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A metodologia de construção do ISD aplicada à Baía de Sepetiba apresentou como resultados os mapas de distribuição dos indicadores e o do ISD, que procuram responder as questões iii e iv propostas no Capítulo 2: Quais os produtos resultantes e o resultado esperado. Os mapas de contorno gerados para a BS são apresentados nas figuras 14 a 18 e mostram o comportamento dos indicadores, tanto separadamente, como agrupados. A Figura 14 mostra os indicadores do meio físico e é possível notar claramente a similaridade entre os indicadores granulometria fina (a) e potencial redox (c). O iEh mostra o interior da baía, especialmente o

canto direito como local mais de maior sensibilidade, coincidindo nessa região com os valores maiores para finos e matéria orgânica. Contrastando com esses valores, o lado de maior contato com o oceano, por ter mais oxigenação, apresenta valores reduzidos do indicador.

Em relação à porcentagem de granulometria fina, a Resolução CONAMA 454/2012 estabelece a necessidade de ensaios químicos, ecotoxicológica e outros para caracterização do sedimento (CONAMA, 2012). Assim, poderão ser dispensados dessa caracterização o material a ser dragado que apresentar areia grossa, muito grossa, cascalho ou seixo em fração igual ou superior a 50%. Assim, o mínimo de 50% de finos foi usado como limite para o iGF .

Desse modo, o indicador reflete o comportamento dos sedimentos finos que estão em maior parte na BS e ressalta essa área como crítica para a atividade de dragagem. Além disso, há forte relação entre Eh e quantidade de finos no sedimento.

O comportamento dos indicadores AVS (d), cádmio (e) e zinco (f) também são similares. Além disso, pela alta contaminação, esses indicadores são os que apresentam maior valor. Machado et al. (2010) mostram a relação positiva dos parâmetros AVS, matéria orgânica e metais em ambiente estuarino para Baía de Guanabara, e Machado et al. (2008), para a de Sepetiba. Os mapas de contorno (iAVS, iMO, iCd, e iZn) sugerem que os indicadores

acompanham essa relação, porém menos perceptível, o que pode estar relacionado aos valores mínimos de corte. Os indicadores para os metais cádmio e zinco refletem o grande impacto desses elementos na sensibilidade local, corroborado pelo trabalho de Rodrigues (2018), e que em alguns pontos chega quase ao dobro do permitido para o zinco e cerca de 5 vezes para o cádmio. Ferreira e Horta (2010) encontraram valores maiores desses elementos junto à região norte da baía, próxima aos rios mais significativos e também na região do porto, o que corrobora com a importância desses indicadores.

O comportamento da sensibilidade dos rios (Figura 14g) também pode ser notado, segundo a quantia e a distância dos rios em determinado ponto e que deve ser levada em

consideração como foi mostrado por Costa et al. (2005). Além disso, os autores destacaram a influência da maré e a atuação conjunta dessas condicionantes na variação do conteúdo metálico na coluna d‟água da baía. Valores da literatura para água do mar também demonstraram a variação de certos parâmetros por estarem próximos das desembocaduras de rios ou seu raio de ação. Segundo Franz (2004) o material particulado em suspensão é fator controlador dos metais nas desembocaduras dos canais São Francisco, da Guarda e Guandu. Desse modo, para a dragagem, que altera a coluna d‟água, o raio de atuação dos rios e a quantificação de suas influências têm caráter relevante para o indicador.

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Figura 14: Mapa de contorno dos indicadores: a) iGF; b) iMO; c) iEh ; d) iAVS a

c d

b

Figura 14: Mapa de contorno dos indicadores: e) iCd; f)iZn; g) iD

e f

g

os indicadores bióticos, Figura 15, o H‟ apresentou os maiores valores, sendo o mais alto próximo à Restinga da Marambaia, região de domínio da marinha e área de preservação. Esse índice de diversidade ressalta a sensibilidade do local como fator importante no gerenciamento da dragagem. A figura também mostra a grande influência dos costões e praias na região noroeste da baía enquanto o imangue, por conta da localização dos manguezais é

maior no lado leste da baía. Embora o mangue seja uma feição relevante, o icostão maior em

alguns pontos reforça a importância da quantidade de feições interferentes em um mesmo ponto. Embora do indicador expresse a concentração de feições na região central da baía, em termos quantitativos, o ipraia reportou os menores valores de sensibilidade. Isso pode ser

devido ao peso da feição, o menor dentre os três ecossistemas, no entanto, aponta a validação das parcelas usadas para garantir valor mínimo aos indicadores.

