi corroborada por Reis (2009), na Restinga da Marambaia, que observou a diminuição da diversidade de espécies entre duas campanhas em 1999 e 2003-2005.

iii) Meio Socioeconômico

O terceiro grupo de parâmetros trata das relações da dragagem com a comunidade local em seus aspectos socioeconômicos, ou seja, aqueles que afetam o modo de viver dos moradores próximos às áreas atingidas. Valores socioculturais como religião, turismo, tradição e cultura local também estão ligados aos hotspots de biodiversidade (UNITED NATIONS ENVIRONMENT, 2014). Portanto a manutenção de um ambiente equilibrado promove a continuidade desses valores. O Plano de Desenvolvimento Sustentável da Baía de Sepetiba destaca a baía como importante pólo econômico, turístico e ambiental e ressalta ações de recuperação, proteção ambiental e compatibilização das atividades antrópicas com as vocações locais (CONSÓRCIO CKC-COBRAPE, 2011).

2.4.9 Pesca

Quanto à natureza, a pesca pode ser classificada em comercial (artesanal ou industrial) ou não-comercial (científica, amadora e de subsistência) (BRASIL, 2009). A complexidade da pesca artesanal se dá pela diversidade de habitat explorados, estoques pesqueiros, técnicas utilizadas e tipos de usuários (GAMBA, 1994). Na BS, há gerações que os pescadores atuam de forma relativamente sustentável sendo sardinha, cavalinha, espada, corvina, dourado e xerelete as espécies de produção mais expressiva entre os desembarques no estado em 2014 (FIPERJ, 2014). Além disso, a maricultura está presente na baía como atividade que traz benefícios, não apenas pela comercialização do produto e às exigências do mercado consumidor, mas pelos avanços tecnológicos que agrega às comunidades produtoras. A Baía de Sepetiba é especialmente atraente devido aos diversos habitats (costão, praia e mangue) que favorecem a grande produtividade. Algumas espécies se destacam como o mexilhão (Perna perna) e vieiras (Nodipecten nodosus) além da introdução de macroalgas exóticas (FIPERJ, 2012).

A Tabela 6 traz algumas características da atividade de pesca para os três municípios pesqueiros na BS e a Tabela 7 as características gerais das modalidades encontradas na baía.

Tabela 6 - Estrutura de pesca, municípios limítrofes da BS

Legenda: * Valor total, não exclusivo ao lado leste da baía Fonte: Fundação Prozee (2005)

Freitas e Rodrigues (2014) apontaram problemas envolvendo comunidades pesqueiras e dragagens na baía, e entre os mais comuns estão: i) dragas que passam fora dos canais estipulados e arrancam material de pesca já lançado; ii) restrição de áreas de pesca em função da instalação de grandes empreendimentos. Outro agravante é o fato dos organismos aquáticos tenderem a apresentar biomagnificação - concentração de substâncias químicas, que acontece do menor nível trófico para o maior (U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 2007). Serviços de dragagem, ao promoverem aeração das águas, liberam os metais que podem ser absorvidos e integrados à cadeia alimentar. Na Baía de Sepetiba, com a considerável contaminação por Cd e Zn, a comunidade local merece atenção já que se serve

CARACTERÍSTICAS/MUNICÍPIO ITAGUAÍ MANGARATIBA RIO DE JANEIRO*

Frota (total de embarcações) 33 50 543

Pontos de desembarque 3 4 19

Estaleiro 1 0 6

Carpintaria 3 5 20

Fábrica de gelo 2 2 15

desses alimentos e está entre as principais fontes da economia local (ECOLOGY BRASIL, 2008; RIBEIRO et al., 2015).

