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Embora essencial para uma série de projetos de engenharia, remediação de áreas contaminadas e controle de eventos hidrológicos críticos, a retirada de sedimentos pela dragagem causa danos que devem ser considerados no projeto. Se o local escolhido não for adequado, o potencial impactante aumenta na etapa de retirada do material, portanto um projeto de dragagem bem planejado pode restringir esses danos. Outro ponto que decorre do anterior é o gerenciamento dessas áreas para futuros projetos de dragagem ambiental, porque pode fornecer a indicação de locais indicados para retirada de sedimento e também as alternativas para a disposição final. Assim, o ISD visa fornecer alternativas para os responsáveis pelas decisões de modo a gerar menos conflitos entre as partes interessadas.

O ISD, a partir de diversos indicadores, estabelece uma relação entre o meio e a dragagem, de modo a quantificar os impactos segundo diferentes grupos. No caso do meio abiótico, especial atenção recai em áreas com sedimentos contaminados, como a Baía de Sepetiba, cuja remobilização de contaminantes para a coluna d‟água pode torná-los disponíveis à incorporação pela biota. A redução da diversidade de espécies e as modificações hidrodinâmicas locais afetam o meio biótico devido à alteração do habitat causada pela retirada dos sedimentos de fundo. Além disso, o meio socioeconômico também é impactado pelas atividades de dragagem, visto a relação estreita e direta da população com a baía. O consumo dos produtos ali encontrados ou o uso dos recursos naturais através do comércio e turismo podem ser prejudicados pela redução da qualidade da água ou redução das áreas turísticas.

A proposta do Índice de Sensibilidade à Dragagem é exatamente restringir as áreas de dragagem e disposição baseada em seu dano potencial e cujos impactos se limitem ao mínimo. Esse método apresenta vantagens como:

- Consonante aos preceitos do GCI na proposta de alternativas para reduzir danos por atividades antrópicas;

- Útil, pois destaca de maneira simples as áreas mais afetadas; - Método de aplicação e resposta rápidos;

- Pode ser usado para qualquer baía ou estuário e em outros serviços de dragagem; - Os dados evidenciam as condições da área no momento da pesquisa, portanto quanto mais recentes as amostragens mais próximos estarão do estado real do local.

Além disso, com o zoneamento das áreas de dragagem é possível estabelecer relações dessas áreas com o custo da dragagem, como mostra de maneira genérica o gráfico

da Figura 19. Ou seja, áreas com um valor mais alto de ISD tenderão a apresentar, por exemplo, maior necessidade de indenizações, compensações ambientais e programas de recuperação ambiental, gerando maior custo da operação. Outro ponto que merece destaque na utilização do ISD é a gestão de áreas que podem ser mais afetadas por fenômenos naturais, como é o caso dos ecossistemas, cujas alterações do clima a médio e longo prazos, podem provocar significativas mudanças no aporte de sedimentos, com erosão ou sedimentação de novas áreas.

Figura 19: Exemplo de uso do ISD na gestão de dragagem

Não obstante as vantagens encontradas ao longo da construção do ISD, alguns pontos que devem ser levados em consideração foram identificados:

- Base de dados: a coleta de dados é parte fundamental do trabalho e o valor do índice reflete essa base; portanto, um bom ISD deve contemplar a maior cobertura possível de todos os meios envolvidos;

- Demanda atenção na obtenção de parâmetros como as distâncias das diferentes feições aos nós.

As propostas para a melhoria do índice incidem em:

- Maior número de dados para uma caracterização mais detalhada da área e obter um valor mais preciso do ISD, o que torna mais efetivo o controle das variações decorrentes da dragagem;

- Podem ser adicionados outros ecossistemas e usos recomendados da água e ainda utilizar a vazão para dar mais significância ao peso do rio;

- Comparação com locais prístinos, a fim de estabelecer valores limites ou classes de sensibilidade relacionadas ao potencial grau de impacto da atividade;

- Estudos similares para áreas de disposição final subaquática de sedimentos contaminados também podem ser feitos, possibilitando às operações de dragagem menor impacto em seu entorno, de acordo com as fórmulas da Tabela 17.

Assim, numa cadeia que começa com o georreferenciamento e a coleta secundária de dados, o ISD foi estabelecido para tornar as dragagens mais eficientes no que diz respeito à redução de danos aos meios impactados.

Tabela 17 - Sugestão de fórmulas para cálculo do ISD para disposição final subaquosa.

INDICADOR FÓRMULA VM LEGENDA

iAd

f

iGFdf %FINOS/%FINOSdf

0,5

iGFdf:Valor da sensibilidade à granulometriano local da disposição final %FINOS: Valor da Fração ≤63 µm do sedimento dragado

%FINOSdf: Valor da Fração ≤63 µm no local de disposição

iMOdf %COP/%COPdf

iMOdf: Valor da sensibilidade à matéria orgânicano local da disposição final

%COP: Concentração de Carbono Orgânico Particulado do sedimento dragado %COPdf: Concentração de Carbono Orgânico Particulado no local da disposição final

iEhdf (Eh-Ehdf).(0,001) 0,2

iEhdf:Valor da sensibilidade à variação do redox no local da disposição final Eh: Valor do potencial de oxirredução do sedimento dragado

Ehdf: Valor do potencial de oxirredução no local de disposição final

iAVSdf AVS/AVSdf 0,5

iAVSdf:Valor da sensibilidade dos sulfetos ácido-voláteis no local da disposição final

AVS: Concentração de sulfetos ácido-voláteis do sedimento dragado AVSdf: Valor dos sulfetos ácido-voláteis no local de disposição final

iM Mn/Mndf

1,0

Mn: Concentração de metal n (mg.kg-1) do sedimento dragado Mndf: Limite de metal n no local da disposição final (mg.kg-1)

iCO COn/COndf

COn: Concentração de contaminante orgânico (mg.kg -1

) do sedimento dragado COndf: Limite de contaminante orgânico no local da disposição final (mg.kg

-1 ) iB d f iEdf icostão E DF=[1-(dF/10000)].pe (A) iFeição= Ṁ.(b+Log10N) (B)

0,5* iEEdf:Valor da sensibilidade dos ecossistemas no local da disposição final

DF: Efeito da disposição final sobre a feição ecossistema (costão, praia, mangue)

dF: Distância (m) de cada ecossistema até o nó; alcance máximo 10000 m pe: Peso do ecossistema (costão=1,3; mangue=2,0; praia=0,2)

Ṁ: Média dos valores de EDF acima do valor de corte

b: Parcela usada para garantir o valor positivo e não-nulo do indicador (ecossistema=0,1) N: Número de feições distintas (ecossistemas) interferentes em um mesmo nó

imangue 0,65*

ipraia 0,1*

H‟ Índice de Diversidade de Shannon-Wiener no local de disposição final; usados os valores da literatura

iSd

f

ipesca Σmod1;n 0,5 mod1;n: Peso das modalidades 1 a n encontradas em cada nó no local de disposição final

iturismo ihospedagem EDF=[1-(dF/5000)].pt (A) iFeição= Ṁ.(c+Log10N) (B) 0,65*

EDF: Efeito da disposição final sobre a feição turística (hospedagem, atracadouros)

dF: Distância (m) de cada feição turística até o nó; alcance máximo 50000 m pt: Peso da feição turística (hospedagem=atracadouro=0,5)

Ṁ: Média dos valores de EDF acima do valor de corte

c: Parcela usada para garantir o valor positivo e não-nulo do indicador (turismo=1) N: Número de feições (hospedagem e atracadouros) interferentes em um nó

iatracadouros 0,5*

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