A deterioração da qualidade da água reduz o turismo e a pesca, afetando negativamente a comunidade local (DE CASTRO E DE ALMEIDA, 2012) e seu potencial impactante pode ser visto na Figura 16. Os mapas de contorno para ipesca e iturismo,. mostram

como as atividades estão distribuídas ao longo da baía, inclusive apresentando algumas áreas cujos valores maiores coincidem com as áreas de maior valor de diversidade. O indicadores para atividades turísticas também apresenta algumas regiões de maior valor coincidindo com as áreas de atividade pesqueira moderada ou com as regiões de praias menos contaminadas como é o caso da Ilha de Itacuruçá. A rede de hospedagem está localizada preferencialmente na costa noroeste, na cidade de Itaguaí, enquanto as rampas e atracadouros utilizados para acesso à baía não tem uniformidade em sua distribuição.

Reunindo os indicadores em seus grupos , temos os resultados na Figura 17, cujo primeiro mapa é referente ao sub-indice abiótico (iA). Novamente a importância dos metais e AVS está marcada, novamente devido ao alto valor do iCd e iZn, próximo à desembocadura dos

rios e na Restinga da Marambaia. Devido à interferência da drenagem, a granulometria e o Eh mostram o mesmo padrão, que pode ser notado nos indicadores respectivos na porção mais central da BS. A. A Figura 17b mostra interferência pronunciada do Índice de Shannon- Wiener, coincidindo com o indicador iGF e ressalta a importância do uso do Índice de

Shannon-Wiener para detectar mudanças nos ecossistemas (REIS, 2009). Além disso, a influência da quantidade de feições tem sua expressão no aumento do iB por conta dos numerosos costões e que pôde ser validada pelo uso da fórmula sugerida. A Figura 17 c mostra o indicador do grupo socioeconômico com forte influência da pesca ao longo da baía e pontos cujos valores do indicador de turismo tiveram um destaque maior como é o caso da costa norte.

Figura 15: Mapas de contorno dos indicadores bióticos: a) icostão, b) imangue, c) ipraia, d) H‟ a c b 66 d

Figura 16: Mapas de contorno dos indicadores socioeconômicos: a) ipesca, b) iturismo

O indicador socioeconômico, Figura 17c, mostra uma distribuição mesclada entre a pesca e o turismo, com os maiores valores próximos à linha de costa, por conta da maior abundância dessas atividades. A importância desse elemento no ISD é fundamental para garantir a inclusão dos impactos às comunidades vizinhas e indicar potenciais zonas de conflitos.

a

Figura 17: Indicadores de meio: a) Abiótico; b) Biótico; c) Socioeconômico

O mapa de distribuição de valores para o ISD, Figura 18, mostra as regiões escuras como sendo as mais críticas pra dragagem, ou seja, quanto mais saturado estiver o valor do ISD mais danos são possíveis de ocorrer. Em comparação com a figura anterior, é possível notar que o índice mesclou bem os três grupos de indicadores de meio. Assim o indicador abiótico está mais

a

b

representado na porção nordeste da baía, o biótico próximo aos costões e centro da baía e o socioeconômico especialmente na porção oeste e na Restinga da Marambaia. Resultados de Ferreira e Horta (2010) em que tanto os sedimentos como a coluna d‟água mostram contaminação por substâncias metálicas ratificam a aplicação do ISD em ambientes contaminados.

Sobrepondo a batimetria aproximada da baía, IBGE (2011), ao ISD é possível ter uma melhor interpretação do zoneamento das dragagens na BS. A associação mostra que, apesar de algumas áreas serem indicadas para a dragagem, não há necessidade do serviço, pois já apresentam uma profundidade adequada à navegação. A combinação com a batimetria não exclui o valor do ISD para a área, que continuará sendo o mesmo, apenas é mais uma ferramenta na interpretação e definição das alternativas para dragagem e disposição de material dragado. Outro ponto a destacar é a localização do complexo portuário, que está em área de média sensibilidade

Esses resultados demonstram a importância de uma ferramenta gerencial, que identifique os impactos causados pela dragagem e a localização das áreas mais sensíveis. Além disso, visto que a sugestão do uso das águas é baseada em metas propostas, apresentando inclusive faixas de valores para os parâmetros físico-químicos, o índice permite melhor direcionamento das atividades de dragagem, de modo a ajudar na manutenção, ainda que indireta, desses parâmetros.

Figura18: ISD. Legenda batimetria: █ 0-5 m █ 5-15 m █ 15-25 m

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