3 Tabela 7 – Modalidade e recursos pescados na Baía de Sepetiba por aparelho de pesca

Legenda: (A)= Ativa; (P)=Passiva

Fonte: 1(PROGRAMA COOPERATIVO GOVERNAMENTAL FAO - ITALIA, 1988; GAMBA, 1994; ECOLOGUS ENGENHARIA CONSULTIVA, 2007a; b; FREITAS NETTO e DI BENEDITTO, 2007; FIPERJ, 2015)

APARELHO MODALIDADE1 PESCADO PRODUÇÃO

(kg/dia)

Gancho Coleta manual (A) Caranguejo 8

Arpão ou arbalete Pesca submarina (A) Garoupa, robalo, badejo, anchova -

Anzol Vara ou caniço (A) e linha (A) Robalo, bagre, pescada e cação -

Rede ou emalhe

Arrasto

Praia (A) Peixes e crustáceos diversos -

Balão com porta (A) Abrótea, cabrinha, caçonete, camarão, castanha, congro-rosa, corvina, betara, linguado, lula,

maria-luiza, mariamole, pescada , polvo e raia 12

Espera

Fundo (A) Pescadinha-real, pescada-foguete, corvina, bagre 25

Deriva ou caceia (P) Corvina, anchova, pescada, bagre 25

Cerca e bate (A) Tainha, parati 15

Cerco (A) Sardinha-verdadeira, cavalinha, corvina, enchova, palombeta, sardinha-lage e tainha 45

Armadilha Curral, cerco fixo, cercada (P) Pescada amarela, tainha, robalo -

Tarrafa Peixe (P) Parati, tainha, pampo e papaterra -

Camarão (P) Camarão 5

Maricultura(P) Mexilhão, vieira, vongole, ostra 6

2.4.10 Turismo

As zonas costeiras são as mais densamente povoadas seja por questões econômicas ou pelas atrações naturais (Science and Integrated Coastal Management, 2001). No entanto, a infraestrutura portuária, que dá acesso às rotas comerciais do Atlântico Sul, e os complexos industriais provocam novos arranjos territoriais, impactando direta e indiretamente a vida e o trabalho da comunidade local. Em especial na BS, esse fundo econômico vai de encontro a um dos trechos mais intocados da Costa Verde, com alto potencial pesqueiro e turístico (FEEMA/GTZ, 1999; INSTITUTO PACS – Políticas Alternativas para o Cone Sul, 2015). A degradação ambiental tem gerado desemprego na indústria turística pela perda de atratividade dos ambientes naturais (PARQUES E ÁREAS PROTEGIDAS, 2012).

A Baía de Sepetiba é considerada uma das áreas de relevante interesse ecológico, definida pela constituição estadual no Art. 269 (INEA, 2017), e oferece diferentes atrações turísticas como as ilhas de Marambaia, Martins e Jaguanum, além da Reserva Ecológica de Guaratiba, praias e costões. Os sambaquis, pequenos montes de conchas pré-históricos, também estão presentes e são importantes porque revelam o modo de vida de comunidades primitivas (FEEMA/GTZ, 1999; CÂMARA TÉCNICA DA BACIA DRENANTE À BAÍA DE SEPETIBA - CTBDBS, 2015). Oferece restaurantes especializados em frutos do mar e passeios guiados para observação do boto-cinza, espécie em extinção que frequenta as águas da baía (FLACH et al., 2008; RIO NOTÍCIAS, 2015; GUIA DO TURISMO BRASIL, 2017). Além da observação dos cetáceos menores, na região também podem ser vistos baleias, tartarugas e aves marinhas(GHERARDI; CABRAL, 2007).

No caso do turismo, as atividades de dragagens causam impactos como:

- Poluição sonora:causada pelo tráfego de pequenas e grandes embarcações, espanta os peixes e interfere nos sistemas de orientação (ecolocalização) e de reprodução, especialmente em golfinhos e baleias (OCEAN ACTION, 2015);

- Redução da qualidade da água (WORLD BANK GROUP, 2017) pelas alterações físico-químicas no sistema água-sedimento reduzindo, portanto a atividade turística.

3 ÁREA DE ESTUDO

A Baía de Sepetiba está a aproximadamente 60 km da capital do estado, Figura 1, e apresenta área portuária de importância nacional, abriga reservas naturais, entre elas uma expressiva floresta de mangues, além de oferecer recursos pesqueiros e de lazer. Está entre as três maiores baías do estado e abriga importante e diversificada costa, cujos fatores de pressão sobre o ambiente são os usos de recursos naturais e exploração econômica (MUEHE et al., 2006; SISBIOTA, 2010). O litoral fluminense tem cerca de 650 km de linha de costa e está compartimentado em três grandes grupos, de acordo com a orientação da linha de costa e grau de indentação ou recorte (MUEHE et al., 2006). A BS, com 470 km2 de área aproximada, está localizada no compartimento sul, em que a escarpa da Serra do Mar apresenta-se recortada, escarpada e mergulha diretamente no Oceano Atlântico.

Figura 1: Localização da BS

A Região Hidrográfica II – Guandu (RHII), que engloba a Baía de Sepetiba foi criada pela Resolução no107, do Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH/RJ, de 22 de maio de 2013, inclui as bacias hidrográficas dos rios Guandu, Guandu-Mirim e da Guarda, além do Rio Piraí. Ocupa aproximadamente 4700 km2 de área, Figura 2 e Tabela 8, e os 15 municípios abrigados total ou parcialmente por essa região são: Barra do Piraí, Engenheiro Paulo de Frontin, Itaguaí, Japeri, Mangaratiba, Mendes, Miguel Pereira, Nova Iguaçu, Paracambi, Piraí, Queimados, Rio Claro, Rio de Janeiro, Seropédica e Vassouras.

7470053

7442744

A rede de drenagem do São Francisco e Guandu é responsável por 75% do aporte fluvial de metais pesados na BS (LACERDA et al., 1987). A maior parte do volume de água vem da transposição do Rio Paraíba do Sul e a hidrografia dendrítica, é fortemente afetada pela geologia (INEA, 2012), Figura 3. Com a transposição, o fluxo de água doce aumentou de 20 para 160 m3.s-1 e a consequência direta foi o aumento da carga de sedimentação em até 800 t.dia-1 (MOLISANI et al., 2004) e variação na granulometria (PATCHINEELAM et al., 2011). Os autores relacionam também o aumento das concentrações de metais com a industrialização e urbanização, respectivamente no final dos anos 1950 e 1970.

Figura 2 Limite dos municípios membros da RH II.

Fonte (IBGE, 2015)

Tabela 8 - Bacias contribuintes à RH II

Fonte: Resolução CERHI 107/2013

BACIAS

Rios contribuintes para RH II - Guandu

Santana, São Pedro, Macaco, Ribeirão das Lajes, Guandu (Canal do São Francisco), da Guarda, Canal do Guandu, Guandu- Mirim, Mazomba, Piraquê ou Cabuçu, Canal do Itá, do Ponto, Portinho, Piraí

Rios contribuintes à Represa de Ribeirão das Lajes; litoral de Mangaratiba e Itacurussá; Restinga da Marambaia.

Figura 3: Hidrografia da RH II;

Fonte (SANTOS et al., 2008)

A geologia apresenta rochas magmáticas, sedimentares e metamórficas, cujos domínios morfoestruturais são cinturões móveis neoproterozoicos (500 a 1000 Ma) e depósitos sedimentares quaternários (2 Ma). Os primeiros abrangem vastas áreas de planaltos, serras alinhadas e depressões interplanos em terrenos dobrados e falhados, incluindo principalmente metamorfitos e granitoides associados. Os segundos são áreas de acúmulo de sedimentos dispostas na zona costeira ou no interior do continente, caracterizados por lamas, areias, cascalhos e turfas. Pertence ao domínio da Faixa Costeira Leste, com ocorrência de rochas pré-cambrianas de topografias amainadas, em que se destacam as gnáissicas e migmatíticas alinhadas a NE/SW. Ocorrem também corpos graníticos intrusivos, de cerca de 500 Ma e rochas alcalinas com 70 a 40 Ma, além de diques de diabásio de direção preferencial NE/SW, vinculados à abertura do Oceano Atlântico e idade de 130 Ma (DRM, 1996; 2008; IBGE, 2009), conforme Figura 4.

Figura 4: Geologia da RH II, adaptado de (DRM, 2008)

Os solos encontrados no entorno da área de estudo são argissolos amarelos e vermelho-amarelos e ainda glei húmico salino e de mangue. São classificados de mal a muito mal drenados além de estarem sujeitos a grandes oscilações do lençol freático durante o ano (ECOLOGUS ENGENHARIA CONSULTIVA, 2007b; IBGE, 2007). Em relação à cobertura do solo, a RH II apresenta principalmente: vegetação campestre (restinga da Ilha da Marambaia), vegetação florestal que pode ou não estar ligada com áreas de atividade agrícola, e áreas artificiais de uso urbano (edificações, indústrias e sistemas viários), Figura 5. Todo o estado está contido no bioma Mata Atlântica. Atualmente, os remanescentes atingem apenas 17% do território fluminense, incluindo os ecossistemas de floresta ombrófila densa, manguezais e restingas (INEA). Quanto ao clima, genericamente está ligado ao Tropical Brasil Central, sendo destacados o clima úmido a superúmido, com média de temperatura mensal maior que 18º C, com 1 a 3 meses de seca (IBGE, 2002).

A baía é caracterizada pela variação natural da morfologia costeira devido ao controle tectônico, regime hidrodinâmico, suprimento de sedimentos, do clima e das oscilações do nível do mar. A morfologia predominante é de costões rochosos, manguezais e pequenos trechos de praia, originada pelo recuo do embasamento, em Barra de Guaratiba. E embora a orla continental esteja protegida da ação das ondas do oceano, há evidencias de erosão na porção central da Restinga da Marambaia e de transporte por ondas (GHERARDI et al., 2008). Além disso, Barcellos (1998) cita as correntes de fundo da Baía de Sepetiba como principal fator para a manutenção dos sedimentos em suspensão.

Figura 5: Uso e ocupação do solo da RH II, adaptado de (JACQUES; SHINZATO, 2000)

A salinidade varia entre 0 a 24‰, pH entre 4,8 e 8,6, normalmente mais alto próximo à superfície e a taxa de renovação das águas é de 3,28 dias em média. A profundidade média é de 24 m, podendo variar entre 1 e 2 m, próximo à Barra de Guaratiba ou a 47 m, em canais estreitos entre as ilhas. O acesso ao mar se dá por duas entradas, a leste e oeste, sendo a segunda o acesso principal, com correntes de maior intensidade. O padrão de circulação da água é predominantemente dado pela maré e as águas provenientes da plataforma continental são frias e densas e retornam aquecidas ao oceano pelo canal entre a Ilha de Jaguanum e o Morro da Marambaia. A deposição de sedimentos marinhos é ao longo da costa norte e os fluviais próximos à desembocadura dos rios São Francisco e Guandu (LACERDA et al., 1987; ECOLOGUS ENGENHARIA CONSULTIVA, 2007b).

A baía recebe aporte de diversos rios que recebem efluentes de cerca de 400 indústrias e de uma população crescente em seu entorno, o que tem acarretado à maior poluição na baía. Taxas de sedimentação variaram de 0,35 cm.ano-1 para 0,76 cm.ano-1, antes e após 1960 respectivamente, coincidindo com a construção da Barragem de Santa Cecília para transposição do Rio Paraíba do Sul (DE CARVALHO GOMES et al., 2009). A alta concentração de Hg, além de Cd e Zn coincide com a evolução industrial da baía e a implantação da companhia Ingá, no final dos anos 1950, fato corroborado por (MOLISANI et al., 2004; WASSERMAN et al., 2016). Além disso, a BS apresenta problemas de eutrofização pelo crescimento de algas que se desenvolvem pelo aumento das concentrações de nitrogênio e fósforo (FEEMA/GTZ, 1999).

Em termos de ocupação, Morais (2016) destaca a forte urbanização da região e aumento da importância econômica a partir de 1940 e 1950, com empreendimentos rodoviários e industriais. Pela área portuária favorável, próxima à capital fluminense, ganhou importância com o desenvolvimento da região metropolitana do Rio de Janeiro e aponta como pólo gerador de renda para milhares de pessoas (INEA, 2012). Além disso, passou a ter relevante importância como polo industrial e siderúrgico após a implantação do Porto de Itaguaí, em 1982, com grandes investimentos nas últimas décadas (ZBOROWSKI; LOUREIRO, 2008). A Tabela 9 mostra os censos de 2000 e 2010 para população total dos municípios da RHII e destaca aqueles limítrofes com as águas da baía.

Tabela 9 - População dos municípios da RH II. Fonte: Censo Demográfico, IBGE (2000; 2010)

MUNICÍPIO

POPULAÇÃO

TOTAL HOMENS MULHERES URBANA RURAL 2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010 Rio de Janeiro 5.857.904 6.320.446 2.959.817 3.360.629 6.320.446 0 Barra do Piraí 88.503 94.778 42.455 45.154 46.048 49.624 84.816 91.957 3.687 2.821 Eng. Paulo de Frontin 12.164 13.237 6.021 6.449 6.143 6.788 8.766 9.523 3.398 3.714 Itaguaí 82.003 109.091 40.611 54.409 41.392 54.682 78.208 104.209 3.795 4.882 Japeri 83.278 95.492 41.301 48.080 41.977 47.412 83.278 95.492 0 0 Mangaratiba 24.901 36.456 12.622 17.962 12.279 18.494 19.860 32.120 5.041 4.336 Mendes 17.289 17.935 8.367 8.651 8.922 9.284 17.123 17.701 166 234 Miguel Pereira 23.902 24.642 11.533 11.719 12.369 12.923 20.081 21.501 3.821 3.141 Nova Iguaçu 920.599 796.257 445.609 381.750 474.990 414.507 920.599 787.563 0 8.694 Paracambi 40.475 47.124 19.921 23.793 20.554 23.331 36.868 41.722 3.607 5.402 Piraí 22.118 26.314 11.001 12.917 11.117 13.397 18.070 20.836 4.048 5.478 Queimados 121.993 137.962 59.504 66.585 62.489 71.377 121.993 137.962 0 0 Rio Claro 16.228 17.425 8.279 8.769 7.949 8.656 11.616 13.769 4.612 3.656 Seropédica 65.260 78.186 32.250 38.433 33.010 39.753 51.897 64.285 13.363 13.901 Vassouras 31.451 34.410 15.190 16.391 16.261 18.019 19.886 23.199 11.565 11.211

INGÁ METAIS- Breve histórico

A produção de zinco de alta pureza pela Companhia Mercantil e Industrial Ingá começou em 1962, através do beneficiamento da calamina (2ZnO.SiO2.H2O), um silicato de

zinco. Esse processo gera subprodutos como mercúrio, cádmio, cobre e chumbo, dependendo da composição mineralógica do minério (MENDO CONSULTORIA, 2010; RIBEIRO et al., 2015). Situada na Ilha da Madeira, município de Itaguaí, a 85 km da capital fluminense, mesmo desativada tem a maior área de contaminação por lixo tóxico do Brasil e um dos maiores passivos ambientais do estado. A atividade pesqueira e o turismo foram prejudicados pela degradação ambiental, além da redução de trabalho e renda pela modernização ou falência das indústrias. Em 1998, o fechamento da empresa e encerramento das atividades levou à redução da produção interna desse metal (NEVES, 2009).

Disposição inadequada de resíduos contaminados, efluentes represados e seguidos rompimentos nas estruturas de contenção de rejeito causaram um dos maiores desastres ambientais do Rio de Janeiro em 1996 (CETEM - Centro de Tecnologia Mineral, 2012) pela alta contaminação com cádmio e zinco (DE CARVALHO GOMES et al., 2009; RIBEIRO et al., 2015). A empresa foi alvo de ações cíveis públicas, multada várias vezes e teve que indenizar pescadores locais pelos acidentes. Em 2005, o crime ambiental de poluição da BS levou à condenação dos ex-diretores da empresa, porém somente em 2007 teve início a descontaminação do terreno pelo governo e representantes da empresa. Em 2006, o total estimado dos rejeitos para remoção foi de 800 toneladas de Zn, 2,5 toneladas de Cd, 350 kg de Pb e 20 kg de As (RIBEIRO et al., 2015).

Em 2008, a Usiminas arrematou em leilão a área e retomou o processo de descontaminação que, segundo a própria empresa, para a água subterrânea pode levar até 20 anos. O projeto citava ações como instalação de barreira hidráulica, tratamento dos efluentes líquidos retirados, acondicionamento seguro da água contaminada e monitoramento da área. Após a aquisição, a Usiminas tinha projeto de construir um porto para escoamento do minério de ferro (CETEM - Centro de Tecnologia Mineral, 2012).

4 METODOLOGIA

Embora o ISD seja, fundamentalmente, uma metodologia e sua concepção seja considerada propriamente um resultado, por questões de estrutura de texto, optou-se por inserir todo o processo desde a concepção, a aquisição de dados até o processamento nesse capítulo. O detalhamento da metodologia será feito em duas partes, sendo a primeira referente à concepção do índice em si, e a segunda que trata da sequência de aquisição de dados até o cálculo do ISD.

4.1 CONCEPÇÃO DO ISD

O ISD é a integração de fatores que afetam ou são afetados pela dragagem, com o resultado em forma de um mapa de fácil visualização. E ainda que apresente certo grau de subjetividade (AUBRY; ELLIOTT, 2006), os dados utilizados na construção do índice foram considerados os mais relevantes para avaliar a sensibilidade da baía. Eles refletem interações na baía em aspectos tanto físicos como sociais, com graus de maior ou menor impacto e processos que variam temporalmente. Pela heterogeneidade dos fatores influentes e variação de valores e grandezas, determinadas condições foram estabelecidas a fim de reduzir as disparidades e assegurar a importância de cada um dos elementos do ISD. Assim, é necessário fazer algumas considerações iniciais:

- a definição de peso para os indicadores tem como objetivo quantificar a magnitude do impacto da dragagem; e normalizar os valores entre 0 a 1, de modo que o índice final não fosse severamente afetado pelo valor puro do parâmetro;

- atribuição de valor mínimo de corte, exceto para o Índice de Shannon-Wiener, de modo a retirar aqueles cuja ação fosse considerada não significativa sobre o ISD;

- fórmulas adaptadas para atender a uma limitação de valores dos indicadores.

O fluxo de informações ocorre do grupo mais específico para o de maior generalidade (OTT, 1978), que sintetiza a ideia do ISD, cuja ordenação de elementos ocorre segundo a Figura 6a. A Figura 6b procura evidenciar o caráter multivariado na construção do índice, com a inter-relação dos meios afetados. Para uma compreensão mais clara, a caracterização dos meios da Baía de Sepetiba foi feita em três grandes grupos (abiótico, biótico e socioeconômico), cada um composto por parâmetros e indicadores específicos, que integrados formam o índice. Utilizando (RAMOS, 1997; BIDONE; MORALES, 2004), alguns conceitos iniciais sobre a nomenclatura do modelo serão elencados:

- parâmetro (1ª ordem): grandeza que pode ser medida com precisão ou avaliada qualitativamente, considerada relevante para a avaliação dos sistemas ambientais;

- indicadores específicos (2ª ordem): parâmetros selecionados que refletem a sensibilidade à dragagem na área de estudo;

- subíndices (3ª ordem): elos entre os conceitos anterior e próximo, nesse estudo caracterizam os três grupos do ISD; para evitar muitas diferenças na nomenclatura, o termo indicador continuou adotado para nomear os subíndices;

- índice (4ª ordem): nível superior da agregação com um valor final que corresponde ao objetivo do estudo.

Figura 6: Estruturação do ISD: a) Fluxo de informação (adaptado de OTT, 1978); (1)=Ordem dos elementos; b)

Integração do ISD; Indicadores de Meio: (A) Abiótico; (B) Biótico (S) Socioeconômico.

Na tentativa de responder a primeira questão proposta em (Science and Integrated

Coastal Management, 2001): quais dados colocar em um índice? o modelo conceitual do

ISD, Figura 7, mostra o conjunto de dados escolhidos, como um arquivo. Tais dados podem ser acessados individualmente pelos indicadores específicos, ou em conjunto pelos indicadores de meio – abiótico, biótico e socioeconômico – e serão individualizados a seguir. A Tabela 10 mostra as definições referentes ao ISD, enquanto a Tabela 11 apresenta as fórmulas para cálculo dos respectivos indicadores. A Figura 8 mostra a sequência geral de uso das fórmulas dentro do ISD. As fórmulas foram desenvolvidas de acordo com o tipo de dado

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